segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A excêntrica frontalidade de Passos Coelho

Passos Coelho pediu ontem que o Governo apresentasse um programa de reestruturação de todo o sector público empresarial, identificando quais são as empresas que dão prejuízos crónicos e que devem fechar. Bem... Num momento em que uma auto-estrada parece ter-se aberto à sua frente para ser primeiro-ministro, falar em encerrar empresas públicas que dão prejuízos é, no mínimo, "excêntrico".

Muitos dirão que foi um sinal de frontalidade do líder do PSD. Pessoalmente, julgo restarem poucas dúvidas que se tratou de uma tremenda gafe. Não é aliás a primeira vez que tal acontece. Quando tudo parece correr-lhe às mil maravilhas, Passos decide oferecer de bandeija uma gafe aos seus adversários. Devia seguir mais à risca uma regra de ouro nestes momentos em que o vento sopra ferozmente a seu favor: sorrir muito e falar o mínimo possível.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O papel da Aljazeera




Tem sido impressionante acompanhar a onda revolucionária através da Aljazeera Assiste-se literalmente à revolução em directo. A cobertura intensiva de tudo o que se está a passar e o seu nítido comprometimento democrático faz com que a estação esteja a ser uma peça chave em todo este processo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Lei da Selva (Política)

Independentemente da gravidade do que se passou com o Cartão do Cidadão nestas autárquicas, é sintomático que o pedido de demissão do Ministro responsável esteja a ser pedida com tanta veemência. A situação é também o reflexo da fragilidade em que se encontra o actual Executivo.

Ou seja, se o Governo estivesse absolutamente saudável e o ministro em causa de boa saúde (política), tal pedido de demissão não surgiria com tanta facilidade. O que actualmente se assiste é ao nítido aproveitamento da debilidade do actual Executivo por parte da oposição. Prática que, escusado será dizer, é mais do que legitima, fazendo parte do jogo democrático.

Ou muito me engano, ou veremos ser pedida a demissão a alguns ministros nos próximos tempos. Qualquer gota de água poderá despoletar tais pedidos. Uma rápida remodelação governamental não resolverá o problema, mas poderá servir para estancar algumas feridas do actual Governo.
(Imagem: Blog do Neto)

Ah e tal, o gajo apareceu na televisão...


No video acima poderão ver a última edição do Prova das 9, programa da RTP Açores em que participei na passada quarta-feira.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Isto sim merece ser notícia


O valor recorde da abstenção nestas presidenciais tem sido bastante discutido. E ainda bem. Olhando para o gráfico abaixo, verifica-se facilmente que o valor tem vindo a subir gradualmente nas eleições presidenciais, manifestando-se sobretudo quando está em causa um reeleição.

Mas mais do que a abstenção, o que foi de facto impressionante nestas eleições foi a subida vertiginosa dos votos em branco e dos nulos. Ver tabela abaixo. Relativamente aos brancos, o valor foi mais do dobro do que que alguma vez tinha sido verificado.

Aliás, os números absolutos falam por si. Existiram mais de 190 000 portugueses que foram às urnas para votar em branco. Uma vaga de protesto até hoje sem paralelo, pelo menos no que a eleições presidenciais diz respeito
.
PS: Obrigado Patrícia por me teres chamado a atenção para esta questão.

Activismo de Sofá no Prova das 9

Hoje, pelas 21h40 dos Açores, 22h40 do Continente, participarei no programa Prova das 9 da RTP Açores. Trata-se de um programa de debate da actualidade, moderado por Rui Goulart e que conta com os comentadores residentes Gilberta Rocha, Álvaro Borralho e Bastos e Silva. Isto de passar do conforto do sofá blogosférico para a televisão promete ser doloroso... A ver vamos ;)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

