sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sessão de Vendas na Cimeira Ibero-Americana

Segundo o DN: “Foram dez minutos a falar do "verdadeiro computador ibero-americano". (…) “José Sócrates chegou a empunhar o Magalhães, mostrando-o bem às duas dezenas de chefes de Estado e de Governo que o ouviam discursar sobre o "verdadeiro computador ibero-americano"
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Segundo o Público, eis algumas das palavras de Sócrates: “…é uma "espécie de Tintim: para ser usado desde os sete aos 77 anos" (...) “Não precisam de mais nada.”(...)Foi pensado para as crianças e por isso é resistente ao choque. O Presidente [Hugo] Chávez já o atirou ao chão e não o conseguiu partir”.

Por estas e por outras, a JP Sá Couto já anunciou que Sócrates é o seu Empregado do Mês... Uma fonte fidedigna revelou inclusive que Sócrates terá tatuado o Magalhães num dos seus braços…

O PS está a subir

Cada sondagem vale o que vale e o que é evidente hoje poderá não sê-lo amanhã. Mas esta sondagem vem confirmar os efeitos de algumas medidas governamentais dos últimos dois meses. Aumentos na Função Pública, subida do salário mínimo, reacção á crise internacional, distribuição maciça de Magalhães, um orçamento de Estado simpático, entre muitos outros aspectos que tem ajudado a apagar a imagem inflexível que Sócrates passou nos últimos três anos. Até Outubro de 2009, o Governo continuará a distribuir doces.
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Se aliarmos o panorama acima com a dificuldade de afirmação que Ferreira Leite está a ter, os dados estão lançados para que o PS tenha bons resultados em 2009. Ainda falta um ano, é certo. Mas o empenho do Executivo em cair nas boas graças do eleitorado tem-se feito sentir diariamente.
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As sondagens começam também a comprovar uma tendência interessante. Um bom resultado dos partidos à esquerda do PS está dependente da performance do mesmo, mas igualmente do insucesso do PSD. Quanto mais o PSD vacilar, entregando de bandeja uma maioria aos socialistas, mais se verificará uma fuga de algum eleitorado socialista sobretudo para o BE, mas também para o PCP. Pelo contrário, caso o PSD recupere e ameace de facto uma maioria socialista, o BE e o PCP verão alguns destes seus eleitores tipicamente socialistas a inclinarem-se novamente para o PS.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Masoquismos...

Confesso que dei por mim, inconscientemente, a ler novamente a rúbrica do João Pereira Coutinho na Única. Sou um masoquista, é verdade... Mas sou um masoquista altruista, porque faço questão de partilhar aqui convosco duas das diversas relíquias que lá vi escritas.

O Requinte de um Pensador...
Não frequento o Bairro Alto. Seja em Lisboa ou no Rio de Janeiro, favelas não fazem o meu género.”

A Culpa da Crise é do Governo Americano, dos Negros e dos Latinos
Citando Dennis Sewell, João Pereira Coutinho revela-nos a origem da actual crise: "Nas administrações Clinton, ideias absurdas de «inclusão» social pressionaram a banca a alterar as suas regras de prudência na concessão de crédito para que os mais pobres, e por definição os mais facilmente insolventes, pudessem ter casa. (...) Entre 1994 e 1999, dois milhões de negros e latinos compraram o próprio ninho. Mas isso só foi possível porque o governo montou um subtil esquema de «avaliação» dos bancos, segundo o qual qualquer sombra de «discriminação» a minorias seria severamente punida, em tribunal ou na concessão de licenças várias. Os bancos, pressionados, limitaram-se a baixar as orelhas e a trilhar a corda bamba. Deu no que deu.

Eis o Video de Obama – 30 minutos nas Principais Televisões Americanas

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O vídeo é bem ao estilo americano. Como é evidente, trata-se de uma operação de campanha inimaginável num cenário europeu. Venham os comentários.

Nacionalista, mas pouco

Segundo noticia o Correio da Manhã, um militante do PNR está preso, acusado de auxílio a imigração ilegal. António Frazão geria 4 bordéis que contavam com cerca de 30 prostitutas. Está preso desde Abril por auxiliar a entrada em Portugal de 2 brasileiras para o "ajudarem" no seu negócio.

Lado a lado com a sua militância activa no PNR (responsável pela criação do núcleo de Sintra do Partido), António Frazão dedicava-se ao negócio da prostituição há vários anos. Possuía apartamentos de “apoio ao negócio” em Massamá, Linda-a-Velha, Rua Rodrigues Sampaio (Lisboa) e Amadora.

Pinto Coelho já veio afirmar que, caso se confirme a acusação a António Frazão, este será expulso do PNR por praticar “crimes que violam os princípios do partido”. Enfim… Já não há nacionalistas como antigamente…

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Quando os resultados são grandes, o povo desconfia

Os resultados dos exames nacionais foram tão bons que colocam em xeque a Ministra da Educação. No que à média das escolas nos exames de matemática diz respeito, uma melhoria de 400% só pode gerar desconfiança.

Ora vejamos: “Foram mais de mil as escolas que este ano tiveram uma média no exame nacional de Matemática do 9.º ano igual ou superior a 2,5 valores (numa escala de 1 a 5). Em 2007, tinham sido apenas duas centenas.

Como já se tornou de senso comum, os exames parecem ter sido feitos para “facilitar um pouco mais” do que nos anos anteriores. Não vejo que tal represente uma qualquer catástrofe uma vez que, nos anos anteriores, a proliferação de chumbos também não demonstrava mais do que uma perfeita desadequação entre o que é ensinado nas escolas e o que é sujeito a exame (pelos menos em termos de nível de dificuldade).
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O Ministério da Educação e a sua titular acabam, no entanto, por sair muito mal desta fotografia ao insistirem que esta melhoria é apenas o resultado de um maior esforço de alunos e docentes. Ó meus amigos, o povo é distraído, mas nem tanto…

Sócrates, o empregado do mês da JP Sá Couto

Num gesto de cortesia durante a Cimeira Ibero-Americana que hoje decorre em El Salvador, Sócrates oferecerá um computador Magalhães a cada um dos chefes de Estado e do Governo presentes.

