terça-feira, 30 de setembro de 2008

Totobolsa – O Novo Jogo da Santa Casa!

Inspirada em acontecimentos como este, este ou este, a Santa Casa anunciou já o seu novo jogo...
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. Brevemente num qualquer quiosque perto de si!
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Lisboagate: Já começou a devolução das chaves

Segundo o DN (único jornal que parece interessado em divulgar este caso), 18 beneficiários das apetitosas casas da CML já devolveram as suas chaves. Tudo isto ocorreu desde o dia 20 deste mês, momento em que o caso começou a ser denunciado.

Entre estes encontra-se um comandante da Polícia Municipal e dois motoristas da CML. Pelos vistos, nenhum dos três chegou a utilizar as casas que lhes foram atribuídas. Os dados foram avançados ontem por António Costa que, quando questionado sobre a elaboração de um regulamento, afirmou que “lá chegaremos”.
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António Costa adiantou também que espera divulgar a lista de beneficiários dos 3200 fogos da CML que integram este esquema. Aguarda apenas um parecer da Comissão Nacional de Protecção de dados.
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Sem querer clamar por sangue, é bom que a referida listagem venha mesmo a público. Até lá, de certeza que o número de devoluções apressadas subirá exponencialmente…

Lisboagate: Os artigos do Expresso

Uma vez que só hoje se encontra aberta a edição online do Expresso de Sábado passado, recomendo vivamente a leitura dos seguintes artigos sobre a atribuição das casitas da CML: aqui, aqui e aqui. Garanto que vale a pena.

Tal como já escrevi aqui, trata-se de um património disperso de mais de 3200 fogos (não inclui bairros sociais ou investimentos EPUL). Património esse que tem sido gerido sem qualquer regulamento há mais de 30 anos, sobretudo ao sabor da discricionaridade do vereador da habitação.
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Como é natural neste tipo de situações, para além de fins sociais, as casas têm servido para dar um jeitinho a funcionários, amigos e conhecidos. Toda a gente sabia, mas ninguém estava naturalmente interessado em divulgar um esquema que garantia casitas em Lisboa com rendas verdadeiramente apetecíveis. Leiam os artigos do Expresso. Vale mesmo a pena para se ter uma noção da dimensão deste caso.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Plano chumbado. E agora?

Contra diversas expectativas, o plano Bush que consistia numa injecção de 700 mil milhões de dólares públicos foi chumbado. E agora? De volta à mão invisivel, é isso? Nem pensar...

Importa sublinhar que os mercados não reagiram bem ao plano Bush ainda antes de se saber da decisão. Em Nova Iorque, ambos os índices abriram em queda. No fecho da edição de hoje da Euronext, à semelhança dos restantes mercados europeus, as perdas foram também significativas. Entretanto, ao final do dia chega esta notícia de que o plano foi chumbado na Câmara de Representantes...

Os mercados vão continuar bastante nervosos nos próximos dias. As perspectivas não parecem animadoras. Mas estranho seria se as medidas de intervenção pública para resolver a crise desaparecessem. Seria a catástrofe. Com este ou com outros planos, as operações de salvamento de instituições financeiras deverão continuar, de uma maneira ou de outra. É que os índices de confiança na mão invisivel nunca estiveram tão baixos...

Diz que é uma espécie de PREC

As vagas de nacionalizações e outros modelos de intervenção estatal na economia parecem estar a chegar à Europa. Os governos do Benelux acordaram injectar 11 mil milhões de euros para salvar o Grupo Fortis.
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Hoje, na abertura da bolsa de Amerterdão, as acções do Fortis subiam 14,5 %, demonstrando bem o quanto os mercados bolsistas estão a apreciar estas mãozinhas nada invisíveis dos Estados.
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Quem diria, hein? Mais de 30 anos depois, o PREC voltou a estar na moda.

domingo, 28 de setembro de 2008

Três excertos da entrevista de Alberto Martins

Na entrevista concedida ao Diga lá Excelência (DLE), Alberto Martins tenta esclarecer o posicionamento do PS em alguns assuntos quentes que têm marcado a réentre. O líder do grupo parlamentar do PS não se saiu mal, mas explicar assuntos inconvinientes é sempre complicado, não é?

Excerto 1 – Só nós é que podemos interpretar o programa do Governo
DLE: (Tal como o casamento homossexual) “A alteração da Lei do Divórcio também não estava no programa de Governo..."
AM: "Quem faz a interpretação do programa de Governo somos nós e entendemos que o mandato em relação ao casamento de pessoas do mesmo sexo exige algum trabalho na sociedade. Já na Lei do Divórcio pensamos que tínhamos mandato implícito.

Excerto 2 – Ditadura da maioria, mas com nuances, claro...
DLE: "Curiosamente, o PSD tem dado liberdade de voto em questões de consciência, ao contrário do PS..."
AM: "A tradição do PS é: a maioria decide e a minoria aceita. Mas entendemos a liberdade e responsabilidade de cada um.

Excerto 3 – Nós até gostamos da esquerda, mas não depende de nós
DLE: “António Costa fez um acordo com Helena Roseta na Câmara de Lisboa, onde já tem o apoio do BE. É um prenúncio?"
AM: "O diálogo natural do PS é com a esquerda, havendo condições de concretização da acção. Mas isso não depende do PS. Depende dos outros.

Estará tudo bem com o Sr. Bastonário?

Depois da ministra ter confirmado a contratação de mais médicos estrangeiros para trabalhar em Portugal, Pedro Nunes concordou com a referida medida. Sim, leram bem: Pedro Nunes concordou com a contratação de mais médicos estrangeiros. Estranho, não é?

Estará tudo bem com o mais corporativista dos corporativistas bastonários portugueses? O bastonário que, contra tudo e contra todos, negava existir falta de médicos em Portugal, não concordando com a abertura de mais vagas e de novos cursos de medicina.
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Alguma coisa aqui parece não estar a bater certo...

Mi Companero Sócrates!

Depois de Pequim, Moscovo e Paris, Chávez esteve mais uma vez em Lisboa. Foi recebido fraternamente pelo seu companero Sócrates. Como já vem sendo hábito, assinou mais uns acordozitos comerciais e disse acreditar que Sócrates irá mostrar ao mundo a verdade sobre o que se está a passar na América Latina.

