Medeiros Ferreira apoia o referendo ao novo tratado europeu, entrando assim em divergência com governo do seu partido. Será que só aos históricos é dado o direito a este tipo de irreverências?
O Público noticia o apoio de Medeiros Ferreira à realização de um referendo nacional para a aprovação do novo tratado europeu. Bem ao seu estilo, e muito bem diga-se, o ex- Ministro dos Negócios Estrangeiros responsável pelo pedido da adesão portuguesa à CEE mostra total desacordo com a posição assumida por Cavaco Silva. Mas, deste modo, Medeiros Ferreira assume também o seu desacordo relativamente àquela que parece ser a posição do executivo governamental do seu partido.
Pergunto-me se só os históricos podem ser irreverentes no seio de um partido no poder. Vejamos os significativos “puxões de orelhas” de Mário Soares relativamente à linha política do Governo. Vejamos o ainda mais paradigmático caso de Manuel Alegre, cujo estatuto no partido lhe tem permitido, apesar de tudo, manter as suas funções.
Como é natural, quando um partido assume o poder, exige-se imediatamente forte disciplina. Mesmo nas oposições internas, aqueles que planeiam assumir a liderança do partido no futuro sabem que o levantar de divergências sérias num período de governabilidade será contraproducente. O mesmo aplica-se aos Jotas que, por detrás da sua irreverência, apenas assumem divergências em questões precisamente “irreverentes” (ex. legalização das drogas, despenalização do aborto, direitos dos homosexuais, etc). Nunca em questões ditas sérias.
Restam quem? Os históricos. O seu desprendimento do poder, o estatuto adquirido e a simpatia conquistada garantem-lhes o privilégio da discordância e da irreverência.
É interessante verificar que a dinâmica de manutenção do poder nos partidos no governo acaba por determinar o natural silenciamento das oposições internas. Moral da história: Só os dinossauros podem ser irreverentes.
O Público noticia o apoio de Medeiros Ferreira à realização de um referendo nacional para a aprovação do novo tratado europeu. Bem ao seu estilo, e muito bem diga-se, o ex- Ministro dos Negócios Estrangeiros responsável pelo pedido da adesão portuguesa à CEE mostra total desacordo com a posição assumida por Cavaco Silva. Mas, deste modo, Medeiros Ferreira assume também o seu desacordo relativamente àquela que parece ser a posição do executivo governamental do seu partido.
Pergunto-me se só os históricos podem ser irreverentes no seio de um partido no poder. Vejamos os significativos “puxões de orelhas” de Mário Soares relativamente à linha política do Governo. Vejamos o ainda mais paradigmático caso de Manuel Alegre, cujo estatuto no partido lhe tem permitido, apesar de tudo, manter as suas funções.
Como é natural, quando um partido assume o poder, exige-se imediatamente forte disciplina. Mesmo nas oposições internas, aqueles que planeiam assumir a liderança do partido no futuro sabem que o levantar de divergências sérias num período de governabilidade será contraproducente. O mesmo aplica-se aos Jotas que, por detrás da sua irreverência, apenas assumem divergências em questões precisamente “irreverentes” (ex. legalização das drogas, despenalização do aborto, direitos dos homosexuais, etc). Nunca em questões ditas sérias.
Restam quem? Os históricos. O seu desprendimento do poder, o estatuto adquirido e a simpatia conquistada garantem-lhes o privilégio da discordância e da irreverência.
É interessante verificar que a dinâmica de manutenção do poder nos partidos no governo acaba por determinar o natural silenciamento das oposições internas. Moral da história: Só os dinossauros podem ser irreverentes.
1 comentário:
Atenção que qualquer partido que ocupe um governo (camarário ou nacional) tende a este tipo de dinâmicas. Mesmos nos partidos que não do centrão, este tipo de silenciamento natural da oposição acontece. É o curioso fenómeno da luta pelo poder.
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