quinta-feira, 26 de junho de 2014

Google World :: Bem-vindos ao Futuro


Bem sei que a evolução galopante em curso tem naturais riscos. Sobretudo quando pensamos que uma empresa como o Google consegue já hoje ter um perfil impressionante sobre cada um de nós. De qualquer modo, confesso-me rendido às evoluções em curso, à integração de domínios que até há pouco era vista como pura fição ciêntifica.O grande evento que o Google promoveu esta quarta-feira, anunciando é uma série de novos produtos, é espécie de "bem-vindos ao futuro".

Para quem tiver um pouco de tempo, vale a pena navegar pelo video acima. Para os mais focados, o artigo do Público dá já uma boa ideia. Para quem quizer aprofundar esta realidade, vale a pena ler este livro.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Os Desafios do Bloco - Parte 2


A cada nova derrota nos últimos anos, avolumam-se os comentários a sublinhar o declínio de um partido que até há poucos anos atrás era considerado um verdadeiro caso de estudo a nível europeu. Sim, vale a pena recordar que o Bloco era considerado um bom exemplo de como setores tão diferentes da esquerda radical se tinham conseguido entender, transformando-se numa nova esquerda que, com um nova postura e agenda, conseguia ir buscar muitos votos ao centro-esquerda. No último artigo sublinhei o que pode ter contribuído decisivamente para o atual momento difícil no Bloco. Neste procurarei sobretudo destacar o impacto interno destes momentos difíceis.

Em situações de crise, as forças políticas tendem a reagir procurando não perder tempo com grandes reflexões internas. Não querendo demonstrar ainda mais fragilidade perante o exterior e sobre a base militante, as direções partidárias acabam por querer rapidamente virar a página, procurando seguir em frente com base no pressuposto de que se trata de um mau momento devido a causas conjunturais. Tende-se a desvalorizar as críticas externas porque as mesmas apenas servem para enfraquecer ainda mais o partido. Por seu turno, os setores internos que se lançam em críticas aguçadas rapidamente começam a ser olhados com alguma desconfiança. Em casos extremos, quando começam a surgir saídas do partido, estes setores mais críticos começam inclusive a ser considerados dispensáveis, uma vez que lá no fundo, “só faz falta quem cá está”.

Ou seja, no preciso momento em que o partido mais necessita de se abrir à sociedade, ouvir as suas críticas, ter todas as portas abertas para que vozes diferentes lhe ajudem a fazer uma boa reflexão, existe uma quase natural tendência de fechamento. O nervosismo na organização leva tipicamente a considerar que a candidatura às últimas eleições até era boa, mas sofreu de azares, má imprensa e fatores conjunturais que determinaram o seu não sucesso. Considera-se também que o programa era bom, mas que algumas linhas menos claras levaram a que não fosse suficientemente atraente para o eleitorado. A linha programática tende a endurecer, considerando-se que a queda eleitoral se deve sobretudo a algum reformismo interno e algumas aproximações políticas menos claras.

O partido tende deste modo a entrar num processo de algum isolamento. E o Bloco não tem conseguido escapar a este tipo de tendência quase natural. Por um lado, apesar de o tentar disfarçar, desconfia cada vez mais de todo o tipo de soluções que não partam do seu interior e até dos seus órgãos dirigentes. Por seu turno, a proximidade a movimentos sociais, a outras correntes de opinião na sociedade, ao meios académico ou até a outras forças políticas tende naturalmente a aumentar profundamente. Se em tempos a diferença de outros movimentos e outras linhas de pensamento era vista como uma oportunidade, agora passa a ser vista com cautela. 

E tudo começa a servir para justificar o referido isolamento. Considera-se impossível dialogar com os movimentos A e B porque, algures no seu programa, defendem algo inadmissível. A personalidade C e o fulano D passam também a ser de pouca confiança, uma vez que em tempos expressaram posições duvidosas. E, ao mesmo tempo que se sublinha o discurso de abertura ao diálogo com outras forças políticas, o sentimento interno é que proximidades aos fulanos do partido E “nem pensar”, os do partido F são pouco consistentes e os do partido G são pouco confiáveis.