Em Pequim, Chávez elogiou a China por “manter o único caminho que salvará a humanidade: o socialismoEm Moscovo, conseguiu um empréstimo de 1 bilião de dólares para impulsionar a cooperação militar entre os dois países. Em Paris, apoiando a ideia de Sarkozi sobre uma reunião de líderes mundiais para discussão da crise financeira, o presidente da Venezuela aproveitou para sublinhar que Bush "não tem mais a mínima idéia do que está fazendo."

Já em Portugal, país europeu que mais vezes visitou no último ano, Chávez disse que Sócrates é seu aliado para mostrar ao mundo o que se passa na América Latina: “Na América Latina, a Europa deve entendê-lo, há uma revolução, um processo revolucionário. Felizmente já não são as colunas de guerrilha de Ernesto Guevara".

Que uma diplomacia económica feroz tem norteado o relacionamento de Sócrates com Chávez, não existem quaisquer dúvidas. No entanto, com Chávez tudo é política, sendo as relações economicas plenamente mobilizadas neste sentido. Sócrates sabe-o, apenas tenta fazer-se distraido...

Lisboagate: A ponta de um monstruoso iceberg

O Expresso desta semana destaca que o problema da atribuição discricionária de casas na CML não começa nem acaba com Santana Lopes. Tem uma dimensão monstruosa. Abrange um universo de mais de 3200 fogos, com rendas médias de 35 €, num processo que dura há mais de 30 anos.

Importa sublinhar que não se tratam de casas de habitação social ou da EPUL, mas sim habitações que integram o património da Câmara. Segundo o Expresso, “não há, nem nunca houve, regulamento para a concessão das referidas casas. Qualquer pessoa pode oferecer-se para arrendar as casas e existem formulários internos na CML para preenchimento de propostas de funcionários. O critério para a escolha dos inquilinos fica entregue ao poder discricionário do vereador da habitação.

Ou seja, as referidas habitações têm sido atribuidas a pessoas com maiores necessidades, mas também (como em todo o lado quando não existem critérios) a dirigentes e funcionários da câmara, jornalistas, artistas, amigos... Eis apenas alguns exemplos de beneficiários presentes e passados do referido esquema: um actual director de um departamento camarário, um membro da equipa de Marcos Perestrello (actual n.º 2 da CML), a actual vereadora da habitação, o motorista de Santana Lopes, a secretária de Amália Rodrigues, o escritor Baptista Bastos. Sublinho que estes são apenas alguns exemplos que já vieram a público. Who's next?

Para agravar a situação, a discricionariedade na atribuição de casas da CML era um modelo conhecido por toda a gente. Os pedidos para atribuição no referido regime (a familias carenciadas, é certo) já tiveram origem em instituições tão diversas como a Presidência da República ou a Procuradoria Geral da República. Ou em personalidades como Maria Barroso, Manuela Eanes ou Margarida Sousa Uva.

Como se não bastasse, o problema existe há mais de 30 anos, desde Aquilino Ribeiro Machado, primeiro presidente da CML em democracia. Subsistiu até hoje passando pelos mandatos de Cruz Abecassis, Jorge Sampaio, João Soares, Santana Lopes e Carmona Rodrigues. Um esquema com barbas...

Em torno deste caso que surgiu esta semana, ouve-se um silêncio ensurdecedor por parte dos diversos partidos. Estranho, não é? Porque será? Ah pois é... PS, PSD, PCP e CDS passaram pelo Executivo camarário nos últimos 30 anos. O Lisboagate é algo que não convém a ninguém. E deve ter irmãos em quase todas as autarquias do país. Como tal, ou dará muito que falar nos próximos tempos e poderá fazer cair muitos Carmos e muitas Trindades. Ou, em alternativa, tenderá a desaparecer misteriosamente da agenda... A ver vamos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Frases Soltas VI

Eu é que sou o presidente da junta!
“Não chega uma equipa de salamaleques e pessoas profissionalizadas no cocktail» para dirigir o PSD.”
Luis Filipe Menezes - TSF 26-09-2008

Não te preocupes. Alguém decidirá por ti.
"Aceitem a morte na hora escolhida por Deus"
Bento XVI - Expresso 26-092008

Praxem-me, por favor! Vá lá... Vá lá...
“Os casos dos alunos que se divertem, gostam e anseiam ser praxados não aparecem”
Francisco Trovão, Vice-presidente da Associação de Estudantes da Universidade Atlântica - Público 26-09-2008

Populismo

Passados vários dias, Ferreira Leite finalmente comentou o comício do PS. Considerou “lamentável” que Sócrates tenha falado aos portugueses com uma opulência de meios “absolutamente insultuosa”.

Sublinhou que o comício constituiu uma “afronta aos portugueses que vivem na situação actual”. E rematou com a seguinte afirmação: “Se me lembrasse de dar uma festa de grande opulência no meio de um bairro de barracas seria uma enorme afronta a quem lá vivia”.

Que Sócrates tem uma paixão grande pelos espectáculos de comunicação, é um dado adquirido há muito. Qualquer iniciativa governamental é exemplar neste sentido e este comício não escapou à regra. Mas que tal paixão pela comunicação seja criticada pelo PSD, colocando-se descaradamente ao lado do “país que passa dificuldades”, torna-se verdadeiramente anedótico. O problema é que este anedótico em política tem um nome: Populismo.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

E viveram felizes para sempre...

Depois de tanta polémica, de tantos jogos de forças, de tantas declarações inflamadas, o Estatuto Político-Administrativo dos Açores foi hoje aprovado por unanimidade. O PSD garantiu que vai pedir uma fiscalização sucessiva da constitucionalidade do polémico artigo. E, deste modo, ninguém fica chateado. É uma solução que agrada a todos.

O PS mostra que não se rebaixa perante os caprichos de Belém, correspondendo assim às aspirações dos socialistas açorianos. O PSD, por seu turno, mostra que consegue apoiar o alargamento da autonomia regional, ao mesmo tempo que chutará para o Tribunal Constitucional as dúvidas levantadas por Cavaco. Apenas Cavaco poderá ter ficado incomodado, mas nada que não se resolva.

