segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Férias!

Até ao dia 5 de Setembro, andarei por S. Miguel e depois pelo Pico a carregar baterias. O activismo de sofá dará lugar ao activismo de espreguiçadeira. Até lá!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

2400 milhões de razões para estarmos furiosos

Ora recapitulemos então. O BPN, um banco que desde sempre fora associado a um círculo próximo do ex-primeiro ministro e então Presidente da República Cavaco Silva, correu o risco de entrar em falência nos finais de 2008. Com a crise económica em curso e seguindo o (mau) exemplo de outros países, o Estado Português partiu às cegas para a sua imediata nacionalização, deixando de fora a sociedade que gere o grupo – a SLN – que até tinha activos preciosos. Muito rapidamente o país apercebe-se então que o banco era pessimamente gerido e que, para além dos inúmeros crimes cometidos pelos seus administradores, o buraco financeiro que possuia vislumbrava-se enorme. Ou seja, nacionalizou-se um prejuízo que estava então longe de poder ser estimado.

E como se tal já não fosse em si mesmo muito grave, aos poucos foi-se percebendo que a proximidade do Presidente da República ao BPN não era assim tão pouca. Um dos ex-adminstradores do Banco e principais suspeitos – Dias Loureiro – foi um dos membros do Conselho de Estado nomeados por Cavaco Silva, o que demonstra bem a proximidade e as relações de confiança existentes. Por outro lado, a casa de férias do Presidente da República fica nem mais nem menos naquela que é conhecida como a aldeia BPN. E por último, questão não menos importante, o então ex-primeiro-ministro comprara em 2001 acções do Banco a preço de saldo, garantindo com a sua venda dois anos depois um lucro de 140% (147 mil euros). Um negócio da China, portanto. O BPN é assim um caso que circunda Cavaco Silva e cujas explicações dadas até hoje não permitiram ainda uma descolagem política total perante o sucedido.

Passados poucos anos da polémica ter estalado, o responsável máximo do banco está detido, mas todos os restantes membros da sua administração estão em liberdade. Descobriu-se entretanto (pasme-se) que Dias Loureiro, que consta estar em Cabo Verde, não tem mais do que 5000 € nas suas contas para penhorar. Comentários para quê?

E agora, fruto do compromisso com a troika de privatizar imediatamente o BPN, o banco foi ruinosamente vendido por 40 milhões ao BIC, tendo o Estado Português perdido com esta operação um total de 2400 milhões de euros. Repito: 2400 milhões pagos por todos nós. Curiosamente ou não, o banco é adquirido por um grupo angolano liderado por Mira Amaral, outro ex-ministro de Cavaco Silva.

Embora este seja o maior rombo económico de sempre de que foi alvo o Estado e os contribuintes portugueses, o caso está longe de merecer a devida atenção e dele se retirarem as devidas ilacções. Por um lado temos um partido do Governo e um Presidente da República altamente desconfortáveis devido à proximidade com alguns dos principais suspeitos. Por outro lado, temos um PS que receia que a exploração excessiva do assunto também lhe seja prejudicial. Afinal de contas, goste-se ou não, foi o anterior Executivo que avançou para a desastrosa nacionalização.

E é no meio deste cenário que os Portugueses vão a banhos, tão extenuados pela crise e pelo cenário negro em que se encontram que quase se esquecem de exigir responsabilidades. Existindo 2400 milhões de razões para estarem furiosos, o mínimo que se pede é que este caso BPN não caia no esquecimento. Como referência sobre a dimensão do problema, o polémico imposto extraordinário sobre os subsídios de Natal apenas renderá aos cofres do Estado cerca de 1025 milhões de euros. Representa portanto menos de metade do necessário para pagar o prejuízo do negócio BPN. Que este caso sirva para reflectir a impunidade que se vive nos altos círculos do país e o seu peso no bolso de cada um de nós.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
(Imagem: CDU Arouca)

sábado, 6 de agosto de 2011

A vergonha é uma cena que não lhes assiste

Apesar dos primeiros indícios começarem a surgir algumas semanas antes e terminarem semanas depois, Agosto é por tradição o mês de ouro da silly season. O mês em que tipicamente o país está a banhos, em que nada de muito importante se discute ou decide. O mês em que a actualidade é invadida por insólitos, catástrofes naturais e criminalidade q.b.

No entanto, como já tem sido notado por muitos, este ano não há direito a silly season. Pelo contrário, tudo o que se está a passar é de tal forma grave que não permite descanso. Um Verão tão Quente que não convida a banhos. Temos um Governo a aplicar a todo o gás uma série de medidas de austeridade, ora apoiando-se no compromisso assumido com a troika, ora supondo que é preciso ir ainda mais além do que o acordado. Temos o maior partido da oposição a dar o seu aval à onda reformadora e temos uma opinião pública anestesiada pelo estado de graça que os Executivos normalmente beneficiam nestes períodos. A este ritmo, não haja dúvida que em poucos meses poder-se-ão liquidar direitos que há muitos anos vinham sendo atacados, mas que bem ou mal iam sendo mantidos.

