quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Perder a razão

Como é evidente, o programa Novas Oportunidades pode e deve ser alvo de inúmeras críticas. Pessoalmente destacava o facto do seu impacto ser permanentemente inflacionado pelo Governo. Esconde-se deliberadamente que já existiam regimes de ensino alternativo que já formavam muita gente e que foram agora englobados pelo Novas Oportunidades. Ou seja, da forma como os números são apresentados, parece que de um dia para o outra passaram a formar-se centenas de milhares de pessoas.

E muitas outras críticas podem ser apontadas. Mas a forma como Medina Carreira as faz, afirmando que “Eles (alunos) não sabem nada”, questionando o que é que se vai fazer com esta “cambada” e que nenhum patrão vai querer esta “tropa-fandanga”, retira-lhe toda a razão. As suas afirmações, segundo estão a ser retratadas pelos jornais, são lamentáveis.

4 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Não se deve confundir o acessório e o essencial. Neste caso, a terminologia desbocada não elimina a razão de quem exige um sistema de ensino que não abdique do rigor e da responsabilização.

Anónimo disse...

Estou inteiramente de acordo com Penim Redondo. O que conheço das novas oportunidades leva-me a dizer que este programa é lamentável e indefensável por quem quer que seja com alguns laivos de esquerda. A esquerda está muito enfeudada à macadas fracturantes e do politicamente correcto...

João Ricardo Vasconcelos disse...

Também concordo naturalmente que o conteúdo prevalece sobre a forma. O problema é que a forma utilizada por Medina Carreira denuncia desde logo o tipo o conteúdo que este pretende passar. A forma como expressa a sua posição dá a entender que tudo o que estiver fora do ensino tradicional que ele entende ser o mais correcto (se calhar a escola que ele frequentou ou os professores que teve) é uma barbaridade.

O ensino dito não tradicional, ou recorrente, com recurso a reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCCs), dificilmente pode ser bem entendido por quem fez toda a sua escolaridade no modelo tradicional.
E parece imediatamente injusto e menos exigente do que o tradicional. E certamente assim é. Mas tal não lhe retira por si só o mérito. Até porque a menor exigência académica perante os alunos pode ser compensada por uma experiência profissional e de vida destes.

Não é por acaso que o modelo RVCC é cada vez mais utilizado nos diversos países ditos desenvolvidos. A importância da aprendizagem ao longo da vida assim o exige.

Como é natural, longe de mim estar a defender a postura que o Governo tem tido sobre este programa, procurando constantemente inflacionar constantemente os seus números. Mas uma coisa é criticar tal inflação. Outra coisa é usar tal inflação para criticar todo um modelo, colocando inclusive abaixo de cão todos os que se atreveram a segui-lo para melhorar as suas qualificações. Julgo ser esta última postura que Medina Carreira assumiu.

José Henrique Soares disse...

Não é preciso defender o governo para já não poder aturar o arauto-mor da desgraça, que anda há anos a anunciar a bancarrota e o fim da pátria para os 15 dias seguintes. Exigiu um programa de televisão para expor as suas ideias, mas o que está a mostrar é a pobreza delas. Neste caso das "novas oportunidades" fica bem à vista como o cepticismo não tem vergonha de utilizar a mais descarada demagogia.