6 Apontamentos sobre as Presidenciais

Cavaco Silva venceu, mas algo ficou no ar. Apesar de ter descido percentualmente e em termos absolutos relativamente ao que obteve há cinco anos, a sua vitória foi indiscutível. Deixou o principal adversário a mais de 30 pontos, uma margem que fala por si. De qualquer modo, Cavaco sai com algumas mossas sérias deste processo. Ficaram no ar dúvidas graves e legitímas quanto à sua proximidade às figuras do BPN/SLN. A questão das acções compradas a preço de saldo a um grupo que cometeu inúmeras irregularidades e a questão da sua casa de férias na aldeia BPN, cuja escritura é mais do que duvidosa, mancharam a imagem que os portugueses tinham de Cavaco Silva. A sua honestidade e idoneidade sairam machucadas de todo este processo. Ficou no ar uma nova e bastante obscura faceta do Cavaquismo: o SLNismo.

O resultado de Manuel Alegre é o reflexo da missão quase impossível que tinha pela frente. Bater-se contra um presidente que se recandidata é um tarefa hérculea. Mas como se tal não bastasse, saltou à vista uma contradição grande na sua campanha: é que ao mesmo tempo que se afirmava como o candidato do Estado Social contra o candidato que venera os mercados, Alegre foi apoiado pelo partido responsável por um dos piores planos de austeridade de que há memória. Foi uma candidatura com uma dificuldade acrescida para encontrar o seu espaço, em assumir um posicionamento claro relativamente à agenda governamental em vigor. O problema de Alegre não foi tanto o facto de ter sido apoiado pelo PS e pelo BE, mas sim a sua candidatura ter coincidido com um momento de fragilidade e impopularidade impares do Partido Socialista.

As grandes surpresas vieram de Fernando Nobre e José Manuel Coelho. Ambos conseguiram resultados bem acima do que lhes era apontado nas sondagens. Quanto a Fernando Nobre, apesar de alguns momentos menos felizes, conseguiu sair-se bem tendo em conta toda a componente civica da sua candidatura. Quanto a José Manuel Coelho, diria que os 4,5 % que obteve são preocupantes dado perfil populista da candidatura. Coelho é aliás o exemplo de que até na oposição o jardinismo consegue fazer escola. Posto isto, importa realçar que os candidatos exteriores ao sistema partidário foram os que obtiveram resultados mais surpreendentes.

Francisco Lopes e Defensor Moura foram os que menos surpresas trouxeram à noite eleitoral. O primeiro, apesar de ter diminuido o score comunista obtido nas legislativas, teve um resultado que está muito longe de envergonhar. Por seu turno, o ex-presidente da Câmara de Viana do Castelo teve um baixo resultado, mas tal não impediu que terminasse de forma honrada depois de ter feito uma boa campanha.

O nível da abstenção foi terrível, mas pouco surpreendente. Um dos factores que mais determina o obstencionismo é a falta de competitividade previsível do acto eleitoral. Tendo em conta que as sondagens asseguravam a reeleição de Cavaco com valores próximos dos 60% e a mais de 30 pontos do segundo classificado, era mais do que expectável que o cenário abstencionista fosse negro.

Quanto ao futuro, tudo continua a indicar que um novo ciclo político surgirá em 2011. Saber se Sócrates cairá fruto de uma dissolução vinda de Belém, de uma moção de censura ou da sua própria demissão, é um pormenor nesta fase. Os dados estão lançados para que a impopularidade do actual Governo continue a crescer. Assim sendo, qualquer passo em falso poderá ser a gota de água para que o eleitorado passe a concordar com a sua queda. E este último aspecto é determinante para que os restantes actores políticos resolvam avançar com o golpe de misericórdia.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

É a chamada mudança na continuidade…

Cavaco foi reeleito com uma margem indiscutível. Mas algo mudou. Em primeiro lugar, a imagem que os portugueses têm do actual PR transformou-se. Ficaram evidentes as suas ligações pouco claras ao BPN/SLN. O mito do Cavaco ultra sério, ultra idóneo e ultra honesto desvaneceu-se.

