quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Do sentimento de Pop Start à elevação de estatuto do SMS


O Facebook veio mesmo revolucionar a forma como passamos o dia do aniversário. A quantidade de mensagens recebidas fazem com que nos sintamos verdadeiras Pop Start.

Mas é também curioso que o fenómeno acima veio elevar o estatuto do SMS. Há alguns anos atrás, recebíamos quilos de SMS. Hoje, tipicamente somos "parabenizados" no FB pela grande maioria dos amigos, colegas e conhecidos, recebendo SMS apenas daqueles colegas e amigos que já nos são relativamente chegados.

Quanto às chamadas telefónicas, nem falar. Estas ficam hoje quase reduzidas à família mais chegada (pais, irmãos, sogros, cunhados).

domingo, 19 de outubro de 2014

Run@Lx


Não tenho dúvidas que correr num parque ou numa marginal tem grande magia. Mas eu não troco por nada os meus circuitos urbanos bem na baixa de Lisboa. Ver a cidade a acordar enquanto se corre e saboreia um bom som é do outro mundo. Eis o roteiro desta manhã. E o importante é não parar de inovar nos circuitos, de corrida para corrida.

Disclaimer: Não levei 1h46m a fazer o circuito. Levei um pouco menos ;)

Não era mal pensado, pois não?


O Expresso noticia que Carlos César será o novo presidente do PS e terá um papel central no novo ciclo de Costa. Boa. César é demasiado novo para remeter-se já ao lugar de senador. De qualquer modo,  uma vez que tem agora um novo e importante cargo, que tal aproveitar e acabar com o ridículo cargo de presidente honorário do PS Açores*? Era capaz de ser uma boa ideia, não?

* Para quem não acompanha a política regional açoriana, após 16 anos no poder, quando passou o testemunho ao seu delfim,  foi criado especialmente para César o cargo de Presidente honorário do PS Açores. No fundo, uma forma pouco discreta de manter o Sr. Presidente em cena no partido e na região.

sábado, 18 de outubro de 2014

Spoooorting!


O futebol consegue mesmo ser um saboroso ópio, atuando diretamente na nossa boa disposição. O fim-de-semana que já prometia ficou ainda mais risonho. Obrigado Sporting por esta atenciosa prendinha.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

20%! 20%! 20%!

Vejo agora na televisão um responsável do PSD a sublinhar orgulhosamente que os funcionários públicos vão ter uma reposição de 20%! 20%! Sublinhou de forma orgulhosa Miguel Pinto Luz, líder da distrital de Lisboa do PSD e vice-presidente da CM de Cascais, num debate na RTP Informação.

Pois... Uma reposição de 20% do que lhes tem sido cortado. Ficam apenas a faltar os restantes 80%. É preciso ter lata.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Orçamento, Soundbytes e Desinformação.


Fazendo a ronda pelas diversas notícias sobre o Orçamento  de Estado, fico com a nítida sensação de estar a consumir  resmas de soundbytes e montanhas de desinformação. Ouvimos que os subsídios da função pública vão ser pagos em duodécimos, que os cigarros eletrónicos vão ser taxados, que a privatização da TAP é para avançar e que a CES acaba em 2017... E as notícias repetem-se de jornal para jornal, dando-nos a certeza que alguém as planta e depois é só esperar que se propaguem.

Fazem falta mais iniciativas como esta, vindas diretamente da sociedade civil e que ajudam qualquer cidadão a descodificar um monstro complexo como o Orçamento de Estado.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

PT: A queda de um Gigante

O caso BES vai a meio e já vemos um novo gigante nacional em profundo risco de colapso. Sem que nos apercebêssemos muito bem como, a Portugal Telecom, uma das empresas nacionais mais emblemáticas passou a estar profundamente em risco. Contagiada pelo caso BES, subitamente os seus accionistas internacionais começaram a encará-la como um peso, como algo passível de ser alienado, cujos activos deviam ser vendidos. Mas como chegamos a uma situação destas? Como é possível que, num quase estalar de dedos, um gigante caia assim sem mais?

