domingo, 31 de janeiro de 2010

Menos proclamações, sff

É bonito falar-se num "novo espírito de cidadania", liberdade, igualdade, democracia e participação neste centenário da República. Mas seria ainda mais interessante que as comemorações que agora se iniciam servissem menos para proclamações e mais para acções de facto. E se é importante, por exemplo, falar-se em novo espírito de cidadania, seria também interessante perceber o que está o Estado a fazer para possibilitar o referido espírito.

O que está o Estado a fazer em termos de transparência, em termos de prestação de contas aos cidadãos, em termos de mecanismos que fomentem o interesse e a participação regular dos cidadãos nas suas decisões? Era importante que estas comemorações se centrassem em temas concretos, reflectindo mas sobretudo procurando agir sobre os mesmos. Porque de proclamações estamos já um bocadinho cansados.
(Imagem: Sachena)

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Orgulho do seu Líder

Sem surpresa, a entrevista de Pedro Silva Pereira hoje ao Expresso é mais uma demonstração do desempenho político (sublinho o político) impecável do n.º 2 de Sócrates. Em 5 anos de governação, não me recordo de Silva Pereira ter um deslize, uma gaffe, uma situação comprometedora para o Executivo.

Pelo contrário, defendeu sempre que foi preciso, acudiu sempre que necessário, atacou sempre que tal se revelou conveniente para o Governo e para os socialistas. Em termos políticos, tem sido um braço direito irrepreensível para o seu líder.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Arrest Blair

Um grupo de cidadãos britânicos, liderados pelo colunista do The Guardian George Monbiot, criaram o movimento Arrest Blair (http://www.arrestblair.org/), devido ao papel do ex-primeiro-ministro na invasão do Iraque. Garantem oferecer 10 000 libras (cerca de 12 000 €) a quem conseguir prender Blair. É uma acção inovadora, arriscada até. Pode ser mal-interpretada ou legitimar actos excessivos. Mas não deixa de ser interessante ver até onde pode ir a mobilização dos cidadãos. Vale a pena espreitar o site.

Não era mau

É bem possível que me venha a arrepender de afirmar o seguinte, mas parece-me que o PSD ficará relativamente bem servido em matéria de seriedade quer com Passos Coelho, quer com Aguiar Branco. A confirmar-se o duelo entre ambos, são rostos relativamente afastados dos perfis populistas de má memória que assombraram as últimas eleições do partido.

Um olhar de esquerda e um olhar de direita

Para quem ainda não reparou, Daniel Oliveira e Henrique Raposo possuem agora curtas crónicas diárias no Expresso Online. A leitura de ambas é uma boa forma de se começar o dia.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Mundo Cão

O título do artigo do DN até consegue, à primeira vista, fazer-nos esboçar um sorriso - "Portugal tem mais prostitutas nacionais que a UE" (WTF?!). Mas ao ler o desfile de dados que o mesmo apresenta sobre a estreitissima relação entre prostituição e imigração, a expressão com que ficamos na cara altera-se significativamente.

Saber que milhões imigram em busca de uma vida melhor e não são bem-vindos nos países de destino já é revoltante. Saber que muitas mulheres (e certamente homens também) ainda por cima acabam nas ruas da sua "terra prometida", nas ruas do país que elegeram, a prostituir-se, sem condições, sem segurança, sem dignidade, devia tirar-nos o sono para todo o sempre. Mundo cão este...

A Comissão do Desgaste

Inicia hoje os seus trabalhos a comissão parlamentar de inquérito à Fundação para as Comunicações Móveis, o organismo criado para gerir os programas e-escolinha (Magalhães) e o e-escola . Marcará com certeza a agenda pela confluência de dois factores: 1) vai investigar dois projectos-bandeira do Governo, estando toda a oposição interessada em esmiuçá-los até à medula; 2) é bem conhecida uma das doenças crónicas que atormenta os projectos-bandeira governamentais – são fabulásticos mas apenas até começarem a ser esmiuçados.
(Imagem: Lupa Mágica - Animação de Festas)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dá-lhe Belmâncio! Ti-ti-ri-ti-ti-ti-ti-ti-ri

"Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim de mão directa"; "(Manuela Ferreira Leite) Teve muitos anos de trabalho, mas no Estado. Nunca dormiu mal por ter a responsabilidade de saber como pagar salários"; "O Alegre devia ter juízo (...) No final do mandato já terá 80 anos, não é muito sensato".
Belmiro de Azevedo, Visão 28/01/2010
(Imagem: Bloco Aveiro)

O que nasce torto...