Em segundo lugar, com o discurso agressivo que ontem fez, Cavaco mostrou que o estilo “presidente de todos os portugueses” parece ter terminado. Este novo Cavaco demonstrou estar pouco preocupado em parecer magnânimo e conciliador.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Bartoon no seu melhor

Cavaquismo e SLNismo


Neste último dia de campanha, uma coisa parece certa relativamente a Cavaco Silva: foi igual a si mesmo em todo este processo. No fundo, apresentou na perfeição algumas das características mais claramente associadas ao estilo cavaquista de se estar na política. A primeira delas foi o sempre preocupante facto de Cavaco não se considerar um político. Ou seja, a figura política da nação que mais cargos de relevo e durante mais tempo ocupou na democracia portuguesa não pertence à classe política. Continua a considerar-se um “humilde professor”, um técnico especializado que coloca despretensiosamente os seus serviços ao dispor do Estado e do povo português. Enfim, a oeste nada de novo.

A segunda característica de destaque que não surpreendeu foi o seu difícil relacionamento com o confronto político e com o questionamento da comunicação social. Mais uma vez, optou pela figura reservada que prefere o silêncio ao confronto de ideias, prefere o caminho do tabu e da vitimização pessoal ao esclarecimento. A terceira característica igualmente preocupante que se destacou foi a ideia de que se pode prescindir da democracia se causas de força maior se impuserem. Foi o que o actual Presidente da República fez ao invocar o contexto de crise e os custos dos actos eleitorais para que uma 2ª volta não aconteça. No fundo, considerou deste modo que até na democracia se pode poupar, ideia que assenta na perfeição no tal estilo cavaquista.

Mas esta campanha eleitoral tornou clara para a generalidade da população uma característica do Cavaquismo até agora algo mitigada: o SLNismo. Com tantos factos por esclarecer, com tantas proximidades e ingenuidades muito mal explicadas por parte do actual presidente, muitas dúvidas ficaram no ar. O país ficou a perceber que o honestíssimo, incorruptível e ultra-sério Cavaco Silva afinal parece ter uma série de coisas a esconder. Não que qualquer responsabilidade criminal lhe possa ser atribuída por tais proximidades, mas sim inevitáveis responsabilidades políticas por estar tão perigosamente próximo das caras que estão na origem do maior rombo nas finanças públicas de que há memória.

O Cavaquismo já tinha muitas facetas. Mas parecem restar poucas dúvidas que o SLNismo foi a maior revelação desta campanha. Importa assim acreditar que, entre todas as outras dimensões, esta falta de transparência, estas relações duvidosas, estas promiscuidades que tanto lesam o erário público, não sejam esquecidas quando os portugueses votarem no próximo Domingo. Se tal esquecimento suceder, se se fingir que nada se passou, tal não será certamente um sinal de saúde democrática.

Artigo hoje publicado no Esquerda.net

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Fase da Parvalheira

No mesmo dia, Fernando Nobre brindou-nos com dois momentos algo delirantes. Primeiro desafiou Alegre a desistir a seu favor na 2ª volta, algo que não faz qualquer sentido uma vez que tal só se colocaria caso passassem os dois. À noite surgiu a do “Deem-me um tiro na cabeça porque sem um tiro na cabeça eu vou para Belém”. Comentários para quê?

Um amigo meu com experiência nestes domínios disse-me uma vez que os últimos dias são sempre desesperantes para os spin doctors que coordenam as campanhas. É que a mistura explosiva de cansaço e espírito do “tudo ou nada” leva a que os maiores disparates sejam cometidos pelos candidatos nestes sprints finais. Neste prisma, as tristes tiradas de Fernando Nobre não são mais do que o reflexo desta fase em que a síndrome da parvalheira tende a manifestar-se fortemente nos diversos candidatos.
(Imagem: Principals Page)

E a e-Campanha, como correu?

