quinta-feira, 29 de março de 2007

U. Independente: Zangam-se as Comadres...

O caos parece ter-se apoderado da Universidade Independente. Aquela que era. até há pouco, uma instituição discreta, vê agora o seu nome terrivelmente afectado.

Nas últimas semanas, uma série crescente de más noticias têm colocado a Universidade Independente no centro da agenda mediática. Com uma velocidade vertiginosa, aquilo que começou por ser apenas um desentendimento entre a administração e o reitor, transformou-se verdadeiramente num caso de polícia.

No momento actual, três dos seus principais responsáveis estão detidos: Luiz Arouca, Lima de Carvalho e Rui Verde. Como diz o provérbio, "Zangam-se as comadres, sabem-se as verdades."

No meio de toda esta confusão, encontram-se sobretudo os estudantes. Há três semanas que se encontram com o calendário lectivo interrompido, não existindo certezas quanto ao seu futuro na instituição. Por outro lado, os estudantes vêem agora o nome da sua instituição, o nome que constará indefinidamente nos seus currículos, ser agora fortemente manchado. Os menos responsáveis estão, sem dúvida, a ser os mais prejudicados.

Num plano diferente, e para que não caia no esquecimento, aguardam-se esclarecimentos sobre as equivalências obtidas pelo sr. primeiro ministro para conclusão da sua licenciatura.

terça-feira, 27 de março de 2007

Ainda sobre o Grande Português

Ontem terminei o post afirmando a necessidade de estudos que possam melhor analisar a eleição de Salazar no programa de "Grandes Portugueses". Tremendo erro, apenas explicável pela vontade de melhor compreender o sucedido.

Como hoje sublinha Pedro Magalhães no Público e no seu blog Margens de Erro, o método de eleição utilizado, para além de não possuir qualquer rigor ciêntifico, impede que os resultados possam ser minimamente estudados. No fundo, e dito de forma simples, não existe maneira de aferir que tipo de público votou, porque votou e com que eventuais motivações o fez.

Em última análise, os resultados não valem nada. De qualquer modo, parece que a critica cerrada ao concurso só surge após o resultado a que se chegou. Parece que pretendemos deslegitimar à posteriori um processo fruto do "mau" resultado alcançado.

No entanto, tenhamos em conta o seguinte paralelismo: "Se uma sondagem revelasse que os portugueses preferem as férias no Algarve, não seria nada muito surpreendente. No entanto, se a sondagem revelasse que os portugueses preferem fazer férias no Iraque, seria natural que se levantassem questões sobre a metodologia utilizada."

segunda-feira, 26 de março de 2007

Finalmente Eleito!?!

Salazar foi finalmente eleito. Numa disputada eleição póstuma, o maior ditador português de sempre acumula agora o titulo de maior português de sempre.

No seguimento de um período de votação que durou semanas, o programa de Maria Elisa terminou ontem com a eleição do maior português de sempre: António de Oliveira Salazar. Num espaço de semanas, o ditador foi eleito o pior português de sempre pelo programa do Inimigo Público e eleito também o maior português sempre pelo programa da RTP. Um feito notável para quem nunca se submeteu a eleições...

Como é natural os meios de votação utilizados possuem sérios problemas de representatividade. O presente tipo de eleição por telefone ou internet proporciona que os mais fervorosos militantes de uma determinada ideia ou personalidade possam facilmente levar a melhor. Por outro lado, e debruçando-nos no caso especifico dos programa "Os Grandes Portugueses", a sondagem levada a cabo pela Eurosondagem uns dias antes atribuiu a Salazar apenas 6,6 % dos votos dos portugueses. Ou seja, com base numa amostragem com critérios ciêntificos, verificamos que a popularidade de Salazar não corresponde aos assustadores 41 % obtidos no programa da RTP.

No entanto, não pode deixar de ser curioso o facto de um ditador ter conseguido obter 41 % dos cerca de 160 000 votos registados pelo programa. Que conclusões poderemos tirar de tal facto? Serão assim tantos os portugueses com saudosismo relativamente ao homem de brandos costumes de Santa Comba Dão? Deveremos encarar tal facto como um voto de protesto contra a classe política actual?