"João Nuno Almeida e Sousa sustentou a necessidade do PSD aproveitar o presente momento de escolha de um novo líder para melhor se posicionar no eixo ideológico. Ou seja, assumir-se sem pruridos como um partido do centro-direita, defensor da dinâmica da “burguesia” e da “ambição dos empresários”, deixando de ser tão refém da sua costela social-democrata. Como é sabido, o imbróglio ideológico do PSD é uma questão tão antiga como a democracia portuguesa. E assim acontece precisamente porque nasceu com ela."

É facil, é barato, dá milhões

Sem dúvida que a função pública beneficiou no ano passado de um aumento do poder de compra, contrariando o que vinha a acontecer em anos anteriores. E seria espectável politicamente um aperto de cinto neste momento. Mas o congelamento puro e simples dos salários previsto neste Orçamento, do mesmo modo que é estupidamente simples (uma simples linha no Orçamento), é também estupidamente injusto.

Porque não começar por congelar ou mesmo reduzir os salários mais elevados? Porque não começar por congelar regalias das quadros dirigentes? Dá mais trabalho, não é? O congelamento total dos salários da função pública está para a redução da despesa como o aumento do IVA está para o aumento da receita. É fácil, é barato, dá milhões.... E pagam sempre os mesmos.
(Imagem: Eric D. Snider)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sintomático

Através do Blasfémias chegamos à seguinte notícia: “Mais de 97% dos contratos de obras públicas celebrados desde o final de Junho do ano passado foram feitos por ajuste directo”. É preciso ter em conta que tal inclui pequenas obras de baixo montante, que são certamente a vastíssima maioria.

Mas 97% por ajuste directo é sintomático da dimensão das “excepções” que vieram a ser introduzidas por este novo código de contratação pública. Fica-se assim com uma ideia da facilidade com que se podem distribuir benesses.
(Imagem: Um Mundo Mágico)

Lamentável

O ambiente volta a aquecer na Venezuela e um jovem morreu nos protestos contra o encerramento de diversos canais de TV. A RCTV, a principal emissora cujo sinal foi interrompido por “razões administrativas”, é assumidamente contra Chávez. É certo o seu apoio à tentativa de golpe em 2002 e também parece certo que está longe de jogar dentro de regras sérias de informação.

Mas Chávez decretar o seu encerramento é um erro crasso. Na pior das hipóteses, demonstra mais uma vez que o seu conceito de democracia está longe do que vem nos manuais. O presidente venezuelano parece não perceber que está consecutivamente a marcar golos, mas na sua baliza.
(Imagem: Saggio2)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Só pode estar a brincar...

João Galamba, a quem seria injusto não reconhecer seriedade na vasta maioria das suas posições, assume hoje a grandiosa tarefa de desconstruir a oposição do PCP e do Bloco (esqueceu-se da vasta maioria dos sindicatos) relativamente ao Código de Trabalho aprovado na última legislatura. Segundo o João, ambos os partidos esquecem-se que, apesar de serem previstos bancos de horas, semanas de 50 horas, está-se sim a valorizar a negociação colectiva. Ou seja, o código nada impõe, apenas abre tal possibilidade em sede de negociação colectiva, sem sede de negociação entre patrões e trabalhadores.

Ora, só por um estranha ingenuidade, por falta de experiência profissional no mundo real ou então por um pensamento profundamente liberal (estranho no caso do João), se pode considerar que as possibilidades abertas em sede de Código de Trabalho serão depois livremente negociadas, em posição de igualdade, entre patrões e trabalhadores. O João só pode estar a brincar. Ou então exprimiu-se muito mal... Ou então fui eu que não captei a sua ideia, é bem possível...

É que seguindo esta sua linha de pensamento, são os trabalhadores que, através de uma negociação livre e de acordo com regras claras, optam por regimes a recibo verde. Ou que, em negociação livre e descomplexada, optam por períodos experimentais mais longos. Ou que optam por não receber horas extraordinárias. Ou que abdicam livremente de regalias nos trabalhos por turnos.

Sim, porque quando todas estas alíneas foram incluídas no Código de Trabalho, também não eram obrigatórias, também eram em casos excepcionais, também eram sujeitas a acordo livre entre patrões e trabalhadores. E assim lá continuam. Os resultados estão à vista mas, pelos vistos, parecem muito pouco muito evidentes para o João.
(Imagem: Nesd)

Bravo! É fadista!

