quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Tiago Brandão Rodrigues e a experiência que (não) tem
"Nós ouvimos o CNE mas quem governa somos nós"; "Em nenhum momento disse que os parceiros conheciam na íntegra o novo modelo, mas forma informados das premissas". Eis algumas das pérolas do novo Ministro da Educação hoje de manhã na Comissão Parlamentar de Educação.
Acho naturalmente que a política precisa de caras novas, de gente qualificada, que pense fora da caixa, que tenha outras experiências, blá blá blá. Mas colocar à frente de uma pasta difícil, complexa e altamente especializada como a Educação, alguém com 38 anos, sem experiência política, investigador em oncologia e que passou 15 dos últimos 16 anos no estrangeiro, foi uma opção um bocadinho arriscada, não?
Levando ao extremo, da mesma maneira que acharia estranho que uma grande empresa recrutasse para seu CEO alguém sem currículo na área, que acharia estranho que uma universidade escolhesse um reitor sem experiência académica ou que os eleitores de um município elegessem alguém que não conhece o seu concelho, devo achar normal que uma função tão importante como a de ministro não exija algum tipo experiência?
Não coloco em causa o mérito, as boas intenções e o sentido de serviço público de Tiago Brandão Rodrigues. Pelo contrário, das poucas impressões que tenho, parece-me alguém particularmente válido e genuinamente empenhado. Mas tal não lhe dá, feliz ou infelizmente, a experiência necessária para o exercício de uma função tão complexa como a de Ministro da Educação.
Levando ao extremo, da mesma maneira que acharia estranho que uma grande empresa recrutasse para seu CEO alguém sem currículo na área, que acharia estranho que uma universidade escolhesse um reitor sem experiência académica ou que os eleitores de um município elegessem alguém que não conhece o seu concelho, devo achar normal que uma função tão importante como a de ministro não exija algum tipo experiência?
Não coloco em causa o mérito, as boas intenções e o sentido de serviço público de Tiago Brandão Rodrigues. Pelo contrário, das poucas impressões que tenho, parece-me alguém particularmente válido e genuinamente empenhado. Mas tal não lhe dá, feliz ou infelizmente, a experiência necessária para o exercício de uma função tão complexa como a de Ministro da Educação.
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Não digam a ninguém, mas o João Miguel Tavares tem um "bocadinho" de razão
"Invocar razões ideológicas para a direita preferir avaliar crianças no 4º, 6º e 9º ano e a esquerda do 2º, 5º e 8º é absoltutamente patético". JMT no Público de 12/01/2016..
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
"Ser Livre", segundo o MEC
"Para se ser livre é preciso pensar-se que se pode ser um bardamerda (e mais, sendo provável que se seja) mas que isso não impede a nossa vontade (que é deliciosa muito antes de ser um direito) de se dizer o que se pensa.", in Público, 11/01/2015
Bowie é grande. E até os covers das suas músicas o são
The Wallflowers - Heroes
Nirvana - The Man who Sold the World
Le Monde Diplomatique - Edição de Janeiro já nas bancas
"Em Janeiro analisamos a situação da banca em Portugal a partir do caso Banif e da decisão do novo governo de «Não gostar, mas aplicar», num artigo de João Rodrigues e Nuno Teles. Com «Políticas económicas possíveis face aos constrangimentos externos», Ricardo Cabral deixa várias pistas para a acção governativa neste ano que agora começa. Sofia Lai Amândio dá-nos a conhecer a complexidade, no mundo do trabalho, das «resistências à gestão» e Ana Morais foi em reportagem às repúblicas de Coimbra para nos mostrar um modo particular de vida em comunidade. Nuno Ferreira investigou a situação dos «Refugiados e requerentes de asilo em Portugal», fazendo um balanço e analisando o caso das pessoas LGBTI.