De forma mais ou menos caricaturada, o Bloco atravessa por muitos dos desafios acima identificados. Compete-lhe agora decidir, neste momento chave da sua existência, como quer reagir a esta natural tendência de algum fechamento ao exterior. Aprofundá-la? Ou contrariá-la de imediato, avançando rapidamente com um processo de abertura ao exterior. É sobre esta necessária reação que escreverei no próximo artigo.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

segunda-feira, 23 de junho de 2014

BEStial


No que a reputação em Portugal diz respeito, por vezes parece que existe o BES e existem os outros bancos. Apesar do setor bancário ter ficado bastante mal visto nestes anos de crise, o BES parece sempre destacar-se dos outros bancos pela neblina permanente que existe em seu redor. O facto de pertencer a uma das famílias mais ricas do país, mas sobretudo mais influentes, para isso contribui. O facto de estar a associado a um grupo económico bastante mais abrangente, ligado aos mais diversos setores económicos, também ajuda à referida reputação.

Por outro lado, as ligações estreitas deste mundo dos negócios Espírito Santo à esfera política em Portugal sempre proliferaram. Esta situação que se verificava já durante o Estado Novo parece ter mantido uma intensidade significativa em democracia. E não menos importante, o facto deste grupo económico ser atualmente um ator incontornável da presença portuguesa em Angola, com negócios mais ou menos claros, ligações ao poder político mais ou menos evidentes, ajudam também à reputação que aqui referimos.

Depois de ter atravessado estes anos da crise como uma das instituições económico-financeiras supostamente mais sólidas, os grandes abalos parecem agora estar a surgir de todos os lados no Grupo Espírito Santo. No final de Maio, fica-se a saber que a Espirito do Santo Internacional, a holding não financeira do grupo, não registou 1200 milhões de euros em dívida nas contas de 2012, encontrando-se assim numa situação de falência técnica. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Ricardo Salgado prontificou-se a responsabilizar o contabilista pelo desvio. Como este tipo de “solidariedade” tem normalmente perna curta, o visado contabilista devolveu a acusação, sublinhando que Salgado sabia de tudo.

No início deste mês ficámos também a saber que o BES Angola perdeu o rasto a empréstimos de 5700 milhões de euros. Coisa pouca portanto. O banco terá concedido crédito de forma discricionária, sem garantias, a beneficiários desconhecidos, com dossiers que simplesmente não existem. Os holofotes viraram-se nomeadamente para Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES Angola, e para as empresas a ele ligadas. Sobrinho que, como tem vindo a ser noticiado, possui uma carteira de investimentos variada e também nebulosa, nomeadamente em Portugal.

Como se os episódios acima não bastassem, deflagrou nestes últimos dias a sucessão na liderança do grupo Espírito Santo. A sucessão foi imposta pelo Banco de Portugal, tendo em conta as sucessivas notícias negativas que sobre o grupo pairam. Depois de 20 anos à frente do gigante Português, Ricardo Salgado e uma série de caras conhecidas, passam agora a integrar um “Conselho Estratégico”. Não deixa de ser brilhante a criação deste tipo de órgão novo para acomodar as referidas saídas, mantendo-se assim as ligações da família Espírito Santo ao banco.

No meio de toda esta novela BEStial, na qual nos perdemos nos meandros e detalhes, como no meio de golpadas e trafulhices, ficamos mais uma vez com a terrível perceção sobre como funciona este gigante português. Percebemos mais uma vez de modo boquiaberto onde assenta o seu poder, as suas ligações duvidosas, a falta de seriedade de muitos dos seus responsáveis. Não ficamos surpreendidos, porque estamos cansados de saber sobre a obscuridade que domina estes meios. Estamos também bastante familiarizados com a impunidade que acaba sempre por ser a grande vencedora destes processos. Mas não podemos deixar de ficar “um bocadinho” preocupados porque, no meio de toda esta patetice, é também a economia do país que fica imediatamente em causa, com impactos diretos nos mais diversos setores. Em última instância, adivinhem quem acabará por pagar a fatura de todas estas cowboiadas? Pois… Esta parte é muito pouco bestial.

Artigo hoje publicado no Esquerda.net

quarta-feira, 18 de junho de 2014

E suspender o mandato em Lisboa, hein?


Acho que os responsáveis públicos não devem por defeito ser obrigados a abdicar/suspender os seus cargos públicos quando se candidatam a outros cargos públicos/políticos. Se tal acontecesse, concordo que tal limitaria de forma despropositada a desejável competição entre atores políticos, a meritocracia, etc. No entanto, tal não me impede de considerar que existem casos em que a suspensão do mandato, não sendo obrigatória, faz particular sentido.