Certamente o PS não foi tão surpreendido quanto isso com a “abstenção construtiva” do CDS para o Orçamento de Estado. Mas uma coisa parece certa: Portas sai das negociações como um verdadeiro mestre. Fez o papel de querer negociar, certamente conseguiu algumas coisas e acabou por terminar o processo dando uma bofetada de luva branca e, ainda por cima, não se comprometendo com nada. Bravo!
(Imagem: The Best of Lagos)

Pois pois…

Uma simples palavra: Cavaco

«Mas se ao encararmos de forma isolada esta balança de prós e contras até conseguimos ficar indecisos, uma simples palavra consegue mudar substancialmente o panorama: CAVACO. É que nesta eleição joga-se sobretudo o cumprimento ou não da regra de continuidade do Presidente em exercício. É quase um plesbicíto onde o "não" só pode vencer se apoiado numa figura, num candidato. E Cavaco não pode ser relativizado.»

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Política e a Web 2.0 em Portugal II

Quem aqui anda há uns anos e acaba por investir horas semanais neste meio, tende naturalmente a sobrevalorizar o peso da blogosfera política, do twitter e do facebook na política real. É natural que assim aconteça. Acaba-se, neste contexto, por achar o artigo do Público de hoje como muito pouco profundo. Mas também é certo que existem outro motivos, bem mais objectivos, para achar algo superficiais as conclusões do referido artigo que aponto no post anterior.

Efectivamente, o peso da web 2.0 na política portuguesa parece à vista desarmada ser limitado uma vez que, por exemplo, ainda continuam a ser poucos os assuntos aqui gerados que saltam para a agenda política ou mediática. De qualquer modo, existirão certamente outros indicadores que poderão dar rapidamente uma ideia diferente a este respeito. A título de exemplo, aponto dois abaixo.

A nível dos actores políticos, seria interessante perceber se conseguem ou não estas redes ser um instrumento de forte aumento do capital político dos que nela participam? Diria que sim, servindo como importante meio de afirmação perante os seus pares, perante os seus adversários políticos, de exposição acrescida à opinião pública e, sobretudo, de exposição acrescida à comunicação social (importa não esquecer a quantidade de jornalistas que por aqui anda).

Pegando também no papel destas redes na comunicação social dos nossos dias, seria também interessante, por exemplo, perceber o grau de exposição de jornalistas a estas e o quanto poderão basear-se na informação/opinião que nelas obtêm para a produção de notícia. Ou seja, serão ou não estes meios espaços privilegiados de reflexão, de discussão, de obtenção de perspectivas de investigação e de formulação de opinião para muitos profissionais da informação? Diria que sim.

Como se pode ver pelos exemplos acima, e um infinidade de outros ângulos de investigação poderiam ser agarrados, a importância da web 2.0 na política portuguesa dos nossos dias dificilmente é tão limitada quanto o artigo do Público dá a entender.

A Política e a Web 2.0 em Portugal

Artigo interessante no Público, embora muito pouco profundo, sobre o papel da blogosfera, do twitter e do Facebook na política em Portugal. Segundo o texto, apesar de algumas excepções e da forte evolução do últimos anos, a nossa classe política ainda usa pouco e mal a web 2.0 e o mundo da blogosfera política ainda tem um papel muitíssimo lateral no combate e na agenda política.
(Imagem: Blog do Mairao)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A síndrome do jovem sem vícios

Alguns estranhamente vêem em Passos Coelho uma personagem nova nestas lides que poderá trazer uma lufada de ar fresco ao partido. Alguém que poderá mudar, alguém sem maus vícios, como ontem se referia no 31 da Armada (não estou a conseguir encontrar a referência agora).