E mais aí vem. Aumentos previstos nos passes sociais, cortes nos direitos e eventuais despedimentos na função pública, revisão da lei laboral, privatizações, revisão do conceito de serviço público, entre outras medidas cujos efeitos nem necessitam de ser enumerados. No fundo, um pacote a que já estávamos habituados, mas não com a intensidade com que agora está a ser aplicado.

Este é um Verão que promete, infelizmente não pelos melhores motivos. Esperemos que a rentrée inicie um processo sério de resposta às políticas em curso. Porque está visto que a vergonha é uma cena que não lhes assiste.

Artigo ontem publicado no Esquerda.net
(Imagem: Henricartoon)

Já nas bancas

Sumário do mês aqui

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Solidariedade com a Noruega


Uma série de organizações comprometidas (no bom sentido) lançou uma petição, cujo texto reproduzo abaixo, em solidariedade com a Noruega. Pode ser assinada aqui. Assinem e divulguem sff.

"Acompanhámos, num misto de choque, fúria e profunda tristeza, o horror que aconteceu em Oslo e Utoya no dia 22 de Julho. Antes de mais, pensamos, obviamente, nas vítimas, famílias, amigos e camaradas. Aceitem as nossas mais sentidas condolências e solidariedade.

Enquanto activistas de diferentes movimentos sociais e políticos portugueses, estendemos as nossas condolências à Liga dos Jovens Trabalhistas e também ao povo norueguês. E ainda a todos aqueles que, como nós, na Europa e no resto do mundo, compreendem a ameaça representada por ideologias racistas, xenófobas e fascistas, sobretudo quando encontram eco nos discursos e crenças políticas que nos entram pelas casas dentro todos os dias.

Quando se vota no ódio e na exclusão, quando líderes políticos põem em causa os valores do multiculturalismo, quando as minorias são transformadas em bodes expiatórios para os erros de sistemas políticos que promovem a exclusão e a discriminação, o ódio passa a ser aceite na política. E as armas precisarão sempre do ódio como munição.

Podia ter sido qualquer um de nós. Por isso, a maior homenagem que podemos prestar a todos os que morreram, ficaram feridos ou perderam entes queridos é o nosso compromisso com a luta pelo respeito, diversidade, justiça e paz e por uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva. Responderemos com mais democracia.
"

Artigo 21.º * Associação 25 de Abril * Associação Abril * Associação República e Laicidade * ATTAC Portugal * Bloco de Esquerda * Convergência e Alternativa * Crioulidades - Arte e Cultura na Diáspora * Fartos/as d'Estes Recibos Verdes * M12M * Movimento Escola Pública * Não Apaguem a Memória * Opus Gay * Panteras Rosa * PES Portugal * Portugal Uncut * Precários Inflexíveis * Rainbow Rose Portugal * Renovação Comunista * Sindicato dos Professores da Grande Lisboa * União de Mulheres Alternativa e Resistência * Vidas Alternativas

Era uma caça às bruxas, sff

Se calhar sendo assumidamente carniceiro, o que se justifica tendo em conta o que o Estado (vulgo nós) perdeu à conta do crime BPN, anseio por saber quem e quantos serão responsabilizados pelo sucedido. Sim, precisamos urgentemente de algum "sangue" para conseguir afogar um pouco esta mágua. Vá lá, é o mínimo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Álvaro aprende rápido

Álvaro Santos Pereira foi hoje metralhado no Parlamento com perguntas sobre as mais recentes medidas de austeridade, sobre o super-salário da sua super-chefe de gabinete, sobre o futuro pouco auspicioso da economia portuguesa. Mas eis que tirou da manga o verdadeiro às de trunfo. Disse ter encontrado no seu ministério provas do "ambiente de ostentação" do anterior Executivo: motoristas aos montes e carros de alta cilindrada com ruinosos contratos de leasing. E pronto, foi isso que fez destaque em todos os jornais. Lição do dia: o Álvaro aprende rápido.
(Imagem: Página Global)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

BIC laranja ou BIC cristal?

BIC Laranja? Humm... Mira Amaral é laranja. BIC Cristal? Bem, os capitais angolanos do banco são a sua pedra de toque. Holy shit! Este anúncio dos anos 80 era um presságio do que aí vinha...

Diz que é uma espécie de Justiça Social


(Imagem: D''Sul)