Nos dias que correm, é natural que os Estados se envolvam muito directamente na promoção de produtos nacionais. A diplomacia económica é um dado adquirido. No caso de Magalhães, tal tem-se feito sentir com pompa e circunstância. Mas não haverá aqui algum exagero da parte do Governo?

Como é evidente, promover um produto como o Magalhães é também uma forma de promover Portugal enquanto pais na “vanguarda na modernização tecnológica”. Mas importa não esquecer que o Magalhães é um produto da JP Sá Couto, empresa com a qual o Estado Português não possui sequer qualquer contrato no âmbito do Magalhães (tal como foi sublinhado recentemente).

No entanto, pela forma como o Governo Português se tem empenhado na promoção do milagroso computador portátil, Sócrates, os seus ministros e, por consequência, todo o povo português, bem poderiam receber a distinção de empregados do mês da JP Sá Couto.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Lá se foi a irreverência de Manuel Alegre?

Em artigo hoje publicado no DN, Manuel Alegre relembra que a sua moção de há quatro anos atrás sublinhava os perigos da globalização desregulada e dos mercados financeiros frenéticos, a necessidade de reforma de algumas organizações internacionais, entre outros domínios tão em voga. Hoje, no entanto, Alegre deixou de ser um irreverente no seio do PS ao defender as referidas reformas.

Hoje, qualquer socialista que se preze saúda a necessidade de regresso à regulação estatal em diversos domínios dos mercados. Qualquer socialista que se preze saúda Keynes e Krugman, esses grandes mestres do papel do Estado na Economia. Aplaude os desaires do sistema neoliberal, tirando apressadamente da gaveta algumas máximas da social-democracia do pós-guerra.
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De Sócrates a Alberto Martins, de Pedro Silva Pereira a Vital Moreira, todos parecem agora concordar com a necessidade de regulação dos mercados. Alguns até, por estudarem pouco, sublinham que se trata de um triunfo da Terceira Via, como se tal movimento não fosse um dos grandes responsáveis da mudança de posicionamento da social-democracia europeia nos anos 90 rumo às virtudes do Estado Mínimo.
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Perante esta mudança de face do PS em poucas semanas, Manuel Alegre bem pode tentar lembrar que defendeu a regulação e reformas profundas há 4 anos atrás. Ó Manuel Alegre, isso pouco importa, meu caro. O que importa mesmo é que hoje todos os socialistas são quase tão irreverentes como tu nestes domínios. Pelo menos, da boca para fora…

Petição “Lisboa é das Pessoas. Mais Contentores Não!”

Através do Público, do Câmara de Comuns e do Cidadania LX, fiquei a saber que se encontra já em marcha um movimento contra a negociata muito mal explicada entre o Governo e do Porto de Lisboa.

Tal como escrevi anteriormente aqui e aqui, o Governo autorizou o Porto de Lisboa a adjudicar directamente a exploração do terminal à empresa Liscont (Grupo Mota-Engil) por mais 27 anos (até 2042), ao mesmo tempo que autorizou a triplicação do espaço disponível para o armazenamento de contentores.

Está a decorrer uma petição online contra esta medida. Recomendo, como não podia deixar de ser, a sua subscrição.

Na Rota dos Blogs

Aqui vão mais umas recomendações de leitura bastante diversificadas:

Mapa Interactivo – Jornais Americanos maioritariamente com Obama”, no Certamente que Sim.

O Monstrengo, Versão Revista e Actualizada”, no Fiat Lux Carpe Diem, a propósito do veto de Cavaco Silva.
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Mais do país onde o tempo era mais lento”, n’Os Tempos que Correm, acerca da evolução do PS (ou falta dela) nos últimos dois anos sobre o casamento homossexual.

A Chegada do Magalhães”, no Geração de 60, sobre uma descoberta recente que revolucionará a História dos Descobrimentos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Discordância Estratégica

Sem grandes surpresas, Cavaco vetou politicamente o Estatuto dos Açores. No momento actual, o alarido feito à volta deste acto parece excessivo. Afinal de contas, tal não é mais do que uma “discordância estratégica”.

Não foi por acaso que Cavaco optou por não enviar o diploma para o Tribunal Constitucional. Preferiu persistir nas suas dúvidas e não ceder nas posições anteriormente assumidas. Por seu turno, o PS poderá agora votar novamente o diploma, não voltando atrás na palavra dada. E ambos viverão felizes para sempre com um braço-de-ferro que só assustará os mais distraídos.

No meio desta polémica, o posicionamento do PSD não surpreende, assim como o do BE. Mas é interessante ver o CDS considerar que o PR vetou “mal” o diploma. Por seu turno, com uma estratégia no mínimo duvidosa, o PCP prefere assumir as dores do Presidente e apontar baterias para o Estatuto. Toda esta situação parece estar a provocar alguns insólitos nos posicionamentos dos partidos...

