Perdi a conta às vezes que Passos Coelho sublinhou esta ideia na sua entrevista de ontem. Ideia aliás que atormenta o imaginário nacional. Não queremos ser confundidos com os gregos, que horror. Assim como os irlandeses não querem ser confundidos com Portugal e a Grécia. Assim como os Espanhoís não querem ser confundidos com a Irlanda, com Portugal e com a Grécia. Assim como a Itália não quer ser confundida com Espanha, com a Irlanda, com Portugal e com a Grécia. And so on.
Portanto, a primeira reacção de cada uma das potenciais vítimas desta crise é distanciar-se das restantes. Como se os problemas apontados fossem assim tão diferentes. Como se não soubessem que a queda de um gerará sempre um efeito dominó sobre os outros. Num mundo que fizesse um pouco mais de sentido, se calhar estaríamos sobretudo empenhados em procurar minimizar a culpa dos gregos, em vez de sermos os primeiros a cobardemente lhes apontarmos o dedo. Até porque defendê-los em conjunto com outras potenciais vítimas seria um melhor investimento para salvar a própria pele.
(Imagem: RTP)
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