terça-feira, 19 de agosto de 2014

O que faz falta é animar a malta!


Este ano é que é, este ano é que vai ser, pá! ;)

Sintomas de Partido (quase) Único


Quando parecia que a região já tinha ido a banhos, o Presidente da Câmara Municipal da Povoação, faz uma dura crítica ao Governo Regional dos Açores pelos atrasos na execução da Carta Regional das Obras Públicas. Carlos Ávila, histórico do PS no arquipélago, manifestou igualmente em tom inflamado grandes dificuldades em conseguir dialogar com o Governo da Região. Este tipo de episódio não constitui em si mesmo nada de muito extraordinário. Um presidente de uma Câmara mostrar-se desagradado com uma estrutura governamental de âmbito regional ou nacional do mesmo partido é relativamente normal. Diria até que é salutar mostrar externamente que, apesar de Câmara e Governo serem da mesma cor política, existem ideias diferentes, existe diversidade de pensamento. O que tornou este episódio deliciosamente insólito foi o que se seguiu.

A Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores (AMRAA), liderada também por um autarca socialista, resolveu demarcar-se prontamente das declarações do autarca da Povoação, considerando que as mesmas tiveram “um teor ofensivo”, sublinhando que “não podem ser toleradas atitudes deste género por parte de nenhum dos autarcas da região”, uma vez que “a linha de cooperação mantida com o Governo Regional tem garantido importantes conquistas para o Poder Local dos Açores” (!?!). Ou seja, em vez de apoiar ou remeter-se ao silêncio caso discordasse (alternativas típicas neste tipo de situações), a Associação que representa os municípios dos Açores decidiu sair rapidamente em defesa do Governo Regional, assumindo as dores do mesmo e criticando ferozmente o presidente de um dos seus municípios. Foi um gesto bonito…

O episódio acabou por ter seguimento, com a Câmara da Lagoa, também socialista, a solidarizar-se com a Câmara da Povoação e a condenar o “gravíssimo” precedente da AMRAA por “colocar em causa uma relação de lealdade institucional  a que está obrigada para com os seus associados”. Por ser turno, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, Ricardo Rodrigues, decidiu também assumir a defesa do Governo Regional, ao considerar que a Associação de Municípios não tem dever de solidariedade com o Presidente da Câmara da Povoação. O ex-Secretário Regional e ex-Deputado à Assembleia da República lembra que os dois níveis de poder - Administração Regional e Local - são “autónomos” e, da mesma maneira que “não aceitaria que o Governo Regional criticasse o poder municipal”, também não aceita o inverso (?!?). Ricardo Rodrigues, o grande campeão do diálogo e da concertação. 

A insólita troca de galhardetes acabou por ter um rápido final feliz, com o anúncio na semana passada da adjudicação pelo Governo de uma empreitada na Ribeira Quente prevista na Carta Regional das Obras Públicas. 

Podem naturalmente ser retiradas várias conclusões do episódio acima. Sublinharia sobretudo o facto de se passar entre responsáveis de um mesmo partido que neste momento domina não apenas o Governo Regional, mas também a vasta maioria dos municípios. O referido cenário hegemónico acaba por proporcionar este tipo de insólitos. Não só uma suposta oposição acaba por surgir no seio do próprio PS, como as lealdades partidárias acabam por gerar disfuncionalidades institucionais entre órgãos de poder. Neste caso, tivemos Câmaras opondo-se a Câmaras do mesmo partido, dividindo-se entre ortodoxos e heterodoxos do Governo Regional.

O facto do partido estar em todo o lado acaba por fazer com que os seus atores políticos se confundam nos papeis que devem desempenhar. Uma vez que competição eleitoral deixou de os preocupar pelas conhecidas debilidades da oposição, o seu quadro de referência passa a ser as lutas internas do próprio partido. Sintomas de partido hegemónico. Sintomas de partido (quase) único.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

Os Campeões da Indignação


Torna-se tristemente interessante assistir à troca de galhardetes entre PS e PSD neste caso do BES. Cada qual fala mais alto e mostra-se mais indignado. Uma espécie de “segura-me ou eu vou-me a eles!”. Se um diz que os contribuintes não deverão ser lesados, o outro diz que nunca os contribuintes poderiam pagar pela vigarice e pelos crimes deste bando de criminosos. Se um diz que é preciso apurar responsabilidades, o outro logo sobe a parada dizendo que é preciso punir severa e exemplarmente estes grandes bandidos. Se um diz que não era difícil prever que isto ia acontecer, o outro logo responde que era mais do que evidente que esta catástrofe estava prestes a suceder. Acompanhar as declarações do PS e do PSD sobre o caso BES, ou acompanhar as cabeças pensantes do costume da nossa praça, equivale a assistir a um verdadeiro campeonato da indignação.

