Ver o PS a acusar com todo o vigor a ministra por ter conhecimento dos contratos SWAPS é lindo. No fundo, o que nos estão a dizer é que durante o seu Governo realizaram-se ruinosos contratos SWAP (pequeno pormenor), mas é gravíssimo que a ministra negue ter tido conhecimento destes processos... Fantástico.
domingo, 28 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Brincar à casinhas sai caro
Gostava que um dia destes pudessem ser medidos os custos reais das remodelações governamentais. E não me refiro apenas aos logotipos que têm de ser mudados, às instalações que são adaptadas e às mudanças de cadeiras nos gabinetes ministeriais e nos cargos de topo da Administração Pública. Refiro-me a aspetos administrativos como os milhares de horas que serão agora consumidos a rever leis orgânicas de ministérios, fazer pontos de situação aos novos responsáveis, novos planos de atividades, rearranjos orçamentais para dividir o que antes estava junto, entre outros "detalhes". Horas e horas de trabalho que serão agora dispendidas neste tipo de tarefas.
Mas é sempre engraçado encontrar alguns exemplos ilustrativos deste verdadeiro "brincar às casinhas"e dos caprichos que normalmente lhes são inerentes. A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) saiu do Ministério da Economia há dois anos atrás para integrar os Negócios Estrangeiros liderados por Paulo Portas. Logo se explicou publicamente que este tipo de organismo, ligado à promoção económica externa do país, devia ser tutelado pelo MNE. Certo... Mas passados dois anos, a AICEP volta para o Ministério da Economia. Porquê? Portas gosta demais da AICEP para a deixar a Rui Machete. Prefere dar (ou emprestar) o seu brinquedo ao seu amigo Pires de Lima. Comentários para quê?
(Imagem: Jardicentro)
(Imagem: Jardicentro)
terça-feira, 23 de julho de 2013
Os Campeões da Estabilidade
Gaspar demite-se e deixa uma herdeira. Paulo não gosta e bate com a porta. Passos não aceita tal rompimento. Corre atrás, negoceia, dá o seu melhor para segurar o parceiro. E consegue-o, em troca de cargos e glória. Cavaco não gosta da jogada. Manda parar o jogo e exige que PS, PSD e CDS deem as mãos e salvem o país. Uma semana depois, nada feito. Não há acordo e volta-se à estaca zero. Cavaco fala a um país encavacado. Afinal o Governo fica em funções, afinal a coligação está de boa saúde e até saiu reforçada deste processo. Comentários para quê?
Três semanas depois, o país continua mergulhado numa inarrável crise política. Ficamos na dúvida sobre se devemos rir dos contornos da mesma, que conta já com inúmeros momentos que assumirão com certeza um lugar de destaque nos tesourinhos deprimentes da política portuguesa. Ou se ficamos devastados com este stand by num país que precisa urgentemente de políticas que contrariem a catástrofe em curso. Ou, ainda, se ficamos indignados com todo este lamaçal em que os jogos políticos parecem ter mais uma vez ultrapassado todos os limites. O sentimento da generalidade dos Portugueses é com certeza uma mistura dos três estados acima expostos.
Mas no meio de toda esta confusão, desta sucessão de acontecimentos inimagináveis, quase somos tentados a esquecer como tudo começou e quem esteve na sua origem. E, curiosamente, passadas estas três semanas, verifica-se que aqui fomos mergulhados pelos grandes guardiões da estabilidade, os campeões da defesa dos sacrifícios dos portugueses e os gurus da manutenção da reputação internacional do país. Ou seja, foram precisamente os atores políticos que mais encheram a boca nos últimos anos com a necessidade de estabilidade, de suportar os sacrifícios e de colocar o interesse nacional acima dos interesses pessoais e partidários, que agora resolveram mergulhar o país no pântano político.
De um dia para o outro, a tão pragmática e inabalável direita no poder desentendeu-se fortemente. E fê-lo em praça pública, numa sucessão de acontecimentos que, ainda hoje, quando recordados nos deixam de boca aberta. Portas que resolve sair e anuncia-o publicamente de surpresa, deixando abismados os seus parceiros de coligação, mas também os responsáveis do seu partido. Segue-se uma semana de negociações em que o irrevogável se foi esbatendo perante cada nova conquista. Chega-se então a uma solução de remodelação que, sendo polémica, retiraria o país do stand by em que fora mergulhado.