Como parece evidente, esta é uma solução que certamente terá sido combinada entre os grupos parlamentares dos dois maiores partidos, tendo obtido o acordo, mais ou menos explicito, da Presidência da República. A comunicação social já o noticiara há umas semanas atrás (apenas lamento não me lembrar em que jornal). A polémica transfere-se assim para o pós-eleições regionais. Um final feliz para todos, portanto.

E andávamos nós preocupados com os atritos entre Belém e S. Bento... Tudo se resolve, meus caros.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Referendo ao Casamento Homossexual?!?

Aproveitando as tristes hesitações do PS nestes domínios, o PSD quer agora mostrar que é um partido aberto. Paulo Mota Pinto sugere que, em última instância, se avance com um referendo nestes domínios.

É sempre interessante ver como algumas personalidades, como o fez o vice-presidente do PSD, abordam esta temática. Começam sempre por afirmar que, pessoalmente, nada têm contra os casamentos de pessoas do mesmo sexo. São uns tolerantes que apenas temem o que o resto do país pensará sobre esta temática. Que conveniente…

O que será preciso para conseguirmos explicar a alguma classe política que os “Direitos, Liberdades e Garantias” não devem ser sujeitos a referendo. Se assim fosse, já agora podíamos referendar a igualdade entre sexos, entre raças ou entre credos, não? Esperemos mesmo que não tenha passado de uma tirada infeliz de um infeliz vice-presidente do PSD… É que já vimos este filme na questão da IVG.

“A Vida Normalmente”: Recomenda-se

Ontem vi pela primeira vez o programa “A vida normalmente” na RTP2. Possui como co-autores Fernanda Câncio e Abílio Leitão. Depois da polémica que rodeou o seu nascimento, devo dizer que vi, gostei e recomendo vivamente.

O episódio de ontem focava a freguesia de Rabo de Peixe, em S. Miguel (Açores). Ligeiras entrevistas a pessoas comuns sobre a sua terra, a sua vida, as suas aspirações, acompanhadas por imagens que reflectem o dia-a-dia numa das freguesias mais pobres do país. Não em jeito de drama ou de forma maniqueísta. Uma realização e produção muito bem conseguidas.

Sabe sempre bem assistir a programas onde se deixam as pessoas iguais a todas as outras falar. Falar livremente, sem grandes intermediários, sem serem sujeitos a grandes guiões de entrevistas. Essa foi, a meu ver, uma das grandes pedras de toque do programa. Por isso, não percam, às terça-feiras pelas 23:30h na RTP2.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Magalhães Fever

Entrega de 3000 computadores a preços imbatíveis, alargamento ao 2º ciclo, o Governo parece imparável com as iniciativas do Plano Tecnológico da Educação. Entre os shows offs que já nos tem habituado, deixem-me dizer-vos que considero esta uma grande iniciativa (não se pode dizer mal de tudo, pois não?).

Embora não seja pioneira e de nacional tenha pouco(contrariamento ao que tem sido vendido), possui enormes potencialidades de massificação no acesso ao conhecimento dos mais novos. O facto de possuir uma forte componente social (computadores, na pior das hipóteses, a 50%) Custou muito dinheiro? Custou. Existiam outras prioridades? Certamente. É perfeita? Longe disso. Vem sublinhar que este executivo quer ficar rotulado como um governo “apaixonado pela Educação” Que governo não gostaria?

Como é evidente, não chega entregar computadores. Essa é, aliás, a parte mais fácil. A formação dos esudantes para os saber utilizar constitui, por si só, um desafio gigantesco. E fazer com que os professores os utilizem de facto na sala de aula é, isso sim, um grande troféu. Veremos então, depois deste tão mediatizado passo no bom sentido, como acontecerão os necessários desenvolvimentos. Sim, porque existirão desenvolvimentos, não? Ou já será pedir muito?

Porquê? Porquê? Porquê?

Os déjà vus como o que hoje aconteceu numa escola finlandesa sucedem-se sem que se encontrem explicações para tais actos. O que leva alguém a pegar numa arma e a matar todos os que lhe aparecem pela frente?

A pergunta é perturbadora e não tem evidentemente uma resposta fácil. Alguns clamarão com as influências negativas da TV ou dos videojogos. Se assim fosse, o problema até nem era muito complicado de se resolver. Todos sabemos que o problema é bastante mais abrangente do que isso.

Problemas de inclusão social, dificuldades na gestão de expectativas, pouco discernimento na distinção entre a realidade e a ficção, entre muitos outros jargões psico-sociológicos poderão ajudar a explicar o sucedido. Nunca serão suficientes… Dificilmente serão satisfatórios. Parece não restar alternativa que não passe por contemplar o caos, identificando uma ou outra justificação limitada que apenas ilustra uma total incapacidade em lidar com ele… É triste quando assim acontece.

Praxes: Proibir não é a Solução

Seguindo de forma ortodoxa as orientações do seu colega ministro, o presidente do IST resolveu proibir a “prática de praxes académicas nos campus da Alameda e do Tagus Park, qualquer que seja a forma como são organizadas. Em resposta, a Associação de Estudantes e a Comissão de Praxes já sublinharam que tudo se passará fora dos espaços da instituição...

A atitude dos estudantes é previsível. Um presidente de uma instituição que recorre à proibição para resolver este tipo de questões demonstra conhecer pouco as interacções, dinâmicas e motivações próprias da população estudantil.

Como já sublinhei anteriormente, não concordo com as praxes por múltiplas razões. A integração dos novos estudantes passaria muito bem sem este tipo de rituais pseudo-tradicionais. No entanto, a proibição por despacho vinda de um Conselho Directivo dificilmente será uma solução.

Não incentivar ou mesmo desaprovar abertamente poderiam ser bons posicionamentos. A proibição acaba por ser algo completamente diferente. Para além de espelhar autoritarismo e parecer despropositado, acaba por ser uma forma martirização de uma prática. Eventualmente até a tornará mais apetecível...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Assim vale pouco a pena...

À semelhança do que vem acontecendo cada vez mais de ano para ano, o Dia Europeu sem Carros passou quase despercebido. Tudo isto num ano em que nunca se falou tanto de quebrar com a petro-depêndencia. Ou a data é encarada com seriedade, ou então cairá cada vez mais no rídiculo.

