Em tempos de crise, a pressão para a poupança nos gastos públicos é cada vez maior. E embora seja evidente a distinção entre despesa pública e desperdício público, rapidamente se procede à confusão dos termos. É uma confusão muito conveniente a diversos sectores, permitindo assim com grande facilidade cortar a despesa a direito, cegamente e sem grande parcimónias. De um segundo para o outro, como esta semana está a acontecer, parece que em todo o lado existia desperdício e malandragem. Dos beneficiários do rendimento mínimo aos funcionários públicos que auferem mais de 1.500 euros, dos beneficiários do abono de família aos pensionistas. Aliás, foi curioso verificar que no que a despesas sociais diz respeito, rapidamente se quantificaram os cortes. Já quanto à redução da despesa através de outros mecanismos (extinção de empresas públicas ou redução de benefícios fiscais para pessoas colectivas, por exemplo), aí ficou-se pela enunciação de intenções.
De qualquer modo, para lá da típica confusão entre despesa pública e desperdício público, é indiscutível que este último não é bom em lado nenhum. Não haja dúvidas a este respeito e por ventura a própria esquerda tem por vezes descurado esta dimensão, tornando sagradas algumas vacas que não merecem tal estatuto. Neste sentido, sem dúvida que a grande máquina do Estado - a Administração Pública - é um dos sítios onde melhor se deve procurar a poupança. Mas ao mesmo tempo que ouvimos falar em cortes cegos nas despesas, continuam a sair cá para fora notícias sobre frotas renovadas e outros gastos insultuosos. Cortar em baixo e a direito é fácil, mas as regalias em cima costumam manter-se e o grosso do desperdício permanece.
Neste contexto, e para inverter tal tendência, quem melhor do que os funcionários de um organismo público para identificar onde se encontra o desperdício? Quem melhor do que eles para reportar onde há excesso de mordomias, de regalias e onde se gasta demais? Quem melhor do que eles para apontar falhas de gestão e incompetências, redundâncias e paradoxos, amiguismos e favorecimentos que tão caros saem?
Quando são traçados objectivos de poupança, para além das restrições logo impostas a nível central, são sempre os órgãos dirigentes dos organismos que definem onde esta pode ser obtida. Escusado será sublinhar a tendência de tais orientações. Se calhar devia ser lançado um concurso a todos os funcionários públicos que consistiria apenas na seguinte pergunta: "No seu organismo, onde pouparia?". Embora fosse incómodo para as chefias, garanto que o contributo para a redução da despesa pública seria grande. Bem sei que, tendo em conta os sacrifícios que aí vêm, a aplicação de tal ideia estaria longe de resolver os males do país. Mas se calhar seria um pequeno contributo para dotar o combate ao desperdício na Administração Pública de um pouco mais de seriedade. Será assim tão exótico envolver quem lá trabalha?
De qualquer modo, para lá da típica confusão entre despesa pública e desperdício público, é indiscutível que este último não é bom em lado nenhum. Não haja dúvidas a este respeito e por ventura a própria esquerda tem por vezes descurado esta dimensão, tornando sagradas algumas vacas que não merecem tal estatuto. Neste sentido, sem dúvida que a grande máquina do Estado - a Administração Pública - é um dos sítios onde melhor se deve procurar a poupança. Mas ao mesmo tempo que ouvimos falar em cortes cegos nas despesas, continuam a sair cá para fora notícias sobre frotas renovadas e outros gastos insultuosos. Cortar em baixo e a direito é fácil, mas as regalias em cima costumam manter-se e o grosso do desperdício permanece.
Neste contexto, e para inverter tal tendência, quem melhor do que os funcionários de um organismo público para identificar onde se encontra o desperdício? Quem melhor do que eles para reportar onde há excesso de mordomias, de regalias e onde se gasta demais? Quem melhor do que eles para apontar falhas de gestão e incompetências, redundâncias e paradoxos, amiguismos e favorecimentos que tão caros saem?
Quando são traçados objectivos de poupança, para além das restrições logo impostas a nível central, são sempre os órgãos dirigentes dos organismos que definem onde esta pode ser obtida. Escusado será sublinhar a tendência de tais orientações. Se calhar devia ser lançado um concurso a todos os funcionários públicos que consistiria apenas na seguinte pergunta: "No seu organismo, onde pouparia?". Embora fosse incómodo para as chefias, garanto que o contributo para a redução da despesa pública seria grande. Bem sei que, tendo em conta os sacrifícios que aí vêm, a aplicação de tal ideia estaria longe de resolver os males do país. Mas se calhar seria um pequeno contributo para dotar o combate ao desperdício na Administração Pública de um pouco mais de seriedade. Será assim tão exótico envolver quem lá trabalha?
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Artigo publicado hoje no Esquerda.net
(Imagem: Greensburg Green Town)
1 comentário:
Excelentes questões...
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