sexta-feira, 1 de março de 2013

Uma Ganda Manif


Estamos condenados a ter amanhã uma “ganda manif”. Ou melhor, gandas manifs. Com mais ou menos ajudas das grandoladas que sucedem um pouco por todo o país, com maior ou menor relevo dado pela comunicação social e com mais ou menos apoio dos comentadores da praça, o 2 e Março será um grande dia. Com toda a agitação que se sente nas redes sociais, com o desagrado que se sente nas ruas e com as correntes da saúde, da educação, feministas ou LGBT, está visto que será a confluência de diversas vontades. E, como dizem os manuais, as grandes manifestações são feitas destas confluências.

Como é evidente, a má notícia é que o sucesso da mobilização para o próximo sábado deve-se ao facto do país ter batido estrondosamente no fundo. Com um desemprego com níveis inacreditáveis, com uma economia estraçalhada, com a hipoteca de qualquer futuro digno, com uma fuga maciça de cérebros para o estrangeiro, com a redução de direitos como nunca se viu, com a destruição do Estado Social, este Governo tem conseguido de unir setores políticos bastante distantes.

Por seu turno, a boa notícia é que a tragédia em curso teve a capacidade de demonstrar mobilizações populares raras em democracia. O 15 de Setembro foi um exemplo paradigmático a este respeito, com números impressionantes e ocorrendo até em cidades com muito pouca tradição nestes domínios. As pessoas, e não apenas os suspeitos do costume, parecem ter-se recordado que a democracia também se faz nas ruas, mostrando indignação, mostrando que se é exigente e que a vontade de mudança é uma arma que pode e deve ser mostrada. Não tenhamos dúvidas que temos assistido nestes últimos tempos a uma saudável reativação da participação política, cumprindo-se assim o clássico enunciado de que a democracia não se esgota com a inserção do boletim na urna de quatro em quatro anos.

O 2 de março está condenado a ser um grande dia. Não será certamente o último deste Governo que já mostrou ter diversas vidas. Não será também um ponto de chegada, mas sim mais um passo importante na demonstração de que vale a pena indignar-se. Venha a alternativa!

Artigo hoje publicado no Esquerda.net

1 comentário:

menvp disse...

-> Não sejam cúmplices da música para otários: «vira o disco e toca o mesmo».
-> De facto, mesmo realizando eleições em todos os "semestres"... seria o «vira o disco e toca o mesmo»: os lobbys manteriam a sua influência... e quando passassem a «ex-», os governantes, teriam belos 'tachos' à sua espera.
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-> Votar em políticos... sim mas... votar não é passar um 'cheque em branco'!
-> Os políticos não deverão ter o número de mandatos limitado... mas, em contrapartida, esses mandatos deverão estar sujeitos a uma muito maior vigilância/controlo por parte dos cidadãos. [nota: e os políticos deverão ter uma idade de reforma igual à do regime geral!]
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-> Pelo 'Direito ao Veto de quem paga': blog «fim-da-cidadania-infantil».