Foi, sem dúvida, uma das grandes novidades da noite eleitoral. Perder nos Açores? A quase 8 pontos do PSD? Ainda por cima em 8 das 9 ilhas? Como foi possível?
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Diversos argumentos tornavam esta derrota pouco ou nada previsível. A tendência do eleitorado açoriano votar quase sempre de acordo com o partido no Governo Regional, a força do candidato socialista Luis Paulo Alves e o facto do PSD-Açores ter saído menorizado com a substituição do seu anterior eurodeputado faziam prever uma noite não muito complicada para os socialistas.
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Assim sendo, o que correu mal? Um prognóstico no fim do jogo pode apontar para as seguintes questões: 1) algum descontentamento do eleitorado açoriano com o Governo regional, mas sobretudo com o Governo nacional; 2) efeito da nova líder do PSD-Açores, Berta Cabral; 3) memória das posições de Vital Moreira quanto ao Estatuto do Açores e à Lei das Finanças Regionais; 4) pouco envolvimento de Carlos César em torno de Vital Moreira (retribuiu assim ao professor que lhe chamara “cacique” regional há uns meses atrás).
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Independentemente das explicações acima, importa reter mais este sinal de que o eleitorado açoriano está a ganhar alguma sofisticação. Começa a aplicar o seu voto de forma diferenciada consoante o acto eleitoral; começa a dar ao seu voto uma dimensão de protesto; os partidos fora do centro começam a existir. A crer nesta sofisticação progressiva, são sinais de que o eleitorado açoriano tenderá a apreciar a rotatividade no poder com maior frequência. Nomeadamente a nível regional.
4 comentários:
Tendo a concordar, mas atenção, que a abstenção nos Açores ficou muito perto dos 80% (OITENTA).
E obrigada pelo primeiro post que vejo sobre as eleições no Açores.
Sou açoriano e, como estudante deslocado, fiz parte da abstenção. A lei eleitoral que se aplica ao PE é a mesma que se aplica nas legislativas, e, como tal, significa que estudantes que estejam deslocados do seu local de recenceamento não podem antecipar o seu voto (ao contrário do que acontece para as autárquicas).
Explicações para a derrota do PS Açores nas Europeias: não foi pelos candidatos do PS que puxaram para baixo, ou a candidata do PSD que elevaram este último para cima: ambos eram os dois novos na cena política regional, mesmo dentro dos Partidos (sou militante do PSD e em Congressos e Conselhos nunca ouvi falar da Prof. Maria do Céu Patrao Neves). Por isso temi que, ao perdermos um bom deputado, Duarte Freitas, podíamos ter um péssimo resultado. Felizmente assim não foi. Mesmo Paulo Casaca tinha-se revelado um bom deputado, alguém com alguma massa cinzenta. Tanto num caso como em outro, pareceu-me algo injusto a sua saída das listas.
Mas se não foi pelos candidatos a eurodeputados regionais que a escolha do eleitorado se fez, porque foi? Eu diria dois factores: Vital Moreira e Paulo Rangel. A diferença entre os dois era óbvia, em termos de clareza de discurso, de raciocínio, de inteligência política. Acho que aqui todo o país de certa forma agradeceu a MLF o facto de ter escolhido Rangel para cabeça de lista. Segundo facto: Berta Cabral. Tem uma aura de vencedora (por 2 vezes ganhou a Câmara de Ponta Delgada, a maior dos açores, com maioria absoluta), vem trazer alguma novidade à política (apesar de nela já andar há muitos anos) e porque o cesarismo está na sua fase de declínio (tal como estava Mota Amaral no final do seu mandato). Por isto tudo, o PS perdeu nos açores.
Cumprimentos
O PSD ganhou com os votos de menos de 9% dos eleitores.
Falar, com base nisto, em mudanças de ciclo, é forçar interpretações.
Não teria mais lógica o PPD/PSD em vez de apresentar quem já foi poder, renovar-se e mostrar caras novas?
parece que este povo não é burro.força açorianos
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