E a discussão torna-se sobretudo interessante quando a troca de galhardetes recorda o caso BPN e procura daí tirar ilações. Por um lado, temos o PS, o grande obreiro da nacionalização do famigerado banco, a exigir que o Governo garanta que o problema do BES não se refletirá no bolso dos contribuintes. Ou seja, o mesmo partido que nacionalizou os prejuízos do BPN e que continua a defender, embora por vezes de forma envergonhada, que tal foi a melhor solução, exige agora a façanha que garante não ter sido possível na altura que governava o país. É brilhante.

Do outro lado, temos o Governo e a maioria PSD/CDS a defender de forma pouco segura a atual solução. Juram a pés juntos que nunca será algo tão desastrado e desastroso como a atuação Governo PS no caso BPN. Ao mesmo tempo, garantem que as responsabilidades serão apuradas. Curiosamente (ou não), recordamo-nos pouco de ter assistido na altura a uma oposição assim tão veemente do PSD ao processo de nacionalização do BPN. Pelo contrário. E quanto ao apuramento de responsabilidades, recordamo-nos todos da forma “esforçada e empenhada” como o PSD tentou que tudo fosse clarificado no caso BPN.

Todos sabemos que PS e PSD agirão sempre como Dupond e Dupond nestes momentos, procurando que sobressaiam diferenças que não existem ou divergências de fundo que nunca ninguém conheceu. Se calhar não temos de esperar algo diferente de partidos que têm ocupado rotativamente o poder nos últimos quarenta anos. Se calhar temos mesmo de deixar cair qualquer expetativa de seriedade quanto a estes super-heróis da rotatividade. Mas espanta-me o facto de continuar a não ver gente suficiente a afastar-se e a denunciar esta novela que nos é oferecida. Como se estivéssemos condenados à parvalheira total.

Artigo publicado na sexta-feira no Esquerda.net

domingo, 10 de agosto de 2014

E de repente... Tudo faz sentido


Este não pretende ser um post sentimental. Lírico ou romântico (que ideia...). Pelo contrário, consegue ser de um realismo profundo. Está repleto de experiência empírica, cientificamente demonstrável. Eis o que descobri há literalmente meia dúzia de anos atrás: poucas coisas conseguem encher a vida de sentido num estalar de dedos. Ter um filho é provavelmente a mais poderosa delas todas.

O correr dos dias fazem com que a vida seja uma sequela de diversidades. Uns dias mais solarengos, outros mais nublados, outros chuvosos até. Enfim, é a vida, como todos a conhecemos. Cheia de altos e baixos, dispensando grande dissertações a este respeito.

Mas eis que, de repente, no meu caso, surgiram os filhos. E eles trazem consigo o poder mágico de conseguir relativizar tudo à volta. Para o bem e para o mal, tudo parece acessório. Tudo parece secundário face ao seu bem estar, à sua felicidade, ao seu futuro. Conseguem trazer consigo o sentido da vida. São uma espécie de concentrado vitamínico que nos abre os olhos e nos enche de força.

Há seis anos e meio, o Henrique trouxe consigo este elixir de clarividência e determinação. Há quase quatro anos, a Luísa conseguiu com uma perna às costas o mesmo feito. E agora, eis que surge o Manuel. Mostra-me novamente que tudo faz sentido, que tudo vale a pena, que a vida serve para ser vivida, sem contemplações, sem hesitações, tirando todo o proveito dela. Obrigado aos três por me mostrarem este segredo mais mal guardado do mundo todos os dias. 

Bem-vindo ao mundo, Manuel. Não sei se o mundo estará à tua altura, mas tu estarás com certeza à altura dele.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Coisas realmente importantes


E agora quem me indemniza pelo facto de ter um Banco Mau estampado na minha camisola do Sporting, hein?

