Bruxelas exige mais esforço de Portugal e Espanha e fala em reformas estruturais, tocando áreas como a legislação do trabalho. Vinda de onde vem, tal posição não é de admirar. Mas independentemente de se considerar que este devia ser um momento de investimento e não de fundamentalismo da consolidação das contas públicas, é importante que a esquerda não deixe para a direita o monopólio no discurso do ataque ao desperdício na despesa pública. Trata-se de uma questão demasiado estrutural para não ser considerada prioritária.
E domínios não faltam a este respeito por onde as forças políticas à esquerda precisam de melhor insistir e melhor fazer passar a mensagem: a crítica da proliferação de empresas públicas, de cargos dirigentes e de assessorias, das parcerias público-privadas, a flexibilização das regras de contratação pública, a pouco transparência e rigor dos orçamentos dos organismos, entre muitos outros aspectos. A defesa do domínio público deve insistentemente evitar qualquer colagem a ideias da falta de rigor e de desperdício público. A defesa persistente de reformas estruturais nestes domínios assume-se como não só como algo natural, mas como uma questão de coerência na esquerda política.
(Imagem: Newstyle)
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