Para que tenhamos bem presente, a Portugal Telecom é de longe a maior empresa tecnológica nacional. A sua preponderância no mercado das telecomunicações nunca deixou de se fazer sentir, mesmo depois da privatização, mesmo quando entraram novos grandes operadores no mercado, mesmo com o desmembramento que daria origem à actual NOS. A PT manteve-se sempre como a grande referência nacional nestes domínios. Beneficiando sem dúvida da posição de anterior operador público único, não se pode no entanto dizer que a empresa andou todos estes anos apenas a gozar os seus privilégios. Pelo contrário, nunca deixou de surpreender nos mais diversos domínios, seja com o seu pólo de investigação em Aveiro, lado a lado com a Universidade, seja através de produtos como o Mimo, o Sapo, ou o MEO, amplamente reconhecidos a nível internacional pelo seu carácter inovador.

E como demonstração desde sucesso que se fazia sentir a nível nacional, a PT é também uma carta de apresentação do país nos diversos países de língua portuguesa. Em África, a sua presença faz-se tipicamente sentir através de participações ou cooperações estreitas com os grandes operadores nacionais. Mas foi no Brasil, com a Oi, que se abriu o gigantesco mercado da América Latina, tendo esta operadora rapidamente assumido o estatuto de gigante em todo o continente.

Mas com todo este “glorioso passado e passado”, o que subitamente se passou com o gigante Português das telecomunicações? Os seus produtos deixaram de ter saída? As vendas baixaram? A empresa não conseguiu acompanhar o ritmo da inovação tecnológica em curso? Estas interrogações fariam sentido num mundo em que o futuro deste tipo de grupos económicos dependesse de facto das suas vendas e desempenho no seu sector. Mas nos dias que correm, com a exposição aos mercados bolsistas, com accionistas cada vez mais variados e apenas interessados na valorização a todo o custo das suas acções, as vendas, a capacidade de inovação e o desempenho no sector são apenas um detalhe da sua presença no mercado. Aliás, o facto da PT estar sobretudo a ser colocada em causa pela compra de uma dívida a um seu accionista – O BES – demonstra isso mesmo. Ou seja, são os grandes negócios, as grandes operações nos mercados financeiros que conseguem levar estes gigantes ao tapete com um quase estalar de dedos.

Resta saber se, tendo em conta a dimensão deste tipo de empresas e o seu papel em sectores estratégicos, estas devem de facto ser deixadas assim ao bom sabor dos mercados. A sua progressiva privatização aumenta naturalmente a sua exposição, chegando-se rapidamente ao ponto em que estamos: Portugal na eminência de perder uma das suas maiores jóias da coroa sem que o Estado possa fazer grande coisa a este respeito. Vêm-nos agora à memória os grandes apologistas para que se acabasse rapidamente com a golden share que o Estado tinha na PT.

Hoje, já todos atiram pedras a Zeinal Bava e a Henrique Granadeiro, ainda ontem encarados como a fina flor da gestão Portuguesa. Hoje já são muitos os que apontam as más práticas de gestão da PT e o quando devemos aprender com este fracasso. Da minha parte, prefiro aprender que o Estado não deve abrir levianamente a mão de empresas nacionais que lideram sectores estratégicos. Eis uma das grandes lições que tiro de todo este processo. E, já agora, gostaria que este exemplo da PT fosse tido em conta quando andamos a discutir o futuro dos CTT, da TAP ou de outros gigantes nacionais na mira da privatização.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Cheias em Lisboa e a "Conjugação Única de Factores"


Nas duas últimas duas sessões da Assembleia Municipal de Lisboa, quando o Bloco sublinhou a urgência de soluções para este problema das cheias na cidade, o Vereador com o Pelouro da Protecção Civil, Carlos Castro, acusou-nos de querermos fazer política em torno da calamidade da cidade. 