Não existiram grandes novidades no recurso à web para fazer campanha. Relativamente aos sites das candidaturas, regra geral têm bons grafismos e dispõem de grande informação. Alguns candidatos apostaram mais nos seus sites do que outros e as diferenças encontram-se nos detalhes. À semelhança do que já acontece com o site da Presidência da República, o site da candidatura de Cavaco Silva é forte. Até possui uma aplicação para descarregar e poder acompanhar a campanha via smarth phone. Há que tirar o chapéu.

Mas em alguns aspectos, a campanha até foi um pouco pobre relativamente ao que já assistimos em Portugal. Os candidatos estiveram em massa nas redes sociais (e.g. Twitter, Facebook, You Tube), mas apostou-se pouco em interactividade. Estar lá é fácil, interagir é que é mais complicado. Não existiram conferências de blogues, por exemplo, e que eu saiba os blogues de apoio às candidaturas não assumiram a projecção que anteriormente se viu. Em suma, parece que até na web esta campanha ficou aquém…

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Bora poupar na democracia?

Invocar o contexto de crise e os custos dos actos eleitorais para que uma 2ª volta não aconteça é de um "exotismo" impressionante. Já agora, abdicava-se da 1ª volta também, não? Evitava-se assim que os cidadãos se dessem ao trabalho de decidir e ainda se poupavam uns belos trocos...

Não sei porquê mas estas declarações fazem-me lembrar aquele episódio da senhora que sugeriu que se suspendesse a democracia. Olha, que engraçado... Coincidência das coincidências, a senhora é muito amiga e assumida discípula do autor das presentes declarações... Que coincidência, não é?
(Imagem: Simpsons Trivia)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mas será que quer ser escutado?

Cavaco afirma que um presidente deve apontar caminhos estratégicos para o país. Certo, até podemos estar globalmente de acordo. Mas será que o actual presidente quer ser escutado? É que da última vez que se falou em escutas com o actual inquilino de Belém, houve direito a cafés na Avenida de Roma, a assessor recolocado na presidência e a declarações ao país que mereciam figurar no best of do Isto só Vídeo... ;)
(Imagem: News 352)

domingo, 16 de janeiro de 2011

No maravilhoso reino das auto-estradas




Fazer o final da A8 e parte da A17, entre Caldas da Rainha e Coimbra, é toda uma experiência neste maravilhoso reino das auto-estradas que é Portugal. São três faixas para cada lado novinhas feitas não se sabe bem para quem. Uma auto-estrada permanentemente às moscas que é um exemplo perfeito do mau investimento que se faz neste país: o investimento que faz a delícia dos empreiteiros e é um ultraje para qualquer cidadão.

Tunísia em Mudança




A ditadura implodiu e o país está em convulsão. Embora esteja longe de ser fácil, seria excelente que a democracia conseguisse encontrar o seu caminho na Tunisia.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Le Miserable




Como best of da entrevista de Cavaco Silva na RTP, destacaria a parte em que este afirma que era um mísero professor ao mesmo tempo que explica que as suas poupanças estavam espalhadas por vários bancos. Bem... Só no BPN investiu cerca de 105 000 mil euros de poupanças. Devemos multiplicar este valor por "vários bancos"? Um miserable, sem dúvida. Cavaco é toda uma postura...

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma Aventura na TAP/SATA

Não tenho por hábito utilizar este espaço para o relato ou denuncia de situações que aconteceram na primeira pessoa. De qualquer modo, tendo em conta que o que se segue se enquadra bem num tema sempre quente na região, achei por bem partilhar a sequência de insólitos que comigo se passaram ao usufruir recentemente dos serviços da code share TAP/SATA.