A maioria dos portugueses que hoje acordou nem sabia que era o Dia Europeu sem Carros (eu incluido). A divulgação à priori foi praticamente inexistente, não tendo a imprensa ou as autoridades dado qualquer destaque à iniciativa. Mesmo as Càmaras Municipais que hoje aderiram, parecem tê-lo feito por mera cortesia.

Alguns questionam naturalmente a utilidade da data, considerando que só atrapalha o dia de quem trabalha e que não possui qualquer repercussão nos restantes dias do ano. Nos moldes em que hoje foi assinalado, tendo a concordar.

Embora não ambicione ser mais do que uma data simbólica, este dia merece que as entidades camarárias e governamentais o preparem com seriedade. E as associações ambientalistas, as escolas e os cidadãos deveriam ter um papel mais activo na promoção e fiscalização do mesmo junto dos entidades competentes. De outro modo, e lamentavelmente, transformar-se de ano para ano numa monumental palhaçada...

Os Malvados Brasileiros da Favela

Na passada sexta-feira, esse grande jornal de referência que é o Correio da Manhã noticiou que existia um gangue de criminosos, provenientes das favelas brasileiras, que andava a semear o terror em Setúbal. Um horror... Ou talvez não...

Os telejornais desse dia não perderam tempo, mostrando imagens de um video existente no You Tube, relacionando o suposto gang com um assalto violento praticado por um dos seus membros em Setúbal. O primeiro Comando de Portugal (nome do gangue), era um clone do Primeiro Comando da Capital, grupo criminoso de S. Paulo que possui um vasto currículo de violência no Brasil. A própria Judiciária ajudou à festa, intrigando tudo e todos ao não negar que existia uma investivação em curso.

Ontem e hoje, a RTP passou uma entrevista ao fundador do suposto grupo de violentos criminosos das favelas que moram em Setúbal. Este sublinha que tudo não passou de um terrível mal entendido. Uma brincadeira de um grupo de amigos brasileitos que, de forma mais ou menos feliz, decidiu colocar o referido video online. Tal corrobora o que o embaixador brasileiro em Portugal e a Casa do Brasil já haviam alertado: certamente um mal-entendido fruto de uma brincadeira.

Mais uma vez, a comunicação social conseguiu dar uma preciosa ajudinha para que a onda de insegurança (que alguns teimam existir) seja atribuida aos malvados imigrantes. Depois de se ter lançado o pânico na sexta-feira, o desmentido quase não tem destaque na imprensa de hoje... E assim acontece, como diria Carlos Pinto Coelho.

Os Intelectuais são Distraidos

Uma das coisas que público gosta de saber sobre as personalidades ou as “pessoas interessantes” é o seu lado humano, as suas características no dia a dia, os seus hábitos, as suas preferências. E a cereja em cima do bolo é saber-se um defeito mundano da personalidade em causa. Acrescenta charme e fica sempre bem.

Na Única desta semana, em mais uma crónica sobre si mesmo, o cosmopolita João Pereira Coutinho confessa aos leitores que é muito distraido, tendo dificuldades em fixar a cara das pessoas:

“O episódio mais hilariante aconteceu há uns anos na Blackwell de Oxford, quando reconheci um rosto largo e vermelhusco, em corpo de camionista, tudo encimado por uma farta cabeleira branca. Quem seria? Consultei os meus neurónios e jurei que tinha ao meu lado um dos passageiros habituais dos comboios Alfa. Sorri. Ele sorriu de volta. E só quando ouvi sotaque americano, com leve trago do sul, é que reconheci a peçonha. Era Bill Clinton.”

João Pereira Coutinho é genial, não é? Cruzou-se com uma das figuras mais conhecidas do mundo e, destraido como é, nem se apercebeu. Os verdadeiros intelectuais são uns distraídos, sem dúvida... Só mesmo as más bocas é que conseguem ver em Pereira Coutinho alguém tremendamente narcisista...

domingo, 21 de setembro de 2008

Uma Questão de Fé

Apesar de algumas ilacções a retirar dos acontecimentos desta semana serem relativamente consensuais (perigos da desregulação, incapacidade dos mercados financeiros se auto-equilibrarem indefinidamente), alguns crentes ainda estão convencidos que as coisas não têm funcionado porque existe muita regulação e intervencionismo público.

No Eixo do Mal desta semana, Pedro Marques Lopes defendia isso mesmo. Segundo ele, não podemos falar de neo-liberalismo porque ainda existe demasiada intervenção que desequilibra os mercados, considerando o plano da Administração Bush um péssimo exemplo. Era muito mau que se estivesse a intervir desta forma nos mercados. João Miranda também defende uma linha de raciocinio similar no DN de hoje.

Não sei porquê, mas este tipo de posicionamentos faz-me lembrar uma espécie de espiritualidade de teor religioso. Considera-se que quando as coisas correm bem, tal deveu-se ao virtuosismo, superioridade e misericordia do laissez faire. Quando correm mal, o laissez faire não salvou os homens porque estes pecaram ou duvidaram da sua omnipotência. Uma questão de fé, portanto...

The Special Ones






"Penso que ninguém é melhor treinador que eu"
José Mourinho, numa entrevista ontem concedida à La Gazzetta Dello Sport .
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Uma Questão de Honra

Só hoje soube, com grande atraso e através do Expresso, que Ramalho Eanes precindiu de retroactivos da reforma militar a que tinha direito no valor de 1 milhão e trezentos mil euros. Segundo o Expresso, Eanes fê-lo por uma questão de honra.

O assunto remonta a 1984, quando Mário Soares fez passar um diploma que impedia que o PR pudesse acumular o sue vencimento com reformas auferidas por serviços prestados ao Estado. Eanes acabou por nunca auferir a sua reforma militar, “sobrevivendo” após sair de Belém com uma reforma de 80& do salário presidecncial. A lei foi mudada em Junho do presente ano e Eanes passou a ter direito aos retroactivos.

O ex-PR abdicou no entanto da quantia muitissimo significativa a que tinha direito. Um gesto estranho num país onde a acumulação de reformas envergonha cada vez menos gente. Deve, portanto, ser aplaudido. Mas não aplaudo de todo que a actual lei permita a acumulação de reformas. É um assunto totalmente fora da agenda e algo fora de moda, bem sei. Mas tal não impede que me provoque sempre uma tremenda comichão...