Quando respondemos que este era um problema recorrente, que acontecia todos os anos em diversas zonas da cidade e que devia ser acautelado, sobretudo tendo em conta o inverno que ainda nem começou, o Executivo camarário explicou-nos que o que ocorreu há três semanas correspondia a uma conjugação única de factores, impossível de prever. Uma conjugação de praia mar, frente fria que ocorreu em determinadas zonas da cidade e uma pluviosidade extraordinária.

A "conjugação única de factores", que ocorre todos os anos, e que ocorreu há três semanas, resolveu hoje dar um novo ar da sua graça. Aguardo com curiosidade o argumentário que será apresentado amanhã na Assembleia Municipal. 

Como é evidente, seria estúpido achar-se que as décadas de má política urbanística e de impermeabilização do solo de Lisboa são responsabilidade do atual Executivo. Tão estúpido como achar que quem quer discutir este problema não está interessado em trabalhar na sua solução.

Crato atinge uma nova Cátedra


"Nuno Crato já é mais impopular do que era Miguel Relvas." in Jornal de Negócios

domingo, 12 de outubro de 2014

Já nas bancas

Destaques desta edição aqui

A Queda


Depois de termos visto o BES cair como um castelo de cartas, o filme que agora nos é apresentado na PT é tão ou mais preocupante. É crítico que a maior carta de apresentação de inovação e tecnologia do país esteja como está. É miserável que uma empresa assumida como um exemplo nas mais diversas vertentes há poucos anos atrás caia desta maneira. É criminoso que milhares e milhares de postos de trabalho estejam neste momento a tremer com a tempestade em curso.

No meio de tudo o que se está a passar, é impossível não nos recordarmos de todo o argumentário até há pouco utilizado sobre a necessidade do Estado retirar-se da PT. Manter a Golden Share, o último  reduto público na empresa, era um disparate. Pois... E agora, meus senhores?

Baze, Sr. Ministro!


Crato ainda não se demitiu. Vou repetir: Nuno Caro ainda não se demitiu. Depois de um começo de ano lectivo catastrófico, em que em cada escola, em cada agrupamento, em cada concelho, continuam a existir turmas sem professores, o Ministro da Educação ainda permanece no cargo. Como se o atual cenário se tratasse de uma aceitável contingência. Como se o caos no início do ano lectivo fosse algo perfeitamente normal.

De fato, os problemas no início do ano lectivo acabam por ser daqueles fenómenos sazonais a que já nos fomos habituando. Da mesma maneira que há sol no verão e chuva no inverno, somos sempre brindados com o mesmo tipo de notícias nesta altura do ano: professores colocados tardiamente, turmas sem professores, ao mesmo tempo que milhares de professores enfrentam mais um ano no desemprego. E tudo se repete de ano para ano, com se de uma inevitabilidade se tratasse. Como se tratasse de um processo novo, repleto de contingências e imponderáveis impossíveis de contornar, impossíveis de prever. A única diferença é que este ano a sua dimensão assumiu proporções indisfarçáveis. E, após repetidas promessas de regularização, o caos manteve-se.

De qualquer modo, gostava de algum dia perceber como é possível que o processo de colocação de professores, algo que se repete todos os anos e que dispõe de um ano para ser preparado, consegue revelar sempre falhas e buracos tão grandes. Como se não se aprendesse com os erros do ano anterior, como se fosse impossível planear devidamente todo o processo, testá-lo, acautelar os seus pontos críticos com vista a prepará-lo para os poucos meses do ano em que não pode mesmo falhar.

Uma vez que, passadas já semanas do início do ano lectivo, o problema mantém-se, são mais do que óbvias as razões para a demissão do Ministro. Responsabilidades políticas devem ser assumidas, nem merecendo comentários a permanente vontade demonstrada pelo mesmo de responsabilizar um qualquer problema técnico pelo sucedido.