Outros, como seria de esperar, temem precisamente essa imagem clean do jovem sem vícios, que diz tudo certo na altura certa, que não joga baixo, que aparece sempre penteado e a sorrir, que lança livros e não tem nada de polémico. Passos surge então com o problema de não ter problema nenhum. No fundo, alguém que ou é muito dissimulado ou que tem efectivamente pouco sal.
(Imagem: Dark Messiahs)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre a derrota democrata em Massachusetts


André Freire publica no Ladrões de Bicicletas uma entrevista de Michael Baum, professor da Ciência Política na Universidade de Massachusetts, sobre a desagradável prenda que os democratas receberam no 1º aniversário de Obama. Vale a pena ler.
(Imagem: AARP Bulletin)

Triste passo atrás

Com o projecto de Constituição que hoje deverá ser aprovado, em que deixa de existir a eleição directa do Presidente da República, Angola adia ad eternum o passo há muito prometido. José Eduardo dos Santos tinha de ir às urnas de forma unipessoal e não apenas como cabeça de lista do partido que domina política, economica e socialmente todo o cenário angolano. Trata-se de um triste passo atrás numa transição para a democracia que demasiadas vezes é empurrada para a cristalização. Os angolanos merecem muito mais, meus senhores.
(Imagem: Angola Linda)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

1 ano depois

Para uma se calhar modesta fatia dos seus apoiantes, mas sobretudo para a vasta maioria dos seus críticos, Obama tinha de, no mínimo, salvar o mundo. Caso contrário, estaria a decepcionar. Os dois públicos acima estão, por isso, a reagir de acordo.

Pessoalmente enquadro-me nos que acham que a desilusão em torno de Obama era um dado adquirido à partida. Logo, a desilusão não existe. Existe sim a certeza de que algo mudou desde logo com a sua eleição e espera-se que assim continue, aos poucos, nunca caindo em euforias. Simples, não?
(Imagem: Nappy Diatribe)

Crónica no Açoriano Oriental

Iniciei ontem uma colaboração semanal com o jornal Açoriano Oriental. Mal-Assadas é o nome da coluna, fazendo assim uma ponte entre assuntos por diferir e uma sincera homenagem ao tão saboroso doce feito nos Açores – as malassadas.

Iniciar esta colaboração com o Açoriano Oriental assume um simbolismo particular porque é o diário que o meu pai assina desde sempre. É o jornal que havia lá em casa, certamente o primeiro que comecei folhear. Recordo-me perfeitamente do barulho que a caixa do correio fazia quando o ardina lá o deixava todos os dias entre as 6:30 e as 7:00 da manhã.

Espero que seja uma colaboração frutuosa. O primeiro artigo é muito soft (não se pode entrar a matar, senão a malta resmunga: "quem é este artista, pá?"). Tem como título “A Anarquia Organizada”.

iGoogle

Não é uma ferramenta nova mas a sua utilidade parece crescente. O iGoogle permite personalizar uma ambiente de trabalho online onde podem ser incluidos os mais diversos gadgets: email, twitter, facebook, Google Reader, Google News, You Tube, Google Talk e uma parafernália de outros instrumentos Tudo numa só página bastante personalizável e evitando navegações saltitantes de conta em conta. Vale a pena experimentar.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Momento musical

Adam Green - Give them a token

A Grande Coincidência

Como muito bem sublinha Miguel Gaspar, o episódio da RTP colocar um ponto final no programa de Marcelo é, no mínimo, insólito. Mais uma vez, o mais cobiçado comentador político da TV é posto a andar de um canal. É muito estranho e quanto mais se percebe a troca de argumentos entre a ERC e José Alberto Carvalho, mais ficámos convencidos do tremendo disparate de todo este episódio.
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Mas a grande coincidência é que (e sou sincero quando digo que não quero com isto entrar em teorias da conspiração e da asfixia democrática) grandes rostos mediáticos que incomodam a acção governativa têm vindo a perder os seus pelouros por razões diversas. Primeiro Manuela Moura Guedes, depois José Manuel Fernandes e agora até Marcelo. Uma coincidência grande que certamente não passa disso mesmo: uma grande coincidência.

Dúvida do dia

Santana Lopes receberá hoje do Presidente da República a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, condecoração que distingue “personalidades que exerceram funções públicas de alto relevo”. Mas fica uma dúvida no ar: qual a função pública de Santana a que a Presidência se está a referir? :) A de primeiro-ministro? A de presidente da Câmara de Lisboa? Da primeira ou segunda vez? Ou será a da Câmara da Figueira da Foz? Ou a liderança do grupo parlamentar do PSD? Ou por ter sido Secretário de Estado da Cultura? Humm… Espera… Presidência do Sporting, será?
(Imagem: t12)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Não está mau

Estranho seria se o PCP apoiasse desde já Manuel Alegre. Nem o PS o fez. Mas a reacção contundente de Jerónimo a uma candidatura de Alegre deixa alguma esperança no ar sobre uma ampla convergência à esquerda. A ver vamos.