Debater a Banca: Combater um Espírito Pouco Santo


A actual crise no Banco Espírito Santo é a maior de sempre no sistema bancário português. Com um resultado negativo recorde de quase 3 600 milhões de euros no primeiro semestre de 2014, o BES é mais um exemplo desastroso de uma crise financeira que se arrasta há quase seis anos. Em Portugal, nenhum banco saiu incólume. Só graças aos empréstimos de curto prazo do Banco de Portugal e aos fundos para a recapitalização da banca é que os bancos portugueses têm sobrevivido. Os apoios públicos não têm tido, no entanto, qualquer contrapartida por parte da banca, nem na gestão dos seus balanços, assumindo de vez as perdas totais de forma a permitir uma saudável retoma da sua actividade, nem nas suas prioridades de concessão de crédito, nomeadamente na urgente recuperação do investimento produtivo e criador de emprego.

Com uma banca que hoje só serve de lastro à economia portuguesa e um modelo de sistema financeiro que está na origem da actual crise económica, é urgente debater no espaço público o que realmente mais importa – as políticas públicas e a redefinição do sistema financeiro de modo a torná-lo compatível com o interesse público e o desenvolvimento económico e social do país. Sabemos da necessidade de um sector bancário saudável para uma economia saudável, mas não estamos dispostos a pagar a mera socialização das perdas privadas. A falência do actual modelo deve ser pois uma oportunidade para colocar a banca ao serviço do emprego e do progresso social.

Este é um debate urgente que interessa a todos. Participa e divulga!

BEStialidades e Estupidificação Pública


Em pleno Agosto, quando o país já entrou a banhos e já estávamos todos prontos para mergulhar na estupidificante silly season, eis que os enredos na novela Espírito Santo teimam em densificar-se. Soubemos este fim-de-semana que o Estado vai apoiar o banco em 4,9 mil milhões, através da linha de capitalização dos bancos da troika. Ficámos também a saber que panorama bancário nacional terá um Novo Banco, no fundo um “banco bom”, para deixar descansados todos os depositantes do antigo BES. 

Como já vem sendo apanágio neste tipo de novelas, as novidades multiplicam-se todos os dias. Entre comunicados do Banco de Portugal, declarações dos diversos partidos, notícias a todo a hora e análises dos comentadores da praça, o cidadão comum assiste a este processo com uma contemplação estupidificante. Por um lado tem a certeza que não consegue apreender toda a sua complexidade. Por outro lado, também sabe que o que é verdade hoje, deixará de o ser amanhã. Na espuma dos dias, está sobretudo preocupado em saber se mais este colapso bancário nacional terá consequências no seu bolso. Uns dizem que sim, outros dizem que não. O melhor é segurar firmemente a carteira, porque os carteiristas andam por aí.

Mas torna-se também interessante acompanhar as fases que suportam a total estupidificação pública em torno deste colapso do BES. Aliás, quem por estes dias lê o que vai saindo na imprensa e a sua interpretação pelos comentadores mainstream da praça, fica bastante elucidado sobre as referidas fases. Tivemos primeiro a “Fase Surpresa”. Ou seja, quase todos os comentadores da praça mostraram-se surpreendidos com o que se estava a passar. Sem perceber em detalhe o fenómeno, os Marcelos Rebelos de Sousa, os Marques Mendes, os Ricardos Costas e os Josés Gomes Ferreiras da nossa imprensa apressam-se a reproduzir estranhas verdades, como por exemplo a que “o BES não tem nada a ver com o GES. O primeiro está de boa saúde, o segundo é que está com problemas”. Os resultados estão à vista. No caso BPN, tivemos esta fase em torno do quase consenso em nacionalizar o Banco, sob pena de toda a economia portuguesa colapsar.

Temos depois a “Fase da Indignação”. Ou seja, a fase em que dissiparam-se algumas dúvidas, a fase em que o que ontem era verdade passou hoje a ser uma mentira e em que estamos por isso muito indignados. Encontramo-nos precisamente nesta fase no caso BES. Quem leu os jornais este fim de semana, percebeu que da esquerda à direita, todos os comentadores da praça condenam veementemente o vilão Ricardo Salgado. Todo o mal assenta na sua pessoa e na sua capacidade de enganar o país. Como se um processo desta dimensão pudesse ser imputado apenas a um indivíduo e não existissem centenas de coniventes com tudo o que se passou. Mas uma vez que as responsabilidades são difíceis de apurar, é bastante mais conveniente centrar o mal numa pessoa e no seu círculo mais próximo.