Como há muitos anos acontece, desloquei-me a S.Miguel para passar a última quadra natalícia. Com mulher e dois filhos (um com dois anos e meio e a segunda com dois meses), a viagem passou a envolver toda uma nova logística. E passou também a constituir um verdadeiro investimento. Enquanto não-residentes, e usufruindo das tarifas mais baratas que possam existir – voos em dias e horas menos requisitadas, com qualquer alteração na passagem implicando um adicional de mais de 100 euros por passageiro -, mesmo assim pagámos perto de 700 euros. Ou seja, perto de 140 contos em moeda antiga para dois adultos, uma criança e um bebé viajarem de Lisboa para Ponta Delgada.

Quando sublinhamos que o preço das passagens aéreas para os Açores é demasiado elevado para um panorama onde as companhias low cost trouxeram novos hábitos, respondem-nos frequentemente que na TAP ou SATA se viaja com um serviço de qualidade. Pois se assim é, vou-me centrar num aspecto onde ambas as companhias falharam a todos os níveis: os cuidados especiais a ter com quem viaja com crianças.

Tal como normalmente fazemos, telefonámos para o serviço SATA alguns dias antes para procurar obter os lugares da fila que segue imediatamente à classe executiva, visto serem os mais espaçosos e frequentemente utilizados por quem viaja com bebés. Recebemos indicação de que tal já não era possível e que teríamos de contentarmo-nos com lugares normais. Como se tal não fosse já pouco delicado, no dia da viagem qual não foi a nossa surpresa ao verificarmos que nos reservaram lugares separados no avião. Ou seja, devem ter deduzido a ampla autonomia do meu filho de dois anos e meio ao colocarem-no sozinho. A minha mulher com uma criança de dois meses ao colo também ficaria isolada. Enfim... Após alguns pedidos, e com a natural complicação de quem entra no avião com crianças ao colo e mochilas e sacos com coisas para eles, lá conseguimos que nos colocassem numa fila todos juntos.

No regresso, e de forma inacrediável, também não conseguimos ficar todos juntos. No caso da minha mulher, com uma criança de colo, tiveram a amabilidade de a colocar exactamente no lugar do meio de uma fila. Atencioso, sem dúvida... Tivemos outra vez de armar alguma confusão dentro do avião, pedindo a passageiros que trocassem de lugar connosco. Tudo isto perante um pessoal de bordo que preferiu não ver o que se estava a passar.

Como último pormenor, importa dizer que em ambos os voos, contrariando aquilo que é do conhecimento geral de quem trabalha nesta industria, fomos sempre colocados no último terço do avião, zona onde o ar condicionado apresenta maiores impurezas e é menos recomendável para crianças.

Pode parecer picuinhas estar a apontar todos estes aspectos. Mas quem já o fez, sabe que viajar com crianças é sempre um desafio. Seria, portanto, de supor que as companhias aéreas procurassem minimizar o mesmo. E normalmente procuram-no. Mas não foi esta a nossa experiência com a TAP/SATA. Resta-me terminar dizendo que a qualidade não se proclama, demonstra-se. E importa não esquecer que uma má experiência vale mais do que vinte boas impressões.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

domingo, 9 de janeiro de 2011

Há 2 anos no Twitter

Uma mensagem hoje enviada para o perfil do Activismo de Sofá no Twitter lembrou que o meu primeiro tweet ocorreu há dois anos. Pouco tempo depois seguiu-se a conta no Facebook. É impressionante como estas redes sociais, algo já tão entranhado na nossa navegação web, sejam fenómenos tão recentes... Resta-me recordar o que há dois anos escrevia sobre a twittermania.
(Imagem: Tenis Feminino)

Exposição de Columbano Bordalo Pinheiro

Só hoje visitei a exposição de Columbano Bordalo Pinheiro no Museu do Chiado. Integrada nas comemorações do centenário da República, apresenta uma série de retratos produzidos pelo pintor. Embora não seja o estilo que mais aprecie, vale sempre a pena ver alguns dos quadros emblemáticos do século XIX (o retrato de Antero de Quental ou o Grupo do Leão, p.ex). A exposição continuará em cena até finais de Março.

