quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um pouco para inglês ver

Lopes da Mota renunciou finalmente ao cargo no Eurojust depois de ser praticamente certo que exerceu de facto pressões sobre os magistrados do caso Freeport. E é bom que tal tenha acontecido, que se consiga fazer alguma justiça nestes casos e que sirva de exemplo.

Mas, vá-se lá saber porquê, parece que fica sempre no ar a sensação de que a sua pena de suspensão das funções de magistrado durante 30 dias é algo para inglês ver. Uma punição que apenas aconteceu porque não havia escapatória e porque era preciso sacrificar alguém para conter um pouco a ideia de impunidade que começa a ganhar dimensões perigosas na opinião pública.

Mas se calhar amanhã, quando tudo estiver um pouco mais calmo, tudo poderá voltar à normalidade, tudo poderá voltar ao business as usual...
(Imagem: Horta do Zorate)

2 comentários:

samuel disse...

Se realmente foi punido por se ter chegado à conclusão de que efectivamente pressionou e tentou interferir numa investigação... parece que, afinal, isso não é minimamente grave. 30 dias?!

Pedro Lopes disse...

Pois, 30 dias de suspensão podem levar o próprio e a opinião pública a pensar que o prevaricador saiu a ganhar.

De qualquer modo, ainda que seja um sinal "para conter um pouco a ideia de impunidade que começa a ganhar dimensões perigosas na opinião pública", antes isso do que passar impune como é hábito.

O sentimento popular de que há uma justiça para o cidadão comum, e outra reservada a altos dirigentes públicos e gente endinheirada, é um perigo, uma vergonha, à qual uma Democracia digna desse nome não consegue resistir. Quando essa certeza atingir o povo, a revolta popular estará próxima.

Espero que a justiça portuguesa se livre do intrometimento da politica no seu seio.