Surge o até então silencioso Cavaco. Quando o país pensava que estavam então reunidas as condições para voltar à normalidade ou, em oposição, convocar eleições antecipadas, o Presidente opta por uma solução intermédia que não ata nem desata. Pelo contrário, mergulha os atores políticos em mais uma semana de negociações que desde logo se sabiam inglórias. Foi de facto esse o resultado: uma mão cheia de nada e um país ainda em stand by.
Curiosamente, a convicção sobre a estabilidade a qualquer curso mantém-se, continuando o PSD e CDS a querer dar lições de estabilidade a qualquer um que com eles se disponha a discutir. Não deixa de ser curioso que uma crise política se tenha instalado numa coligação com maioria absoluta no Parlamento e com um fiel apoiante em Belém. Ou seja, andamos há três semanas mergulhados numa crise e com muitos a clamarem por soluções de salvação nacional quando na verdade o cenário de maioria parlamentar de direita, apoiada por um Presidente da República do mesmo quadrante, levar-nos-ia a acreditar que a estabilidade politico-institucional seria garantida à partida. Pelos vistos os campeões da estabilidade…afinal não são assim tão estáveis.
Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Este país não é para sérios
Já chegámos a pelo menos um grande consenso nacional: o espetáculo político que nos tem sido oferecido nas últimas semanas está a bater todos os recordes de parvalheira. Quando pensávamos que a coisa não podia piorar, que tínhamos batido no fundo, eis um panorama de total estupidificação nacional. Com contornos inacreditáveis, difíceis até de explicar ao comum dos mortais
Ora temos dois parceiros de coligação que, depois de se desentenderem tristemente em praça pública, com irrevogabilidades e fatalidades, surgem de repente profundamente empenhados na salvação nacional. Procuram agora ativamente os consensos, assumindo-se como campeões do patriotismo e fiéis guardiões dos sacrifícios que os portugueses fizeram até agora. Surgem agora fortemente empenhados em salvar o país de uma crise económica que o seu Governo intensificou e de uma crise política que os seus líderes provocaram.
Do outro lado, temos um PS profundamente indignado com a crise económica em que o país foi mergulhado. Explica-nos diariamente com toda a convicção porque não faz sentido a política da troika que veio para Portugal a seu convite, aplicar um programa por si validado. É aliás por tudo isto que votou favoravelmente a moção de censura do PEV, ao mesmo tempo que dialoga com PSD e CDS em busca de uma solução a pedido do Presidente que não suporta, ao mesmo tempo que acusa os partidos à sua esquerda de manobras partidárias. Portanto, o PS tem tido uma atitude muito séria.
Por último, e para compor o ramalhete, um Presidente da República que, após tristes silêncios, revelou-se novamente especialista na arte de “a emissão segue dentro de momentos”, criando problemas em cima dos problemas. De repente, a solução que tinha de ser resolvida rapidamente e a todo o custo, passou a ser ainda mais complicada de resolver. A salvação nacional, esse remédio cujos milagres a nossa história política comprova, passou a ser o grande objetivo do país. E subitamente, quando a todos são pedidos esforços hercúleos para salvar o país, o Presidente antecipa a sua viagem para… as ilhas Selvagens! O Inimigo Público não se teria lembrado de algo melhor…
O espetáculo político-mediático nunca foi conhecido pela sua seriedade, é um facto. Mas desta vez estamos a superar-nos. E viva Portugal…
Artigo hoje publicado no Esquerda.net
Artigo hoje publicado no Esquerda.net
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Stand up Bullshit
Ver os representantes dos "partidos do arco da governação" (ou do arco da troika) a prestar declarações ou a comentar a atualidade por estes dias é uma autêntica maratona de stand up bullshitt. Ou bullshit ao desafio, se preferirem... Não consigo deixar de me impressionar com este troca-tintismo de alto competição.
