Hesitei bastante em escrever sobre as ações terroristas em França. Por um lado, tudo o que poderia achar nestes primeiros dias sobre o assunto estava a ser dito, e bem, por muitos outros. Por outro lado, porque ansiava pelo primeiro momento em que a "poeira assentasse", permitindo vislumbrar algo para além do horror, do repúdio, da indignação.
Passados estes três dias, sublinharia que a tragédia em França despoletou um consenso em torno da liberdade de expressão. Mesmo que profundamente inconveniente, mesmo que altamente inconveniente, como era o caso do jornal satírico francês.
Não tenhamos dúvidas que, a este respeito, muitos serão mais Charlie do que outros. Existirão os Muito Charlie, os Pouco Charlie e os Charlie Assim-assim. Porque, como bem sabemos, continuam a ser poucos os que defendem a liberdade de expressão absoluta e de forma corajosa como de facto faziam semanalmente os cartonistas e jornalistas do Charlie Hebdo.
No entanto, estes grandes momentos, sendo tragédias ou não, mudam de facto mentalidades. Não mudam tudo o que haveria a mudar, mas abrem caminhos, o que não deve ser menosprezado. Merci Charlie.
Sem comentários:
Enviar um comentário