Quem aqui anda há uns anos e acaba por investir horas semanais neste meio, tende naturalmente a sobrevalorizar o peso da blogosfera política, do twitter e do facebook na política real. É natural que assim aconteça. Acaba-se, neste contexto, por achar o artigo do Público de hoje como muito pouco profundo. Mas também é certo que existem outro motivos, bem mais objectivos, para achar algo superficiais as conclusões do referido artigo que aponto no post anterior. Efectivamente, o peso da web 2.0 na política portuguesa parece à vista desarmada ser limitado uma vez que, por exemplo, ainda continuam a ser poucos os assuntos aqui gerados que saltam para a agenda política ou mediática. De qualquer modo, existirão certamente outros indicadores que poderão dar rapidamente uma ideia diferente a este respeito. A título de exemplo, aponto dois abaixo.
A nível dos actores políticos, seria interessante perceber se conseguem ou não estas redes ser um instrumento de forte aumento do capital político dos que nela participam? Diria que sim, servindo como importante meio de afirmação perante os seus pares, perante os seus adversários políticos, de exposição acrescida à opinião pública e, sobretudo, de exposição acrescida à comunicação social (importa não esquecer a quantidade de jornalistas que por aqui anda).
Pegando também no papel destas redes na comunicação social dos nossos dias, seria também interessante, por exemplo, perceber o grau de exposição de jornalistas a estas e o quanto poderão basear-se na informação/opinião que nelas obtêm para a produção de notícia. Ou seja, serão ou não estes meios espaços privilegiados de reflexão, de discussão, de obtenção de perspectivas de investigação e de formulação de opinião para muitos profissionais da informação? Diria que sim.
Como se pode ver pelos exemplos acima, e um infinidade de outros ângulos de investigação poderiam ser agarrados, a importância da web 2.0 na política portuguesa dos nossos dias dificilmente é tão limitada quanto o artigo do Público dá a entender.