O CDS, sempre o CDS…

Embora as negociações para o orçamento ainda estejam em curso, tudo indica que não existirão surpresas. O PS parece ter novamente encontrado no CDS o seu parceiro de eleição. É uma parceria com raízes históricas profundas que é tão antiga como a democracia portuguesa. E diz muito sobre a natureza política do PS e sobre a forma como se formou e consolidou o sistema de partidos em Portugal.
(Imagem: You Tube)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Uma desforrazita

Não se percebe bem o que pretende Fernando Lima com a publicação da sua defesa de honra ontem no Expresso. Em primeiro lugar porque não traz nada de novo à discussão. Em segundo lugar, porque um assessor de um Presidente não vem a público, ao jornal com maior tiragem no país, falar em nome individual.

Certamente procura-se com este artigo de Lima ter mais uma palavra a dizer sobre um assunto que tem andado adormecido. Uma ligeira desforra num momento em que Cavaco volta a subir de popularidade. Um ligeiro contra-ataque como forma de ganhar alguns pontos enquanto o assunto não regressa em força à agenda com as presidenciais.
(Imagem: Estrada Poeirenta)

Se estou alegre?

Como é evidente, existem uma série de outras pessoas que preferiria ver em Belém. Carvalho da Silva, por exemplo. E é certo Manuel Alegre teve nos últimos anos momentos menos bons. De qualquer modo, julgo não exisitirem grandes dúvidas que é o candidato que, no momento presente, mais hipóteses poderá ter de derrotar Cavaco. Sobretudo pela convergência à esquerda que poderá conseguir reunir. Esperemos, portanto, que assim venha a acontecer.
(Imagem: Balões de Poesia)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Red Bull a mais

A transferência da Red Bull Air Race do Porto para Lisboa foi, no mínimo, uma grande deselegância. Trazer para a capital um evento com tal projecção e que se afirmava já como um dos atractivos anuais do Porto é um episódio lamentável que devia ter sido logo posto de parte pela Câmara de Lisboa. Tal não aconteceu, assitindo-se a um cenário em que a autarquia alfacinha até lutou afincadamente para "gamar" o evento à Invicta. Enfim...

Como se tal não bastasse, verificamos agora que contrato foi muitissimo mal negociado e representaria uma despesa impressionante para a autarquia da capital, a milhas do que significou em anos anteriores para as Câmaras de Porto e Gaia (passou de 800 000 € no ano passado para 1,75 milhões de euros só para Lisboa, sendo o remanescente a cargo de Oeiras e pelo Turismo de Lisboa). Lamento mas só me ocorre uma justificação: será que se andou a beber Red Bull a mais?
(Imagem: Matt Mayer)

Barómetro da Qualidade da Democracia


Com a conferência que hoje se encontra a decorrer no Instituto de Ciências Sociais (e que me encontro a assistir), é inaugurado o Barómetro da Qualidade da Democracia. Será um instrumento interessante que, à semelhança do que já acontece em diversos países, monitorizará regularmente a qualidade da democracia em Portugal utilizando as últimas metodologias fornecidas pela Ciência Política. Boas notícias, portanto.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A tradição do jeitinho

Jorge Coelho foi constituido arguido por susposto financiamento ilicito enquanto era Ministro do Equipamento Social. Infelizmente, é hoje dificil acreditar que quem tenha exercido altos cargos dirigentes no Estado e na Administração Pública não tenha já aprovado ou compactuado com ilegalidades financeiras e processuais. Algumas maiores, outras à primeira vista insignificantes.

Note-se que algumas delas até podem ter um fim não-malicioso (veja-se este exemplo em que alegadamente está envolvido Jorge Coelho). Procuram sim acelerar processos, ultrapassar burocracias, facilitar iniciativas. De qualquer modo, esta prática tão enraizada entre nós do jeitinho, do contornar a lei, merece um combate sem tréguas por razões que nem vale a pena aprofundar. E é bom que a Justiça deixe de ser contemplativa com esta tradição secular do jeitinho.
(Imagem: Herdeiro de Aécio)

Inimaginável

A confirmarem-se as estimativas que apontam para mais de 100 mil mortos no Haiti, esta é uma catástrofe sem paralelo nos últimos anos. O número de mortos é algo inimaginável. E, mais uma vez, as catástrofes naturais quase parecem sentir particular atracção por zonas de catástrofe humana...
(Imagem: Fox Toledo)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Armas a mais

Sou naturalmente adverso a histerismos colectivos sempre que um determinado acidente grave acontece. Mas a quantidade de armas de fogo existentes em Portugal deixa-me, enquanto cidadão, particularmente incomodado e alarmado até. Se existe cerca de uma arma de fogo legal por cada 10 habitantes, quantas existirão se as ilegais fossem contabilizadas? Ah pois é...