quinta-feira, 11 de julho de 2013
terça-feira, 9 de julho de 2013
Silly Government
Estou muito contente que o presente Governo mantenha-se em funções. Como blogger e como cidadão que aqui partilha as duas ideias quinzenalmente, a manutenção em funções deste governo é uma maravilha. É o garante da existência de matéria-prima, regular, pronta a consumir, pronta a esmiuçar, capaz de fazer brilhar qualquer cronista ou comentador. Aliás, acredito que a manutenção em funções deste governo deve ter sido também alegremente recebida pelo mundo do humorismo em Portugal. Ricardos Araújos Pereiras e Brunos Nogueiras terão assim sempre episódios diários para caricaturar nas suas crónicas na rádio. As Quadraturas do Circulo, os Eixos do Mal e os Governos Sombra adorarão também comentar as aventuras e desventuras do presente Executivo. Neste universo de programas e publicações que vivem do comentário político, apenas temo pelo Inimigo Público. É que a realidade corre o risco de ultrapassar a imaginação da redação deste suplemento satírico do jornal Público.
Falando um pouco mais a sério, todas as condições parecem agora reunidas para que este Governo seja muito semelhante aos 6 meses de Santana Lopes ao leme do país. Com níveis de credibilidade insustentáveis, tendo perdido todas as redações de jornais e até mesmo dos comentadores que lhe são mais próximos, e com a oposição a pedir diariamente a sua saída de cena, cada passo dado será alvo de grande crítica e desconfiança até. Se até agora o rumo político era questionado, não serão com certeza as ligeiras mudanças agora prometidas que amenizarão a situação. Pelo contrário, os níveis de impaciência agudizar-se-ão.
No entanto, como é evidente, é sobretudo a desconfiança e a falta de credibilidade perante os cidadãos que maiores obstáculos criarão ao presente Governo. Se até há pouco, apesar da insatisfação, uma maioria ainda embarcava no discurso do consenso, da responsabilidade e do “esforço patriótico”, tudo parece ter-se esvoaçado na última semana. A triste novela trágico-cómica oferecida ao país encarregou-se de demonstrar a vacuidade deste discurso vindo da atual maioria governamental. A birra e o troca-tintismo de Portas demonstrou a falta de verticalidade de que é feito. Mas Passou Coelho sai também tremendamente fragilizado desta sequela de episódios. Surge como aquele que cedeu, que segurou com todas as suas forças o parceiro que com ele já não queria dançar o tango.
Há pouco tempo atrás, escrevi aqui que a grande mudança no atual ciclo político na surgiria quando as pessoas percebessem que o custo de manter este Governo é maior do que o custo da mudança através de eleições antecipadas. Este momento de viragem parece ter sido alcançado. A desconfiança perante o atual Executivo é tão grande que uma quase maioria dos cidadãos prefere arriscar a mudança, mesmo tendo em conta os tempos complicados em que estamos. Apesar de tal cenário acarretar subidas de ratings, pressões fortíssimas e críticas dos credores e dos parceiros europeus, entre muitas outros inconvenientes, a opinião pública começa a perceber que vale a pena correr o risco da mudança. Neste sentido é inevitável sublinhar este verdadeiro feito da dupla Passos-Portas. Mesmo num contexto tão pouco propício a mudanças e com um eleitorado que não é conhecido por ser particularmente volátil, conseguiram gerar uma vaga de fundo a exigir eleições o mais cedo possível.
Continuam naturalmente a existir opiniões diversas sobre o rumo que o país deve seguir. E ainda bem que assim é. Mas surge agora a certeza de que não só não vamos lá com esta política, como a certeza de que a manutenção deste Governo constitui um risco tremendo para Portugal. A silly season já é difícil de suportar. Suportar um silly government constitui um esforço acima das possibilidades do país.
Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
segunda-feira, 8 de julho de 2013
Bem dizido
"Para a pequena história fica que Paulo Portas teve um chilique e que Pedro Passos Coelho teve de lhe oferecer um governinho para ele se acalmar. Junto com o seu partido, o vice-primeiro-ministro Portas terá a coordenação económica, a reforma do Estado, as relações com a troika e os ministérios propriamente ditos da Economia, da Agricultura, da Segurança Social — uma espécie de caixa de areia com brinquedos só para ele."
