quarta-feira, 25 de abril de 2012

A escola do Miguel


Estive poucas vezes com o Miguel Portas, é um facto. Mas não hesito em dizer que foi a sua escola política, que não se limita à sua pessoa, que mais me inspirou nos últimos anos. Escola essa que, longe de quaisquer idolatrias, conseguia encontrar no Miguel uma lucidez que até feria.

E que escola é essa do Miguel? Uma escola da esquerda permanentemente inconformada com os destinos do mundo. Sem dogmas e em luta permanente contra a cristalização, que consegue aliar a forte vontade de mudança com a certeza de que a própria mudança tem de ser constantemente reinventada. Porque o mundo não pára de girar e as dinâmicas sociais e políticas não cessam de evoluir. A escola do Miguel consegue fazer essa ponte entre a certeza de um mundo em permanente mutação e a vontade não relativizável de sobre ele intervir à esquerda, tornando-o mais livre, mais justo, com espaço para todos.

E julgo que a expressão "fazer a ponte" aplica-se particularmente bem ao Miguel. Porque enquanto crente acérrimo do debate, era também dos mais incansáveis defensores de convergências. Nomeadamente nesta esquerda portuguesa sempre tão empenhada em agir de costas voltadas.

O Miguel Portas é com toda a certeza uma das figuras mais marcantes da esquerda portuguesa dos últimos anos. A partida de alguém como ele deixa sempre um vazio. Felizmente as pessoas grandes têm essa capacidade de inspirar e deixar escolas.

2 comentários:

Diogo disse...

Absolutamente de acordo!

Anónimo disse...

Gostei de ler. Tudo.
E sublinhei:

«(...) aliar a forte vontade de mudança com a certeza de que a própria mudança tem de ser constantemente reinventada. (...)»

É isso mesmo que homens como Miguel Portas, «incansáveis defensores de convergências», sabem inspirar com pedagógica lucidez.

LdO