O balanceamento das vantagens e desvantagens da concretização da OPA da Sonae sobre a Portugal Telecom revela-se complicado. Por um lado, caso o anunciado "negócio da década em Portugal" se tivesse concretizado, podiamos esperar uma alteração significativa no mercado das telecomunicações. O desmembramento de algumas empresas do Grupo PT poderia favorecer a dinâmica do mercado, contrariando o quase monopolismo que o gigante das comunicações possui em algumas áreas.
No cenário inverso, poderiamos considerar positiva a manutenção de uma grande empresa com participação estatal, entendo-a como um importante braço público no mercado das telecomunicações. No fundo, apoiariamos a manutenção do status da PT com base nas teorias do Estado Providência, considerando fundamental a presença do Estado nos principais sectores da economia.
No entanto, tendo como referência este segundo cenário, que parece vir a manter-se, dificilmente podemos considerar que a Portugal Telecom está a desempenhar bem o seu papel no mercado. No fundo, tem-se limitado a actuar com vista a manter ao máximo a sua posição privilegiada no mercado, fruto do seu passado de empresa estatal que só recentemente começou a operar num sector aberto à concorrência. A este respeito vejamos as dificuldades constantemente manifestadas pelos novos operadores em entrarem no mercado das comunicações fixas, fruto das dificuldades impostas pela PT na disponibilização da infraestrutura.
Neste contexto, o minimo que podemos esperar é que este prolongado cenário de OPA eminente tenha contribuido para alterar a postura que a PT tem tido no mercado. No fundo, e dito de forma simples, esperemos que este susto pregado á PT se traduza em alterações no mercado das telecomunicações que representem mais valias efectivas para os consumidores portugueses.
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