Acumular porquê? Porque exerceu um cargo político? Porque se não tivesse tal direito, não teria exercido o referido cargo? As reformas dos cargos políticos são dignas, compensadoras e não envergonham ninguém. Não concordo com a necessidade do exercício de funções políticas ser recompensado com a acumulação de reformas. As reformas dos cargos políticos per si deveriam ser consideradas suficientes para o efeito.

sábado, 20 de setembro de 2008

Santana Lopes candidato a Lisboa?

O Expresso e o Sol destacam hoje o referido tema, sendo que o primeiro notícia que Ferreira Leite não descarta esta hipótese. Teremos um regresso em força do menino guerreiro já no próximo ano?

A sobriedade que Santana assumiu desde a eleição de Ferreira Leite pode indiciar isso mesmo. Alguns argumentarão que o PSD estaria a dar um a dar um tremendo tiro no pé se Santana fosse o seu candidato: a sua imagem está demasiado desgastada e os eleitores ainda não se esqueceram das suas desventuras.

No entando, vendo bem, Santana possui alguns argumentos de peso a seu favor. Por um lado, não será dificil obter um desempenho melhor do que o pesadelo Fernando Negrão. Por outro, para constituir uma ameaça séria a António Costa e suas eventuais alianças, o PSD não irá lá apenas com um nome credível. É preciso algo mais do que isso e Santana já provou que consegue, apesar de tudo, tornar possível o impossível... Aguardamos ansiosamente os próximos episódios.

Uma Verdade Inconveniente

No dia em que votou contra a revisão do Código de Trabalho, Manuel Alegre resolveu mandar um forte recado à JS: “Tenho pena que a Juventude Socialista só fale destas questões fracturantes [casamentos homossexuais], que estão na moda, e não fale das grandes questões sociais do país”.

Como é evidente, Alegre referia-se sobretudo às questões laborais. Demonstrou desilusão por a irreverente JS ter mantido um silêncio comprometedor sobre a revisão do Código e por os seus deputados o terem aprovado sem manifestarem quaisquer reticências.

Não haja dúvidas que a última direcção da JS assumiu uma postura bastante mais à esquerda do que o seu partido. A actual direcção parece querer manter o referido rumo. No entanto, como é de senso comum, não é fácil ser-se um “jovem irreverente à esquerda” quando o seu partido se encontra no poder. Podem assumir-se posições à esquerda do partido, mas raramente em questões quentes do combate político.

Neste sentido, o desabafo de Alegre caiu mal nos dirigentes da JS, pecando precisamente por ter um fundo de verdade bastante incómodo. Se a referida verdade viesse de uma JCP ou de um BE, a JS saberia bem lidar com ela. Mas quando é sublinhada por um camarada que até inspira muitos jovens socialistas, é natural que os dirigentes da JS se sintam ofendidos. As suas reacções à comunicação social (aqui e aqui) demonstraram isso mesmo...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

As mãozinhas que o mercado tanto aprecia...

A Bolsa de Lisboa atingiu hoje uma subida recorde: 8% num só dia. Um verdadeiro jackpot impulsionado pelo plano dos governo americano para evitar a crise financeira anunciada. O plano poderá elevar-se a um milhão de milhões de dólares (693 mil milhões).

Não deixa de ser sintomático que os mercados tenham necessitado desta “grande mãozinha” pública para suprir as suas dificuldades. Milhares de milhões para equilibrar algo que, para alguns, consegue equilibrar-se sem a ajuda de ninguém.

Também não deixa de ser curioso que o optimismo que hoje percorreu os investidores em Lisboa se deva à intervenção pública acima referida. Até os mercados bolsistas, grandes baluartes do sistema neo-liberal, se congratulam com uma mãozinha estatal quando as coisas não estão a correr bem... Sintomático, não?

Legitimidades Eleitorais

O PS já possui uma justificação oficial para se opor aos projectos do BE e dos Verdes sobre o casamento homossexual. Alberto Martins justifica o voto contra com a "falta de legitimidade de mandato, eleitoral e social, porque há uma ausência de um debate aprofundado sobre a matéria na sociedade".

Quanto à falta de legitimidade do mandato, é um argumento curioso na semana que corre. Será que a revisão do Código de Trabalho é consonante com o contrato eleitoral socialista? Julgo que nem será preciso responder a esta questão...

Relativamente à ausência de um debate aprofundado, no programa eleitoral do PS de 2005 consta o compromisso de “lançar um amplo debate nacional sobre a igualdade e orientação sexual”? Ou seja, o PS está agora a justificar-se com base na ausência de um debate que ele mesmo prometeu promover... Comentários para quê?

A última medida impopular do PS?

Estando a aprovação garantida pelos votos da maioria, a revisão do Código do Trabalho poderá bem ser a última grande medida impopular deste Governo. Até Outubro do próximo ano, só serão permitidos doces...

Depois do desgaste provocado pelas grandes manifestações na Saúde e na Educação durante o primeiro semestre deste ano, a revisão do Código do Trabalho poderá ser a última medida que gerará conflitualidade com a opinião pública. Como é evidente, tal não implica que outros factores de forte desgaste ocorreram durante o próximo ano. Mas este poderá ser o último conflito com impacto eleitoral que o Executivo estará disposto a assumir.

Grandes manifestações estarão certamente a ser agendadas. E a CGTP tem vindo a demonstrar que não brinca em serviço. No entanto, Sócrates sabe que poderá contar com aliados de peso. Já é público que contará com as “abstenções construtivas” do PSD e CDS. E, não menos determinante, contará certamente com a complacência da maioria dos opinion makers da praça. No fundo, irá doer um pouco, mas é um risco mais ou menos controlado...

Abstenção Construtiva – Um Novo Conceito

No âmbito da discussão sobre a revisão do código de trabalho, Paulo Rangel assumiu que o seu partido optará por uma “abstenção construtiva. Um novo conceito que deixou tudo e todos boquiabertos.

O líder parlamentar justificou a “abstenção construtiva” do seu partido por encontrar aspectos positivos e negativos na proposta de revisão do código. (?!?) Uma breve pesquisa online sobre este conceito revela-nos que é utilizado na UE. Mas não há forma de o seu significado poder ser aplicado como o fez Paulo Rangel.

