João Galamba, a quem seria injusto não reconhecer seriedade na vasta maioria das suas posições, assume hoje a grandiosa tarefa de desconstruir a oposição do PCP e do Bloco (esqueceu-se da vasta maioria dos sindicatos) relativamente ao Código de Trabalho aprovado na última legislatura. Segundo o João, ambos os partidos esquecem-se que, apesar de serem previstos bancos de horas, semanas de 50 horas, está-se sim a valorizar a negociação colectiva. Ou seja, o código nada impõe, apenas abre tal possibilidade em sede de negociação colectiva, sem sede de negociação entre patrões e trabalhadores.
Ora, só por um estranha ingenuidade, por falta de experiência profissional no mundo real ou então por um pensamento profundamente liberal (estranho no caso do João), se pode considerar que as possibilidades abertas em sede de Código de Trabalho serão depois livremente negociadas, em posição de igualdade, entre patrões e trabalhadores. O João só pode estar a brincar. Ou então exprimiu-se muito mal... Ou então fui eu que não captei a sua ideia, é bem possível...
É que seguindo esta sua linha de pensamento, são os trabalhadores que, através de uma negociação livre e de acordo com regras claras, optam por regimes a recibo verde. Ou que, em negociação livre e descomplexada, optam por períodos experimentais mais longos. Ou que optam por não receber horas extraordinárias. Ou que abdicam livremente de regalias nos trabalhos por turnos.
Sim, porque quando todas estas alíneas foram incluídas no Código de Trabalho, também não eram obrigatórias, também eram em casos excepcionais, também eram sujeitas a acordo livre entre patrões e trabalhadores. E assim lá continuam. Os resultados estão à vista mas, pelos vistos, parecem muito pouco muito evidentes para o João.
(Imagem: Nesd)
1 comentário:
Dando de barato que o João é um gajo cheio de boas intenções , só prova que realmente existem dois países neste nosso Portugal.
Chega a chocar, o ridiculo do óbvio.
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