Não tardará e chegaremos à “Fase do Era Evidente”. Ou seja, os mesmos comentadores que há umas semanas se mostraram surpresos e que agora se mostram indignados, não tardarão a dizer em pouco tempo que tudo isto “era evidente”. Era evidente que o existiam negócios duvidosos e obscuros no BES, era evidente que Ricardo Salgado era um bandido, era evidente que tudo isto ia colapsar. 

E assim vamos, de escândalo em escândalo, de miséria em miséria, vivendo felizes e contentes com os desmandos que todos os dias sucedem no país. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém. A culpa é do sistema. Hoje assistimos a esta novela BEStial que passa em horário nobre. Amanhã outra surgirá. A estupidificação pública prossegue e continuam a ser muito poucos os que estão verdadeiramente dispostos a acabar com a mesma.

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Partidos e Financiamentos

Quando ontem li que os orçamentos de cada candidatura à liderança do PS rondariam os 160 mil euros, fiquei um pouco desconcertado. Mais de 300 mil euros em donativos levanta sempre algumas dúvidas sobre a real "generosidade" de tão grande vaga de mecenato.

Hoje leio que será o próprio partido a atribuir 150 mil euros a cada candidatura. E fico novamente desconcertado. Um partido que consegue desembolsar sem grande cerimónia 300 mil euros, não está nada mau...

Partidos e financiamentos, eis um tema que gera sempre desconfortos, desconfianças e sentimentos de falta de transparência.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Não pretendes ter (mais) filhos? Vamos ter de te taxar


Para além de querer ficar bem na fotografia, um amigo alertou-me para uma conveniência adicional desta suposta e súbita política de apoio à natalidade. Num contexto de constante subidas de impostos, este torna-se um excelente alibi para onerar quem, pelas mais diversas razões, não pretende fazer crescer a família. Um excelente alibi, portanto.

Portugueses, multiplicai-vos!

O Governo anunciou esta semana um pacote generoso de medidas de apoio à natalidade. Assumindo a necessidade de apoio às famílias portuguesas nestes domínios como uma das suas prioridades, foi apresentado um leque diversificado de medidas. Desde incentivos no IRS, até vantagens e alargamento das licenças parentais, passando por incentivos às empresas que contratem mulheres grávidas e reduções no pagamento de água e luz. Uma mão cheia de medidas procurando tirar Portugal da cauda da Europa no que à taxa de natalidade diz respeito. Uma espécie de apelo à multiplicação dos Portugueses.

Como é evidente, se calhar hoje mais do que nunca, não basta querer ter um filho e avançar com tal vontade. Pelo contrário, com a diminuição das redes de suporte familiar, com a rede pública de ensino ou de saúde a cumprir cada vez menos o seu papel, entre diversos outros fatores, ter um filho assume-se como um ato de coragem cada vez maior. Precisamente porque a componente financeira assume uma centralidade crescente nesta decisão. Neste sentido, as políticas de incentivo à natalidade que consigam amortecer o impacto financeiro são naturalmente importantes. 

Não haja portanto grandes dúvidas que, se excluirmos dimensões pessoais que não cumpre aqui profundar, a componente de estabilidade financeira é o primeiro dos fatores de decisão para se avançar com o projeto de ter um filho. Por assim o ser, não deixa de ser curioso e paradigmático que o Governo que mais conseguiu degradar a situação financeira dos Portugueses assuma agora como bandeira o impulso à natalidade. No fundo, o Governo que teve o “viver acima das possibilidades” e o “apertar o cinto” como um dos seus principais slogans. O Governo durante o qual a taxa de desemprego bateu recordes e que não se cansou promover medidas de precarização do mercado de trabalho, tudo em nome da flexibilização que necessitávamos para captar investimento externo. O Governo que avançou com cortes salariais nunca vistos e que elevou os impostos como não havia memória, diminuindo drasticamente o rendimento disponível dos Portugueses. O Governo que mais eliminou direitos e regalias dos trabalhadores, porque era importante por termo ao regabofe.

O Governo que mais desinvestiu na educação, na saúde e na segurança social públicas, em nome de objetivos de racionalização duvidosos. O Governo que chegou a aplaudir a imigração de uma nova geração qualificada, considerando que era importante a juventude sair da sua “zona de conforto”. E muitas outras bandeiras poderiam aqui ser recordadas. Algumas mais simbólicas, outras mais estruturais, mas cujos impactos os Portugueses conhecem bem no país e sobretudo no seu bolso. Toda uma conjuntura criada que, entre as suas diversas consequências, conseguiu aprofundar a quebra na natalidade, precisamente porque degradou de forma quase criminosa a situação financeira das famílias Portuguesas.

