sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mas não digam a ninguém...

No seu editorial desta semana, António José Saraiva indica quem é o candidato mais forte à liderança do PSD através da perfunta que raramente falha: "Quem é o mais odiado pelo PS?". Paulo Rangel é a resposta mais evidente. Por mais que custe reconhecer, julgo que o director do Sol tem razão. Mas não digam a ninguém...
(Imagem: Corporações)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ah e tal… O centro histórico e os jovens e tal…

A reabilitação dos centros históricos de Lisboa e Porto são temas que há décadas se encontram nas agendas políticas. Toda a gente concorda com a importância de preservar tais centros, dar-lhes dinamismo, chamar população mais jovem para lá habitar.

Curiosamente, o consenso em torno do problema é proporcional à moleza com que se age para o contrariar. Tornou-se assim numa daqueles temas circunstanciais que até já ficam bem em qualquer conversa: “Nunca mais chega o Verão…”, “Então e o Benfica?”, “Isto está cada vez pior…”, “A baixa está envelhecida”.
(Imagem: Ulisses)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tudo bons rapazes

Qualquer força política que assume o poder a nível nacional tem à sua disposição uma imensidão de recursos para distribuir pelos seus próximos. A quantidade de nomeações para cargos de direcção nas centenas de organismos do Estado é apenas uma das faces mais visíveis deste processo. Se a isto somarmos o batalhão de adjuntos e assessores, consultores e especialistas, verificamos que qualquer lider político no poder a nível nacional possui um verdadeiro exército de fiéis.

Todo este exército é-lhe muito útil. Não só pelo facto de serem seus seguidores, passando a sua mensagem, apoiando-o na implementação das suas políticas/orientações gerais, mas também por conseguirem defendê-lo nos momentos difícieis. São exércitos extensos, constituídos por pessoas muito diferentes, com calibres variados. Alguns, mais solícitos, destacam-se por apoiar o líder cegamente e atacar os seus adversários sem hesitações, mobilizando para o efeito os meios que forem necessários.

Os contornos que têm vindo a ser descobertos de forma lateral (e ilegal) a propósito do processo Face Oculta, desde a questão da compra da TVI pela PT até às supostas contrapartidas do apoio de Figo a Sócrates, são bastante ilustrativos a este respeito. Tudo indica serem acções desenvolvidas pelo tal tipo de seguidores fervorosos da liderança, rapaziada porreira tipicamente muito próxima do poder.

Muitos do que integram esta rapaziada actuam a mando das lideranças. Outros actuam com a concordância implícita destas. Outros até actuam por sua conta e risco. Há de tudo. No entanto, como é evidente, não o fazem de forma desprendida. Fazem-no numa espécie de demonstração de fé, esperando colher dividendos por tão nobres serviços prestados ao grupo.

É curioso verificar que este tipo de malta que circunda o poder não surge do nada. São subprodutos naturais dos batalhões de fiéis que as lideranças políticas tanto gostam de alimentar e recompensar. Quando as suas jogadas sujas são descobertas, as lideranças começam por as negar. Depois desviculam-se. Por último, reprovam-nas fortemente. O problema é que ninguém tem dúvidas que não há inocentes nas lideranças políticas e que tais pruridos apenas sucedem quando as jogadas são descobertas...

Artigo publicado ontem no Açoriano Oriental
(Imagem: Smart Modern Art)

Grande som

O Sol voltou a brilhar em Belém

Há alguns meses atrás, Cavaco teve o seu período negro com o caso Público e com a desastrosa e inesquecível comunicação ao país. Seguiu-se um período de recolhimento que parece ter agora todas as condições para ter chegado ao fim.

O Governo atravessa o seu pior momento, a Justiça continua sem merecer a credibilidade que devia, a comunicação social está enfraquecida com as audições no Parlamento e as divisões à esquerda que a candidatura de Fernando Nobre veio trazer deverão ser boas notícias para a (re)eleição presidencial. Cavaco tem agora todas as condições para surgir como garante da estabilidade do país e das suas instituições.
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A tudo isto podemos adicionar a forte probabilidade do PSD poder renascer das cinzas a curto prazo com um novo líder, podendo então assumir-se rapidamente como alternativa ao actual Executivo. Cavaco surgirá assim como grande árbitro, como grande juiz do rumo do país. Será a figura para quem todas as atenções se virarão quando qualquer caso estalar, quando qualquer crise acontecer.

