… afasta, afasta, afasta o meu dedal, Brejeira, não sejas trafulha, Ó bela vem coser o avental” (Beatriz Costa, A agulha e o dedal)
É difícil ficar-se indiferente à intensa aproximação dos últimos tempos entre Sócrates e Passos Coelho. Sobretudo pelas suas consequências, mas também pela fraca qualidade de toda a encenação. Uma sequela de aproximar e afastar constante, uma espécie de pecar compulsivo com um indisfarçável desconforto posterior, um vício ou tentação que gera sentimentos de culpa de parte a parte. Seguem-se depois os ânimos exaltados e o subir de tom na troca de acusações. Após a aproximação, há que dar lugar ao afastamento. O clássico de Beatriz Costa, por entre chegas à minha agulha e afastas o meu dedal, acaba por reflectir de forma trágico-cómica o referido fenómeno.
Tudo parece ter começado a intensificar-se com o PEC II. Aprovado pelo PS e PSD com medidas duríssimas, foi interessante verificar como o elogio mútuo da responsabilidade apareceu sempre intercalado com um apontar de diferenças e responsabilidades. As ligeiras querelas que surgiram deram particular jeito, ficando bem na fotografia. A série Chips & SCUTs foi igualmente interessante. Durante a manhã tínhamos entendimento à vista, ao fim da tarde era-nos servida uma discussão de meia-noite.
Mais recentemente, as reacções ao veto à compra da Vivo pela Telefónica também têm sido curiosas de observar. Ora tivemos dirigentes laranjas a colocarem-se ao lado do Governo (e.g. Paula Teixeira da Cruz, reflectindo certamente o posicionamento da maioria do eleitorado social-democrata), ora temos Passos Coelho a sublinhar que o Governo agiu mal, não deixando o mercado funcionar. As trocas de acusações de ajoelhamento perante os espanhóis e de atitude colonialista sucederam-se.
Por último, a questão da proposta de revisão constitucional que o PSD promete apresentar também tem gerado alguns episódios interessantes. O mais recente deu origem a uma troca de acusações em que Sócrates, num rasgo de progressismo, disse que não contassem com ele para introduzir o neoliberalismo na Constituição. Passos respondeu ao seu parceiro político das 2ªs, 4ªs e 6ªs que não existia qualquer tendência neoliberal no PSD (?!?).
Por entre tantas aproximações intercaladas de declarações públicas de repúdio, os portugueses lá vão assistindo entediados a este filme de série B. E o recurso à musicalidade para ilustrar o que se está a passar acaba por ser uma solução legítima para os mais deprimidos. Para aqueles que apreciam os clássicos, A Agulha e o Dedal é perfeito. Para explicar às crianças o que se está a passar, poder-se-á recorrer ao “Ora chega, chega, chega, Ora arreda lá pr'a trás!“ do “Indo eu a caminho de Viseu”. Finalmente, para quem aprecia um estilo tipo música do mundo, neste caso não deverá perder o encantador tango do bloco central.
É difícil ficar-se indiferente à intensa aproximação dos últimos tempos entre Sócrates e Passos Coelho. Sobretudo pelas suas consequências, mas também pela fraca qualidade de toda a encenação. Uma sequela de aproximar e afastar constante, uma espécie de pecar compulsivo com um indisfarçável desconforto posterior, um vício ou tentação que gera sentimentos de culpa de parte a parte. Seguem-se depois os ânimos exaltados e o subir de tom na troca de acusações. Após a aproximação, há que dar lugar ao afastamento. O clássico de Beatriz Costa, por entre chegas à minha agulha e afastas o meu dedal, acaba por reflectir de forma trágico-cómica o referido fenómeno.
Tudo parece ter começado a intensificar-se com o PEC II. Aprovado pelo PS e PSD com medidas duríssimas, foi interessante verificar como o elogio mútuo da responsabilidade apareceu sempre intercalado com um apontar de diferenças e responsabilidades. As ligeiras querelas que surgiram deram particular jeito, ficando bem na fotografia. A série Chips & SCUTs foi igualmente interessante. Durante a manhã tínhamos entendimento à vista, ao fim da tarde era-nos servida uma discussão de meia-noite.
Mais recentemente, as reacções ao veto à compra da Vivo pela Telefónica também têm sido curiosas de observar. Ora tivemos dirigentes laranjas a colocarem-se ao lado do Governo (e.g. Paula Teixeira da Cruz, reflectindo certamente o posicionamento da maioria do eleitorado social-democrata), ora temos Passos Coelho a sublinhar que o Governo agiu mal, não deixando o mercado funcionar. As trocas de acusações de ajoelhamento perante os espanhóis e de atitude colonialista sucederam-se.
Por último, a questão da proposta de revisão constitucional que o PSD promete apresentar também tem gerado alguns episódios interessantes. O mais recente deu origem a uma troca de acusações em que Sócrates, num rasgo de progressismo, disse que não contassem com ele para introduzir o neoliberalismo na Constituição. Passos respondeu ao seu parceiro político das 2ªs, 4ªs e 6ªs que não existia qualquer tendência neoliberal no PSD (?!?).
Por entre tantas aproximações intercaladas de declarações públicas de repúdio, os portugueses lá vão assistindo entediados a este filme de série B. E o recurso à musicalidade para ilustrar o que se está a passar acaba por ser uma solução legítima para os mais deprimidos. Para aqueles que apreciam os clássicos, A Agulha e o Dedal é perfeito. Para explicar às crianças o que se está a passar, poder-se-á recorrer ao “Ora chega, chega, chega, Ora arreda lá pr'a trás!“ do “Indo eu a caminho de Viseu”. Finalmente, para quem aprecia um estilo tipo música do mundo, neste caso não deverá perder o encantador tango do bloco central.
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