César das Neves em luta contra a Barbárie e a Selvajaria

Os artigos de opinião do professor da Universidade Católica têm sempre um “cunho muito próprio”. Mas o artigo da edição de hoje do DN, com o sugestivo nome de “Brecha na Muralha da Civilização”, consegue ultrapassar mesmo aquilo a que nos fomos habituando.
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César das Neves debruça-se sobre a questão do casamento opondo-se às alterações da lei do divórcio recentemente aprovadas. Mas, em vez de o fazer como Cavaco (que escondeu o seu conservadorismo atrás de algumas preocupações sociais), César das Neves fá-lo num discurso teológico-apocalíptico.
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Brutal, não é? César das Neves só podia estar a brincar quando escreveu o que escreveu. Caso contrário, acho que todos temos razões para começarmos a ficar seriamente preocupados com senhor…

Um estudo mesmo a calhar…

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O estudo analisou os orçamentos dos 23 países da OCDE nos últimos 35 anos e chegou às conclusões acima referidas. Concluiu igualmente que a referida tendência ocorre sobretudo nas jovens democracias da Europa do Sul: Portugal, Espanha e Grécia. Conclusões interessantes, sobretudo num momento em que está a ser discutido o Orçamento de Estado.
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Mas, neste domínio, a TSF consegue dar-nos um perfeito exemplo do que é uma má notícia (pelo menos na sua edição online): não indica o nome do estudo e não indica a data de publicação. Ou seja, ficamos apenas a saber que existe um qualquer estudo que diz umas coisas nada convenientes para o Governo no momento actual…

domingo, 26 de outubro de 2008

Sócrates não tem razões para se queixar da Sorte

Na segunda parte da entrevista ao DN, Sócrates sacou de mais um doce: aumento de 5,6% no Salário Mínimo. Chegará assim aos 450 euros. Tal como estava previsto, teremos um Governo muito atencioso em 2009. O panorama económico internacional até veio dar uma forte ajuda neste sentido.

Tirando o referido anúncio, a entrevista de Sócrates ao DN e à TSF teve direito a poucas manchetes. O primeiro-ministro ora respondeu o que vem nos manuais, ora não se comprometeu (pedido de maioria absoluta, regionalização, candidato às europeias, casamento homossexuais, entre outros domínios.).

Uma vez que não tropeçou uma única vez, verdade seja dita: Sócrates ultrapassou novamente com mestria mais esta entrevista. Não impressionou. Foi, aliás, demasiado igual a si mesmo. Mas isso é suficiente para que tenha atingido os seus objectivos. Com três anos e meio de maioria absoluta, e com o maior partido da oposição sem conseguir sair da penúria, Sócrates sabe que não precisa de ganhar o que quer que seja. Apenas necessita de não perder. E está a consegui-lo.

A presente crise internacional veio justificar o alargamento do cinto e a disribuição de doces em ano de eleições. Por outro lado, qualquer indicador que possa indiciar um agravamento da situação económica do país será sempre justificado com o panorama internacional. Sócrates não tem razões para se queixar da sorte no início neste último ano de mandato. As coisas estão a correr-lhe bem...

Distribuir a Riqueza - Que Horror...

McCain sacou ontem de um poderoso ataque contra Obama. O candidato republicano acusou Obama de ter um objectivo bastante malévolo: nem mais nem menos do que “distribuir a riqueza”. Que horror... Como é que alguém pode planear algo tão terrível?

Todos sabemos que a configuração do debate político americano é substancialmente diferente do europeu. Os eixos esquerda-direita são diferentes dos dois lados do Atlântico. Esta acusação sobre Obama é um exemplo disso mesmo.

Na Europa, mesmo a direita democrática promete, directa ou indirectamente, distribuir a riqueza. O conceito de justiça social ou de democracia económica é algo relativamente difundido, à esquerda ou à direita. Nos Estados Unidos, pelo contrário, acusar alguém de querer distribuir a riqueza é um golpe baixo.

Sacudir a Água do Capote

As irregularidades e a corrupção na Câmara e Lisboa têm enchido os jornais nos últimos tempos. Da cedência de casas à questão da Gebalis, para já não falar em casos como o da Bragaparques, a imagem passada para a opinião pública é terrível. Mas é sobretudo interessante ver como alguns, no meio desta confusão, aproveitam para sacudir a água do capote sem sequer pestanejar.

Em entrevista concedida ao Expresso, Paula Teixeira da Cruz considera que “Lisboa é um caso de polícia”. Afirma ainda que “... se a câmara tivesse que ser objecto de uma investigação integral, provavelmente o Ministério Público e a Polícia Judiciária não teriam outra ocupação”.

Fantástico, não é? A presidente da Assembleia Municipal de Lisboa e até há pouco mais de um ano atrás líder da distrital de Lisboa do PSD, tenta deste modo, e num passo de mágica, colocar-se do lado dos indignados com o que se passa na autarquia. Como se as funções que ocupa ou ocupou não a tornassem, no mínimo, conivente com toda a prodidão que tem vindo a ser descoberta na autarquia.

Óbvio. Estávamos à espera de quê?

Quando foram anunciados os 20 mil milhões, muitos trataram de acalmar os ânimos mais exaltados. Era uma medida importante, mas que certamente nem seria utilizada pela “sólida e saúdável” banca nacional.

A 12 de Outubro, Teixeira dos Santos afirmou o seguinte: “Esperamos que estas situações (de recurso às garantias) sejam reduzidas.” A 24 de Outubro, pouco depois da “express-lei” ter entrado em vigor, os cinco maiores bancos emitiram comunicados de forma sincronizada abrindo a possibilidade de recorrerem às garantias do Estado.

Porquê o espanto? Esperar que os bancos não recorressem às garantias equivale, em última estância, a esperar que um cidadão comum não quizesse ter o Estado como fiador quando recorresse ao crédito. Nesta, como noutras situações, só é pena que tenham sempre de tomar os cidadãos como uma cambada de parvos...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ah ah ah! O Haider, quem diria?

O mundo parece ter-se deliciado com a confissão do jovem sucessor de Haider. Afinal o mediático e já relativamente histórico líder da extrema-direita austríaca era homossexual. Quem diria, não é?

Parece existir uma contradição intrínseca entre ser-se de extrema-direita e ser-se homossexual. A referida contradição está a dar origem inclusive a comentários direitistas vindos da esquerda. Curioso, não é? Como é evidente, a contradição existe de facto quando se possui uma determinada orientação sexual e se defende afincadamente uma política contra a referida orientação.

Posso estar tremendamente enganado, mas não estou certo de ser este o caso de Haider. As políticas que advogava, para além do branqueamento dos crimes nazis, direccionavam-se sobretudo para a questão da imigração. A xenofobia e o racismo eram as principais bandeiras que o rotulavam como sendo de extrema-direita. Assim sendo, a contradição entre a sua orientação sexual e as políticas que advogava pode não ser tão evidente quanto isso.