Como é natural, o panorama acima não passa de um cenário. Mil e um factores poderão alterar o rumo dos acontecimentos. Mas é também com base em cenários e perspectivas prováveis para o futuro que a posição política presente dos diversos actores se define. Assim sendo, Cavaco tem hoje razões para sorrir.
(Imagem: Ruptura Vizela)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sobre a entrevista de Sócrates

O primeiro-ministro demonstrou que está muito enfraquecido (ver entrevista completa aqui), limitando-se a negar repetidamente sem justificar as perigosas proximidades que são atribuidas nos casos PT/TVI e Figo. Toda a gente sabe que a violação do segredo de justiça é um crime gravíssimo e que merece solução. Mas não comentar afirmações de uma gravidade inqualificável por estas terem sido obtidas com violação de segredo de justiça é uma péssimo sinal vindo de um primeiro-ministro. Assim não convence ninguém. E gostemos ou não, este é o momento mais crítico desta liderança socialista. Ou convence a opinião pública rapidamente ou acabam-se as esperanças de aguentar qualquer embate eleitoral que lhe possa surgir a curto/médio prazo.
(Imagem: SIC)

Nunca tive tanta vontade de estar enganado

Sublinhei em posts anteriores (aqui e aqui) os perigos de divisão do eleitorado à esquerda proporcionados pela candidatura de Fernando Nobre. Cometi o erro de considerar que tal era óbvio. Não o é, de facto. E a prova disso mesmo é a quantidade de opiniões que tenho lido a sublinharem que tal candidatura até pode vir a ser responsável por uma segunda volta, indo buscar votos à abstenção e ao eleitorado de Cavaco.
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Embora não seja esse o cenário que julgo mais provável, espero mesmo estar redondamente enganado. Não podia estar a ser mais sincero a este respeito.
(Imagens: Blog AMI)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Arranjem um tempinho, vá lá…

Pinto Monteiro diz-se surpreendido pela divulgação dos seus despachos na comunicação social. No cenário actual, como é possível alguém mostrar-se surpreendido com a violação segredo de justiça? Enfim… No meio do lamaçal em que se encontra a justiça em Portugal, de casos e contra-casos, se calhar era importante reservar um tempinho para procurar atacar de forma minimamente séria e consequente o problema da violação do segredo de justiça, não?
(Imagem: Marvin Himel)

Cuidado com Brown

«Os alegados ataques de fúria e gestos de intimidação contra colaboradores atribuídos a Gordon Brown obrigaram o primeiro-ministro britânico a defender-se na televisão, garantindo que "nunca" bateu em ninguém». (Público, 22/02/2010) Os primeiros-ministros possuem esta capacidade impressionante de possuirem dark sides que nos deixam sem palavras...
(Imagem: CXO)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sorriso Amarelo

A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República é uma surpresa que origina sentimentos contraditórios. O currículo do presidente da AMI é inequívoco. A sua verticalidade e seriedade garantem que a candidatura que agora apresenta seja naturalmente forte. O capital de simpatia que foi recolhendo e a consideração que merece em diversos quadrantes políticos, nomeadamente ao longo de toda a esquerda, tornam-no um candidato com grande potencial.

No entanto, a sua candidatura proporciona igualmente óbvios dissabores: o indiscutível valor do candidato proporcionará a divisão do eleitorado de esquerda que tanto se procurava evitar. Proporciona-nos assim uma espécie de sorriso amarelo desconcertante. Num momento em que toda a convergência parece pouca para travar as gigantescas probabilidades de reeleição de Cavaco, eis que surge uma segunda candidatura no campo da esquerda que não deixa antever nada de bom.

Poder-se-á argumentar que a candidatura de Nobre é tão legítima como a de Manuel Alegre, não devendo recair sobre o primeiro o ónus de estar a dividir a esquerda. Tal é mais do que defensável. Mas o pragmatismo do momento presente exigia que se evitasse a multiplicação de candidaturas do mesmo espaço político. Candidaturas que, para além de fraccionarem o eleitorado, acabem por se desgastar mutuamente.

