Todos desejamos que 2012 seja melhor do que 2011. Este ano que passou foi de má memória, nem valendo a pena enumerar aqui os “presentes” que país recebeu nestes últimos doze meses. Mas também não será por acaso que, mesmo para os mais optimistas, as grandes promessas/esperanças de retoma transferiram-se directamente para 2013. Ou seja, tudo indica que 2012 será um ano para esquecer. Aliás, será com certeza ainda pior do que o ano que agora termina. Como é consensual nos mais diversos sectores, 2012 será o ano em que a recessão na economia portuguesa mais se fará sentir, não parando o actual Executivo de encontrar fórmulas criativas para descrever o que aí vem.
Numa atabalhoada declaração, Álvaro Santos Pereira acabou por dar um dos tiros de partida ao dizer que 2012 seria o ano do “começo do fim da crise”. Uma formulação interessante, cujas subsequentes explicações quase levaram a um desmentido. Mas são as formulações do próprio primeiro-ministro que mais dúvidas conseguem levantar. Na sua comunicação de Natal ao país, Passos falou em democratizar a economia, através de uma série de reformas estruturais. Sublinhou que 2012 será o ano de transformação do país. O problema é que a transformação a que se refere é a mesma que há algum tempo atrás confessou que implicaria que o país empobrecesse…
Como há muito vem sendo dito e repetido, a transformação preconizada pelo primeiro-ministro acarreta riscos bastante sérios. Utilizando a famosa expressão popular, o país corre inclusive o risco de morrer da (suposta) cura. Ao nível do sector público, a sede de poupança e de combate ao desperdício tem sido tanta que tem levado a que a Administração Pública se encontre paralisada em diversos sectores. O anúncio de fusão de inúmeros organismos e os grandes atrasos das novas leis orgânicas que se seguiram colocam a nu a difícil governabilidade da estrutura governativa criada. Chegou-se aliás a um panorama em que a razão da poupança se deve ao facto de inúmeros sectores estarem parados. No fundo, uma lógica semelhante a “se ficarmos na cama todo o dia, poupamos energias”. Sendo o aparelho público uma peça dificilmente contornável na economia portuguesa, a sua paragem brusca acarreta naturalmente consequências negativas para uma série de esferas de actividade.
Mas as razões da recessão em curso não se ficam naturalmente por aqui. Uma série de medidas de controlo do défice, desde o aumento de diversos impostos ao corte de prestações ou mesmo regalias sociais, têm contribuído decisivamente para o abrandamento económico do país. Se a isto somarmos a natural falta de confiança dos diversos actores económicos internos e externos, a contracção do investimento e a consequente subida em flexa do desemprego, percebemos bem as consequências negativas da receita económica aplicada. Com menos dinheiro a circular e com menos confiança para investir ou simplesmente consumir, não há economia que resista.
Podemos naturalmente considerar que se trata do sacrifício necessário para regenerar a nossa economia e sairmos assim da crise. Eis uma boa narrativa. Mas terão sido os problemas da economia nacional que nos trouxeram até aqui? Estará alguém convencido que nos conseguiremos levantar independentemente da crise internacional em curso? Como se houvesse uma luz ao fundo do túnel e dependesse apenas de nós alcançá-la. Não quero com este texto deixar uma mensagem pessimista à beira de um ano novo. Mas se calhar, no contexto actual, os melhores votos que podemos fazer a alguém nesta quadra será algo como: “boa sorte para si, para os seus e para todos nós em 2012 e feliz 2013.”
Numa atabalhoada declaração, Álvaro Santos Pereira acabou por dar um dos tiros de partida ao dizer que 2012 seria o ano do “começo do fim da crise”. Uma formulação interessante, cujas subsequentes explicações quase levaram a um desmentido. Mas são as formulações do próprio primeiro-ministro que mais dúvidas conseguem levantar. Na sua comunicação de Natal ao país, Passos falou em democratizar a economia, através de uma série de reformas estruturais. Sublinhou que 2012 será o ano de transformação do país. O problema é que a transformação a que se refere é a mesma que há algum tempo atrás confessou que implicaria que o país empobrecesse…
Como há muito vem sendo dito e repetido, a transformação preconizada pelo primeiro-ministro acarreta riscos bastante sérios. Utilizando a famosa expressão popular, o país corre inclusive o risco de morrer da (suposta) cura. Ao nível do sector público, a sede de poupança e de combate ao desperdício tem sido tanta que tem levado a que a Administração Pública se encontre paralisada em diversos sectores. O anúncio de fusão de inúmeros organismos e os grandes atrasos das novas leis orgânicas que se seguiram colocam a nu a difícil governabilidade da estrutura governativa criada. Chegou-se aliás a um panorama em que a razão da poupança se deve ao facto de inúmeros sectores estarem parados. No fundo, uma lógica semelhante a “se ficarmos na cama todo o dia, poupamos energias”. Sendo o aparelho público uma peça dificilmente contornável na economia portuguesa, a sua paragem brusca acarreta naturalmente consequências negativas para uma série de esferas de actividade.
Mas as razões da recessão em curso não se ficam naturalmente por aqui. Uma série de medidas de controlo do défice, desde o aumento de diversos impostos ao corte de prestações ou mesmo regalias sociais, têm contribuído decisivamente para o abrandamento económico do país. Se a isto somarmos a natural falta de confiança dos diversos actores económicos internos e externos, a contracção do investimento e a consequente subida em flexa do desemprego, percebemos bem as consequências negativas da receita económica aplicada. Com menos dinheiro a circular e com menos confiança para investir ou simplesmente consumir, não há economia que resista.
Podemos naturalmente considerar que se trata do sacrifício necessário para regenerar a nossa economia e sairmos assim da crise. Eis uma boa narrativa. Mas terão sido os problemas da economia nacional que nos trouxeram até aqui? Estará alguém convencido que nos conseguiremos levantar independentemente da crise internacional em curso? Como se houvesse uma luz ao fundo do túnel e dependesse apenas de nós alcançá-la. Não quero com este texto deixar uma mensagem pessimista à beira de um ano novo. Mas se calhar, no contexto actual, os melhores votos que podemos fazer a alguém nesta quadra será algo como: “boa sorte para si, para os seus e para todos nós em 2012 e feliz 2013.”
Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
1 comentário:
http://www.youtube.com/watch?v=zc2EHAX9ewM&feature=player_embedded
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