A este propósito, vale sempre a pena recordar o caso do líder de extrema-direita holandês Pin Fortuyn (assassinado em Maio de 2002): homossexual assumido e xenófobo assumido. Sendo provocatório, será que um homossexual não tem "direito" a ser xenófobo?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Gebalis: Ele há coisas que me tiram do sério

Os três ex-administradores da Gebalis foram acusados não só por contratações ilegais, mas também por utilizarem em proveito próprio 200 000 mil euros em viagens, refeições em restaurantes de luxo e objectos pessoais como livros, DVDs e outros.

Não estamos aqui a falar de um crime típico de colarinho branco que desvia uns milhares ou milhões para um off-shore ou para uma conta do sobrinho na Suíça. Estamos sim a falar de um hábito continuado de abuso quotidiano dos dinheiros públicos em despesas tão mundanas como refeições, viagens, canetas de luxo, livros…

Ou seja, não parece ser algo especificamente premeditado, maquiavelicamente planeado, uma verdadeira golpada seguida de fuga para o Brasil. Não. Tratou-se de um simples abuso de algumas regalias que custou à Câmara 200 000 mil euros…
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Tudo isto se passou numa empresa com fins sociais onde, pelos vistos, os três administradores abraçaram sobretudo os seus próprios fins. O ex-presidente agora acusado fazia parte das listas de Carmona. Mas outro dos arguidos foi representante do PS na direcção da Gebalis desde 1995 até Outubro do ano passado.

Este tipo de coisas tiram-me do sério e deixam-me também doente. E é então que surge a minha face justiceiro-populista: quantos “200 000 euros” destes existirão por este país afora, em cada esquina, em cada empresa municipal, em cada organismo público?

Ah e tal… Afinal é só para os menos qualificados

Primeiro o Governo conseguiu alterar os regimes de avaliações, alcançando a tão gloriosa possibilidade de despedimento. Para atenuar tal facto, criou um quadro de mobilidade com condições razoáveis. Agora, pelos vistos, esse quadro não é para todos.

Para justificar o quadro da mobilidade, o Governo piscou o olho a alguns ao dar a entender que a passagem voluntária para a situação de mobilidade especial poderia ser uma forma de muitos trabalhadores tentarem a sua sorte fora dos tentáculos do Estado. Não era nada mau, e tal argumento convenceu muitos, inclusive os sindicatos do costume.
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Eis mais um exemplo de como qualquer reforma nas condições dos funcionários públicos visa sempre a diminuição de direitos. Não há moedas de troca. E depois ainda temos de aturar alguns sindicatos cúmplices com toda esta situação (afectos à UGT) a mostrarem-se indignados e a protestarem. Haja paciência…

Estranho, muito estranho...

O Diário Económico denunciou que o Orçamento de Estado prevê alterações no modelo de financiamento de partidos. Teixeira dos Santos desmentiu qualquer alteração. Mas depois reconheceu que afinal existia uma...

Primeiro foi o misterioso desaparecimento do articulado que impede os financiamentos em dinheiro vivo. Tal já foi mais ou menos assumido como um mal-entendido pelo ministro. Mas depois deu a entender que desaparece a obrigatoriedade dos cheques, mantendo-se apenas a necessidade de registo. Tal também já foi desmentido.

Por seu turno, Alberto Martins veio desmentir qualquer alteração de susbtância, apenas confirmando que o montante de referência passará a ser feito através do indexante de apoios sociais e já não do salário mínimo nacional.

A maioria das alterações identificadas até pode não ter passado de um tremendo mal-entendido (vulgo trapalhada). De qualquer modo, fará algum sentido que algo tão sensível como o financiamento partidário seja alvo sequer de alterações mínimas em sede de Orçamento de Estado? Ainda por cima num ano marcado por três actos eleitorais?

Insólitos South Park

Quando pensamos que a série South Park não consegue surpreender-nos mais, eis que os seus autores revelam ao mundo os mais intímos segredos de Steven Spielberg e George Lucas.

Spielberg e Lucas violam o Indiana Jones


Spielberg e Lucas violam um Stormtropper

Brutal... Não tenho palavras...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Comunicação Social Açoriana e Alternância Política

O Público traz hoje um artigo dedicado à tradição de maiorias absolutas nas regiões autónomas. Nos Açores, tal como na Madeira, nunca uma recandidatura de um Presidente do Governo Regional saiu derrotada. Porquê? Açorianos e madeirenses são simplesmente avessos à alternância democrática?

Embora não existam estudos sobre esta temática nas regiões autónomas, algumas explicações conseguem ser avançadas, tal como hoje Pedro Magalhães indica no Público: o peso do sector público na economia regional, a gestão dos recursos públicos pelo partido que governa ou a visibilidade adquirida fruto da governação. Avanço com mais uma hipótese explicativa que valeria a pena ser estudada: a quase ausência de fiscalização política na comunicação social açoriana.
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Centrando-nos no caso dos Açores (uma vez que conheço pouco o panorama madeirense), o número de órgãos de comunicação social até é muito substantivo tendo em conta a dimensão populacional do arquipélago. Muitas ilhas possuem mais do que um jornal, possuem diversas rádios e o arquipélago beneficia de uma estação de televisão – a RTP Açores. No entanto, apesar da proliferação de órgãos de comunicação social, a crítica/fiscalização política não proliferam nos referidos órgãos.
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Os partidos políticos da oposição conseguem naturalmente as suas notícias. Mas o grosso da informação política é feito com base na obra Governamental: “O Governo criou o programa X, o Secretário Y inaugurou Z, o Director Regional A anunciou que…”. A título de exemplo, ao contrário do que acontece numa dimensão nacional, dificilmente conseguir-se-á encontrar uma manchete num jornal açoriano, muito menos na televisão açoriana, que denuncie um qualquer “escândalo” político, uma trapalhada governamental ou mesmo uma promessa descaradamente não cumprida.
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A comunicação social açoriana acaba por funcionar sobretudo como uma caixa de ressonância da obra governativa e raramente como mecanismo de fiscalização política da acção governamental.
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Como é natural, tal não acontece por acaso ou simplesmente porque a comunicação social possa estar explicitamente dominada pelo Governo. Num meio relativamente pequeno (sublinho o “relativamente pequeno”), mesmo a comunicação social ganha pouco/perde muito em incompatibilizar-se com o poder estabelecido. Em meios relativamente pequenos, a fraca fiscalização política da comunicação social é mais um contributo para as parcas tradições de alternância política.