Por outro lado, o pragmatismo do momento presente exige que os esforços sejam direccionados não para encontrar o candidato perfeito, mas sim o candidato com melhores condições para, através de uma união à esquerda, conseguir ameaçar seriamente Cavaco. Neste sentido, julgo difícil considerar que Nobre poderá competir com o reconhecimento e notoriedade pública que uma figura como Alegre já possui.

Mas o maior risco que assombra a candidatura do presidente da AMI é a instrumentalização de que poderá ser alvo pelos sectores do PS que poucas simpatias nutrem por Alegre. Caso as duas candidaturas prossigam sem espaço a entendimentos e aproximações, os dados estão lançados para que o divisionismo da esquerda crie as condições perfeitas para que Cavaco possa continuar a dormir descansado com as suas favas muito bem contadas.
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Artigo publicado hoje no Esquerda.net

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Solidariedade

É difícil arranjar palavras de consolo para todos os que estão a sofrer com o temporal na Madeira. Resta mostrar solidariedade e esperar que tudo seja feito para ultrapassar a situação.
(Imagem: Gardenal)

Na muche

"Como seria de esperar, a novela das escutas serviu logo para por em cima da mesa o fim da golden share na antiga empresa pública de telecomunicações. Perguntas: onde está a golden share na Ongoing, Controlinveste ou BCP? Foi alguma golden share que colocou Dias Loureiro no BPN? E Ferreira do Amaral na Lusoponte? E Pina Moura na Prisa? E Jorge Coelho na Mota-Engil? (...) A verdade portuguesa é esta : os partidos portugueses têm golden shares informais em quase todas as grandes empresas para que as grandes empresas possam ter uma golden share em todos os Governos." Daniel Oliveira, Expresso 20/02/2010

Princípio vs Princípios

Por princípio, não concordo com contra-manifestações. Sobretudo pela facilidade com que, no meio de ânimos exaltados de parte a parte, podem originar violência. No entanto, tendo em conta o carácter tão anti-igualdade e anti-liberdade da manifestação que hoje desceu uma Avenida que é da Liberdade, não resisti a estar entre os que se contra-manifestaram em frente ao S. Jorge.

Certamente o melhor teria sido deixar os poucos milhares que desceram a avenida a falarem sozinhos, não lhes dando grande importância. Mas olha, paciência... Ao menos serviu para ver uma coisa: a tão grande fractura que a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo iria provocar não conseguiu juntar mais de que uns poucos milhares numa manifestação que há tanto tempo vinha sendo preparada.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ops, lá se vai a qualidade

Um dos elementos centrais na qualidade da democracia é a confiança que os cidadãos depositam nas instituições. No momento presente, com toda a podridão que parece estar a ser descoberta no âmbito do Face Oculta, assim como o que diariamente nos chega das audições da AR, a confiança dos cidadãos na classe política e na comunicação social deverá estar pelas ruas da amargura. A qualidade da nossa democracia vai-se certamente ressentir muito com tudo o que se está a passar.
(Imagem: SF Weekly)

Da série "Falar muito sem se dizer nada"

"A minha [candidatura] projecta uma ruptura, uma transformação... (...) O nosso projecto é sobretudo a ideia de abertura do PSD para o espectro político que vai do centro esquerda até ao centro-direita." Paulo Rangel em entrevista ontem ao i

É dificil perceber-se bem qual a ruptura que Rangel tanto diz querer protagonizar. Levando à letra o que diz em termos de ideologia do PSD, tal não significará qualquer ruptura mas sim uma manutenção exacta do panorama actual... Mas não faz mal. O que importa é repetir até à exaustão o slogan de campanha: "Ruptura, ruptura, ruptura!"
(Imagem: Idade Maior)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A Nobreza do Óbvio

Por maior consideração que se possa ter por Fernando Nobre e mesmo considerando-o um bom candidato à Presidência, o óbvio salta à vista de todos: a sua candidatura criará uma fractura significativa no campo da esquerda. Assim sendo, Cavaco tem agora razões acrescidas para dormir descansado.
(Imagem: Saxeo Vitae)

