sexta-feira, 21 de agosto de 2015

RTP Açores – 40 anos de Açorianidade


Quando hoje pensamos os Açores como região, é impossível não identificarmos o papel absolutamente central da RTP Açores. O canal público de televisão regional é a grande janela de tudo o que se faz e passa na região, da actualidade política à cultura, do desporto à sociedade. A história açoriana das últimas décadas passou de facto pela RTP Açores, assumindo-se indiscutivelmente este canal como um dos grandes pilares da autonomia regional.

Do Atlântida ao Teledesporto, do Telejornal à Prova das 9, passando naturalmente pela cobertura dos mais diversos eventos e acontecimentos das ilhas (Festas do Santo Cristo, San Joaninhas, Semana do Mar, Maré de Agosto, Semana dos Baleeiros), a programação da RTP Açores faz parte do referencial de qualquer açoriano. Como é possível esquecer os Xailes Negros, o Barco e o Sonho ou o Mau Tempo no Canal? E porque qualquer obra faz-se de rostos, de esforço e dedicação, importa nestes 40º aniversário fazer a devida vénia a todos os profissionais que fizeram e fazem da RTP um baluarte central da Açorianidade. 

Como é sabido, é um canal que sofreu o embate da televisão por cabo e dos canais temáticos. O embate do tempo, no fundo. Teve as suas crises, os seus desafios. Teve de se adaptar. E na verdade, quem olha hoje para RTP Açores, tem a sensação que o pior já passou. Uma nova geração tomou conta do canal, trazendo-lhe outra vivacidade, com uma grelha de programação renovada, bastante mais adaptada aos tempos que correm.

No entanto, apesar do evidente rejuvenescimento, ficamos sempre com a sensação que o futuro do serviço público de televisão na região é permanentemente incerto. A RTP Açores sofre das flutuações existentes na RTP a nível nacional, com as direcções a sucederem-se, as reformas/reestruturações/relançamentos a serem mais do que muitas.

Por não existirem dúvidas sobre o valor da RTP Açores (não existem, certo?), pelo menos quatro compromissos deviam ser assumidos transversalmente pelos mais diversos quadrantes políticos:


  1. A RTP Açores é um património inalienável da região. É um instrumental fundamental de coesão destas nove ilhas, sendo inquestionável o seu valor na promoção da identidade, da vivência e da cultura do arquipélago;
  2. Como qualquer serviço público, a RTP Açores necessita dos meios necessários à prossecução da sua missão. Precisa de investimento, precisa de recursos físicos e humanos. Não podemos exigir um serviço público de qualidade, lado a lado com o permanente discurso da “racionalização”, da “optimização” e do “mais com menos”.
  3. A RTP Açores não pode abrandar o ritmo de adaptação ao digital e às novas formas de consumo de conteúdos televisivos. Deve continuar a apostar fortemente na disponibilização dos seus conteúdos nas novas plataformas web. 
  4. A RTP Açores necessita de permanentemente sintonizar-se com os Açorianos. Necessita de abrir as suas portas à sociedade civil, aos principais agentes da região (ex. Universidade, associações, empresas). Necessita de dar-lhes palco, de fazer com que sejam eles próprios co-produtores de conteúdos. Não na lógica do co-financimento ou da sustentabilidade, mas assumindo a abertura como uma necessidade permanente.


Os representantes açorianos na Assembleia da República, em natural articulação com as entidades regionais, deverão ser os primeiros defensores do serviço público de televisão e rádio na região. Não o relativizando, não deixando que seja menorizado. Porque estes 40 anos da RTP Açores são os primeiros de muitos.

Sinceros parabéns a todos os tornaram e continuam a tornar possível a RTP Açores!

Artigo publicado terça-feira no Açoriano Oriental

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Maria a Belém?


Já disse anteriormente que acho um delírio esta candidatura de Maria a Belém. Em primeiro lugar, vem dinamitar a possibilidade ampla de consenso à esquerda trazida por António Nóvoa. Mas, mais do que isso, tem todos os contornos de uma candidatura que surge, não porque houve uma vaga de fundo em torno de uma personalidade, mas sim porque era preciso encontrar alguém (fosse quem fosse) para acalmar algumas alas mais centristas do PS. Na ausência de Guterres ou Vitorinos, de Gamas ou Amados, eis que surge Maria de Belém. 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

As eleições não se ganham. Perdem-se III


"Câmara de Lisboa contratou mais de 800 mil euros de marketing com Vítor Tito", um dos publicitários que já veio negar a autoria dos cartazes que deram polémica. Um valor bastante elevado, mesmo tendo em conta que se trata de um acumulado de contratações desde 2007.

O Público revela que o referido publicitário já participou diversas vezes, embora em nome individual e a título informal, em campanhas socialistas. Nomeadamente na última candidatura de Costa à liderança do PS. Ou seja, temos aqui uma promiscuidade nada simpática entre apoio político informal e contratos celebrados com uma entidade pública - a Câmara Municipal de Lisboa.

