
O cartaz colocado no Marquês de Pombal tem dado os seus frutos: conseguiu sem dúvida marcar a agenda. Entre outras coisas, conseguiu alimentar a discussão sobre liberdade de expressão. Questiono-me se não existirão limites democráticos para o efeito? Embora não seja fruto de uma profunda reflexão, inclino-me a dizer que sim. Por exemplo, tenho dúvidas que a xenofobia e o racismo não devam ser um dos limites da liberdade de expressão de um partido numa democracia.
Acompanho há muito a evolução do PNR, quase desde a fundação. Por curiosidade politológica, recebo as suas newletters há mais de dois anos, tendo visitado algumas vezes o seu website e o da Juventude Nacionalista. Curiosamente, ambos sofreram uma forte limpeza nas últimas duas semanas, advinhando que seriam alvo de uma forte auditoria fruto da colocação do polémico cartaz.

Vital Moreira escreveu recentemente no seu blog Causa Nossa: «convém lembrar que a Constituição só proíbe as "organizações" fascistas e racistas, o que não é a mesma coisa que proibir a manifestação de ideias ou propostas políticas dessa índole, salvo quando lesem a dignidade humana ou a honra e o bom nome de pessoas ou grupos sociais ou quando suscitem o ódio ou instiguem à desordem.»
Respondendo a Vital Moreira: 1) parece-me essencial que a lei defina rapidamente o que são organizações fascistas e racistas; 2) acho estranho e paradoxal que um partido que suporte manifestações fascistas e racistas não seja considerado uma organização fascista e racista; 3) parece-me impossível que estas ou outras manifestações do PNR e sua juventude não sejam consideradas racistas.
Perante tudo isto, questiono-me se não estaremos a atingir os limites da tolerância democrática... A democracia assim o exige? Tenho dúvidas... Muitas dúvidas...
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