domingo, 15 de março de 2009

Cassetes há muitas

Os trabalhadores são instrumentalizados pelos malvados sindicatos que, por sua vez, são instrumentalizados pelos malvados partidos de esquerda que, por sua vez são instrumentalizados pela irresponsabilidade, populismo e malvadez dos seus líderes. Eis o comboio das instrumentalizações no seu melhor. Bonito, não?

Não se esperava que Sócrates recorresse a outro tipo de argumento. Este tem sido o seu discurso desde sempre. E, como é evidente, esta não é uma exclusividade sua. Todos os governos portugueses em democracia recorreram ao discurso da manipulação quando o descontentamente se manifestou na rua.

O problema é que é um discurso que cansa. O argumento é sempre o mesmo. Não há grande inovação. Nem sequer há um esforço para convencer quem quer que seja. O comboio das instrumentalizações representa genuinamente o tipo de discurso da cassete. E ainda há quem atribua aos comunistas os direitos de autor sobre o discurso da cassete. Era o que faltava... Cassetes há muitas e para todos os gostos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sindicatos e partidos de esquerda são peritos neste tipo de instrumentalização, há que reconhecê-lo. Não achas JRV?

Anónimo disse...

JRV, explique porque é que o trauliteiro Carvalho da Silva, integrou esta Manif de empregados das Câmaras Municipais, saindo da Sede Do PCP e integrando-se nela quando esta por lá passou ?

Ou será mentira que o CGTP é, como sempre foi, uma espécie de braço armado do PCP,e agora do BE ?

Os propósitos da CGTP são e sempre foram politico-partidários, que não sindicalistas, e usam um rebanho muito especial, que é o dos Funcionários Públicos.

O Primeiro-Ministro disse alguma mentira ?

João Ricardo Vasconcelos disse...

Anónimo e Chico da Tasca: Como digo no post, acho que o discurso da instrumentalização é um tipico discurso de cassete. Vale o que vale. É tão válido como o discurso da cassete atribuido esteriotipadamente a alguns militantes comunistas.

Não digo que não existam promiscuidades entre sindicatos e partidos de esquerda como o PCP ou o Bloco. Concerteza que existem. Concerteza que não existem virgindades nestes domínios.

Mas reduzir tudo o que estas organizações fazem a meras instrumentalizações parece-me pouco sério, claramente redutor e a roçar o argumentário populista.

Quanto à proximidade de Carvalho da Silva ao PCP, a imprensa até já noticiou que se encontra em linha de confronto com a direcção comunista. Considerar que a CGTP é um braço-armado do PCP é tão linear como considerar a UGT um braço-armado do PS. Não sejamos tão facciosos e tão redutores.

Os sindicatos defendem afincadamente os trabalhadores. Os partidos de esquerda também. Lá por terem posições idênticas, discursos parecidos e escolherem timings de acção semelhantes, isso não implica que exista manipulação ou instrumentalização. Se as políticas defendidas são semelhantes, porque não haveriam de o ser o discurso e os modelos de actuação e de combate político?