Novo site da ATTAC

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O novo site da ATTAC Portugal foi lançado esta semana. Com uma série de novas funcionalidades, o espaço vem reforçar a presença da organização online. O site ainda não se encontra completo e existem ainda algumas questões a serem fechadas. De qualquer modo, consegue já cumprir o seu papel de ser um dos meios principais de divulgação da actividade da ATTAC.
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O site coabitará naturalmente com o já existente Grão de Areia, o blog da ATTAC (blog.attac.pt). Dada a sua tipologia, o blog pretende ser uma ferramenta de expressão menos institucional da ATTAC (bem sei que institucional rima pouco com a ATTAC), utilizando um tipo de comunicação mais leve, mais solta.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Vá lá, sejam criativos

Sem dúvida que, para quem é keynesiano, o investimento público é uma das melhores formas de responder à actual crise económica. Mas começa já a chatear um bocadinho o facto de tudo o que hoje é feito pelo Governo ser anunciado como uma resposta à crise.

Do TGV à rede hospitalar, da aposta nas renováveis à auto-estrada para Bragança, tudo se justifica, advinhem lá, por causa da “crise”. Haja paciência. Vá lá, sejam um pouco mais criativos nas justificações.
(Imagem: Aspen Store)

Realpolitik da Mais-Valia Política

Alguns politólogos questionados pelo Público consideram que a postura negocial assumida pelo Governo é sobretudo fruto das circunstâncias difíceis em que nos encontramos. Entre a consciência da crise económica e a necessidade de dar sinais positivos, o Governo opta assim por uma posição mais moderada, mais calma, mais responsável.

Pessoalmente inclino-me mais para a opinião algo dissonante de André Freire. Seria formidável, mas algo estranho, que esta mudança de face acontecesse pelas razões acima apontadas. Mais facilmente, a meu ver, sucede por uma forte necessidade de jogar ao “quem fica melhor visto pela opinião pública”.

No actual cenário, a reapolitik existe, mas julgo que não tanto guiada pela responsabilidade, mas sobretudo pela popularidade e pela mais-valia política. Penso eu de que...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Candidato a candidato?

O i de sábado noticiou que Aguiar Branco é cada vez mais candidato à liderança do PSD. É, de facto, um dos rostos que mais se tem destacado no partido nos últimos tempos. Mas a pergunta de um milhão de dólares coloca-se sempre: daria um bom líder?

Arrisco uns bitaites neste sentido. Aguiar Branco não tem um perfil arrebatador, é certo. E só agora começa a ser melhor conhecido pela opinião pública. Mas, regra geral, tem conseguido passar uma boa imagem no meio do caos em que se encontra o seu partido. No entanto, como é sabido, mais do que impressionar para fora, qualquer novo líder tem de sim ganhar o partido internamente. Se Aguiar Branco tiver essa capacidade de unir os seus companheiros, conseguindo o apoio dos principais quadrantes, é meio caminho andado para que possa projectar uma imagem de bom líder.

Conseguindo a estabilidade interna acima referida, mais do que ter de ganhar o poder a Sócrates e ao PS, qualquer novo líder terá sim de esperar que Sócrates e o PS percam o poder. E tal esperar ou aguentar não é um esforço menor, sobretudo num partido como o PSD, em crises profundas sempre que não está no poder. Aguiar Branco estaria à altura deste esforço? É quase impossível prever.

Posto isto, voltando à grande pergunta: Aguiar Branco daria um bom líder do PSD? É possível que sim. Mas mais do que tal depender de si mesmo, depende sim de um conjunto de variáveis que lhe ultrapassam totalmente. Vamos ver como as coisas evoluem…
(Imagem: Illuminatus Lex)

domingo, 10 de janeiro de 2010

Twittersário

Há um ano e um dia atrás, este espaço inaugurou a sua conta no twitter. 1534 tweets depois, pergunto-me: Poderia viver sem twitter? Podia... Mas não era a mesma coisa.