No momento atual, com a luta intensa na liderança do PS, é um bizarro vermos António Costa a mudar de camisola várias vezes por dia. Ora está em atividades como presidente da Câmara, ora como candidato a líder do PS, criando-se confusões como as de hoje que não são saudáveis. A utilização de meios públicos para fins partidários (como o carro em que se desloca, por exemplo, ou a exposição de que beneficia em eventos em Lisboa) tornar-se-á evidente. E repare-se que este reboliço irá intensificar-se cada vez mais nos próximos meses. 

Por uma questão de bom senso, transparência, clareza, Costa deveria suspender o mandato até às diretas do seu partido.

terça-feira, 17 de junho de 2014

A Direita Porreira


Bom artigo no Público sobre a nova direita intelectual, cosmopolita e descomplexada que, sobretudo na última década, surgiu em Portugal. Vale a pena ler. Do Pedro Lomba ao Pedro Mexia, do Henrique Raposo ao João Miguel Tavares, esta nova direita ai está e já não passamos sem ela na TV, nos jornais, nos blogues.

Não sendo de uma profundidade significativa, o artigo consegue tocar em dimensões-chave que foram mudando aos poucos nos últimos anos, com o surgimento de novas caras que corporizam uma direita que o país estava pouco habituado a ter. Escusado será sublinhar que o debate político ficou bastante mais equilibrado e inteligente com o preenchimento deste espaço.
(Imagem: With Bubbles)

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Copo Meio Vazio vs Copo Meio Cheio


Copo Meio Vazio: nunca perdemos por tanto; era difícil imaginar uma pior maneira de começar o Mundial; o Pepe é um palerma; jogámos de forma vergonhosa; depois de uma derrota destas, recuperar a moral é... Difícil.

Copo Meio Cheio: perder por 1 ou por 5 é igual; perdemos com o segundos melhores da FIFA; perdemos com os favoritos deste jogo; Gana e Estados Unidos são, apesar de tudo, mais acessíveis; tudo está por decidir.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Este ópio é tão bom


Futebol em todo no lado, paixão que é impossível não sentir no ar, países envolvidos a competirem pela glória dentro das quatro linhas. O mundial é tudo isto e muito mais. E é difícil não nos contagiarmos pela festa em curso.

O futebol é um dos melhores ópio que temos. E podemos gostar deste Mundial ao mesmo tempo que apoiamos também todos aqueles que protestam à sua volta. Porque mesmo alterados pelas doses cavalares de ópio que andámos a consumir, conseguimos com certeza não ser indiferentes e continuar a apontar sem piedade as opções irresponsáveis e quase criminosas do Governo Brasileiro a organizar esta Copa.

Quanto mim, cá estarei naturalmente a torcer desalmadamente pelos nossos Tugas, não deixando de aplicar as preciosas sobras de apoio ao grandioso Brasil.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Conversa de Circunstância


Estamos sempre a aprender com Cavaco. Da próxima vez que eu não conseguir dizer nada de jeito sobre um assunto e criar-se um silêncio ensurdecedor à minha volta, vou sacar do tema dos "consensos". É quase tão bom como falar do estado do tempo ou da bola.
(Imagem: Presidência da República)

Da série WTF


Os Desafios do Bloco


Para além dos valores alarmantes da abstenção, as últimas eleições foram também marcadas por uma significativa fragmentação das tendências de voto. Destaque natural para o MPT, que devido ao estilo “Beppe Grilo” do seu candidato, atingiu os 7%, conseguindo assim ir buscar votos sobretudo ao centro-direita. Mas foi à esquerda que a fragmentação assumiu proporções maiores. O Livre de Rui Tavares ultrapassou os 2%, com uma estreia invejável nas urnas. O PAN, embora seja mais do que questionável se se trata de uma força de esquerda ou não, também ficou próximo dos 2%. Na esquerda, esta fragmentação não se refletiu na votação obtida pelo PCP. Pelo contrário, a pouca flexibilidade programática dos comunistas foi desta vez recompensada com um resultado histórico, à beira dos 13%. O Bloco, por seu turno, obteve mais uma pesada derrota, sendo notoriamente a força política mais afetada pela fluidez do eleitorado.

