quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ah e tal, referendo e não sei quê...

Quantas vezes será necessário repetir que, da mesma maneira que as questões penais não devem ser objecto de referendo, o mesmo acontece com os direitos, liberdade e garantias. Lamento o desabafo, mas qual é a parte que é difícil de entender a este respeito?
(Imagem: Global Debate)

5 comentários:

F. Penim Redondo disse...

Há uma grande diferença entre:

1. garantir o direito de cada um a escolher ou preferir determinada opção sexual
2. achar que isso só se realiza casando

A primeira é inquestionável e eu há muito que a defendo.

A segunda é muito duvidosa e polémica. Eu, por exemplo, teria que considerar que aos meus dois filhos, e às suas mulheres, faltava qualquer coisa por não se terem casado. Parece-me absurdo.

Para dizer a verdade, para alguém que como eu que já nos anos 60 defendia que o casamento é uma "instituição burguesa",promover o casamento seja de quem for soa-me a reaccionarismo.

João Ricardo Vasconcelos disse...

Certo, mas repare que o que se defende é um direito à igualdade. O casamento é apenas uma das discriminações mais evidentes.

Claro que quem não quiser, não deve casar. Mas essa opção não lhe deve ser vedada. Compete a cada um decidir, e não ao EStado. Julgo que o que está em causa é tão simples quanto isso.

Sou casado. Poderia ter optado por não o fazer. Era mais do que legítimo. Mas mesmo que fosse essa a minha opção, garanto-lhe que ficaria "muito chateado" se a possibilidade do casamento me fosse vedada a mim e à minha mulher. Você não ficaria?

F. Penim Redondo disse...

Caro João Vasconcelos,

congratulo-me por verificar que não atribui ao casamento qualquer papel essencial na felicidade dos seres humanos (desde que quem assim entender possa,sem casar,livremente coabitar, fazer vida em comum e constituir uma família).

Dessa forma tudo se reduz à questão da igualdade. Mas igualdade de quê ?

Qualquer homem pode casar-se com qualquer mulher e vice-versa (com algumas excepções baseadas na idade, consanguinidade, etc).
Portanto os termos da lei que existe tratam todos os homens e todas as mulheres da mesma forma.

Um casal homossexual ao ser impedido de casar é discriminado porquê ? Em que é que é igual a um casal hetero ?

Porque se amam ? Porque coabitam ?Mas o casamento tal como existe não impõe que as pessoas se amem e muitas não se amam certamente.
Há muitos casos de coabitação pelas mais variadas razões e também por isso foi criada a lei das uniões de facto.

Se o casamento nada de essencial resolve no plano dos sentimentos e se há legislação para obviar questões de índole material então tudo parece reduzir-se a um capricho.
Determinadas pessoas podem sentir, sabe-se lá porquê, vontade de celebrar casamento e a sociedade deveria submeter-se a um tal capricho.
Não me parece razoável.

Anónimo disse...

" então tudo parece reduzir-se a um capricho."
Isso é óbvio. Em geral as minorias têm a mania de querer imitar o que fazem as maiorias. Pensando que est+a nisso a sua libertação. Os homo querem imitar o que fazem os hetero, daí quererem casar. As mulheres pretas querem parecer brancas, daí desfrizarem o cabelo e procurarem branquear a pele. As mulheres querem imitar os homens, daí muitas feministas apresentarem reivindicações ridículas no sentido de imitarem os homens, etc. etc.
Eu pergunto: porque é que os homo não se assumem como tais em vez de brincarem aos casamentos?...

João Ricardo Vasconcelos disse...

Penin Redondo:Lamento só agora responder . Não tenho razões para acreditar que um casal homossexual não tem as mesmas motivações que eu quando me casei. Assim sendo, porque raio não devem ter direito ao mesmo "capricho"? Capricho que, como você bem sabe, não é apenas um caprico. Os direitos a que um inviduo tem direito sao diferentes quando se é casado ou quando se vive em uniã de facto.

Por outro lado, porquê desvalorizar o simbolismo da questão. O que você considera ser um capricho não é mais do que um capricho pela igualdade, pela aceitação plena da sua condição. São "caprichos" tramados, bem sei, mas por isso mesmo é que julgo que devo apoiá-los. Como tal, sim, acho que a sociedade deve submeter-se aos "caprichos" da igualdade. E duvido que o Penin Redondo assim não considere.