Perante este cenário bastante mais estrutural em que o país está mergulhado, o conjunto de medidas anunciadas surgem como meros salpicos de água perante um incêndio de grandes dimensões. Como se alguém decidisse ter um filho fazendo contas aos benefícios fiscais ou aos passes familiares para os transportes que agora consegue ter acesso. Como se qualquer uma destas tipo de medidas conseguisse mitigar de forma minimamente estruturante a triste realidade económica a que chegámos. 

Dito de forma simples, o Governo que mais buracos criou na estrada da natalidade, prontifica-se agora a oferecer amortecedores e capacetes a quem queira percorrer a referida estrada. É bonito, sem dúvida. 

Artigo publicado no Esquerda.net e no Açoriano Oriental 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Do melhorzinho que para aí anda

O "Nas Nuvens" do Nuno Artur Silva, no Canal Q . Não o consigo ver religiosamente. Mas quando o apanho, fico sempre preso.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Não deu tempo

Eu ia fazer um post sobre a detenção do Ricardo Salgado... Mas ele já foi libertado . Foi bom...

sábado, 19 de julho de 2014

Priceless

Depois de jogar à bola na rua com o filho, e depois de ir ao estádio com ele, entrámos numa nova fase: fazermos campeonatos de FIFA juntos. Priceless...

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Abrir Buracos e vender Amortecedores

Acho lindo e paradigmático que o Governo que mais buracos abriu na estrada da natalidade (desemprego, precarização, cortes nos salários, impostos, etc) esteja agora tão empenhado em vender "amortecedores" (benefícios fiscais, licenças alargadas, etc). Comentários para quê?

Food for the Soul



Gosto destes novos sons em estilo old school. Não têm nada de novo. Apenas aquele delicioso rock puro as usual.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Mini-Carta de um Pai ao Dr. Passos Coelho


Exmo. Dr. Passos Coelho,

Leio nos jornais que quer remover obstáculos à natalidade. Reduções no IMI, nas tarifas da água e passes familiares são algumas das promessas em cima da mesa. Muito giro, muito interessante...

Enquanto pai à beira do terceiro filho, tenho umas ideias para lhe dar bastante mais simples, que originarão o tal impulso à natalidade que procura:

  1. Páre de criar Desemprego
  2. Páre de cortar nos Salários
  3. Páre de aumentar os Impostos
E podia continuar o leque de "Páres". Mas não. Fico-me por aqui. Simples, não?

Disponível para qualquer esclarecimento adicional.
O pai de uma família quase numerosa

Contagious, de Jonah Berger

Ora aqui está uma leitura que agora terminei e que recomendo vivamente. De forma simples e extremamente acessível, Berger apresenta alguns princípios determinantes para o marketing (de produtos, serviços ou ideias) nos dias que correm. Princípios básicos que poderão fazer toda a diferença na comunicação.

Uma obra assumidamente de livraria de aeroporto, com todos os requisitos que lhe são típicos (best seller do NY Times) e que cumpre na perfeição os objectivos de quem o compra: conseguir em poucas páginas algumas fórmulas mágicas que ajudam a compreender importantes dimensões da atualidade.

Para os curiosos, a Talk at Google pode ser encontrada aqui.

Evidências

Algumas evidências sobre a desvinculação do Fórum Manifesto do Bloco de Esquerda:
1 - Não existem bons ou maus neste processos, culpados ou vítimas, honestos e desonestos. Os dois lados da barricada são constituídos numa vastissima maioria por gente séria (as excepções existem em todo o lado e estranho seria se não existissem);
2 - Este processo termina assim por existirem desencontros políticos que foram considerados determinantes, nem mais nem menos do que isso. Ninguém foi empurrado a sair, ninguém foi preso para ficar.
3 - Se o Bloco foi a sede para mais um tão grande desencontro (episódio que se tem sucedido nos últimos tempos), tem naturalmente razões para se questionar porque não tem conseguido manter-se como um espaço de encontros.
4 - Mais do que assumir um processo de saídas como algo normal ou como uma tragédia, importa ao Bloco  demonstrar qual a sua estratégia para o futuro. Demonstrar como pretende dar a volta.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A Crise como Oportunidade?


