A greve de ontem foi uma importante manifestação de desagrado dos trabalhadores da Administração Pública perante inexistência de actualizações salariais. Os trabalhadores protestam e bem por serem sempre os bodes espiatórios dos gastos da máquina estatal. O congelamento é uma decisão cega que não olha ao poder de compra perdido nos últimos anos e que tenta esquecer as consequências dramáticas que acarreta para todos os que possuem salários mais baixos. E é também uma decisão facilitista, procurando a poupança no sítio do costume e não nos locais onde é mais do que sabido que o desperdício acontece. Atacar os salários é sempre mais fácil.
No entanto, o congelamento de salários até pode ser relativizado quando comparado com o segundo grande motivo desta greve da Administração Pública. Os obstáculos à progressão na carreira criados pelo SIADAP (Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho da Administração Pública) roçam o inacreditável. Com este sistema de avaliação, que prevê apertadíssimas quotas para a concessão das classificações de avaliação mais elevadas, a maioria dos funcionários públicos vê-se sujeita à forte possibilidade de apenas progredir um escalão na carreira de dez em dez anos.
Ou seja, para contrariar o antigamente em que todos os funcionários eram avaliados com muito bom, encontrou-se a brilhante solução de impor quotas. O modelo de avaliação previsto é burocrático e pouco adaptado à realidade dos organismos, contribuindo para um generalizado baixar de braços ao invés de promover a tão badalada meritocracia. No fundo, "para quê esforçar-me muito se sei que quem papará os muito bons e os excelentes será o amigo X ou o bajulador Y do chefe".
Se a isto adicionarmos o facto de muitos organismos não estarem a avaliar os seus funcionários, sendo tal incompetência dos dirigentes premiada com decretos extraordinários do Ministério das Finanças que os protegem e correm todos os funcionários a bom (o equivalente ao medíocre "satisfaz"), logo percebemos o quão mau é o actual sistema.
É curioso verificar que foram questões de avaliação muito semelhantes às acima expostas, que vinham abalar fortemente a possibilidade de progressão na carreira, e não questões de actualizações salariais, que tão bem conseguiram mobilizar os professores há pouco tempo atrás. Foi a persistência e união que demonstraram que fez com que o seu sistema fosse revogado. É pena que os funcionários públicos e seus sindicatos não estejam a conseguir uma união com tal dimensão perante injustiças tão semelhantes. Deviam, por isso, invejar bastante os professores. Invejá-los forte e abertamente, tendo presente o seu exemplo. Uma boa dose de inveja mobilizadora parece estar a fazer falta em todo este processo.
No entanto, o congelamento de salários até pode ser relativizado quando comparado com o segundo grande motivo desta greve da Administração Pública. Os obstáculos à progressão na carreira criados pelo SIADAP (Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho da Administração Pública) roçam o inacreditável. Com este sistema de avaliação, que prevê apertadíssimas quotas para a concessão das classificações de avaliação mais elevadas, a maioria dos funcionários públicos vê-se sujeita à forte possibilidade de apenas progredir um escalão na carreira de dez em dez anos.
Ou seja, para contrariar o antigamente em que todos os funcionários eram avaliados com muito bom, encontrou-se a brilhante solução de impor quotas. O modelo de avaliação previsto é burocrático e pouco adaptado à realidade dos organismos, contribuindo para um generalizado baixar de braços ao invés de promover a tão badalada meritocracia. No fundo, "para quê esforçar-me muito se sei que quem papará os muito bons e os excelentes será o amigo X ou o bajulador Y do chefe".
Se a isto adicionarmos o facto de muitos organismos não estarem a avaliar os seus funcionários, sendo tal incompetência dos dirigentes premiada com decretos extraordinários do Ministério das Finanças que os protegem e correm todos os funcionários a bom (o equivalente ao medíocre "satisfaz"), logo percebemos o quão mau é o actual sistema.
É curioso verificar que foram questões de avaliação muito semelhantes às acima expostas, que vinham abalar fortemente a possibilidade de progressão na carreira, e não questões de actualizações salariais, que tão bem conseguiram mobilizar os professores há pouco tempo atrás. Foi a persistência e união que demonstraram que fez com que o seu sistema fosse revogado. É pena que os funcionários públicos e seus sindicatos não estejam a conseguir uma união com tal dimensão perante injustiças tão semelhantes. Deviam, por isso, invejar bastante os professores. Invejá-los forte e abertamente, tendo presente o seu exemplo. Uma boa dose de inveja mobilizadora parece estar a fazer falta em todo este processo.
2 comentários:
Algumas reflexões/sugestões:
-Existe (se não existir faça-se) algum estudo comparativo entre tempos de trabalho/produtividade/vínculos/condições de trabalho/regalias entre os funcionários públicos e os trabalhadores portugueses do sector privado?
- Quantas greves existem na função pública e quantas se constatam no sector privado?
-Qual o pib do sector privado/qual o pib do sector público?
http://economico.sapo.pt/noticias/salarios-da-funcao-publica-estao-claramente-acima-dos-privados_65233.html
O estudo a que se refere.
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