Sugestão de Leitura




Embora seja dificil concordar com tudo (e estranho seria se assim acontecesse), vale a pena ler a extensa entrevista de Pedro Magalhães ao P2. Toca em assuntos tão diversos sobre Portugal, sobre democracia e sobre para para onde vamos ou dveríamos ir, que se torna difícil aqui elucidar. Só mesmo passando por lá.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Evidências, penso eu de que...

É natural que a candidatura de Cavaco Silva insista que o caso das acções do BPN é um tema lateral, uma campanha negra que revela o desespero da candidatura de Alegre. Em termos de gestão da comunicação política, é o posicionamento mais evidente a ter neste tipo de situações. No fundo, dramatizar e tentar que um tema altamente desfavorável não cresça.

Mas de toda esta situação surge uma evidência ainda mais complicada de ignorar. É que se este caso não inundasse a agenda, isso sim seria de estranhar. Ora vejamos:
  1. Portugal está na situação económica que está;
  2. Apesar da penúria, foi assumida a nacionalização do BPN, um negócio ruínoso que arrepia qualquer contribuinte;
  3. No referido banco estiveram envolvidas inúmeras figuras eminentes do cavaquismo;
  4. o BPN tem vindo a revelar-se um buraco inacreditável, um antro de falcatruas e negócios ruínosos cuja factura será penosamente paga pelo contribuinte português;
  5. o ex-primeiro-ministro e, como tal, figura eminente de um dos principais partidos e eterno possível candidato a Presidente de República, consegue um negócio fabulástico de compra e venda de acções não cotadas em bolsa. Negócio este validado por um dos seus antigos subalternos e então responsável máximo do Banco.
Posto isto, insisto: em que país do mundo democrático tal não seria encarado como um perigoso indício de tráfico de influências? Em que país do mundo democrático tal não levantaria suspeitas de favorecimento e de almoços pseudo-gratis? Em que país do mundo democrático uma história como esta não incendiaria uma campanha eleitoral?

Alegro Pianíssimo - Blogue de apoio a Alegre


Surgiu nos últimos dias o Alegro Pianíssimo, um blogue de apoio à candidatura de Manuel Alegre. Conta com diversos autores, muitos bastante conhecidos da praça. Também estou lá presente. Procurarei também ir dando os meus contributos. Recomendo naturalmente que vão passando por lá: http://alegro.blogs.sapo.pt/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E se os políticos tivessem livros de reclamações?


E se quem neles votasse pudesse ter algo como “se não ficar satisfeito, devolvemos o seu voto”? Ou “se encontrar um melhor político, nós oferecemos a diferença”.

Vem este devaneio a propósito de um fenómeno que não deixa de ser paradoxal nos dias que correm: ao mesmo tempo que os cidadãos adoptam (e bem) uma postura cada vez mais exigente na defesa dos seus direitos enquanto consumidores, assiste-se ao badalado crescente alheamento político da generalidade da população. Ao mesmo tempo que vemos os cidadãos rapidamente reagirem caso um LCD ou um telemóvel que tenham comprado avarie durante a garantia, a postura perante um corte salarial ou a perda de um qualquer direito económico, social ou até mesmo político tende a ser contemplativa. Mas porquê tal discrepância de posturas? Porquê um cidadão consumidor tão activo em contraste com um cidadão político tão conformado?

Como parece evidente, a defesa de um direito de consumo é algo pessoal, é algo que mexe directamente no bolso do cidadão. E se este não reagir, ninguém o fará por ele. Logo, caso algo corra mal, este cidadão consumidor hesita cada vez menos em pedir o livro de reclamações, em desancar o funcionário que lhe presta o serviço ou a pedir até para falar com o gerente. Porque a ele, ninguém engana ou, dito até de forma mais simples, a ele ninguém o faz passar por parvo.

Curiosamente, a nível político, tal grau de exigência parece pura e simplesmente desvanecer-se em franjas cada vez maiores da população. Questões que não afectem em exclusivo tal cidadão, questões da coisa pública, de governança ou questões de direitos, passam a ser vistas como inatingíveis. A indignação existe, mas não dá lugar à acção por não se vislumbrar um retorno imediato de tal esforço.