O Cheiro

"Sócrates encontra-se no momento mais crítico da sua liderança. A sua fragilidade é proporcional à vitalidade que, de repente, começou a surgir nas hostes laranja. Subitamente, o PSD parece começar a ganhar nova força."
(Imagem: Dark Government)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Uma ideia

A propósito desta notícia do DN, devia ser obrigatório nesta fase de corrida à liderança do PSD, cada um dos candidatos se pronunciar claramente sobre Alberto João Jardim e sobre a qualidade da democracia na Madeira. Bem sei que, chegados a esta fase, a tendência é todos gostarem de Alberto João, de sublinharem a sua obra e de desculparem a sua "irreverência".

Mas era interessante que o tema fosse colocado na agenda e os candidatos fossem persistente e teimosamente testados sobre o mesmo. Se calhar assim ganhariam um pouco mais de vergonha e pensariam duas vezes antes de contribuirem para aumentar o historial de conivência absurda das sucessivas direcções nacionais PSD perante o caso madeirense.
(Imagem: Inépcia)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bruxelas é Magrite

Às vezes parece ser necessário tomar a insólita decisão de fazer umas curtas férias num sítio onde nos deslocamos frequentemente em trabalho para esbarrarmos em alguns dos seus tesouros. No meu caso, foi necessário passar este fim-de-semana prolongado em Bruxelas para descobrir o Museu Magrite.
(Imagem: Geocities)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Só três???

Da maneira como as coisas estão para os lados do Largo do Rato, até é de admirar ainda só existirem três candidatos à liderança do PSD... E deve haver muita gente chateada por não ter mantido em aberto a sua candidatura a candidato...
(Imagem: Lisa Miceli)

Cuidado com os escaldões

Não sou subscritor da teoria da maquinação total, da conspiração absoluta, mafiosa e "polvoza" para controlar a comunicação social em Portugal. Mas é mais do que evidente que se chegou a um momento de suspeição insustentável.
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É urgente que o Parlamento comece as audições, concedendo algumas luzes sobre o que se passa. Caso contrário, estaremos cada vez mais expostos a luminosidades solares também muito pouco saudáveis.
(Imagem: A Guida é que sabe)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Eu não compraria um carro usado a Rangel II

Certamente as criticas ou impressões negativas que posso ter relativamente a Paulo Rangel até podem ser vistas como bons sinais por parte dos seus simpatizantes Do tipo: “se a malta à esquerda já começou a criticar o Rangel, é porque ele é bom”. Podemos dar isso de barato.

Mas reparem bem que, no seguimento do que sublinhei no post anterior, tudo indica que Rangel avançou com a sua candidatura passando a perna a Aguiar Branco. Ignorando o entendimento de que articulariam entre ambos qual dos dois avançaria. O anuncio apressado do líder parlamentar de que também seria candidato pareceu indicar a rasteira de foi alvo.

O episódio parece, a meu ver, mais uma indicação do tipo de perfil que aponto no post anterior. E é também evidentemente mais uma indicação porque eu não compraria um carro usado a Rangel.
(Imagem: Esfera do Horizonte)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Eu não compraria um carro usado a Rangel

Continuam a sair notícias a sublinhar a forte possibilidade de Paulo Rangel ser candidato a líder do PSD, recebendo então o apoio de grande parte do baronato do partido. Até às europeias, Rangel demonstrou ter um perfil razoavelmente sério. No entanto, desde então tem-se desmultiplicado em posicionamentos e declarações que lhe atribuem um perfil bem mais mesquinho, desmesuradamente ambicioso e pouco credível até.

Parece ter respostas evidentes para tudo, anda demasiado à caça do sound bite e do protagonismo fácil, não hesitando em ser demagógico e pouco honesto sempre que tal lhe dê jeito. Se calhar até pode ser o perfil ganhador que o PSD tanto procura, mas parece-me (e sou suspeito, claro) que o país ganharia pouco em ter Rangel como contraponto a Sócrates.
(Imagem: Farinha Amparo)
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PS: Como facilmente se percebe, este post foi publicado ainda antes de Rangel anunciar a sua candidatura.