E, já agora, que se aprenda de uma vez por todas com os erros ocorridos este ano. Todos dispensamos com certeza este lamentável espectáculo anual.

Artigo publicado na sexta-feira no Açoriano Oriental

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

E agora, António?

António Costa ganhou as primárias do PS sem surpresas. A única novidade consistiu na dimensão da sua vitória, deixando Seguro a mais de 30 pontos percentuais de distância. Uma vitória arrebatadora que permite colocar um fim claro à disputa dos últimos meses. Quando foi anunciado o processo de primárias no PS, muitas vozes vieram a público sublinhar o quão contraproducente tal seria para o partido. O facto deste processo interno obrigar a divisões, a debate intenso e até a algumas tensões, poderia causar no PS um desgaste irrecuperável. E não haja dúvidas que feridas foram abertas e todo o aparato conseguiu gerar alguma mossa, uma vez que a opinião pública vê subitamente em troca de acusações quem ainda ontem andava de braço dado a descer o Chiado.

No entanto, as primárias permitem também que o partido ganhe muito espaço mediático, conquistando a atenção e o interesse da opinião pública. E terminando da forma como terminaram, com uma vitória clara e arrebatadora do candidato “challenger”, as primárias conseguem ser o primeiro passo de um processo em crescendo. No fundo, depois do candidato ganhar o partido, pode debruçar-se agora com força e legitimidade redobrada na conquista do país.

Neste contexto, a cerca de um ano das eleições, o percurso e o perfil de António Costa são uma clara mais-valia para o PS. Beneficando de uma invejável “boa imprensa” e capitalizando a notoriedade que a exposição mediática dos últimos anos lhe tem permitido, Costa fará com certeza mossa na atual maioria governamental. Por outro lado, sendo um político hábil e muito experimentado, o ainda presidente da Câmara de Lisboa não possui o desgaste que o seu antecessor detinha, muito menos que o seu oponente Passos Coelho possui. Chega aliás à arena política nacional com um significativo reconhecimento pela obra feita em Lisboa (independentemente de tal reconhecimento ser justo ou não).

Como se tudo acima não bastasse, Costa beneficia ainda do facto de estar associado à mudança, o que no contexto atual está longe de ser um detalhe. Depois de uma legislatura associada a um dos piores períodos da democracia portuguesa, onde a austeridade reinou e os Portugueses sentiram na pele e no bolso o mau ambiente económico atravessado pelo país, Costa surge como um virar de página. Enquanto recém-eleito líder do maior partido da oposição, representa a esperança de que o amanhã poderá ser melhor, sentimento que gera naturalmente grande empatia eleitoral.

António Costa tem toda uma conjuntura a seu favor para convencer progressivamente os Portugueses até às legislativas do próximo ano. Tem consigo o melhor do PS, não haja dúvidas a este respeito. Mas, como sempre acontece nestes momentos em que o cheiro a poder já se faz sentir, Costa tem também consigo o que o PS tem de pior. Basta pensar que todas as figuras do Socratismo estão com ele, nomeadamente aquelas que tantas dúvidas geraram. E mesmo fora do partido, Costa consegue ser consensual nos mais diversos setores, o que não é necessariamente uma coisa boa. Numa coisa Seguro tinha alguma razão: Costa tende a representar o sistema, uma vez que aquela classe de gente que tem a formidável capacidade de estar sempre ao lado de quem ganha, e que representa interesses diversos, é apoiante deste a primeira hora de António Costa.

Costa vai mobilizar muita gente ao centro e é o pior candidato que a atual maioria governamental poderia desejar. Uma boa notícia, portanto. Da minha parte, estou sobretudo interessado em ver como tentará mobilizar os setores à esquerda do PS. Sobretudo num cenário de fragmentação em que novos atores surgiram, preparando-se para reconfigurar já nas próximas legislativas o espaço da esquerda com representação parlamentar. Os próximos meses serão fundamentais para perceber a referida dinâmica.

Artigo publicado terça-feira no Açoriano Oriental