Duvido que ambas as hipóteses expostas sejam as mais determinantes. O mais certo é estarmos perante um fenómeno de forte mobilização de desiludidos com a democracia. De qualquer modo, esperemos que surjam estudos a curto prazo que nos consigam melhor clarificar os lamentáveis resultados apresentados ontem...

terça-feira, 20 de março de 2007

Crise CDS: Destaques

A "animação" promete continuar. A crise no CDS parece estar para ficar.

Não me quero alongar sobre um tema que é agora discutido ao pormenor na comunicação social e em diversos blogs. Destaco apenas algumas frases reveladoras da crise em que o partido se encontra
  • "A direita olha para estes comportamentos com horror", Paulo Portas, Deputado CDS
  • "O dr. Paulo Portas trouxe para dentro do partido o pior da memória do PREC", Maria José Nogueira Pinto, Presidente da Mesa do Conselho Nacional do CDS
  • "Beirão que é beirão não bate em mulheres", Helder Amaral, Deputado CDS
  • "Tal como seria eu vir aqui dizer que ela me está a atacar por eu não ser branco como ela.", Hélder Amaral, idem
  • "Manifesto a minha indignação pelo facto de um deputado ter introduzido uma tónica racista na sua intervenção", José Girão Pereira, dirigente do CDS.
De facto, não tenho memória de uma crise com contornos tão graves como a actualmente verificada no CDS.

segunda-feira, 19 de março de 2007

A Animação está de Volta...

Ânimos exaltadissimos, acusações graves, empurrões, não faltando mesmo uma senhora que gritava: "É uma vergonha!" Eis o balanço do Conselho Nacional do CDS.

Há muito tempo que não viamos nada semelhante acontecer em órgãos nacionais de um partido político. De facto, uma coisa Paulo Portas já conseguiu: um regresso dificil de esquecer, bem ao seu estilo.

Há cerca de duas semanas atrás manifestei-me paradoxalmente contente com o regresso de Portas. Considerei, ironicamente, que faltava um pouco mais de animação na política portuguesa. Vi em Paulo Portas a personagem que faltava para apimentar um pouco mais o cenário político partidário actual.
Pelos vistos, o meu estranho desejo concretizou-se. Com o regresso de Portas, animação não faltou no Conselho Nacional do CDS. Por outro lado, e para tornar as coisas ainda mais "arrepiantes", Santana parece ter ouvido também as minhas estranhas preces. O menino guerreiro parece estar cada vez mais disposto a voltar à arena política.
Enfim, a animação parece estar de volta...

sexta-feira, 16 de março de 2007

O Blog do Ministério

O blog do ministério de António Costa promete. Será que a comunicação formal associada a uma entidade pública se conseguirá adaptar às regras da blogosfera?

No passado dia 11, o Ministério da Administração Interna lançou um espaço do tipo Blog no seu novo website, entitulado "A Nossa Opinião". Uma iniciativa no minimo interessante com vista a permitir uma maior capacidade de resposta do Ministro e seus Secretários de Estado às mais diversas temáticas da agenda política.

Não temos conhecimento de outras iniciativas do género levadas a cabo quer a nível nacional, quer a nível internacional, pelo menos no que diz respeito a entidades de Governo Central. Parece afigurar-se, deste modo, como uma forma inovadora de comunicação entre responsáveis políticos e a sociedade civil. Poder-se-á argumentar que não seria necessário um blog, uma vez que os websites possibilitam isso mesmo. No entanto, como sabemos, o cenário blog permite outro tipo de postura, outro tipo de linguagem, uma maior informalidade na forma como a comunicação é feita.

Seguiremos atentamente esta iniciativa. Veremos como conseguirá António Costa conciliar o formalismo da comunicação pública que se espera de um responsável político, com o ritmo acelerado de posts que se exige na blogosfera.

quinta-feira, 15 de março de 2007

A TAP e os Mistérios do Neoliberalismo

Depois de um resultado positivo em 2006, começa-se já a falar na privatização da TAP. Não haverá uma contradição evidente neste facto?