Como tal, propomos aqui a seguinte definição aplicável no léxico político português: “Por oposição construtiva deverá entender-se o acto de se concordar com algo proposto, adoptando-se no entanto uma postura de abstenção com vista a não se assumir responsabilidades pela sua aprovação.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Da Certeza ao “Ah e tal”...



18-08-2008 – A Certeza

José Sócrates assinalou terem sido criados, desde Março de 2005, 133 mil postos de trabalho e retomou um ponto-chave do programa socialista







12-09-2008 – O Desmentido

Segundo o Jornal de Negócios, afinal 27% dos 130 mil postos de trabalho que o Governo diz ter criado são arranjados no estrangeiro.







18-09-2008 – O começo do "Ah e tal"

Segundo Vieira da Silva, “Não estamos obsecados com esta meta. Estamos sim concentrados na criação de condições para que haja mais e melhor emprego

Não fui eu! Foram eles…


Com os combustíveis a não descer, é sempre interessante ver o comportamento dos diversos actores na cadeia de responsabilidades. Qualquer um coloca-se ao lado da opinião pública, remetendo as culpas para terceiros. Subitamente, os consumidores vêem-se rodeados de novos amigos.

A entrevista de Manuel Pinho é bastante elucidativa a este respeito. Afirmou estar preparado para tomar toda e qualquer medida em defesa do consumidor”, colocando-se assim estrategicamente ao lado do descontentamento crescente.

A ANAREC, uma associação até há pouco desconhecida dos portugueses, também é actualmente uma das melhores amigas dos consumidores. O seu representante nunca perde tempo a criticar as execráveis gasolineiras, sempre ávidas de lucros, que não hesitam em prejudicar os coitados dos revendedores e seus clientes.

Por seu turno, as gasolineiras apontam responsabilidades para a especulação dos mercados internacionais, esses malvados. Nada podem fazer contra os imprevisíveis mercados, mas lá vão sussurrando que a taxação governamental também tem culpas no cartório.

Por último, a Autoridade da Concorrência, organismo que a opinião pública espera que identifique responsabilidades, esforça-se por justificar a sua existência e por se mostrar sensível aos anseios dos consumidores. Mas não consegue apurar mais do que “a culpa é de todos, a culpa não é de ninguém.

A culpa acaba por morrer solteira, mas há um lado bonito em toda esta história: os consumidores nunca tiveram tantos amigos...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Uma ASAE para a Concorrência é que era...

O assunto tardou, mas já começou a fazer manchetes. Se o preço do barril de crude não pára de descer, porque razão a descida dos preços dos combustíveis é tão timida? Até estão a verificar-se subidas... Mistérios inatingíveis para o comum dos mortais.

O comissário europeu da Energia afirmou ontem que o regulador português "tem de acompanhar melhor o mercado nacional dos combustíveis". Hoje, depois do DN ter destacado esta questão, Manuel Pinho afirmou o óbvio: a descida dos preços do crude tem de ser acompanhado por descida dos preços dos combustíveis.

Entendendo a série de recados que surgiram, a Autoridade da Concorrência emitiu hoje um comunicado onde afirma que irá analisar os desfasamentos entre os preços do petróleo nos mercados internacionais e os preços dos combustíveis praticados pelas gasolineiras. Com base em novos dados solicitados às gasolineiras, a AdC publicará relatórios mensais sobre a formulação dos preços. O primeiro sairá a 30 de Setembro.

Tendo em conta a experiência do anterior relatório (divulgado a 2 de Julho), está visto que não existirão surpresas: não será detectada cartelização e argumentos imperceptíveis e inconclusivos tentarão justificar o timida descida dos preços. Uma espécie de fatalidade anunciada por uma entidade que de Autoridade para ter muito pouco...

Na Rota dos Blogs VII

Eis algumas sugestões de leitura:

Onde se deve injectar a liquidez?”, no Bicho Carpinteiro

Descubra as Diferenças”, no Arrastão

Pela nossa Saúde”, no Máquina de Lavar

É a economia, estúpidos”, no Corta Fitas
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Do Momento da Verdade ao Gonçalo da Câmara Pereira

Quem ontem assistiu ao novo programa da SIC Momento da Verdade, ficou com a certeza que o Big Brother era uma brincadeira para crianças. A degradação televisiva atingiu um ponto impensável anteriormente. E quem é um dos colaboradores do programa? Gonçalo da Câmara Pereira, ilustre vice-presidente do PPM e candidato de peso do seu partido nas eleições açorianas.

Para quem não viu, o concurso apresentado por Teresa Guilherme consiste na submissão de um concorrente a um conjunto de perguntas muito pertinentes: “Já bateu na sua mulher?”, “Aceitaria 250 mil euros para ter relações homossexuais?”, ou “Gostava que o seu pénis fosse maior?”. O concorrente apresenta-se acompanhado da sua família. Um polígrafo encarrega-se de apurar a veracidade das suas respostas. Se mentir, é eliminado. Se disser a verdade, ganha uns bons trocos. O programa de ontem mostrou que o Big Brother era uma brincadeira... (poderão encontrar alguns vídeos aqui).

Depois de terminado a parte do concurso, existe ainda uma quadratura do círculo de ilustres comentadores do social. Dissertam então sobre o comportamento do concorrente. Rita Ferro (moderadora), faz-se então acompanhar de Luisa Castelo Branco, Cláudio Ramos e ainda (last but not least) o nosso grandioso Gonçalo da Câmara Pereira (ver vídeo aqui).

Constatamos assim que, para além de Vice-Presidente do PPM e candidato pára-quedista às eleições regionais açorianas (n.º 1 da lista de S. Miguel), Gonçalo é também um exímio comentador do social no referido programa de referência da SIC. O PPM não pára de nos surpreender com a polivalência dos seus dirigentes… Engane-se quem considera o PPM um partido do passado. É um partido na vanguarda da modernidade, meus caros.

São uns chatos, mas a gente dá-lhes a volta …

Depois de ter sido noticiado que o Bloco e os Verdes agendaram para 10 de Outubro dois projectos de lei prevendo a legalização do casamento homossexual, o DN avança hoje que as referidas iniciativas serão chumbadas pelo PS.