Assalto a Lisboa

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Um assunto que continua sem explicação e que contradiz totalmente os foguetes lançados há uns meses atrás a propósito da reabilitação da zona ribeirinha da cidade. Miguel Sousa Tavares dedicou-se a este tema na sua crónica deste sábado no Expresso, denominada “Assalto a Lisboa”. Recomendo vivamente a sua leitura. Mário Soares também se refere a este assunto na sua crónica de hoje no DN.
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É um assunto que merece não cair no esquecimento. Não só pela tremenda contradição que envolve, mas também por se poder estar a cometer mais um daqueles erros dificilmente remediáveis na ordenação do espaço público da cidade. Lisboa merece que esta questão seja esclarecida até às últimas consequências.

Em nome da verdade

Respondendo ao alerta lançado pelo País do Burro, reproduzo o texto abaixo e solidarizo-me naturalmente com a causa dos trabalhadores com deficiência, para que 2010 não seja uma repetição de 2008 e 2009. Apelo também a todos os bloggers que por aqui passam para divulgarem esta mensagem.

- "Deficientes voltam a ter mais benefícios fiscais em 2009" – Agência Financeira.
- "Governo reduz impostos para os contribuintes com deficiência em 2009" - Público
- “Deficientes têm redução no IRS” – Diário Económico
- “Orçamento para tentar atenuar efeitos da crise” – TVI

Os títulos são estes, mas a verdade é muito diferente. É preciso divulgar junto da opinião pública o que realmente se passa com os impostos dos trabalhadores portadores de deficiência que, para além da parte do salário real que é levada pela inflação, ainda têm que enfrentar um agravamento fiscal, introduzido em 2007 pelo Governo Sócrates, em nome de uma justiça social que afastou a sociedade das suas responsabilidades de inclusão destes cidadãos.
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Imagine se os seus impostos tivessem aumentado assim. E imagine que o que lia nos jornais, o que ouvia nas rádios e o que via nas televisões era o oposto da realidade que estava a viver. Para além de sentir na pele a injustiça de uma medida que limita decisivamente o seu direito à inclusão social, ainda se sentiria usado como propaganda numa campanha em que se diz que os seus direitos foram reforçados.
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Os trabalhadores portadores de deficiência não têm assessores de imprensa para fazer títulos de jornal. Por isso contam com a colaboração de todos nós para a divulgação de uma verdade que não consta das notas de imprensa distribuídas pelo Governo, que os média se limitam a republicar: a tributação dos cidadãos portadores de deficiência aumentou em 2007, aumentou novamente em 2008 e ainda vai aumentar mais em 2010. O que o Governo fez foi apenas dar uma trégua de um ano nesse agravamento fiscal e adiá-lo de 2009, ano de eleições, para 2010.

Empurrar com a Barriga….

Tal como seria de esperar depois da chuva de críticas que sofreu, Ferreira Leite adia agora a decisão de quem será o candidato a Lisboa. Aguarda um melhor momento para um eventual anúncio. Até lá, quem sabe, poderá surgir um nome mais consensual.

É o mais prudente a ser feito. Aceitar para já a candidatura de Santana far-lhe-ia perder muitos dos seus importantes aliados. Deste modo, adia-se um assunto quente que lhe provocaria um desgaste nada conveniente no momento actual.

Como é evidente, quando é Santana que está em jogo, dificilmente a questão conseguirá cair no esquecimento. A comunicação social tem uma paixão grande pelo “menino guerreiro” e os adversários políticos de Ferreira Leite não lhe perdoarão esta trapalhada. Mas empurrar com a barriga é a melhor solução possível neste momento para a líder laranja. Sobre se Manuela tem ou não barriga suficiente para o fazer, isso aí já é outra questão…

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Até Colin Powel apoia Obama…

O anúncio feito representou mais um revés para McCain. O histórico Powell apoia Obama. Representa mais um importante ponto para o candidato democrata, mas trata-se de um apoio que não deixa de ser surpreendente: é que Powel foi a cara da intervenção no Iraque.


É certo que Powell pode ter mudado e pode até ter assumido alguns dos seus erros. E é também certo que o dossier Iraque, depois de ter sido a principal bandeira de Obama, tem vindo a perder algum relevo. Mas não deixa de ser estranho/curioso/surpreendente/paradoxal/contraditório/inacreditável que a cara que mais defendeu a invasão iraquiana apoie agora o candidato que mais se opôs à mesma.

Fun with McCain

Como seria de esperar, a foto da Reuters já começou a ter consequências... bem engraçadas, por sinal.


A Foto Original

As Variantes













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Estes e muitos outros exemplos em funwithmccain.com. Um abraço ao activista que me avisou sobre estas maravilhosas variantes.

domingo, 19 de outubro de 2008

10 apontamentos sobre as Eleições Açorianas

1 - Cumpriu-se a tradição. A maioria absoluta do PS demonstra mais uma vez que o eleitorado açoriano não é grande apreciador da alternância política. Nunca um líder do Governo Regional foi derrotado numa recandidatura. O PSD apenas perdeu o poder após 20 anos porque Mota Amaral saiu. Se Carlos César se recandidatar mais duas ou três vezes, certamente continuará a ganhar.