Depois de anos consecutivos com prejuizos, a TAP terminou 2006 com um saldo positivo de 7,3 milhões de euros. Perante tal resultado, Fernando Pinto expressou inclusive a vontade da administração na atribuição de prémios aos seus trabalhadores.

No entanto, e após o anúncio de bons resultados, a temática da privatização parece ter surgido imediatamente na agenda. Embora o cenário tenha sido remetido para 2008, não estaremos perante um tremendo paradoxo? Não será uma terrível contradição que o regresso aos lucros de uma empresa com capitais maioritariamente públicos implique o surgimento imediato da temática da privatização?

Enfim... Mistérios do Neoliberalismo...

segunda-feira, 12 de março de 2007

Iraque: Quando os Números se Transformam em Meros Números

Hans Blix voltou a considerar a invasão iraquina como ilegal. Entretanto, já perdemos a conta das centenas de milhares de mortes provocadas por uma invasão legitimada, na altura, pela existência de terríveis armas de destruição maciça.

O ex-inpector da ONU, responsável pela equipa formada que investigou a existência de armas de destruição maciça no Iraque, voltou considerar a invasão iraquina como altamente infundamentada. Em entrevista à Sky News, Hans Blix acusou Bush e Blair de terem manipulado o relatório que foi apresentado ao Conselho de Segurança.

Entretanto, nos últimos anos, já perdemos a conta das vitimas mortais num país entegue a uma verdadeira guerra civil. Todos ou quase todos os dias os telejornais noticiam mais um atentado, mais dezenas ou centenas de mortos. Atingimos já uma fase em que a catástorfe é tal que o número de mortos diariamente passou a ser precisamente um número... Uma verdadeira carnificina com que nos fomos habituando...

Começam a não existir palavras para descrever tamanha tragédia... Começam também a não existir palavras para qualificar a responsabilidade americana e britânica...

quarta-feira, 7 de março de 2007

Continuamos à Espera...

Na sequência da demissão de Alberto João, o Conselho de Estado reuniu na passada sexta-feira, dia 2, emitindo parecer favorável por unanimidade à dissolução da Assembleia Legislativa Regional da Madeira.

Não podiamos esperar outra coisa perante o cenário político que se apresenta. No entanto, continuamos a aguardar a convocação formal de eleições pelo Presidente da Répública.
Entretanto, e à semelhança do que tem sempre acontece, Jardim continua com inaugurações diárias na Madeira, contra protestos da oposição e avisos da Comissão Nacional de Eleições.

Será que podemos esperar uma "chamada de atenção" do Presidente da Répública por tudo o que se tem passado? Estaremos a ser demasiado exigentes?

Continuamos à espera, Sr. Presidente.

domingo, 4 de março de 2007

Ânimos Exaltados em Santa Comba Dão

A criação do Museu Salazar continua a gerar polémica. De um lado, resistentes anti-fascistas. Do outro, populares e saudosos da ditadura...

Não posso dizer que não me causa alguns arrepios a criação de um museu sobre o ditador português. Não sou, à partida, contra a sua criação. É fundamental, no entanto, que este garanta todo o rigor histórico sobre Salazar e não se torne num local de peregrinação e oração dos saudosos do antigo regime.

No entanto, e pelos acontecimentos que verificámos hoje em Santa Comba São, não será fácil contrariar esta segunda hipótese... Populares e grupos de estrema direita ocorreram ao local para contestar a reunião dos resistentes anti-fascistas. Importa, neste contexto, continuar a acompanhar bem de perto os desenvolvimentos futuros.

Irónico foi ver jovens skinheads a fazerem a saudação nazi e a clamarem por Salazar, o homem dos brandos costumes...