Rui Tavares, in Público 08/07/2013sexta-feira, 5 de julho de 2013
Chorar, para não rir
Com maiores ou menores variantes, eis uma das Leis de Murphy: as coisas podem sempre piorar. Quando achávamos que o Governo tinha batido no fundo, que pior era impossível, que o cenário já era suficientemente dantesco, o país é brindado com uma implosão interna com contornos trágico-cómicos. Novela ou reality-show, a escolha fica ao critério de cada um. Aliás, reconstituir o enredo em curso não é uma tarefa fácil.
Primeiro temos um Ministro das Finanças, número dois do Governo, que se demite sem esconder divergências e falta de apoio interno. Segue-se uma Secretária de Estado envolta em graves polémicas que é promovida a ministra, para surpresa de todos. No dia seguinte, a demissão “irrevogável” de Paulo Portas, que nem chegou a aquecer o cargo de número dois do Executivo. Segue-se um insólito “não aceito” vindo de Passos Coelho, tentando assim num gesto patriótico-dramático salvar o seu Governo. O Paulo que bateu com a porta no dia antes, vem então dizer que afinal a sua irrevogável saída não era para levar muito a sério, tudo culminando neste mesmo dia com numa conversa “construtiva” com o Pedro em São Bento. No dia seguinte, novas conversas entre o Pedro e o Paulo e, surpresa das surpresas, temos o regresso do “Eu fico”, o famoso slogan da candidatura de Portas a Lisboa em 2001. Afinal o Paulo fica, afinal tudo não passou de um tremendo mal-entendido.
O problema é que a comédia acima tem consequências bastante graves. O país viu assim de forma anedótico-dramática o valor das juras de entendimento, de responsabilidade, de patriotismo que nos últimos anos lhe têm sido vendidas pelo atual Governo. Viu também desmoronarem-se os pseudo-consensos e as pseudo-certezas quanto ao caminho seguido e seus resultados.
Julgo que nem vale a pena discutir sobre se este Governo deve ou não manter-se em funções. Caiu de podre, implodiu, gripou, deu o berro, foi à vida. Prolongar a sua existência é um erro tremendo, porque cairá no espaço de poucos meses. Teremos assim um governo cadáver, patético e anedótico, bom apenas para os humoristas.
As crises nunca foram momentos fáceis. E o que agora o país atravessará será com certeza dramático. Juros da dívida a dispararem, desconfiança dos credores, dúvidas sobre permanência no euro. A crise vai intensificar-se, não haja dúvidas a este respeito. Resta à esquerda convencer os Portugueses que é preferível arrancar desde já o penso (o governo), do que prolongar a dor de forma indefinida.
Artigo hoje publicado no Esquerda.net
(Imagem: Público)
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Arrancar o penso
O que ai vem vai ser dificil? Sim. Muito Dificil? Claro. Terrível? Sem dúvida alguma. Com subidas de rating, credores enfurecidos e parceiros europeus a protestar pela turbolência causada, não nos esperam tempos nada fáceis. Mas a única equação a fazer neste momento é sobre se a intensificação dos sacrificios seria menos dolorosa ou não.
Pessoalmente acho que isto só lá vai com verticalidade e determinação, mostrando à Europa que nós é que lhes temos de pedir explicações pelo sucedido. Nós é que temos de questionar o facto das nossas economias continuarem assentes num sistema financeiro internacional totalmente desregulado, com lógicas de casino.
Perante isto, podemos esperar que a tempestade passe pelo nosso barco já absolutamente destruído ou podemos fazer parte da mudança. Tentar conduzi-la, influenciá-la. Por mais que isso custe, julgo sempre prefirel arrancar o penso de uma vez do que fazê-lo aos poucos.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Maria Luiswaps Albuquerque
Bem sei que há muito que o Governo parece seguir uma estratégia. kamikaze Mas desta vez conseguiu superar-se. Esta escolha é inarrável e a reação que está a ter em todos (mas todos) os círculos de opinião demonstra o quão desastrosa foi esta jogada para um Governo já indisfarçavelmente moribundo.
(Imagem: Esquerda)
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