segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Os Intelectuais são Distraidos

Uma das coisas que público gosta de saber sobre as personalidades ou as “pessoas interessantes” é o seu lado humano, as suas características no dia a dia, os seus hábitos, as suas preferências. E a cereja em cima do bolo é saber-se um defeito mundano da personalidade em causa. Acrescenta charme e fica sempre bem.

Na Única desta semana, em mais uma crónica sobre si mesmo, o cosmopolita João Pereira Coutinho confessa aos leitores que é muito distraido, tendo dificuldades em fixar a cara das pessoas:

“O episódio mais hilariante aconteceu há uns anos na Blackwell de Oxford, quando reconheci um rosto largo e vermelhusco, em corpo de camionista, tudo encimado por uma farta cabeleira branca. Quem seria? Consultei os meus neurónios e jurei que tinha ao meu lado um dos passageiros habituais dos comboios Alfa. Sorri. Ele sorriu de volta. E só quando ouvi sotaque americano, com leve trago do sul, é que reconheci a peçonha. Era Bill Clinton.”

João Pereira Coutinho é genial, não é? Cruzou-se com uma das figuras mais conhecidas do mundo e, destraido como é, nem se apercebeu. Os verdadeiros intelectuais são uns distraídos, sem dúvida... Só mesmo as más bocas é que conseguem ver em Pereira Coutinho alguém tremendamente narcisista...

3 comentários:

aviador disse...

Só agora descobriu?
Quem o lê no Expresso há muito que tinha notado!
E quando ele foi assediado por uma prostituta, na FNAC?
O máximo!

Al disse...

acreditas que nunca li uma crónica inteira desse tipo?
é como o Pedro Lomba e outros da mesma leva: o que é que esta gente faz/fez na vida para acabar a debitar opinião em jornais?
e a revista do expresso está de cada vez pior...agora deu-lhes para fazer daquilo um expositor das pequenas vaidades banais da pequena e média burguesia portuguesa.
alvaro

Anónimo disse...

Caro JRV,

excelente prosa, com ironia qb.

Eu, que procuro sempre um pretexto para rir, adorei lê-la.