2 - César afirmou que não se recandidatará, apesar da não-promulgação do Estatuto Politico-Administrativo dos Açores a isso não o obrigar. Foi, sem dúvida, a resposta mais inteligente a dar neste momento. Como é evidente, tal não inibe que, daqui a três anos, César reconsidere "por força das circunstâncias".
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3 - O PS venceu, pela primeira vez, em todas as ilhas. O resultado ficou um pouco aquém das sondagens (49,98%) possivelmente por ter sido o partido mais prejudicado pela abstenção. As favas eram já tão contadas que muita gente optou por ficar em casa.

4 - O PSD foi vitima do ponto 1. Obteve o seu pior resultado de sempre nos Açores (30,27%). Enquanto o presidente do Governo Regional continuar a recandidatar-se, os tempos de mingua continuarão para os sociais-democratas.
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5 - O CDS obteve o resultado mais surpreendente. Conseguiu 5 deputados, vendo a sua representação subir em 3 deputados. O resultado de 8,7 % agradou comepnsa assim o empenho de Portas. Será certamente um vitória que será utilizada para colocar para trás das costas os diversos sinais de crise interna que o PP demontrou nos últimos meses a nível nacional.
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6 - O BE conseguiu 2 deputados. Os 3,3 % obtidos representam uma forte subida relativamente ao resultado de há 4 anos. O objectivo era conseguir eleger 1 deputado. A eleição de 2 representa a segunda maior surpresa destas eleições.
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7 - A CDU, com 3,14%, consegue voltar a ter representação parlamentar. Tendo em conta as dificuldades de afirmação que o PCP sempre teve a nível regional, é sem dúvida um bom resultado.

8 - A eleição de 1 deputado pelo PPM representou uma surpresa. O círculo eleitoral do Corvo permitiu, deste modo, que um partido com 0,47 % dos votos a nível regional consiga ter representação. Paulo Estevão, um conhecido aqui do Activismo de Sofá, consegue assim o seu grande objectivo. Será que assumirá na Assembleia Regional uma postura parecida ao representante do PND na Madeira? É bem possível...
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9 - Elevada abstenção (cerca de 53%) é o ponto mais negativo destas eleições. Os valores da abstenção nos Açores, mesmo nas regionais, sempre foram um problema. Entre as explicações normais de alheamento político, importa ter em conta que a pouca tradição de rotativismo também ajuda muito.
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10 - Por último, depois de 4 anos em que a Assembleia Legislativa Regional foi constituida apenas por 3 partidos, a entrada de 3 novos partidos implicará uma nova dinâmica para a oposição nos Açores. Nota muito positiva, portanto, para a reforma eleitoral que criou o círculo regional de compensação.

Foto que ficará para a história

McCain no último debate, depois de se ter dirigido para o lado errado do palco
após o tradicional aperto de mão com o seu oponente Obama. Foto Reuters

sábado, 18 de outubro de 2008

Express Lei

Os 20 000 milhões de garantia à banca foram já promulgados pela Presidência da República. “O diploma entrou na Presidência da República às 14h00, o Presidente da República estudou-o antecipadamente e às 14h30 promulguei o diploma", afirmou orgulhosamente Cavaco. Um recorde digno de medalha olímpica.

Como é evidente, uma proposta de lei com o referido objectivo não podia esperar muito. A impaciência dos mercados, reflectida ao segundo na intranquilidade das bolsas, exigia uma Express Lei. Mas não deixa de ser simbólico que este tenha sido provavelmente o diploma mais rapidamente elaborado e aprovado em Portugal.

Um diploma que, importa não esquecer, envolve uma quantia de cerca de 10% do PIB nacional, cujos tramites de aplicação e contrapartidas dadas ao Estado permaneceram muito pouco claras. Com esta crise estamos sempre a aprender. No futuro, quando um diploma for mesmo mesmo muito urgente, e eventualmente dúbio, vale a pena recorrer a este novo serviço de Express Lei.

Se eu votasse, votaria útil

A sondagem divulgada na quinta-feira demonstra bem o quanto estas regionais são favas contadissimas para o PS. O eleitorado açoriano demonstra aqui mais uma vez ser pouco simpatizante do rotativismo. Se eu pudesse votar no domingo, votaria útil.

Votaria num dos partidos destes senhores por considerar que uma Assembleia Legislativa Regional é pouco saudável quando constituida apenas por três forças políticas. Votaria num dos referidos partidos por achar que qualquer uma das forças políticas em causa acrescentará vitalidade à oposição e, por consequência, dinamismo à democracia nos Açores

Votaria nos referidos partidos sobretudo por considerar que a esquerda na Assembleia Legislativa Regional não deve acabar no PS. Num cenário em que já nada retirará a Carlos César a maioria absoluta, num cenário em que começam a vir ao de cima alguns graves vícios do poder e num cenário em que o círculo de compensação veio reforçar a representatividade do sistema eleitoral açoriano, um voto no BE ou no PCP é, a meu ver, um voto muito útil.

PS: Este post não foi encomendado por nenhuma das forças políticas em causa. :)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Há coisas que parecem combinadas

Ainda ontem parecia que Pacheco Pereira tinha abandonado Ferreira Leite. Mas na Quadratura do Circulo de há pouco o cenário pareceu bem diferente. Pacheco arrasou Santana e a distrital de Lisboa, quase não mencionou Ferreira Leite e ainda aproveitou para lançar três eventuais candidatos.

O estilo de Ferreira Leite não combina com Santana. É possível que o “nim” da líder tenha sido entendido como um sim. Perante a antecipação da distrital de Lisboa e a chuva de criticas que recebeu das “alas sérias” do partido, faz sentido que procure agora legitimidade para dar um passo atrás.

Se assim for, a intervenção de Pacheco Pereira assenta que nem uma luva. Até pareceu combinada. Arrasou Santana melhor do que ninguém e lançou um apelo para que surjam novos candidatos. Exemplificou com Passos Coelho, António Borges e Morais Sarmento. Que conveniente, não?