No internacional tratamos também a questão dos refugiados na Europa, com «Invectivas contra Schengen», bem como a desregulação financeira em curso na União e as dificuldades de aprovação de formas de harmonização social, como acontece com a licença de maternidade. Na volta ao mundo propomos um regresso à situação na Tunísia, onde se 5 anos depois do início das «Primavera árabe» se verifica uma «Aliança conservadora à sombra da ameaça jihadista» e espreitamos as primárias dos democratas nos Estados Unidos, com «Um socialista ao assalto da Casa Branca». Por fim, dedicamos um extenso dossiê à nova situação da América Latina, com todas as dificuldades e desafios que se colocam às forças de esquerda. Boas leituras e bom ano de 2016!" in Newsletter Le Monde Diplomatique, 11/01/2016
Margarida Paredes e as Mulheres na Luta Armada em Angola
Vale mesmo a pena ler a peça sobre Margarida Paredes, a Portuguesa que se juntou ao MPLA e se tornou guerrilheira. Hoje é antropóloga na Universidade Federal da Baía, tendo lançado recentemente "Combater duas vezes: Mulheres na Luta Armada de Angola".
domingo, 10 de janeiro de 2016
Reduzir o tempo de trabalho. Uma utopia?
Boa entrevista de Carvalho da Silva no Público, Não sendo um tema novo, a redução do tempo de trabalho tem de deixar de ser encarada como um delírio ou uma utopia, mas sim como uma solução estratégica que pode e deve ser ponderada nos tempos que correm.
(Imagem: Público)
3 Razões porque António Costa alheou-se destas Presidenciais
1 - Há muito que estas presidenciais estão perdidas para o Marcelo. Para quê envolver-se em algo que já está perdido à partida? O melhor é manter o devido distanciamento e tentar que as presidenciais não afectem o mini-estado de graça em que se encontra.
2 - Sampaio da Nóvoa ou Maria de Belém? Independentemente do apoio oficioso ao ex-reitor, as duas candidaturas na área política do PS foram o pretexto perfeito para que o partido não apoiasse formalmente qualquer candidato
3 - Costa não se dá mal com Marcelo. Pelo contrário. Aliás, poderia ser-lhe bastante mais complicado ter alguém em Belém que lhe fizesse sombra e o fiscalizasse pela esquerda.
(Imagem: Sábado)
sábado, 9 de janeiro de 2016
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
Anos Dourados
E este som dos Beastie Boys, hein? Que pérola. Tenho a terrível tendência de ouvir música dos anos 90 e teletransportar-me para os anos dourados da minha adolescência/juventude. Teletransporto-me para a simplicidade ou romantismo com que via o mundo. E o impressionante é que sinto sempre que os sons de então continuam a ser very cool...
Estarei a ficar velho? Pois... Que se lixe. Tudo isto para dizer que vou intensificar a partilha desta minha velhice por estas bandas.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
Sobre a Revolução da Informação
"É aí que reside a utopia do grande caudal de informação, imaginar que a qualidade do espaço público melhora pelo acesso indiscriminado à informação. Há acesso à informação, mas há redução dos pólos de tratamento da informação. A sociedade não se identifica com esses pólos, e essa é outra consequência do mundo das redes sociais, porque a grande massa dos cidadãos tende a igualizar tudo o que vê, tudo o que lê, a não hierarquizar."
Embora excessivamente céptica, a meu ver, sobre alguns dos efeitos da informação em diversas esferas sociais, a entrevista aponta uma série de dimensões importantes que nos ajudam a refletir sobre a revolução em curso.
(Imagem: Público)
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
A Receita
No meio da pasmaceira que tem sido a campanha presidencial, Marisa conseguiu ontem o primeiro grande golpe em Marcelo. Apresentou-se bem preparada, com o trabalho de casa feito, com o soundbyte preparado. E hoje a imprensa é unânime a este respeito (e.g. Expresso, Público, Observador).
Esta receita resultou bem, como se sabe, com Catarina Martins. Se Marisa conseguir mais uma ou duas destas, o seu resultado promete.
Yes, he can
Atacar o problema das armas nos EUA é, de facto, uma das melhores bandeiras que Obama poderia agarrar neste seu final de mandato. Merece que lhe tiremos o chapéu por isso.
Poder-se-á dizer que lhe era conveniente agarrar neste tema agora para galvanizar o seu eleitorado e ficar para a história. É certo. Poder-se-á também adivinhar que conseguirá apenas ligeiras alterações. É o mais provável. Mas tal não lhe tira o mérito. Change we can believe.in.
