terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma Aventura na TAP/SATA

Não tenho por hábito utilizar este espaço para o relato ou denuncia de situações que aconteceram na primeira pessoa. De qualquer modo, tendo em conta que o que se segue se enquadra bem num tema sempre quente na região, achei por bem partilhar a sequência de insólitos que comigo se passaram ao usufruir recentemente dos serviços da code share TAP/SATA.

Como há muitos anos acontece, desloquei-me a S.Miguel para passar a última quadra natalícia. Com mulher e dois filhos (um com dois anos e meio e a segunda com dois meses), a viagem passou a envolver toda uma nova logística. E passou também a constituir um verdadeiro investimento. Enquanto não-residentes, e usufruindo das tarifas mais baratas que possam existir – voos em dias e horas menos requisitadas, com qualquer alteração na passagem implicando um adicional de mais de 100 euros por passageiro -, mesmo assim pagámos perto de 700 euros. Ou seja, perto de 140 contos em moeda antiga para dois adultos, uma criança e um bebé viajarem de Lisboa para Ponta Delgada.

Quando sublinhamos que o preço das passagens aéreas para os Açores é demasiado elevado para um panorama onde as companhias low cost trouxeram novos hábitos, respondem-nos frequentemente que na TAP ou SATA se viaja com um serviço de qualidade. Pois se assim é, vou-me centrar num aspecto onde ambas as companhias falharam a todos os níveis: os cuidados especiais a ter com quem viaja com crianças.

Tal como normalmente fazemos, telefonámos para o serviço SATA alguns dias antes para procurar obter os lugares da fila que segue imediatamente à classe executiva, visto serem os mais espaçosos e frequentemente utilizados por quem viaja com bebés. Recebemos indicação de que tal já não era possível e que teríamos de contentarmo-nos com lugares normais. Como se tal não fosse já pouco delicado, no dia da viagem qual não foi a nossa surpresa ao verificarmos que nos reservaram lugares separados no avião. Ou seja, devem ter deduzido a ampla autonomia do meu filho de dois anos e meio ao colocarem-no sozinho. A minha mulher com uma criança de dois meses ao colo também ficaria isolada. Enfim... Após alguns pedidos, e com a natural complicação de quem entra no avião com crianças ao colo e mochilas e sacos com coisas para eles, lá conseguimos que nos colocassem numa fila todos juntos.

No regresso, e de forma inacrediável, também não conseguimos ficar todos juntos. No caso da minha mulher, com uma criança de colo, tiveram a amabilidade de a colocar exactamente no lugar do meio de uma fila. Atencioso, sem dúvida... Tivemos outra vez de armar alguma confusão dentro do avião, pedindo a passageiros que trocassem de lugar connosco. Tudo isto perante um pessoal de bordo que preferiu não ver o que se estava a passar.

Como último pormenor, importa dizer que em ambos os voos, contrariando aquilo que é do conhecimento geral de quem trabalha nesta industria, fomos sempre colocados no último terço do avião, zona onde o ar condicionado apresenta maiores impurezas e é menos recomendável para crianças.

Pode parecer picuinhas estar a apontar todos estes aspectos. Mas quem já o fez, sabe que viajar com crianças é sempre um desafio. Seria, portanto, de supor que as companhias aéreas procurassem minimizar o mesmo. E normalmente procuram-no. Mas não foi esta a nossa experiência com a TAP/SATA. Resta-me terminar dizendo que a qualidade não se proclama, demonstra-se. E importa não esquecer que uma má experiência vale mais do que vinte boas impressões.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

10 comentários:

Angelo disse...

Olha que artigos destes, hoje em dia, dão direito a acção judicial! Mas depois vem todo um pedido de desculpas.

EasyJet para os Açores já!

Rui disse...

Tudo bem, mas será que o autor desconhece que se pode marcar o lugar no acto da compra do bilhete? E que se mudarem de avião depois disso até lhe telefonam a avisar e perguntar que outro lugar prefere?

Além disso essa do ar condicionado era antigamente quando era permitido fumar a bordo.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Angelo: lembrei-me dessa possibilidade, mas no problemo: acompanhei de perto o caso da Maria João Nogueira e pedir-lhe-ei instruções se for preciso.

Rui: Confesso não ter a certeza se tal pode ser feito quando se agendam passagens com três ou mais meses de antecedência. De qualquer modo, tal não retira nem uma vírgula ao mau serviço prestado. Quando ao ar condicionado, bem... Segundo o Rui, tudo o que é literatura sobre cuidados a ter com bebés anda tremendamente enganada...

João Cunha disse...

Compreendo a frustração, apesar de nunca ter tido razão para me queixar do serviço das transportadoras nacionais.

Indo numa tangente e correndo o risco de fugir ao tópico, penso que o maior problema dos Açores a nível da qualidade do serviço advém do nosso péssimo sector da restauração, não a nível gastronómico mas a nível do atendimento, simplesmente horrível em boa parte dos estabelecimentos.

Anónimo disse...

Tambem fazem dessas aos residentes, pensei que era so aos "nossos emigrantes"

Rui disse...

Pois, é possível que a litratura sobre bebés esteja a exagerar:

http://www.boeing.com/commercial/cabinair/ventilation.pdf

http://www.boeing.com/commercial/cabinair/

http://www.healthytravelblog.com/2009/07/30/airline-air-%E2%80%93-five-tips-for-breathing-easier/

Já agora, mesmo sabendo que com as criânças é chato chegar cedo ao aeroporto, quanto tempo antes da partida efectuou o check-in?

João Ricardo Vasconcelos disse...

Chegámos ao aeroporto uma hora e meia antes... E depois o voo atrasou 1 hora.

ilha_man disse...

Rui, acabei de marcar as passagens para ir a São Miguel e não é possível fazer pre-seating com bilhetes em tarifa promocional.

Anónimo disse...

isto e mamalo nao ha concorrencia eles fazem o que querem e acabam cedo,se eu te contasse a minha historia duma viagem montreal s.miguel e retorno,nao sei se rias de gozo,ou choravas com pena de mim,so vou levantar a ponta do veu,viajei em primeira classe,as riquinhas de bordo propuserem duas ementas,aquela que eu pedi ja nao tinha,e havia amigos meus que iam na parte economica,que comerem aquilo que nao havia para quem havia pago uma fortuna,fora o tempo de espera que foi de sete horas,para tristeza minha o regresso nao foi melhor,da vontade de chorar em voz alta

Maquiavel disse...

Näo säo artigos destes, que relatam um caso verídico, é apenas informaçäo, que däo direito a acçöes judiciais. E se däo, logo as tiram, ou entäo também a BP processava os jornais por relatarem a ocorrência do derrame no Golfo.

Podem tal dizer para meter medo, mas näo passa disso. E normalmente é tiro pela culatra: espalhamos boa impressäo em média por 3-4 pessoas, enquanto espalhamos má impressäo por pelo menos 8.

Já agora, nem que vos paguem viagem pela Bullsh*t Airways, vulgo BA (Brites Erueiz)...