Veremos se este assunto terá seguimento. Duvido, mas a ver vamos.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

sábado, 8 de agosto de 2015

As eleições não se ganham. Perdem-se II


Bullshit is Everywhere


Jon Stewart esmiuça o Bullshit e explica porque é um "bocadinho" importante para a democracia mantermos os nossos natizes bem atentos.

Daily Show with Jon Stewart - Último Episódio


Para quem ainda não viu, recomenda-se vivamente, claro. Ver aqui.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

As eleições não se ganham. Perdem-se


É oficial: a direção de campanha do PS é de um amadorismo inacreditável. Depois do cartaz estilo "evangélico", temos agora uma nova campanha que parece não fazer bem as contas, com histórias fabricadas e, pior de tudo, que utiliza fotos de trabalhadores de uma Junta de Freguesia por si governada sem autorização.

As eleições não se ganham, meus caros diretores de campanha do PS. As eleições perdem-se.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O Manuel


Avançar para um terceiro filho, sobretudo nos dias que correm, requer uma valente dose de loucura. Numa altura em que o presente e o futuro no país não são sorridentes, num tempo em que cada filho consome mais e mais dos pais, ir ao terceiro significa atacar um patamar elevado. Mas para isso, lado a lado com a dose de loucura tem de existir um dose de confiança enorme no casal. Uma certeza grande de que é capaz, de que está pronto.

Foi mais o menos com este enquadramento que recebemos o Manuel há um ano atrás. Um bebé pequeno no meio de dois irmãos que então pareciam autênticos gigantes. Foi o voltar a experienciar o que ainda não tinha caído no esquecimento. O berço regressou, as fraldas voltaram, a cadeira das refeições recuperou o seu lugar na sala cá de casa e a incontornável cadeira para o carro garantiu o seu espaço junto das outras duas.

O mais interessante de toda esta história já sabem com certeza. O Manuel começou por ser o elemento novo da família (4+1) e, em pouco tempo, tornou-se uma parte fundamental da mesma. Passámos a ser 5 e nem por sombras nos imaginaríamos hoje de outra maneira. 

Como terceiro filho, o Manuel garantiu rapidamente a sua capacidade de suportar as investidas dos manos. Os manos que não resistem a apertá-lo, puxá-lo, enchê-lo de beijos, transportá-lo de um lado para o outro, acordá-lo no meio das sestas, entre muitas outras desventuras. Por alguma razão lhe chamámos "o forte". 

Mas é também forte pelo sorriso permanente e contagiante que traz sempre consigo. Uma delícia. Forte porque, apesar de ser genericamente "bem comportado", também já demonstra ser mestre e senhor da sua vontade. Sabe o que quer e já começa a aprender como alcançá-lo. Forte porque não beneficiando de exclusividade dos pais, parece viver muito bem com isso. 

Forte sobretudo porque, sendo como é, vivendo no meio de dois lindos irnãos e de dois país que lhe querem oferecer o mundo, terá todas as condições para ser o Manuel. No fundo, é simplesmente isso que espero que seja: "o Manuel". Nem mais nem menos do que isso. Poderá contar comigo para ajudá-lo a cumprir este desafio de uma vida.

Parabéns, filho!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

As 6 grandes SATICEs…


1 - Flic Flac à retaguarda
Durante muitos anos, quando questionávamos sobre os preços elevados das passagens aéreas nos e para os Açores, habituamo-nos a ouvir que não havia alternativa. Assim acontecia porque os custos de operação eram efectivamente elevados. E a liberalização de rotas aéreas nos Açores era uma ideia que colocaria em causa a coesão regional, uma vez que apenas as rotas lucrativas seriam interessantes para os operadores privados. Subitamente, no espaço de dois ou três anos, tudo mudou. Uma espécie de flic flac à retaguarda permitiu que o Governo abrisse os olhos e constatasse outros caminhos possíveis. Passou a ser urgente abrir as rotas e todos os que recomendaram cautela a este respeito são mentes fechadas pouco preocupadas com o progresso da região.

2 - De Bestial a Besta
A SATA sempre foi assumida pelas autoridades regionais como um verdadeiro serviço público. Uma companhia de bandeira, prestadora de um serviço de qualidade que em nada ficaria atrás das grandes companhias de aviação. Os preços das passagens eram altos, mas a qualidade e a segurança não tinham preço. As opções estratégicas tomadas eram arriscadas, mas era necessário ambição para levar os Açores mais longe. No entanto, e de repente, tudo parece ter mudado. Os prejuízos da empresa começaram a vir a público, começou a ser clara a sua falta de competitividade e até os seus trabalhadores foram subitamente promovidos a privilegiados, tal era a quantidade de regalias que lhes assistia. A SATA passou de bestial a besta num estalar de dedos.

