Os noticiários da noite noticiaram hoje a substituição de alguns deputados do PCP. Seria algo normal não fosse o facto de Luísa Mesquita ter "resistido" à substituição. Sem pestanejar, o partido activou os respectivos mecanismos de punicação... Perfeitamente normal... Perfeitamente normal... Assim se vê a força do PC!
Poderá parecer irónica a utilização da expressão "assim se vê a força do PC". Mas, se calhar, não tanto assim... Assim como utilização da expressão "perfeitamente normal". Ora vejamos:
Apesar do sentimento de injustiça sentido por Luísa Mesquita, Jerónimo Sousa mostrou-se surpreendido com a reacção da deputada. Afirmou que os eleitores elegeram o programa de um partido, não deputados. Logo, a substituição de Luísa Mesquita deveria ser encarada como algo perfeitamente normal, inclusive pela própria.
Entre outras máximas, as declarações de Jerónimo Sousa reflectem na perfeição supremacia do todo sobre o individual, característica chave dos partidos de massas (nomeadamente dos partidos de inspiração leninista), cujo PCP representa um exemplo paradigmático no contexto europeu.
Independentemente do paradigma dos partidos de massas estar em queda desde os anos 60's/70's, a verdade é que a aplicabilidade da referida tipologia aos partidos comunistas ainda nos dias de hoje pode ser encarada como um dos principais pilares da sua sobrevivência nos contextos políticos actuais.
A mudança para um paradigma de organização partidária menos rigida pode significar a sua progressiva extinção. Este aliás foi o exemplo do Partido Comunista Italiano e do Partido Comunista Espanhol. O PCP afirma-se assim como um sobrevivente. A sua força reside na sua rigidez. Um passo rumo á flexibilização pode significar um passo rumo à extinção...
Neste contexto, e apesar de apararentemente paradoxal, o agora caso de Luísa Mesquita pode ser encarado como "algo perfeitamente normal". Por outro lado, justifica-se também a aplicação da expressão "assim se vê a força do PC!".
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