Houston, we have a problem

"O problema é que demasiados indícios têm sido encontrados sobre a violação do perímetro de segurança entre o poder político e a imprensa. Ou seja, o cordão sanitário que tem de existir entre o poder político e a comunicação social, permitindo a esta última funcionar de forma independente como importante pilar democrático, parece não estar a ser respeitado."
(Imagem: Metric Junkie)

Venham mais cinco?

Para o comum dos mortais que não acompanha afincadamente a agenda de Bruxelas, é difícil emitir uma opinião minimamente sólida sobre a recondução de Barroso na Comissão Europeia. O seu anterior mandato parece ter sido marcado sobretudo por uma mão cheia de nada.

Os seus primeiros cinco anos de mandato tiveram poucas coisas marcantes. O seu papel no Tratado de Lisboa foi largamente secundarizado pela actuação dos grandes do Conselho, assim como a postura que assumiu na reacção à crise financeira internacional.
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Assim sendo, o que prometem os cinco anos Barroso que se seguem? Parecem prometer uma continuidade algo estéril em termos de inovação, seguidista relativamente aos rumos políticos anteriores e a manutenção da postura low profile que tanto agrada ao Conselho.
(Imagem: Escudo.tv)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sinceridade Grosseira

Saber que a violação ao segredo de justiça é de difícil resolução é mau. Ouvir do próprio Procurador-Geral da República que é um problema sem solução é anedótico.
(Imagem: Macroscópio)

E pachorra, hein?

Por um lado temos Paulo Rangel, bem ao seu estilo, a afirmar que existe um plano do Governo para controlar a comunicação social. Rangel demonstra que é tudo tão claro e peremptório na sua cabeça que se calhar qualquer investigação a este respeito até seria supérflua. Enfim…

Por oposição ao histerismo acima, a reacção do PS a tudo o que se está a passar também é lamentável. Num momento em que é certo que o assunto veio para ficar e que não será novamente esquecido, o PS vota contra qualquer audição na Assembleia da República. Assis aproveitou ainda para afirmar que Sócrates não deve esclarecer nada porque tal seria compactuar com a violação do segredo de justiça. Comentários para quê?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Casa onde há muito pão, ninguém ralha e o chefe tem sempre razão

O Público dá hoje conta do número de nomeações que se verificam no Governo Central ao longo das legislaturas. Dado o seu carácter absoluto, tal número concede-nos uma ideia muito pouco precisa sobre a adequabilidade ou não da tanta nomeação. Podemos dar isto de barato.

Mas o que parece indiscutível é que os números absolutos apresentados conseguem ser elucidativos sobre a capacidade de distribuição de recursos por parte de quem ocupa o poder. No fundo, a capacidade de empregar os mais aptos, os mais amigos, os mais fieis e todo o poder que daí advém.

Olhando para estes números, que representam apenas a componente de nomeação (ou seja, uma das componentes mais visíveis na distribuição de recursos) percebemos bem o quanto está em causa em cada eleição para os partidos do arco da governação (PS, PSD e também CDS). Percebemos também o quanto o exercício do poder é apaziguador para as máquinas partidárias e o quanto é dificil o surgimento de oposições internas durante o referido período.

No fundo, nos partidos políticos a realidade obriga a uma adaptação do conhecido ditado popular: “em casa onde há muito pão, ninguém ralha e o chefe tem sempre razão.
(Imagem: Cut the Crap)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Inevitável

Embora me considere pouco adepto de teorias da conspiração, da asfixia democrática e outras do género, tendo em conta a dimensão que as coisas têm vindo a assumir, julgo ser positivo e premente que o parlamento averigúe melhor o relacionamento entre o Governo e a comunicação social.
(Imagem: Day Mix)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre o fumo e o fogo

Não é que as manchetes do Sol costumem merecer grande credibilidade. E a de hoje demonstra mais uma vez a debilidade do segredo de justiça. Mas, para não variar, novo fumo surge vindo da relação entre o governo e a comunicação social. Se há fogo ou não? Pois... A única certeza parece ser que há muito fumo.
(Imagem: Pbase)

Cinzento

"Do mesmo modo que é difícil acreditar que um Governo ou um partido no poder arriscar-se-iam a exercer uma pressão mafiosa sobre jornalistas ou órgãos de comunicação social, também é difícil crer que tudo o que tem vindo a ser denunciado por diversos sectores políticos e sensibilidades várias da comunicação social portuguesa sejam apenas delírios de vitimização colectiva."