Os problemas do Bloco têm sido bastante debatidos nos últimos tempos. Sendo o mais recente partido com representação parlamentar, possui uma estrutura orgânica frágil, com fraca implantação local e uma baixíssima taxa de militância, ficando portanto mais sujeito a flutuações eleitorais. Por outro lado, enquanto partido recente, os seus bons resultados ficaram tipicamente a dever-se ao carisma da liderança e a uma boa capacidade de posicionamento na agenda política, ganhando protagonismo em temas que marcam sempre o eleitorado: desde a oposição de primeira linha às intervenções militares no Iraque e no Afeganistão, passando pela temática dos direitos dos homossexuais, dos imigrantes ou a legalização da canábis. Para além deste domínios, posicionamentos fortes na defesa da educação pública ou do sistema nacional de saúde valeram-lhe grande reconhecimento e simpatia externa.  O Bloco conseguiu assim encontrar um bom espaço entre o centrismo do PS e a ortodoxia do PCP, ganhando um eleitorado de centro-esquerda e da esquerda radical que até então encontrava dificuldade em posicionar-se nos partidos existentes.

Mas do mesmo modo que beneficiou de uma flutuação rápida de determinado eleitorado para as suas hostes, mantê-lo e fazê-lo crescer revelou-se sempre como o grande desafio. Sobretudo quando este eleitorado é conhecido por ser tipicamente jovem, tipicamente qualificado e tipicamente urbano. No fundo, a fatia do eleitorado mais exigente, mais informada, que não perdoa pequenos deslizes. Por outro lado, se antes beneficiava de boa imprensa, que em muito o fez crescer comparativamente com um PCP por exemplo, os referidos tempos áureos terminaram. As suas fragilidades internas e externas passaram a ser melhor exploradas pela comunicação social, o que naturalmente criou mossa. Opções arriscadas nos últimos anos, como a famosa recusa em dialogar com a Troika, o apoio imediato a Manuel Alegre ou passagem para uma direção bicéfala, pagaram-se caro. A saída de alguns militantes emblemáticos também teve grande impacto. 

Mas mais do que explorar opções erradas ou pouco compreendidas, assim como personalizar problemas, o momento atual no Bloco deve ser analisado através da sua capacidade ou não de se reposicionar, de reagir à onda negativa em curso. A sua capacidade de procurar rapidamente adaptar-se à mudança em curso e não perder um espaço político entre o PS e o PCP que, continuando a ter enorme potencial, é também bastante volátil. Que caminhos podem, a meu ver, ser melhor explorados? O Bloco deverá reforçar a sua base militante e estruturas locais, aproximando-se de um modelo de partido de massas, ou continuar a ser um partido que faz sobretudo uma exploração inteligente da agenda em curso? Deverá endurecer a sua linha política ou deverá procurar convergências e denominadores comuns à esquerda? Abordarei estes necessários desafios no próximo artigo.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Mais um "golo" de Francisco


Ter conseguido reunir Shimon Perez e Mahmud Abbas não é um feito menosprezável. Pelo contrário. E embora não tenha se calhar outros objetivos que não os simbólicos, todos sabemos que o simbolismo é provavelmente o mais  poderoso soft power que existe.

Food for the Soul


Não, infelizmente não vou ao Alive ver estes senhores... 

Bloco em debate


Boa entrevista de Ana Drago no Público. Estranho seria que um partido como o Bloco não entrasse num processo de profunda reflexão depois dos últimos desaires eleitorais e das leituras que daí podem ser retiradas. Estes processos de reflexão, de debate e até de disputa interna, comportam riscos. Expõem extermanente fragilidades internas, é certo. Mas deverão também demonstrar que o Bloco é uma força viva, que sente, que reage, que não se fecha em copas para discutir o seu futuro.

Sondagens Mortíferas


Quando o cenário já era bastante claro sobre o potencial de Costa vs Seguro, eis que surjem as sondagens mortíferas. Na sondagem do Expresso divulgada na passada sexta-feira, Costa consegue 56% das preferências contra 36% de Seguro. Na sondagem do i, Costa consegue 60% contra 18% de Seguro. 

Contra tais factos, continuarão a existir argumentos, com certeza. Mas o tapete vermelho que se estendeu  para o avanço de Costa começa a ser incontornável, não haja dúvidas a este respeito.

Espanha está a aquecer


Manifestações republicanas em vários pontos do país, manifestações independentistas na Catalunha e País Basco e sondagens a mostrar que a maioria dos espanhois quer um referendo à Monarquia. Espanha está a aquecer e era difícil imaginar, há poucos dias atrás, que o processo de sucessão na monarquia espanhola originasse uma tão grande onda de mudança .