3 - Uma espécie de fábula da Olívia patroa e da Olívia costureira
Sendo o Governo Regional o único accionista da SATA, é particularmente interessante acompanhar o seu posicionamento ao longo do processo. Ora vemos o Governo “accionista” a defender a SATA e as suas opções estratégicas dos últimos anos, ora vemos o Governo “imparcial” a garantir que não se intromete nas opções da empresa, ora vemos o Governo “defensor dos açorianos” a dizer-se muito preocupado com as opções da empresa. Portanto, uma conveniente (e algo doentia) mudança de camisola ao sabor dos acontecimentos.

4 - O Governo da República é uma vergonha! Às terças e quintas…
O Governo Regional pode e deve ter uma posição sobre a abertura das rotas aéreas açorianas. Mas a competência última deste processo pertence ao Governo da República. Assim sendo, foi naturalmente necessário um bom entendimento entre os dois governos para que se chegar à solução agora em curso. Mas a julgar pela informação que chegou a público, o referido entendimento deve ter um mero pormenor que “interessa pouco”.

5 - Para quê envolver os verdadeiros especialistas?
Os trabalhadores de uma empresa são os primeiros interessados no seu futuro, mas também os maiores especialistas sobre a mesma. Conhecem-na por dentro, sabem os seus pontos fortes e são exímios em identificar os seus pontos fracos. No entanto, em todo este processo de abertura do espaço aéreo, parece que a sua opinião servia de pouco, uma vez que nunca ou quase nunca foram ouvidos. Pelo contrário, foram sabendo do futuro da empresa pela comunicação social. 

6 - Está-se a destruir a empresa? Que SATICE…
Uma vez que o espaço aéreo foi aberto sem que a SATA fosse minimamente preparada para o efeito, é hoje consensual o risco que tal representa para a actividade da empresa. Tem subitamente de concorrer de igual para igual com low costs, cujo modelo de negócio é evidentemente diferente. E tem de fazê-lo no seguimento de acordos feitos com as referidas empresas que limitam a margem de actuação da transportadora aérea açoriana. Está-se a destruir uma empresa bandeira dos Açores? Que SATICE… Está-se a colocar-se em causa o trabalho de centenas de açorianos? Que SATICE…

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Os Grandes Especialistas da Modernização Administrativa


Portugal é um verdadeiro gigante nas áreas da Modernização Administrativa. Fruto de um consenso alargado e do esforço conjunto de múltiplos atores, a experiência Portuguesa é hoje reconhecida nos quatro cantos do mundo. Projetos como o Cartão de Cidadão, as Lojas do Cidadão, as Certidões Online do Ministério da Justiça, o agendamento de consultas médicas, ou mesmo Portal das Finanças, continuam a garantir um lugar liderante de Portugal nos mais diversos rankings internacionais. E tem sido a permanente vontade de inovar do setor público português que melhor tem garantido o desempenho nacional nas áreas da Modernização Administrativa.

Como é evidente, podem ser destacados diversos agentes responsáveis pela inovação permanente dos últimos anos no setor público: atores políticos, altos dirigentes da Administração Pública, empresas, instituições do Ensino Superior. Mas para que uma política nestas áreas possa ser de facto sustentável, existem dois tipos de especialistas cujo envolvimento deve assumir-se como incontornável:

1. Funcionários da Administração Pública
Para além de estarem naturalmente interessados no futuro da Administração, os funcionários são os melhores conhecedores das suas mais-valias, mas são também exímios a identificar problemas e oportunidades de melhoria. São verdadeiros especialistas porque lidam diariamente com os processos, conhecendo as suas falhas e tendo normalmente opinião bastante clara sobre como os melhorar. Convocar os funcionários públicos a participar nas políticas de modernização administrativa assume-se como prioritário.

2. Cidadãos
Os cidadãos são cada vez exigentes, tolerando pouco a burocracia, a falta de eficiência e a ausência de simplicidade na interacção com a Administração Pública. Neste contexto, se queremos de facto melhorar o setor público, tornando-o mais centrado nos cidadãos, importa garantir a sua participação e colaboração nos mais diversos processos. Importa disseminar mecanismos que garantam a recolha de feedback de quem usa os serviços, de quem os experiencia por dentro e sente na pele as consequência do seu bom ou mau funcionamento. Tornar os cidadãos responsáveis pela melhoria da Administração Pública é hoje um domínio central de qualquer política de reforma do Estado

Garante-se o envolvimento dos funcionários e dos cidadãos nos processos de modernização administrativa colocando ao seu dispor instrumentos que incentivem a sua participação. Das consultas públicas aos orçamentos participativos, passando por concursos de ideias ou mecanismos de recolha de elogios e sugestões, são diversas as alternativas disponíveis. O desenvolvimento de uma Administração Aberta, permeável à participação dos seus funcionários e dos cidadãos, é hoje um ato de gestão profundamente racional: trata-se pura e simplesmente de trazer a bordo os maiores especialistas em Administração Pública

Artigo hoje publicado no tempodeavancar.net