Para terminar em grande o fim-de-semana


Vampire Weekend - Cousins

sábado, 9 de janeiro de 2010

Colóquio ATTAC - "Há mais vida para além do PIB"

Desenvolvido no contexto da Grande Depressão dos anos 30 e da II Guerra Mundial, acompanhando a ascensão da macroeconomia keynesiana, o PIB tornou-se um dos mais conhecidos indicadores económicos. O seu elevado grau de disponibilidade e de comparabilidade, entre países e ao longo do tempo, transformaram o PIB na medida privilegiada do sucesso das economias e das sociedades, em termos do discurso académico, mas também ao nível do debate político e da atenção mediática.

No entanto, há muito que foram sendo notadas as limitações do PIB, quer como medida da produção e do crescimento económico, quer, sobretudo, como indicador de qualidade de vida ou de bem-estar. A discussão sobre as insuficiências do PIB e a necessidade de o substituir ou complementar com outros indicadores tem ganho crescente relevância, tendo merecido a atenção de organizações como a ONU, a União Europeia ou a OCDE – particular destaque merece, neste contexto, a iniciativa do Governo Francês que conduziu à elaboração de um relatório sobre o tema, recentemente publicado, coordenado pelos conhecidos economistas Joseph Stiglitz e Amartya Sen. Neste âmbito, as propostas têm convergido na necessidade de incluir as dimensões da sustentabilidade social e ambiental dos processos económicos, reflectindo a crescente saliência destas questões no debate público.

A discussão sobre o PIB constitui uma oportunidade para reflectir sobre os objectivos que as nossas sociedades, mais ou menos ‘desenvolvidas’, podem e devem prosseguir, bem como sobre os valores que estão subjacentes às escolhas com que nos deparamos. Este é um debate que não pode ficar confinado à dimensão técnica dos ‘especialistas’. A participação alargada da sociedade na definição dos padrões de orientação e avaliação dos caminhos por onde passará o nosso futuro colectivo é, desde logo, uma elementar exigência democrática.
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ATTAC abre o debate público em Portugal sobre a medida e os indicadores de desenvolvimento e qualidade de vida

"Há mais vida para além do PIB "
Sábado, 16 de Janeiro, 15h30
Biblioteca Museu República e Resistência
(R. Alberto Sousa, nº 10A – Bairro do Rêgo)

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Colóquio com os economistas:
Gualter Barbas Baptista - activista do GAIA e investigador do ECOMAN - Centro de Economia Ecológica e Gestão do Ambiente – FCT/UNL

José Castro Caldas CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

Luis Francisco Carvalho ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa

Manuela Silva Professora Universitária (aposentada)

Susana Peralta Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Fixe, cool, very nice!

Com a aprovação na generalidade do casamento de pessoas do mesmo sexo foi dado mais um passo importante rumo à igualdade. Ficam naturalmente algumas manchas e dissabores por ter sido aprovada uma nova discriminação e por a esquerda ter andado à batatada sobre um assunto onde se exigiam (pelo menos hoje) algumas tréguas. Mas, felizmente, tal não consegue impedir que hoje seja um dia importante.
(Imagem: Salvia)

Conta-me como foi

«Mas a justiça deste combate pela igualdade constata-se nomeadamente fazendo um pequeno exercício de visita ao futuro. Ou seja, se hoje já nos consegue tirar do sério o nível primário da maioria das discussões em torno destas temáticas, imaginem o que pensaremos destas supostas discussões fracturantes daqui a 15, 20 ou 30 anos. Imaginem o que diremos em 2025 ao recordarmos que em 2010 ainda se discutia se as pessoas do mesmo sexo se poderiam casar ou não.(...) Não tenho dúvidas que daqui a 15, 20 ou 30 anos estaremos a rir-nos de tudo isto. No fundo, olharemos tudo com o mesmo ar meio abismado, meio enternecido, meio espantado com que assistimos à realidade tratada na série da RTP "Conta-me como foi".» (excerto do artigo que hoje publico no Esquerda.net)

Boas Notícias

O acordo que põe fim a quatro anos de conflito entre o governo e os professores é a demonstração de que a união e persistência de uma classe profissional contra um modelo injusto vale a pena. E é também a demonstração que o diálogo vale a pena e que a imposição e a surdez não são estratégias minimamente viáveis.
(Imagem: Your Tech)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Bruno Aleixo não faria melhor

