Chega a ser saloia a demonização de que os gregos têm sido alvo em Portugal. Por todo o lado se ouve que Portugal não é a Grécia. E tal afirmação acaba por surgir até dos sectores mais inesperados. Parecemos fazer questão de sublinhar que não somos malandros e maus trabalhadores como os gregos. Ficamos portanto agradecidos que não nos confundam com a rebaldaria que nos dizem lá se passar. Parecemos também querer deixar bem claro que não somos uns desordeiros mal comportados que cercam o parlamento e fazem greves a torto e a direito. Nada disso.
Pelo contrário, parecemos apenas preocupados em demonstrar que reconhecemos ter-nos portado mal, mas que tudo faremos agora para receber uma medalha de bom comportamento. Nada de desordens, grandes protestos ou confusões, porque este é um tempo onde se exige responsabilidade. Parecemos ter interiorizado tão bem a ideia de que andamos a viver acima das nossas possibilidades, que agora assumimos sem sequer questionar que o sacrifício e a penitência são o nosso caminho para a salvação.
As sondagens estão aliás a reflectir bem esta postura maioritária na opinião pública. Depois de 100 dias de ininterruptos anúncios de austeridade, o grau de apoio ao presente Executivo continua de boa saúde. Ou seja, após subidas de impostos a todos os níveis, cortes nas prestações sociais, cortes nos salários, o país parece achar que é este sacrifício presente que nos assegurará um futuro risonho. E mesmo verificando que, na sequência de tais medidas, a economia encontra-se em travagem brusca, os juros da dívida pública continuam em níveis incomportáveis e que os que graves efeitos sociais do actual quadro são já visíveis à vista desarmada, consideramos que é este o caminho que nos curará.
Não é fácil perceber esta lógica dos brandos costumes da opinião pública. Sobretudo quando parecem ter sido há muito ultrapassados todos os limites à dignidade e quando se tornou claríssimo que os sacrifícios não são para todos. Aliás, casos de polícia como o BPN ou a ocultação da dívida por Jardim são rapidamente secundarizados, como se de problemas isolados se tratassem.
Se até agora a compreensão e a lógica do sacrifício têm vencido, começa a ser tempo de esclarecer rapidamente que os portugueses não são um povo manso. Que a sua brandura tem limites. A manifestação nacional de amanhã tem tudo para ser um passo importante neste sentido.
Pelo contrário, parecemos apenas preocupados em demonstrar que reconhecemos ter-nos portado mal, mas que tudo faremos agora para receber uma medalha de bom comportamento. Nada de desordens, grandes protestos ou confusões, porque este é um tempo onde se exige responsabilidade. Parecemos ter interiorizado tão bem a ideia de que andamos a viver acima das nossas possibilidades, que agora assumimos sem sequer questionar que o sacrifício e a penitência são o nosso caminho para a salvação.
As sondagens estão aliás a reflectir bem esta postura maioritária na opinião pública. Depois de 100 dias de ininterruptos anúncios de austeridade, o grau de apoio ao presente Executivo continua de boa saúde. Ou seja, após subidas de impostos a todos os níveis, cortes nas prestações sociais, cortes nos salários, o país parece achar que é este sacrifício presente que nos assegurará um futuro risonho. E mesmo verificando que, na sequência de tais medidas, a economia encontra-se em travagem brusca, os juros da dívida pública continuam em níveis incomportáveis e que os que graves efeitos sociais do actual quadro são já visíveis à vista desarmada, consideramos que é este o caminho que nos curará.
Não é fácil perceber esta lógica dos brandos costumes da opinião pública. Sobretudo quando parecem ter sido há muito ultrapassados todos os limites à dignidade e quando se tornou claríssimo que os sacrifícios não são para todos. Aliás, casos de polícia como o BPN ou a ocultação da dívida por Jardim são rapidamente secundarizados, como se de problemas isolados se tratassem.
Se até agora a compreensão e a lógica do sacrifício têm vencido, começa a ser tempo de esclarecer rapidamente que os portugueses não são um povo manso. Que a sua brandura tem limites. A manifestação nacional de amanhã tem tudo para ser um passo importante neste sentido.