Na véspera de uma greve geral, o Presidente da República resolveu enviar para o Tribunal Constitucional a lei dos regimes de carreira da função pública. Tratou-se claramente de um recado ao Governo, que até já foi aplaudido pelos sindicatos. Mas quais as suas reais intenções de Cavaco?O acto foi também entendido como mais um sinal de Cavaco no sentido de manter um saudável distanciamento das políticas governamentais. Regularmente são enviados alguns diplomas para o TC, mostrando que a figura do presidente existe e evitando-se assim um consenso excessivo em torno das políticas do governo socialista. A actuação de Cavaco a este nível tem sido astuta e politicamente inteligente.
Com o presente acto de pedir a análise de constitucionalidade de um diploma sobre leis laborais nas vésperas de uma greve geral, Cavaco tenta conceder um “presente” ao eleitorado mais à esquerda. No entanto, se calhar convém recordar que o actual Presidente da República é a mesma pessoa que liderou os governos entre 1985 e 1995. É a mesma pessoa cujas políticas enfrentaram recorrentemente os direitos laborais. É a mesma pessoa do “deixem-nos trabalhar”… Neste contexto, o “presente” concedido por Cavaco representa também um teste à curta memória que normalmente envolve a luta política.




























