"O Terreiro do Paço, onde não cabem 180 mil pessoas, não chegou a encher". Esta notícia do Público de hoje procura assim deitar por terra alguns números avançados pela organização das manifestações de ontem. E o mesmo raciocínio foi ontem seguido pelas televisões ao longo do dia. Só é pena que quem assuma este raciocínio perceba tanto de manifestações como eu percebo da cultura da azeitona.
Como é evidente, não me compete aqui defender os 700 ou 800 mil ontem anunciados pela organização só em Lisboa. Mas qualquer pessoa que tenha estado na manifestação em Lisboa sabe que o Terreiro do Paço não encheu porque a vasta maioria das pessoas não permaneceu ali quando o percurso terminou. E é bastante típico que assim aconteça neste tipo de manifestações.
Ou seja, ao mesmo tempo que desaguavam milhares de pessoas no Terreiro do Paço, outras tantas dispersavam. Relembro que quando a cabeça da manifestação chegou ao Terreiro do Paço, a sua cauda ainda se encontrava no cimo da Avenida da Liberdade. Só jornalistas da cultura da azeitona podem achar que as pessoas lá ficariam à espera até que a praça estivesse completa.
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