Melo ou Cristas?
A sucessão de Portas no CDS está naturalmente a agitar águas. Nuno Melo e Assunção Cristas parecem ser os dois mais fortes na corrida. Melo é o mais bem posicionado internamente. Domina melhor a máquina do partido e tem o perfil combativo útil ao CDS nos próximos tempos. Promete anunciar a sua decisão para a semana.
Cristas foi a ministra que, estranhamente ou não, conseguiu passar entre os pingos da chuva no último Governo. É hábil e eventualmente terá melhor capacidade de virar a página no CDS, conseguindo apoios em sectores diferentes e entrará mais no espaço do PSD. De qualquer modo, como a própria assumiu desde logo, só avança se Melo não o fizer. Prefere, portanto, ficar na forma mais algum tempo.
Assim sendo, como diz hoje o Jornal de Negócios, para já "Todos os caminhos vão dar a Nuno Melo".
Assim sendo, como diz hoje o Jornal de Negócios, para já "Todos os caminhos vão dar a Nuno Melo".
Amigo Disto Tudo
Se a expressão “Dono Disto Tudo” popularizou-se bem em torno da figura de Ricardo Salgado, “Amigo disto Tudo” assenta na perfeição a Marcelo Rebelo de Sousa. Começa por fazer sentido tendo em conta a sua grande amizade com o até há pouco líder incontestado do Grupo Espírito Santo. Mas significa bem mais do que isso. É que, se olharmos com o mínimo de atenção para Marcelo Rebelo de Sousa, percebemos que representa bem o tipo de personagem muitíssimo influente do nosso sistema político que sempre se conseguiu dar bem com deus e com o diabo. Nunca se percebe claramente o que defende, sobre o que estaria disposto a bater-se ou, muito menos, quais sãos as suas linhas vermelhas em termos políticos.
O comentador mais popular do país conseguiu nos últimos anos um estatuto invejável. Com anos e anos de monólogo, aliado a uma capacidade de comunicação impar, “o Professor” foi entrando nas casas de grande parte dos Portugueses. E foi sedimentando ano após ano esta imagem de simpatia e confiança, nomeadamente junto de segmentos do eleitorado menos sofisticados. Marcelo foi sempre resistindo à tentação de assumir fortemente uma bandeira, de apoiar vivamente um candidato ou uma linha política. Pelo contrário, encarnou de corpo e alma a imagem de comentador que, semanalmente, vai avaliando os casos da política nacional. Uma avaliação feita sempre tão ao centro, baseada sempre tanto no senso comum e na tendência mainstream do comentário político, que o fez chegar a sectores vastos do eleitorado.
Escusado será, no entanto, recordar que a carreira política de Marcelo Rebelo de Sousa é vasta e rica até. Apesar da sua actividade antes do 25 de Abril ainda hoje levantar algumas dúvidas, Marcelo integrou desde logo a Assembleia Constituinte, foi membro do Governo de Balsemão, foi candidato à Câmara de Lisboa e foi ainda presidente do PSD nos primeiros anos dos Governos de Guterres. Desde então, nunca se afastou do que se passava politicamente no país, precisamente porque desde o ano 2000 que possui um espaço de comentário político televisivo. Marcelo respira política. Conhece e movimenta-se no panorama politico nacional como poucos.
Assim sendo, não me preocupa tanto a tentativa de Marcelo mitigar a sua costela política. Sabe que a vasta maioria do eleitorado não tem grande empatia com grandes animais políticos, mas sim com quem critica, de forma simples e acessível, o “actual estado das coisas”. Preocupa-me sim o aparente paradoxo de, por detrás deste suposto distanciamento da política, Marcelo representar na perfeição, embora de forma camuflada, o tipo de ator que é o principal responsável pelo país chegar ao precisamente ao “actual estado das coisas”.
