sábado, 25 de janeiro de 2014

Sobre os Mecos e Praxes


  1. Se o que se passou foi de facto um ritual de praxe, podemos naturalmente querer ver aqui um vilão (o Dux, que é um míudo) e um grupo de vítimas (os míúdos que tristemente morreram). Mas por mais que o maniqueismo leve a assim pensar, convém ter em conta que os míudos que morreram não estavam naturalmente a ser obrigados a nada. Pelo contrário, a acreditar nos contornos que a imprensa agora começa a revelar, estavam numa espécie de ritual de passagem para uma maioridade praxista. Eram todos membros da Comissão de Praxes. Faziam-no portanto convictos da necessidade de serem humilhados para mais tarde alcançarem a "glória". Não há aqui um vilão e um grupo de vítimas. Quando muito haverá um  grupo de míudos tontos e tristemente palermas que, no meio de rituais estúpidos, deram origem a uma tragédia.
  2. Que esta tragédia sirva pelo menos para que o país abra um pouco os olhos (já não era sem tempo...) para a palermice saloia e reacionária em que se apoia esta suposta tradição académica. A essência da praxe (humilhação do caloiro pelo veterano; ser hoje mandado para amanhã poder mandar; ser hoje humilhado para amanhã poder humilhar) representa precisamente a essência inversa do Ensino Superior. Santa patetice...

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