Consequências Esperadas de uma OPA Falhada

Após um ano e meio de avanços e retrocessos, a OPA da Sonae sobre a PT parece ter chegado ao fim. Que repercussões podemos esperar de tal facto?
O balanceamento das vantagens e desvantagens da concretização da OPA da Sonae sobre a Portugal Telecom revela-se complicado. Por um lado, caso o anunciado "negócio da década em Portugal" se tivesse concretizado, podiamos esperar uma alteração significativa no mercado das telecomunicações. O desmembramento de algumas empresas do Grupo PT poderia favorecer a dinâmica do mercado, contrariando o quase monopolismo que o gigante das comunicações possui em algumas áreas.

No cenário inverso, poderiamos considerar positiva a manutenção de uma grande empresa com participação estatal, entendo-a como um importante braço público no mercado das telecomunicações. No fundo, apoiariamos a manutenção do status da PT com base nas teorias do Estado Providência, considerando fundamental a presença do Estado nos principais sectores da economia.

No entanto, tendo como referência este segundo cenário, que parece vir a manter-se, dificilmente podemos considerar que a Portugal Telecom está a desempenhar bem o seu papel no mercado. No fundo, tem-se limitado a actuar com vista a manter ao máximo a sua posição privilegiada no mercado, fruto do seu passado de empresa estatal que só recentemente começou a operar num sector aberto à concorrência. A este respeito vejamos as dificuldades constantemente manifestadas pelos novos operadores em entrarem no mercado das comunicações fixas, fruto das dificuldades impostas pela PT na disponibilização da infraestrutura.

Neste contexto, o minimo que podemos esperar é que este prolongado cenário de OPA eminente tenha contribuido para alterar a postura que a PT tem tido no mercado. No fundo, e dito de forma simples, esperemos que este susto pregado á PT se traduza em alterações no mercado das telecomunicações que representem mais valias efectivas para os consumidores portugueses.

sábado, 3 de março de 2007

Sobre a Grande Manifestação da CGTP

Entre 110 000 a 150 000 pessoas participaram ontem no maior movimento de rua em oposição ao actual governo. O "Activismo de Sofá" não pode deixar de ficar contente com tal facto.

Há cerca de uma semana, um recente colunista do jornal Público questionava-se sobre qual a razão da legitimidade acrescida atribuida às manifestações de rua, em comparação com outros meios de oposição a políticas governamentais.
Não tenho dúvidas a este respeito. Em últissima análise, e tomando como referência a manifestação de ontem, importa considerar que mais de 100 00 pessoas abdicaram de um dia de trabalho remunerado para vir à rua manifestar o seu descontentamento. Não se trata propriamente de uma brincadeira...

Sr. Primeiro Ministro, acautele-se...

sexta-feira, 2 de março de 2007

Sentimentos Paradoxais quanto ao Regresso de Portas

Portas está de volta. Embora ainda muito a frio, não consigo deixar de ficar paradoxalmente animado com este seu regresso.
Ao seu melhor estilo, com direito a um discurso estudado ao pormenor, Portas manifestou-se agora disponível para voltar a liderar o CDS/PP. Apenas dois anos depois de uma despedida com traços teatrais, aquela que é sem dúvida a figura mais emblemática dos Populares nos últimos anos promote regressar em força.

Não sei exactamente porquê, mas não consegui deixar de ficar paradoxalmente contente/animado com o seu regresso. Não que goste das suas ideias, do seu estilo ou muito menos da sua obra... Antes pelo contrário! No entanto, acho que o regresso de Portas parece prometer o retorno de "alguma animação" no debate político.

Ora vejamos: num cenário político em que Marques Mendes age de forma demasiado correcta tendo em conta o partido que representa, em que Ribeiro e Castro se esforça desesperadamente para apanhar o comboio da agenda política, e em que Cavaco Silva se afirma numa consonância entediante com as políticas governamentais, o regresso de Portas anuncia uma "pedrada no charco" desta direita política que parece só existir no seio do próprio executivo governamental.

No fundo, e correndo o risco de ser tremendamente sarcástico, venha o Portas "porque o que faz falta é animar a malta".

Resta-me terminar partilhando esta preciosa peça de retórica "portiana" proferida hoje no CCB: "Portugal precisa de confiança. Este Governo precisa de oposição. A oposição precisa de liderança. O partido precisa de mudança."