E, de repente, tudo se desmoronou. Seria demasiado cruel desejar esta derrota estrondosa do Brasil. Mas sendo um facto consumado, ao menos sirva para que o país reflita sobre os disparates cometidos à conta da Copa. 

Estas bofetadas, estes terramotos, não sendo desejáveis, podem contribuir para a mudança. Se assim for, eis a "crise como uma oportunidade".
(Imagem: Expresso)

Os Desafios do Bloco – Parte 3


No primeiro artigo publicado, sublinhei causas estruturais e conjunturais que levaram aos maus resultados eleitorais dos últimos anos. No segundo artigo, destaquei o impacto destes resultados na estrutura interna do partido. No presente artigo, centro-me nas grandes decisões que o Bloco tem de tomar e na forma como deverá responder aos desafios em curso.

O objetivo de construir uma esquerda grande há muito entrou no discurso do Bloco. Neste sentido, a grande decisão de fundo a tomar será sobre a dimensão que a referida esquerda grande poderá assumir. Poder-se-á trabalhar para construir uma esquerda grande ortodoxa, cuja dimensão eleitoral valerá curiosamente entre os 3% e os 5%. Para o efeito, seguir-se-á uma abordagem mais radical, com um discurso endurecido ideologicamente e com um posicionamento no quadro político menos propenso a pontes e entendimentos com outros partidos e movimentos sociais. Tal opção é legítima e possivelmente mais segura até. 

A alternativa ao cenário acima passa por um Bloco disposto a arriscar na construção de uma esquerda grande que eleitoralmente poderá chegar aos 10%, 15% ou até 20%. Tal implicará um posicionamento político bastante diferente do acima exposto. No fundo, uma postura menos rígida ideologicamente, menos institucional até, claramente centrada na possibilidade de crescimento e na necessidade de construção de pontes e entendimentos com setores diversos da esquerda política em Portugal. 

Reconhecendo a legitimidade de qualquer uma das abordagens, escusado será sublinhar que sou bastante mais favorável à segunda alternativa acima exposta. E assim acontece, antes de mais, por estar convencido que é esta segunda abordagem que maior capacidade terá de alcançar a vasta fatia do eleitorado que já votou no Bloco ou que se sente naturalmente muito próxima do Bloco. Um eleitorado que é tendencialmente urbano, tendencialmente qualificado e tendencialmente jovem, representando assim um segmento particularmente exigente. Por razões diversas, este eleitorado tem-se sentido menos atraído pelo Bloco, sendo por isso necessária uma forte estratégia para trazê-lo de volta.

E é aí que a política de abertura, de alianças e de entendimentos assume uma particular importância. Uma esquerda de 15% ou 20% não se constrói sem uma grande predisposição para o estabelecimento de pontes e de convergências com qualquer força política deste espaço político. Com partidos e com movimentos sociais, mais ou menos alinhados com os posicionamentos do Bloco, importa abrir possibilidades de articulação e de esforço político conjunto. É isso que eleitorado acima referido espera, não se convencendo com as pequenas quezílias ideológicas que tendem a manter a esquerda totalmente dividida. O mínimo fechamento pouco justificado perante esta possibilidade de entendimento será entendido como isolacionismo e sectarismo. 

Importa igualmente assumir a possibilidade de exercício do poder como algo tangível. Algo para o qual se luta em cada eleição. E a não ser que um partido como o Bloco passe a ser maioritário no espaço político à esquerda, tal acesso a funções governativas só poderá ser feito com uma política de alianças. O Bloco não quer ser o CDS da esquerda, que troca os seus princípios por lugares no Governo. Mas o Bloco tem também de reconhecer que a política feita apenas na oposição é uma política incompleta, desequilibrada, paradoxal até.

O país precisa de um Bloco com nova força. Um partido que, mostrando ter aprendido com alguns erros cometidos, volte a assumir-se como a nova esquerda, moderna e exigente, que conseguiu mobilizar tanta gente. Uma esquerda criativa, inteligente, surpreendente, pouco crente em verdades feitas e sempre descomplexada na busca de novas soluções e abordagens. Eis o “pequeno” desafio que o Bloco tem pela frente nos próximos tempos. Quem disse que gostamos de desafios fáceis?

Artigo hoje publicado no Açoriano Oriental