Ferreira Leite tem agora uma oportunidade de ouro para mandar Santana esperar. Poderá assim aguardar que surja algum nome mais sério que a possa livrar da chuva de criticas que tem vindo a ser sujeita. Resta saber se toda esta teoria faz algum sentido ou não.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Freitas, o “devoto de Salazar”

A propósito de um leilão de várias cartas de Marcello Caetano quando estava exilado no Brasil, o DN faz hoje algumas transcrições no mínimo incómodas para Freitas do Amaral.
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“O Diogo era devoto de Salazar, amigo do presidente Tomás, de quem um tio era ajudante, ao ponto de ir preparar os seus exames para o Palácio de Belém! A revolução dos cravos foi sobretudo a derrocada do carácter dos portugueses. Que homem!"
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“…as atitudes do meu antigo discípulo - assistente Diogo do Amaral - na política e em relação a mim foram um dos maiores desgostos que neste período sofri."
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“…a reacção do CDS, presidido por um filho de um antigo secretário de Salazar que este beneficiou largamente.”
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“No ano passado estive muito mal de saúde com o desgosto que me deu o sr. Diogo do Amaral.”
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Como parece evidente, são frases de quem se sentiu bastante incomodado com Freitas. Valem o que valem. Mas não conseguem deixar de trazer à tona uma ideia já bastante batida: com o 25 de Abril, os salazaristas desapareceram de súbito. De repente, todos os portugueses e suas elites eram convictamente democratas…

Ver para Crer

Num debate que foi o mais animado entre os dois concorrentes, McCain esteve bem, mas não suficiente. Começa a ser difícil que a vitória escape a Obama. Mas o que podemos esperar de uma administração democrata na Casa Branca?

A onda de euforia em torno de Obama (nomeadamente na Europa) é normal e até pode ser positiva. Depois de Bush, qualquer administração democrata representará uma lufada de ar fresco. E Obama, com o seu estilo “neo-I-have-dream”, representa de facto uma grande esperança para os destinos do gigante americano.
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Esperam-se mudanças sérias na abordagem da política internacional, da política económica, de saúde, do ambiente, entre outros domínios. No fundo, espera-se uma administração americana mais próxima do paradigma europeu de centro-esquerda.
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Mas a história americana já nos demonstrou por diversas vezes que é preciso grande cautela quanto se espera demais de uma administração democrata. As expectativas excessivas podem rapidamente dar lugar a estrondosas desilusões.
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Esperamos, como é evidente, que Obama dê a McCain uma valente sova eleitoral. Daí até embarcarmos numa onda de euforia em seu torno vai uma grande distância. Desculpem-me a cautela algo conservadora: Obama sim (sem dúvida!), mas prefiro ver para crer.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Magalhães é uma Festa

Segundo noticiou ontem a Antena 1, muitos professores parecem não estar satisfeitos com as acções de formação do Magalhães que estão a decorrer em todo o país. Parecem animadas demais… Eis o vídeo abaixo captado por um professor em Cantanhede.
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O relato integral da formação a que o professor assistiu pode ser encontrado aqui no seu blog. Os comentários ao post são também ilustrativos.

Até tu, Pachecus?!?

Depois de ter recebido umas lições chatas de Marcelo Rebelo de Sousa, chegou a vez de Pacheco Pereira lançar as primeiras criticas a Ferreira Leite. E agora, Manuela? O cenário começa a complicar-se.
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A candidatura de Santana a Lisboa volta a estar no meio dos desentendimentos. Pacheco Pereira considerou-a um “péssimo sinal”, afirmando ter sobre este assunto “uma opinião profundamente negativa”. As críticas em torno da candidatura de Santana parecem tão fortes que o assunto foi retirado da agenda da reunião de ontem da Comissão Política.
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No espaço uma semana, Ferreira Leite recebeu fortes recados dos seus dois principais “pontas de lança” na comunicação social. Entretanto, nota-se que o seu estado de graça já terminou entre os principais opinion makers da praça. É bem possível que, a partir de agora, se gere um efeito bola de neve a exigir um congresso no princípio do ano. O cenário de Ferreira Leite não chegar às legislativas começa a ganhar consistência…

terça-feira, 14 de outubro de 2008

2,9% ?!? O Governo é um bom companheiro...

Teixeira dos Santos anunciou que a proposta de aumentos salariais para a funções pública será de 2,9%. Com uma inflação prevista de 2,5%, representará eventualmente um ganho de 0,4% no poder de compra dos funcionários públicos. Um grande doce em ano de eleições.

Como é natural, mesmo que a inflação corresponda de facto ao previsto (algo verdadeiramente raro), os 0,4% não chegam para compensar as perdas consecutivas de poder de compra nos últimos anos. De qualquer modo, o Governo concede aqui um grande doce aos funcionários públicos. Um doce só possível em ano de eleições.

Confirmando o que há muito é esperado, e apesar de algumas contrariedades que não estavam nos planos, já é oficial: nos próximos 12 meses teremos um Executivo cada vez mais atencioso...

Ó Manuela, não era bem isso…

Marcelo criticou no domingo Ferreira Leite por se pronunciar pouco sobre a crise. A líder social-democrata parece ter ouvido o recado, mas alguma coisa parece ter falhado na interpretação do mesmo.

Depois de ontem ser recebida por Sócrates a propósito da actual crise financeira, Manuela surpreendeu ao considerar que o caminho seguido pelo Governo era o correcto, que o Governo podia contar com o PSD nas medidas de combate à crise. Teve ainda tempo de, em declarações aos jornalistas, detalhar o quão correctas são as medidas governamentais…

Marcelo recomendou de facto que Ferreira Leite se disponibilizasse a colaborar com o Governo nestes domínios. Mas daí a não ser expressa qualquer alternativa ou crítica à actuação do Executivo, vai uma enorme distância. É que mais do que afirmar a presença do PSD, Manuela conseguiu sobretudo mostrar aos portugueses a competência do Governo na gestão desta crise. Ó Manuela, o objectivo não era bem esse...

