sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Grande Álibi




Implementar políticas ditas difíceis implica não só avançar com medidas
consideradas impopulares, mas fazê-lo a contragosto. Ou seja, fazê-lo contra a doutrina político-económica que se preconiza. Neste sentido, é tristemente engraçado verificar o argumentário de coragem e simultâneo lamento com que o Governo aplica a atual receita de austeridade. Como se o que estivesse a ser aplicado fosse totalmente contra as linhas programáticas do PSD.

Com a direção mais liberal de que há memória, que nunca se inibiu aliás de mostrar as suas convicções, o receituário liberal previsto no memorando da troika é uma valiosa fonte de legitimação de todo um programa político. Aliás, para um governo que nunca prometeu menos do que profundas reformas liberais, é uma autêntica dádiva.

“No programa eleitoral que apresentámos no ano passado e no nosso programa do Governo não há uma dessintonia muito grande com aquilo que é o memorando de entendimento”, afirmou Passos Coelho na passada quarta-feira, sublinhando que o acordo com a troika não consiste numa “obrigação pesada”. “Não fazemos a concretização daquele programa obrigados, como quem carrega uma cruz às costas”, salientou (in Público). Comentários para quê?

Considerar que um liberal aplica a contragosto um programa como o da troika equivale a pensar que alguém de esquerda subiria a contragosto o salário mínimo ou uma qualquer prestação social.

Artigo hoje publicado no Esquerda.net

2 comentários:

Diogo disse...

Quem mais ordena no planeta são os grandes banqueiros internacionais. São eles que fazem eleger governos. São eles que criam as crises. São eles que, através dos seus governos, nos abrigam a todos a pagar as crises que criaram. Nada mais que um roubo de proporções bíblicas.

Sandra-colchones disse...

Agora não vai ser obrigada a reduzir sua propriedade para os preços reais do mercado incentivando a venda e ter que dar hipotecas, mas os preços reais ainda estão abusando do mercado.