Como é natural, os processos de mudança têm riscos associados. Neste caso concreto, o fantasma da desagregação espanhola está sempre a paírar. De qualquer modo, é bom ver que há uma sociedade civil espanhola bem viva, que está a vir para a rua a dizer de sua justiça. É bom ver o debate instalado sobre a Monarquia vs República. É bom ver que Espanha como um todo está a refletir sobre si mesma e a pensar o seu futuro. 

Os processos de mudança comportam riscos, sim. Mas que os riscos nunca sejam pretexto para deixar de se pensar a mudança.

Le Monde Diplomatique - Já nas bancas

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Eu concordo com Passos!

Os juízes do Constitucional deviam ser melhor escolhidos e escrutinados tal como ele o foi. Ou seja, deviam começar desde cedo nas Jotas (de Juizes). Ao atingir a maturidade, deviam ganhar estaleca nas concelhias e distritais (de Juizes). Muita carne assada depois, e com saltinhos convenientes ao mundo empresarial, poderiam quando muito ganhar as associações de juízes. E só depois, se tudo corresse bem, poderiam ir a sufrágio de todos os portugueses. Com programa eleitoral e, claro, com direito a não o cumprir. Isso é que era uma boa forma de escolher os juízes do Tribunal Constitucional.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Uma crise política vinha mesmo a calhar, não?


A forma como a Maioria está a responder ao Tribunal Constitucional possui várias leituras: atrevimento progressivo, desculpabilização pela dificuldade em encontrar soluções reais, etc. Mas a mais leitura mais dura é que uma crise política no momento atual, que levasse em última instância à convocação de eleições antecipadas, até era bastante conveniente para PSD e CDS. 

Custa a acreditar que sejam estas as motivações do tremendo coro de protestos tãp orquestrado entre os mais diversos responsáveis governamentais. Mas custa também a acreditar que tal possibilidade não passe pela cabeça de muitos deles...

Bem Pensado


Confesso que encarei a aposta da edição diária do Expresso como apenas mais uma forma, sem grandes certezas, de explorar novos caminhos num mercado dos média que ainda não se conseguiu ajustar de forma sustentável aos novos tempos. Mas existem três opções nesta edição de diária que fazem particular sentido:
  • Porquê uma edição online no tempo dos portais de notícias gratuitos? Para determinado segmento do mercado, mais do que navegar de portal em portal ou flutuar pelos leitores de RSS, privilegia-se uma edição completa e finita que permita passar diáriamente o que de mais importante se passou.
  • Porquê uma edição diária? Numa altura em que todos os órgãos de comunicação são "obrigados" a ter uma presença web em permanente atualização, inclusive os semanários, a criação de uma edição diária é uma forma de rentabilizar o esforço já feito, abrindo portas a novas receitas com as assinaturas, ao mesmo tempo que se fideliza quem já assinava.
  • Porquê um vespertino? Para um determinado segmento do mercado, a disponibilidade para o consumo de notícias acontece sobretudo à noite, e não de manhã. Como tal, a possibilidade de ler um produto que reflete já o que se passou no próprio dia faz particular sentido.
Se a isto somarmos o facto de ser edição feita a pensar em quem consome jornais utilizando o tablet, percebe-se que o novo produto da Impresa acaba por inovar de forma bastante inteligente no mercado nacional.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A Monarquia é uma coisa estranha

Não deixa de ser interessante acompanhar uma sucessão ao trono aqui ao lado. Mas como republicano e até como democrata extremista, "essa coisa" da monarquia continua a ser um tremendo paradoxo nos dias que correm. Sobretudo porque o monarca é, desde logo, a negação do mais básico direito da democracia: igualdade entre homens.

A grande diferença entre Costa e Seguro?

Não acho que Costa tenha um projeto melhor do que Seguro. Também não acho que seja mais de esquerda ou que  respeite mais a identidade do PS, como muitos se apressaram a sublinhar. Muito menos acho que Costa seja melhor pessoa, mais honesto e sério do que o atual Secretário-Geral. Não vamos por aí...

António Costa mostra ser um líder. Consegue mobilizar os seus e consegue mesmo ir buscar a outros sectores. Tem carisma, tem boa imprensa e sabe gerir os seus posicionamentos. Seguro tem falhado em várias destas dimensões, por isso está condenado a ser a parte fraca desta história. Simples, Não?