Segundo o referido jornal, direcção da bancada socialista irá propor ao grupo parlamentar que haja disciplina de voto contra os projectos do BE e do PEV. Mota Andrade, vice-presidente da bancada, justifica o eventual chumbo do seguinte modo: “Essa proposta não está no nosso programa." (…) "Já cumprimos todos os nossos compromissos nas chamadas propostas fracturantes. Não vejo que haja espaço para dar um novo espaço à frente.

Acalmem-se todos aqueles que se preparam para chamar ultramontanos ou retrógrados aos socialistas. No fundo, é tudo uma questão de “espaço”… Veremos agora o lugar que o referido tema ocupará na comunicação social. Se for semelhante à cobertura que as declarações de Ferreira Leite mereceram, o PS terá de encontrar argumentos um bocadinho mais convincentes… Ou não. A ver vamos…

Estes gajos de esquerda são uns chatos, pá...

Em entrevista à TSF, João Semedo anunciou que o Bloco e os Verdes vão apresentar, a 10 de Outubro, dois projectos de lei a favor do casamento homossexual. O deputado do BE disse acreditar que o PS votará favoralvelmente os referidos projectos.

Se não aprovar, será uma desilusão”, acrescentou João Semedo. O debate parlamentar sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo foi agendado em conferência de líderes parlamentares, por iniciativa do BE. O Bloco aproveita-se assim, e bem, o destaque que o tema ganhou após as declarações de Ferreira Leite.

Convém relembrar que Alberto Martins criticou então as concepções retrógradas da líder do PSD. No entanto, quando questionado sobre a abertura do PS sobre o referido tema, o líder parlamentar socialista remeteu a discussão para a próxima legislatura. Porquê só na próxima quando agora é que o PS tem maioria absoluta? O “mistério” permanece.

Importa agora que o Bloco e os Verdes apresentem projectos inatacáveis do ponto de vista formal. Se assim for, veremos os malabarismos com que o PS tentará descalçará esta bota...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mercados precisam de Carinho

Um cenário de quase histerismo parece estar a apoderar-se dos mercados internacionais. São panoramas que se repetem regularmente. Só fica surpreso quem não percebe nada de mercado-psiquiatria.

Como é sabido, os mercados financeiros têm vida prórpria e são perfeitamente autónomos. Têm dias melhores, outros nem por isso. Podem estar calmos, mas podem enervar-se (nunca se sabe...). Podem acordar bem dispostos ou mal humorados. Mas temos de ser pacientes com eles. Têm uma personalidade forte, não têm culpa...

Podem ser afectados por uma qualquer perturbação em seu redor, mesmo que do outro lado do mundo. São muito sensíveis, coitados. Aí sim, ás vezes (mas só às vezes), é preciso acalmá-los. Uma injecçãozita e a coisa pode voltar ao normal. Não é certo, mas costuma resultar. Não convém mexer muito com eles, mas devem ser sempre acarinhados. Muito acarinhados.

Blogue de Saramago

Saramago estreia-se na blogosfera (http://blog.josesaramago.org) com um espaço situado no website da sua fundação. Pelo que podemos ver para já, o blogue será de Saramago e de sua mulher, Pilar.

O Público noticia tal facto fazendo referência à existência de apenas um post. Mas já existem mais. Ficámos agora naturalmente curiosos por saber com que regularidade o espaço será actualizado.

Sendo um blogue de um prémio nobel, deduzimos que problemas de inspiração na escrita não existirão certamente. Ou será precisamente o contrário? A ver vamos… Será um espaço a acompanhar, com certeza.

Insólitos Jardim

Prometo sempre a mim mesmo que não voltarei a perder tempo escrevendo sobre Alberto João Jardim. Mas parece algo impossível de se concretizar. Eis aqui uma breve listagem de curtos insólitos ontem ocorridos:

1) O “sempre interessante” Alberto João Jardim deu ontem uma conferência no Palácio da Bolsa, no Porto, para mais de 300 convidados…

2) O presidente Madeirense, que se encontra no poder há 30 anos, apelou à necessidade dos partidos políticos se regenerarem…

3) Afirmou ainda que “a qualidade das pessoas dentro dos partidos tem piorado”. Se tem por referência o PSD Madeira, nem queremos imaginar o que por lá existirá…

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Ao pé de Menezes, Santana é um Estadista

Visivelmente aborrecido com as criticas vindas de Marcelo Rebelo de Sousa, Menezes desafiou-o para um debate na RTP sobre o PSD. A cada dia que passa, o presidente da Câmara de Gaia consegue relembrar ao país o quanto Ferreira Leite até é uma digna presidente do PSD.

Luis Filipe Menezes não se tem cansado de mostrar de que matéria é feito. Menos de uma semana depois de abandonar a liderança e de prometer não falar sobre o PSD até Outubro de 2009, Menezes iniciou uma meritória caminhada rumo ao pior estrelato que o PSD possui.

E tem conseguido. Tem conseguido um lugar de destaque entre as figuras “exóticas” do PSD, lado a lado com Santanas, Valentins, Albertos Joãos e outros que tal. Mas justiça seja feita. Há algum tempo atrás, alguém (perdoem-me por não me lembrar quem) disse que “ao pé de Menezes, Santana é um estadista”. Uma frase sábia, sem dúvida.

Acordo no Zimbabwe: Positivo, Frágil e Imprevisivel

Após meses de violência e de impasse político, foi finalmente conseguido um acordo no Zimbabwe. Mugabe fica com a presidência, Tsvangirai assume a liderança do Governo. Uma solução pouco ortodoxa, não?

Apesar de ter sido a solução possível, e a solução que acalmou os ânimos num país devastado, o acordo celebrado levanta uma série de dúvidas: Estará Tsvangirai convencido que consegue apagar progressivamente Mugabe? Mugabe vê esta solução como uma forma digna de abandonar aos poucos uma liderança que já dura há décadas? Ou estará apenas a dar um passo atrás, sabendo que amanhã estará em melhores condições para dar dois à frente?

É um acordo positivo, mas visivelmente frágil. Poderá ser um marco rumo a uma possível transição para a democracia. Mas os desfechos deste tipo de transições são bastante imprevisíveis. Futurologias quanto ao Zimbabwe? Infelizmente, só no fim do jogo...

