"Com 647 dos 650 lugares da Câmara dos Comuns já declarados, o Partido Conservador elegeu 304 deputados (com 36,1 por cento dos votos), o Labour 258 (29,1 por cento) e os Lib-Dem 57 (23 por cento)." (Público, 07/05/2010)
Um dos efeitos positivos das eleições britânicas tem sido a chamada de atenção sobre a distorção em termos de proporcionalidade que é provocada pelos círculos uninominais. O sistema eleitoral utilizado em Portugal - proporcional, com círculos plurinominais, de lista fechada, com apuramentos por método de Hondt - também possui fragilidades. Cada sistema eleitoral possui as suas mais-valias e as suas vulnerabilidades, é um facto. Mas os defensores da introdução em Portugal de círculos uninominais deviam ser um pouco mais claros sobre os sérios efeitos em termos de representatividade que estes podem representar.
2 comentários:
Há um outro problema que é quase sempre omitido.
Os círculos uninominais, tal como as nossas eleições municipais, deslocam as escolhas do terreno das ideias para o das personalidades.
Também deslocam a perspectiva nacional para os temas locais.
Temo que a ligação aos votantes, que costuma ser apresentada como a grande vantagem dos círculos uninominais, acabe por redundar numa subordinação das questões nacionais à lógica dos interesses locais.
A distorção da representação é agravada por as eleições ser apenas a uma volta. Em França, sendo uninominais a duas voltas, o resultado já não é tão distorcido.
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