Como é sabido e sentido, estes são tempos bastante difíceis. Tempos de tensão e conflitualidade impostos por quadros macro-políticos e macro-económicos internacionais severos. E o actual quadro politico nacional tem reflectido isso mesmo, com um Governo com uma vontade inabalável de aplicar uma forte receita de austeridade, com as conhecidas consequências sociais. Neste contexto, torna-se particularmente interessante analisar o como o panorama político nacional está a reagir à presente crise, com todas as relações de força para lá da dinâmica governamental. O mesmo parece apresentar todas as características de um período de forte mudança.
Temos, por um lado, uma oposição com sérias dificuldades em impor-se como alternativa. No que ao maior partido da oposição diz respeito, a memória do eleitorado costuma ser curta, mas ainda não o suficiente para se esquecer que o anterior governo do PS também abraçou a austeridade como única solução possível. Assim sendo, seria o seu caminho assim tão diferente do levado a cabo pelo actual governo? Relativamente à oposição mais à esquerda, até poderia fazer o pino, apresentando todas as alternativas do mundo à actual política. Mas no momento actual, por mais paradoxal que possa parecer, ainda há uma grande distância entre a insatisfação com a actual política e uma eventual inclinação de voto no Bloco ou no PCP.
E esta incapacidade da oposição se mostrar desde já como uma alternativa tem aberto espaço ao papel dos movimentos sociais. Dos mais institucionalizados, como os sindicatos, aos mais inorgânicos, como os indignados, por exemplo. O que sucedeu em Lisboa no dia da greve geral foi paradimático a este respeito. Não existiu apenas uma, mas várias manifestacões. Primeiro vieram os sindicatos, seguiram-se os indignados, depois seguiram-se alguns movimentos anarquistas, misturados com movimentos que têm surgido no sector cultural. E, por fim, ainda vieram os estudantes do Ensino Superior. Poder-se considerar à primeira vista que tal fragmentação não é um sinal de força. Pessoalmente, julgo que é uma demonstração de que a indignação está a chegar a cada vez mais sectores.
A reacção nervosa das autoridade policiais ao presente contexto também é sintomática. Infelizmente as manifestações da passada quinta-feira ficaram marcadas por uma expressiva dureza policial. A PSP fez-se representar nas manifestações com um dispositivo como eu nunca tinha visto. Grupos perfeitamete pacíficos, com crianças e tudo, eram escoltados por uma super-polícia de intervenção, com capacetes, coletes almofadados e shotguns ( presumo que com balas de borracha) orgulhosamente expostas. Com dispositios destes, com agentes à paisana infiltrados no meio da multidão e tudo, não admira que se tenha chegado ao fim do dia com diversos episódios de repressão policial despropositada.
E para este cenário de clara tensão tem também contribuído um jornalismo excessivamente em busca do incidente e do confronto. No caso da manifestação da greve geral, as dezenas de milhares de pessoas que circularam pelas ruas de Lisboa e que se dispuseram a perder um dia de salário com a greve, foram secundarizadas pelos incidentes que envolveram meia dúzia em frente á AR. Dir-me-ão que este jornalismo em busca do sangue é assim em qualquer parte do mundo, não apenas aqui. Certo, mas tal não nos deve ipedir de sermos um pouco mais exigentes com a nossa comunicação social.
Todos os indicadores apontam para estarmos num período de forte mudança. A tensão e conflitualidade que se encontra no ar não deixa dúvidas a este respeito. Resta aos cidadãos posicionarem-se sobre a mesma e definirem qual o caminho para transformar de facto esta crise numa oportunidade. E você, já se posicionou?
Temos, por um lado, uma oposição com sérias dificuldades em impor-se como alternativa. No que ao maior partido da oposição diz respeito, a memória do eleitorado costuma ser curta, mas ainda não o suficiente para se esquecer que o anterior governo do PS também abraçou a austeridade como única solução possível. Assim sendo, seria o seu caminho assim tão diferente do levado a cabo pelo actual governo? Relativamente à oposição mais à esquerda, até poderia fazer o pino, apresentando todas as alternativas do mundo à actual política. Mas no momento actual, por mais paradoxal que possa parecer, ainda há uma grande distância entre a insatisfação com a actual política e uma eventual inclinação de voto no Bloco ou no PCP.
E esta incapacidade da oposição se mostrar desde já como uma alternativa tem aberto espaço ao papel dos movimentos sociais. Dos mais institucionalizados, como os sindicatos, aos mais inorgânicos, como os indignados, por exemplo. O que sucedeu em Lisboa no dia da greve geral foi paradimático a este respeito. Não existiu apenas uma, mas várias manifestacões. Primeiro vieram os sindicatos, seguiram-se os indignados, depois seguiram-se alguns movimentos anarquistas, misturados com movimentos que têm surgido no sector cultural. E, por fim, ainda vieram os estudantes do Ensino Superior. Poder-se considerar à primeira vista que tal fragmentação não é um sinal de força. Pessoalmente, julgo que é uma demonstração de que a indignação está a chegar a cada vez mais sectores.
A reacção nervosa das autoridade policiais ao presente contexto também é sintomática. Infelizmente as manifestações da passada quinta-feira ficaram marcadas por uma expressiva dureza policial. A PSP fez-se representar nas manifestações com um dispositivo como eu nunca tinha visto. Grupos perfeitamete pacíficos, com crianças e tudo, eram escoltados por uma super-polícia de intervenção, com capacetes, coletes almofadados e shotguns ( presumo que com balas de borracha) orgulhosamente expostas. Com dispositios destes, com agentes à paisana infiltrados no meio da multidão e tudo, não admira que se tenha chegado ao fim do dia com diversos episódios de repressão policial despropositada.
E para este cenário de clara tensão tem também contribuído um jornalismo excessivamente em busca do incidente e do confronto. No caso da manifestação da greve geral, as dezenas de milhares de pessoas que circularam pelas ruas de Lisboa e que se dispuseram a perder um dia de salário com a greve, foram secundarizadas pelos incidentes que envolveram meia dúzia em frente á AR. Dir-me-ão que este jornalismo em busca do sangue é assim em qualquer parte do mundo, não apenas aqui. Certo, mas tal não nos deve ipedir de sermos um pouco mais exigentes com a nossa comunicação social.
Todos os indicadores apontam para estarmos num período de forte mudança. A tensão e conflitualidade que se encontra no ar não deixa dúvidas a este respeito. Resta aos cidadãos posicionarem-se sobre a mesma e definirem qual o caminho para transformar de facto esta crise numa oportunidade. E você, já se posicionou?
Artigo ontem publicado no Açoriano Oriental
(Imagem: Escafandrista)