Ao mesmo tempo que Sócrates dá uma entrevista ao Finantial Times dizendo acreditar no efeito das reformas que está a implementar a contragosto, Pedro Adão e Silva, politólogo, um dos socialistas que elaborou a moção de Sócrates ao Congresso de 2009, afirma o seguinte: "Acho que existe uma espécie de esquizofrenia entre o PS defender uma coisa e ser obrigado a fazer outra. Sem capacidade para impor aquilo em que acredita, não vejo vantagem em estar a fazer aquilo em que não acredita. Não sei se não seria preferível o PS não estar no governo."
(Imagem: Jane Constant)
1 comentário:
A retórica da inevitabilidade, de uma ditadura do défice, revela a falência da esquerda democrática. Mais que isso, revela uma profunda ignorância do debate internacional e uma colonização intelectual profunda, a começar no Ministério das Finanças e no Banco de Portugal, por parte de uma teoria economia descredibilizada vampiresca.
Além disso, ninguém reconhece, no PS, uma linguagem moral e ética apropriada à situação. Já não passa de um partido tecnocrata que se enreda em explicações com buzzwords técnicas, a economia pela economia, os indicadores pelos indicadores, tudo para aplacar os mercados, num retorno da escolástica, with a vengeance. Como tenho dito, a crise não é económica, é discursiva e um défice ético.
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