«Mãe, mãe!", ouço eu, emergindo de um sono profundo povoado de sonhos insólitos (faço parte da segurança de José Sócrates, vejo um homem vestido de negro que desce de um arranha-céus preso por uma corda para matar o primeiro-ministro e eu carrego num botão, abre-se um toldo, o homem desequilibra-se e cai, eu salvo Sócrates, que não me agradece), movida pela certeza de que algo se passa e tenho de acordar imediatamente.»
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Não fosse o artigo dedicado ao nascimento de um neto (um motivo sempre bonito), por sinal na Maternidade Alfredo da Costa, local onde vi nascer o meu filho há 20 meses atrás, diria não só que os sonhos da sra. deputada são "um bocadinho estranhos", como a sua publicação no Diário de Notícias é "um bocadinho estranhíssima". Mas sim, não sejamos maus. A verdade é que o motivo da sua publicação desculparia até a maior das bruno aleixisses do mundo. :)

Que conveniente

Num momento em que se percebe cada vez mais que a maioria das novas regras introduzidas na Administração Pública foram desastradas e absurdas, com grande destaque para o SIADAP , a Inspecção Geral de Finanças decide diminuir o seu esforço de fiscalização. Que conveniente…
(Imagem: Blog do INESC)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Um pouco de vergonha, sff

Quer um Túnel? Vá de Metro”. Este slogan está em grande destaque no meio da Praça dos Restauradores, afixado numa carruagem de Metro em exposição. Enquadra-se na comemoração dos 50 anos do Metropolitano de Lisboa.

O problema é que a referida frase induz fortemente quem a lê numa crítica aos túneis propostos pelo candidato derrotado Santana Lopes há apenas 3 meses. Foi esta a impressão que fiquei mal a li. E ao fazer uma curta pesquisa no Google, verifico que a frase não só parece um slogan eleitoral, como foi mesmo um slogan lançado por António Costa na última campanha contra os “devaneios” de Santana (ver aqui, aqui ou aqui).

Ou seja, temos hoje uma entidade pública empresarial - Metro de Lisboa - a utilizar slogans eleitorais numa iniciativa de comunicação, colocando-se como actor numa luta política. Independentemente do alvo ou até da concordância com a mensagem, é inadmissível ver uma entidade pública empresarial entrar neste tipo de jogos. Terá sido um mero acaso ou pura coincidência? Duvido…
(Imagem: Seek Logo)

Teatralidades e Tira-Teimas

A carta enviada por Jorge Lacão aos partidos de oposição mostrando abertura do Governo para negociar o Orçamento de Estado é um gesto normal e recomendável em democracia. Mas a forma como foi iniciado, tendo seguido imediatamente uma nota para a comunicação social, demonstra os grandes e certamente exclusivos intentos teatrais com que o Governo encara este gesto.

A oposição, com excepção do sempre prestável Paulo Portas, reagirá certamente a tal acto com alguma teatralidade também, sabendo à partida que deste gesto pouco poderá resultar. Mas, bem vistas as coisas, tal reacção até saberá a pouco. Este é do tipo de situações que se calhar merecia uma postura mais inteligente da oposição.

Uma postura de “coração aberto”, uma verdadeira postura de negociação, mostrando sincera disposição para ceder em alguns pontos. Constataríamos então mais uma vez até onde estica a abertura governamental para a negociação. Apesar de por vezes parecerem inúteis, os tira-teimas são sempre bem-vindos em democracia.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mercado de transferências ao rubro

Para além do Córtex Frontal, algumas novidades de princípio de ano parerem vir animar a bloga nacional. Amanhã será lançado o Albergue Espanhol, blog de centro-direita com caras como Carlos Abreu Amorim, António Nogueira Leite, Nilton, entre muitos outros. Por seu turno, o Arrastão reforçou o seu plantel com a contratação de Bruno Sena Martins, João Rodrigues, Rui Bebiano e Sérgio Lavos.

A blogosfera está mesmo a ficar importante. Já se agendam lançamentos de blogues com direito a notícia de jornal e tudo, fazem-se grandes contratações, muda-se de clube. Caramba… A bloga está na moda. :)
(Imagem: Colégio Amorim)

Um Córtex a seguir

Só hoje soube através do i do novo blogbuster: chama-se Córtex Frontal e tem como autores Medeiros Ferreira e Joana Amaral Dias. Para quem já os seguia desde sempre no Bichos Carpinteiros, este novo espaço não é apenas promissor. É uma certeza.