Novo Arrastão e a Santa Aliança

O Arrastão está renovado. Com uma imagem bastante mais leve e com novos destaques, conta também com dois novos escribas de peso. Por outro lado, disponibiliza agora uma secção denominada Santa Aliança de grande utilidade.

Para além do Daniel Oliveira, o Arrastão conta agora com o Pedro Sales (do Zero de Conduta) e com o Pedro Vieira (do 5 dias e do Irmão Lúcia). Quem conhece estes dois reforços, sabe à partida que o blogue sairá bastante reforçado.

Mas a grande novidade é a Santa Aliança, uma secção que agrega os últimos posts de 17 blogues “canhotos” desta praça: Arrastão, 5 Dias, Activismo de Sofá, Boina Frígia, Bibliotecário de Babel, Cadeira de Voltaire, Certamente que Sim!, Cibertúlia, Ladrões de Bicicleta, Peão, Que Diz o Pivôt, Sem Muros, Spectrum, Tempo das Cerejas, Tempos que Correm, Vida Breve e Womenage a Trois. Sendo mais ou menos santa e mais ou menos aliança, é um espaço que promete.

A Agenda da Rentrée

À beira de um ano em que se realizarão três eleições, a conflitualidade promete intensificar-se na sessão legistlativa que hoje começa. Como hoje noticia o DN, quatro temas possuirão um destaque garantido ainda neste mês de Setembro.

1) Lei do Divórcio – Já na próxima quarta-feira, dia 17, será reapreciado na AR o regime jurídico do divórcio, após o veto de que foi alvo por parte de Cavaco.

2) Código de Trabalho – Na quinta-feira, dia 18, será apresentada a proposta de revisão do sempre polémico Código de Trabalho.

3) Lei Eleitoral e Voto Presencial – Na sexta-feira, dia 19, será discutida a proposta do PS no sentido de se acabar com o voto por correspondência das comunidades emigrantes

4) Estatuto Político-Administrativo dos Açores – Será debatido na AR no dia 25.

Quatro temas quentes nada fáceis para os socialistas. Como se sairão? Aceitam-se naturalmente palpites, comentários e bitates.

Marinho Pinto e a Polemicodependência

O bastonário da Ordem dos Advogados consegue sempre surpreender tudo e todos com as suas intervenções. Desta vez não foi excepção. Quando todos os partidos, os magistrados e até o próprio PS admitem falhas no actual Código Penal, Marinho Pinto declarou que o código “não é perfeito, mas é bom.

Acrescentou ainda que “ainda é cedo para fazer balanços", sublinhando que os que têm predominado "são políticos”. Tendo em conta que as criticas que tem sido feitas ao código não podem ser dissociadas do mediatizado sentimento de insegurança que tem varrido o país, diria que as palavras de Marinho Pinto parecem bastante lúcidas.

Mas, dada a imprevisibilidade deste bastonário, ficamos com uma dúvida: se houvesse consenso sobre este código, Marinho Pinto concordaria e defenderia o mesmo? Dúvido... Estaria a ser demasiado consensual, deixando escapar o protagonismo polémico que tanto aprecia.

domingo, 14 de setembro de 2008

Portas bem tenta, mas não vai lá...

Desde a queda do Governo em que participou, o CDS tem andado desencontrado. Ribeiro e Castro foi o que foi. O regresso de Portas foi um revivalismo, a repetição de uma receita que resultou anteriormente. Resultou, mas já não resulta.

Portas não deixou de ser um excelente orador, um político do pior que há. O seu estilo sempre a roçar o populismo garante-lhe um protagonismo significativo. Por outro lado, os posicionamentos do CDS sob a sua nova liderança não têm sido maus. Tem agarrado os temas certos, nos momentos certos, com intervenções incisivas.

Mas a coisa já não resulta como nos bens velhos tempos... O país já conhece demasiado bem Portas e o seu estilo. Até o eleitorado que antes embarcava nos seus cantos já não vai nas suas conversas. Portas bem tenta, mas os maus resultados sucedem-se nas sondagens. Está inclusive a conseguir algo impensável há uns tempos atrás: dividir o CDS, originando oposições internas e tudo...
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Ou o panorama político altera-se profundamente, ou este CDS de Portas (caso se mantenha até Outubro de 2009) sofrerá uma das piores derrotas de sempre.

sábado, 13 de setembro de 2008

Pontos de Vista

“Não percebo por que é que o PS arrisca uma séria querela político-institucional com Belém por causa do caprichismo radical dos partidos açoreanos.”
Vital Moreira, 12-09-2008, blogue "Causa Nossa", via
Público

“Não percebo por que é que Cavaco arrisca uma séria querela com o Governo, com todos os partidos e com todo o povo açoriano por causa de um caprichismo pseudo-constitucional que não lembra a ninguém.”
JRV, 13-09-2008, blogue “Activismo de Sofá

“Também não percebo por que é que Vital Moreira, o homem de Coimbra, defensor acérrimo da descentralização, ultra-defensor recente do aeroporto da Ota, nunca perde uma oportunidade para bater nas autonomias regionais. Ciúmes, será?
JRV, 13-09-2008, blogue “Activismo de Sofá”

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Uma Cooperação Excelente, sem dúvida...

Depois de Pedro Silva Pereira ter garantido ontem que a cooperação com Cavaco mantinha-se "excelente", este último dá hoje uma entrevista ao Público bastante elucidativa: “Posso vetar politicamente o Estatuto dos Açores depois de corrigido das inconstitucionalidades”. Mas Cavaco não se fica por aqui na surpreendente entrevista. Ora vejamos outras relíquias:

“O diálogo entre o Presidente e o Governo sobre diplomas do Governo é relativamente fácil, mas não existe diálogo entre o Presidente e os partidos parlamentares sobre as leis em debate na Assembleia. O que pode existir são conversas mais ou menos informais com dirigentes políticos sobre esses diplomas. Essas conversas tive-as com dirigentes políticos da maioria e da oposição…” “E todos (…) manifestaram uma grande compreensão e deram-me a entender que alterariam o diploma. (…) Não foi isso que aconteceu.”

“Tenho dificuldade em perceber por que é que as minhas reservas não foram acolhidas face às conversas que ocorreram. (…) Não quero especular, mas não me admiraria que a proximidade das eleições (regionais nnos Açores) possa ter tido alguma influência.”