Marcelo que apoiou o Governo de Durão Barroso numa primeira fase, para depois começar a criticá-lo na fase moribunda. Marcelo que até simpatizou numa primeira fase com Sócrates, para depois criticá-lo quando o seu estado de graça desapareceu. Marcelo que defendeu no início a austeridade de Passos Coelho, para depois começar a criticá-la quando a mesma começou a ser altamente impopular. O mesmo Marcelo que agora já demonstrou empatia com António Costa, mas que mudará naturalmente de campo assim que estado de graça terminar. Em suma, Marcelo é o tipo de personagem política flutuante que estará sempre com os vencedores, nunca com os derrotados. Marcelo gosta que as coisas mudem, para que tudo fique na mesma.
Depois destes últimos 10 anos de Cavaco Silva, a vitória de Marcelo assumirá sempre contornos de “lufada de ar fresco”. Sobretudo pelo seu estilo, pela sua capacidade de comunicação. De qualquer modo, apenas pedia que os votantes de Marcelo o façam tendo presente o Professor será sempre o grande garante de que tudo ficará na mesma. Não se podem esperar mudanças sérias vindas de quem é o grande Amigo Disto Tudo.
Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental
(Imagem: Top FM)
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
A Inteligência Artificial vista por um Filósofo
Não estamos muito habituados a que um filosofo se debruce sobre tecnologias de ponta e o seu impacto, nomeadamente sobre inteligência artificial. A entrevista de Luciano Floridi é interessante por isso mesmo.
O video acima consegue também dar uma breve visão sobre Luciano Floridi e a sua Filosofia da Informação.
(Imagem: Philosophy of Information)
Desconstruindo a Excepcionalidade de Cabo Verde
Mais uma grande peça no Público da série especial Racismo em Português. Depois de Angola e Guiné-Bissau, temos agora uma boa visão sobre os efeitos que ainda hoje se fazem sentir do colonialismo e racismo em Cabo Verde. A excepcionalidade Cabo Verdiana, no contexto dos restantes países africanos de língua portuguesa, acaba também por ter um grande reverso da medalha.
Ainda hoje os cabo verdianos não são vistos como verdadeiros africanos por serem demasiado europeizados. No contexto europeu, apesar de se assumir a sua diferença, a excepcionalidade fica por aí. O artigo relata bem alguns dilemas de fundo do povo cabo verdiano, ao mesmo tempo que desconstrói o romantismo que ainda persiste em torno do luso-tropicalismo.
Vale a pena ler e ver o video.
(Imagem: Sapo)
Mania das Limpezas
Leio estupefacto que o «Ministro Vieira da Silva dissolveu o Conselho Diretivo e mudou os delegados regionais do IEFP, para "garantir combate à precariedade"». Não conheço a Direção do IEFP, muito menos os delegados regionais. Tenho uma opinião negativa uma vez que prosseguiram uma política de emprego com a qual discordo. De qualquer modo, assumir que se podem decapitar organismos da Administração Pública simplesmente porque se quer ter uma nova orientação política, parece-me um péssimo princípio.
Os cargos de topo da Administração Pública são significativamente politizados, é um facto. E mesmo com as medidas mais recentes de incremento da transparência nos processos de recrutamento (CRESAP), tal não diminuiu significativamente. Mas ver um novo Governo limpar assim, sem mais, sem sequer se dar ao trabalho de demonstrar qualquer esforço de avaliação de competência, assume particular gravidade.
Nunca gostei da "mania das limpezas". E lamento que, eventualmente por inexperiência governativa e por fervor político, Bloco e PCP alinhem neste tipo de manias.
(Imagem: Jornal de Negócios)
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
O Apoiante n.º 1 dos Vencedores
Existem aquelas figuras públicas que estão sempre do lado dos vencedores. Apoiam sempre o lado que vai ou está a ganhar. José Miguel Júdice faz parte desta claque. Se tivermos apenas em conta os últimos 10 anos, conseguiu apoiar Cavaco, Sócrates, Passos Coelho e Marcelo Rebelo de Sousa. E nas autárquicas de Lisboa, esteve também bem do lado de António Costa.
Não é por isso de admirar que, em declarações aos Expresso desta semana, Júdice assuma que Marcelo em Belém e Costa a governar tenha "tudo para correr bem". Júdice está sempre do lado dos vencedores. Ele e o seu escritório de advogados, claro.
(Imagem: Advocatus)
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