O fenómeno acima é apenas mais um dos resultados de uma sociedade pautada pelo individualismo. Uma sociedade em que a defesa de direitos comuns, numa lógica solidária, é de facto encarada como quase exótica. Ou seja, as causas de tal fenómeno não constituem novidade. De qualquer modo, independentemente dos juízos de valor que possam ser feitos a este respeito, importa que a política também se consiga adaptar a este individualismo crescente dos cidadãos. E importa também que se aprofundem mecanismos democráticos que possam dar feedback imediato aos cidadãos.

Se calhar têm de ser encontrados livros de reclamações para os cidadãos insatisfeitos com os seus representantes. Se calhar importa aplicar medidas de qualidade que melhorem o desempenho democrático. Se calhar importa encontrar equivalentes políticos aos dois anos de garantia a que os consumidores têm direito quando adquirem um produto. Não se trata de defender uma democracia do consumo. Mas não querendo recorrer a lugares comuns, parecemos chegar sempre à mesma conclusão: a democracia tem de conseguir dar maior feedback aos seus cidadãos. Tem de continuar a profundar mecanismos para melhor responder à sua participação. Tem de compensar o seu esforço participativo. Tem de ser criativa e exigente consigo própria, pois só assim conseguirá inverter a perigosa tendência de alheamento perante a coisa pública.

Artigo hoje publicado no Esquerda.net

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As campanhas que por aí se encontram :)




Via Shyznogud

Um docinho para o eleitorado conservador




Cavaco Silva é naturalmente livre de vetar nesta altura um diploma apenas com propósitos políticos. Mas o eleitorado também deverá tirar ilações de um candidato que não hesita em fazer campanha a partir do Palácio de Belém.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Venha o próximo salpico!




Depois de ter passado sempre entre os pingos da chuva quanto às ilações políticas do caso BPN, parece que finalmente Cavaco começa a sentir alguma coisinha. Mas também é preciso ser claro a este respeito: a vasta maioria da opinião pública está-se nas tintas para este tipo de enredo. A probabilidade deste caso alterar sentidos de voto parece-me mínima.

De qualquer modo, é bom ver que Cavaco também se consegue molhar, nem que sejam ligeiros salpicos. Resta agora ver qual o salpico que se segue. O caso das escutas, será? De salpico em salpico, algumas mossas poderão começar a fazer-se sentir.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sabedoria Cavaquiana




Questionado pelos alertas dos partidos da oposição sobre a falta de democracia na Madeira, Cavaco respondeu que não se quer intrometer em lutas partidárias... Bem, ficámos deste modo a saber o que pensa o recandidato presidencial sobre o que se passa na Madeira: coisas sem importância, delírios da oposição e da comunicação social.

The Agitator


.

A capa do Ípsilon desta semana destaca o papel deste novo tipo de música de intevenção que tem acompanhado os protestos dos estudantes em Inglaterra. O artigo do suplemento do Público ainda não está disponível. De qualquer modo, para quem tiver interesse, vale a pena ler este do Guardian.

Ensitel: o final feliz




O episódio da Ensitel chegou ao fim no último dia do ano com um pedido de desculpas da empresa. Foi a primeira coisa sensata que fez em todo este processo. A Maria João aceitou-o e isso é talvez o mais importante no que às duas partes diz respeito.

De qualquer modo, como quase toda a gente percebeu, tratou-se de um episódio que transcendeu o desentendimento entre as partes. Jogava-se o papel que as redes sociais podem ter neste Portugal dos dias de hoje. Não sendo mais do que um conflito de consumo, ficou de qualquer modo claro que as redes sociais e quem nelas se move já conseguem fazer tremer alguma coisa.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Bom 2011




Embora com atraso um bom ano para todos os que por aqui passam!