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Oh céus...

Ao mesmo tempo que faz pouco sentido aumentar os limites de endividamento das regiões autónomas no presente cenário, sobretudo para a Madeira, também faz muito pouco sentido o cenário de dramatização em que o Governo embarcou. A oposição não esteve bem e o Governo esteve ainda pior. Lamentável...

O Incómodo

Mais uma notícia que dá conta do forte incómodo do PS sobre qualquer legislação que procure o combate à corrupção. O incómodo do PS nestas matérias torna-se constrangedor para o partido. Chega a roçar o inacreditável.

A Estranha Tradição

"Depois de um suspense pouco convincente, o PS encontrou no PSD e no CDS os seus aliados nesta primeira prova de fogo que é o Orçamento de Estado. E começam já a ser dados os primeiros sinais de que tal entendimento poderá ser duradouro (ver Expresso do passado sábado). Repete-se assim um cenário que a democracia portuguesa há muito nos habituou. A nível de governação nacional, o PS acaba sempre por encontrar nos partidos à sua direita os seus aliados preferenciais."

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Duas considerações a propósito do Crespogate

1) Como sublinha o post abaixo, Sócrates mais uma vez parece ter um feitio pequeno, irritadiço, pouco tolerante, pouco estadista no fundo. Como é evidente, o feitio de um primeiro-ministro é uma questão lateral à avaliação da sua governação. Mas não é uma questão lateral à confiança que inspira e, logo, à popularidade de que goza.

2) O Crespogate demonstra que o ambiente de pressão sobre a comunicação social não ocorre por via de telefonemas ou censuras directas. Mas sim pela criação de um clima de tensão que proporciona excessos de zelos como o que foi originado pelo director do JN
(Imagem: Núcleo de Ambiente da Universidade do Algarve)

Sobre Sócrates e a Comunicação Social

"Sócrates é o pior primeiro-ministro no que respeita à Comunicação Social; o único que telefona e berra com jornalistas, directores, com quem pode. O único em que nestes mais de 30 anos que levo de vida jornalística, se preocupa doentiamente com o que dizem dele, em vez de mostrar grandeza e fair-play com o que de errado e certo propaga a Comunicação Social."
Henrique Monteiro, Expresso Online 02/02/2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Do Crespogate ao Pressõesgate

Mário Crespo afirma-se agora vítima de ataque governamental (ver artigo aqui). É mais um episódio da novela das pressões que se iniciou assim que Sócrates subiu ao poder. Mas afinal qual é o grau de veracidade desta novela? Eis a questão de um milhão de dólares.

Do mesmo modo que não acredito em listas negras de jornalistas/comentadores a “abater” e telefonemas a solicitar que fulano x ou y seja silenciado, também não acredito que tanto fumo exista por nada. Acredito sim em cenários nem pretos, nem brancos, mas sim cinzentos. Cenários onde as conversas dúbias existem de facto, onde as tensões fazem-se sentir, onde os amigos do poder acabam por ser mais zelosos que o próprio poder, onde as vitimizações, por seu turno, também acabam por ser excessivas e muito úteis.
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É verdade que estas tensões sempre existiram e que quem fala de mais sempre se colocou a jeito. Mas também é certo que, com o amadurecimento democrático, estas tensões devem atenuar-se e não o contrário.
(Imagem: Novono)

A estratégia da renovação

Carlos César foi reeleito líder do PS Açores por 99,3% dos votos. No poder desde 1996, César aproveitou a ocasião para sublinhar a importância da renovação interna no PS Açores. Como salta à vista, esta é uma estratégia típica na gestão de longos ciclos políticos: na impossibilidade de se renovar o líder, coloca-se o ónus na necessidade de renovação dos seus colaboradores. Simples, não?
(Imagem: PS Açores)