Pela primeira vez na democracia portuguesa, os cidadãos serão
responsáveis por escolher e ordenar listas de candidatos a deputados. E o
referido processo está já em curso para as Legislativas de 2015. No quadro de
uma iniciativa particularmente arrojada, a candidatura cidadã LIVRE/TEMPO DE
AVANÇAR (www.tempodesavancar.net) garante
que qualquer cidadão possa ser candidato nas eleições primárias para a escolha
dos candidatos à Assembleia da República. E o carácter inovador do processo não
se fica por aqui. Qualquer cidadão pode depois escolher e ordenar os diversos
candidatos, resultando as listas a apresentar à Assembleia da República deste
processo de democracia participativa. Pela primeira vez na história da
democracia portuguesa, a escolha e ordenação dos candidatos não competirá a uma
direcção partidária.
Conhecemos o diagnóstico há muito. Os cidadãos estão afastados da
política e não se revêem nos partidos políticos. Consideram que os partidos são
máquinas de conquista de poder e de distribuição de benesses que estão
afastadas dos verdadeiros interesses da sociedade civil. Os cidadãos sentem-se,
por isso, mal representados. Aliás, não sabem quem são os seus representantes,
nomeadamente na Assembleia da República, e questionam-se deste modo sobre a
utilidade do modelo de representação actualmente existente.
O diagnóstico acima é assumidamente simplista. Destaca a questão da
representação e o afastamento entre eleitos e eleitores como um dos grandes
pontos críticos da democracia actual. Existem outros problemas na nossa
democracia, como é evidente. Demasiados, aliás. Mas é hoje indiscutível que a
representação é uma das questões centrais e as soluções para minimizar este
problema são inúmeras. O convite a independentes para integrar as listas, a
eleição do líder em primárias abertas à sociedade civil, entre outras. Sendo
todas as soluções naturalmente meritórias, a possibilidade das listas de
candidatos serem escolhidas e ordenadas pelos cidadãos eleva a vontade de
abertura e de participação dos cidadãos a um novo patamar de democracia.
Como resultado de um amplo processo de mobilização, cerca de 400
cidadãos em todo o país decidiram avançar e apresentar-se como candidatos nas
primárias do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR. Alguns com experiência política, outros
com experiência de participação em movimentos cívicos e outros ainda movidos
pela importante simples vontade de participar. Nos Açores, 14 cidadãos
apresentaram-se como candidatos e estão disponíveis para representar a região
na Assembleia da República. Mulheres e homens com vontade de fazer diferente,
que entendem que este é o momento de avançar e participar num processo deveras
inovador na democracia Portuguesa
Eu sou um dos referidos
candidatos. E dou este passo em frente porque sempre entendi a política como a
materialização de uma cidadania que se quer ativa e interventiva. Porque
vivemos um momento em que os impasses à esquerda têm de ser ultrapassados. E
porque temos de deixar cair o tabu da vontade de governar, ao mesmo tempo que
mantemos a exigência com os principais pilares da esquerda: educação, saúde e
segurança social públicas. Espero contribuir para demonstrar que a alternativa
existe, tomando em mãos a responsabilidade de desenvolver pontes e tornar
possível a aplicação de um programa de um governo de esquerda em Portugal.
Compete agora a qualquer açoriano interessado participar neste
processo de escolha e ordenamento dos candidatos do LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR. E
pode fazê-lo até o dia 14 de Julho, inscrevendo-se em www.tempodeavancar.net e votando
depois electronicamente no dia 20 ou 21 de Junho. Estou (e estamos) nas suas
mãos.
Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
1 comentário:
Visitem o meu blog e deixem feedback! Martinhaecia Obrigada
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