Na Rota dos Blogs

Eis algumas recomendações de leituras bem humoradas sobre a actualidade:
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Agora me Contas”, no blog do Rui Tavares a propósito do casamento homossexual e a crise económica.
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Glico shot – Pelos Faciais”, no Candilhes sobre estranhos comportamentos de alguns candidatos .
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O Aval de Fátima Campos Ferreira”, no Bicho Carpinteiro a propósito da ida de quatro banqueiros num clima de claro optimismo.

Publicidade Institucional

Festa em Lisboa para comemorar os 4 anos dessa grande referência da blogosfera: o Spectrum!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sumptuosos Descaramentos

Leio na edição online do Sol que alguns dos grupos financeiros salvos pela mão visivel do Estado ou pelos seus congéneres continuam a ter sumptuosos hábitos. Não querendo ser populista, um bocadinho de respeito era bom, não? Ora vejamos alguns exemplos:

- Pouco depois de ser salva pelo governo americanos, a seguradora AIG gastou 330 mil euros em banquetes, partidas de golfe e massagens para alguns dos seus executivos num resort da Califórnia;

- O banco franco-belga Dexia, alvo de um injecção de 6400 milhões por parte dos governos Francês, Belga e Luxemburguês, ofereceu na quinta-feira um jantar de luxo a mais de 200 convidados num hotel do Mónaco. O custo do jantar foi mantido em segredo;

- Pouco tempo depois de o BNPO Paribas o ter resgatado, o Fortis levou 50 distribuidores a Monte-Carlo e pagou-lhes um pequeno-almoço de 3000 euros por pessoa.

E agora, Manuela?

Ferreira Leite certamente já ganhou imunidades às críticas de Menezes ou mesmo de Passos Coelho. Mas críticas ou lições vindas de Marcelo Rebelo de Sousa provocam estragos sérios.

Marcelo considerou ontem que Ferreira Leite deveria falar sobre a crise. Afirmou que o estilo silencioso da líder do PSD não contava com uma crise desta dimensão. Acrescentou ainda que “os portugueses confiam mais em José Sócrates, porque não se pode confiar em quem está ausente.
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Marcelo limitou-se a assumir o que diversos apoiantes há muito sussurram com os seus botões. A líder do PSD começa a perder o seu padrinho com maior peso mediático. O que será de Ferreira Leite sem o apoio dos seus barões? Pois é… A história do PSD ensina-nos que um líder sem o apoio dos barões tem uma esperança média de mandato muito curta. A ver vamos…

Ganda Lata

Agora todos clamam que a culpa da crise é da ambição desmedida dos gestores, da desregulação excessiva e do neoliberalismo selvagem, fazendo tábua rasa do que ainda ontem defendiam. Mas há também aqueles que, sendo baluartes do liberalismo em Portugal, assobiam para o lado com uma lata que até fere a vista…

Não se pode atribuir a responsabilidade nem ao sistema, nem talvez às autoridades, porque numa situação de bolha especulativa é muito difícil às pessoas darem-se conta do que se está a passar.
António Borges - Público 13/10/2008
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Neste momento extremamente delicado, não se pode estar a atribuir culpas, as perdas que estão no horizonte já são demasiado grandes.
Pedro Passos Coelho - DN 13/10/2008

20 mil milhões de euros...

20 mil milhões de euros foi a quantia anunciada pelo Governo que servirá como fundo de garantia para os bancos portugueses. Sem dúvida que uma crise exige medidas excepcionais e garantir o bom funciomanento das instituições bancárias deve ser uma das prioridades.

Mas é surpreendente verificar como o Estado que ainda há poucos meses só falava no Pacto de Estabilidade, em controlar a despesa e nos catastróficos perigos do défice, consiga agora de um dia para o outro disponibilizar-se a desembolsar uma garantia que equivale cerca de 10% do PIB.

Por outro lado, esta garantia é agora disponibilizada aos mesmos bancos que, como lembrou Louçã, acumularam lucros fabulosos nos últimos anos. Dá que pensar... As lições a retirar desta crise não param de nos surpreender.

domingo, 12 de outubro de 2008

Isso é que era...

Os vários líderes nacionais têm-se desdobrado em participações na campanha eleitoral açoriana. Estas eleições assumem alguma importância a nível nacional. Mas convém não exagerar, pois não?

Como é sabido, serão um passeio para os socialistas açorianos. A única dúvida é saber qual a dimensão da sua maioria absoluta. Perante este cenário, o que disse Sócrates no comício da passada sexta-feira em Ponta Delgada?

Estas eleições são as primeiras de um ciclo, de um conjunto, e o resultado destas eleições será também um sinal dos Açores para a política nacional.” Era bom, não era sr. primeiro ministro? Isso é que era...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Voto da Vergonha

Depois de ter acusado outros de ultramontismo, confirma-se que o PS apenas queria desviar as atenções sobre o seu próprio ultramontismo. O dia de hoje será recordado como o momento em que a vergonha e o calculismo político extremo derrubaram por knock out a dignidade de um partido que se diz de centro-esquerda.
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Como se o voto contra e a disciplina imposta já não bastassem, Vitalino Canas veio ontem esclarecer que o PS não se compromete com a aprovação do casamento homossexual na próxima legislatura. Apenas garante que promoverá “um amplo debate nacional sobre igualdade e orientação sexual.” Exactamente o mesmo que consta no programa desta legislatura e com os resultados que estão à vista.
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Como é natural, Vitalino Canas dificilmente poderia dizer o contrário no contexto actual. Estranho seria se se comprometesse com alguma coisa nesta altura do campeonato. As suas afirmações apenas reflectem o beco sem saída em que o PS se meteu nesta questão. Qualquer afirmação que os socialistas venham a fazer no futuro sobre esta matéria será irremediavelmente marcada pelo triste posicionamento que hoje assumiram. É bom que o eleitorado não se esqueça disso.