Como é sabido, as crónicas de Miguel Sousa Tavares são sempre mordazes. Como é também sabido, umas vezes acertam, outras vezes são completamente ao lado. Na crónica desta semana no Expresso, MST reflecte, entre outras coisas, sobre a recente conferência dada por Tony Blair em Portugal. Acerta em cheio. Eis alguns excertos:
«Blair é hoje um dos homens mais bem pagos da Europa, cobrando entre 125 000 e 250 000 euros por cada uma destas conferências, além do salário de luxo que recebe como consultor de um desses bancos americanos que agora estão no olho do fruracão da crise financeira mundial.” (...) “Como herança interna, Blair deixou um défice monumental, arruinou o mítico Serviço Nacional de Saúde (ao ponto de ser o líder dos Tories, David Cameron, quem faz hoje o papel de defensor do SNS), deixou umas centenas de mortos no Iraque e o país ligado ao desfecho da aventura de Bush (para o qual Blair foi o primeiro dos apoiantes), e, para rematar em beleza, deixou toda a economia inglesa refém da estratégia de Wall Street.»
«Seria de esperar da sua parte talvez alguma humildade, algum embaraço, quem sabe mesmo, alguma vergonha: afinal de contas, foi ele um dos principais responsáveis pelo pelo estado do mundo e ainda anda a facturar fortunas a falar dos “problemas” que ajudou decisivamente a criar! Mas se alguém esperava tal coisa, esperou em vão.»
«Descontraído e sorridente, Tony Blair puxou de umas notas avulsas e deu conta das suas recentes andanças pelo mundo: esteve em Pequim, nos Jogos Olímpicos, esteve no deserto, numa tenda com Kadhafi, esteve aqui e ali, derramando a sua vasta experiência sobre os “problemas”, para poder concluir em Lisboa que “os problemas são globais e precisam de soluções globais”. Mais uns quantos lugares-comuns de profundidade semelhante e a repetição de que o trabalho tem de ser flexível e a Segurança Social tem de ser reestruturada. E pronto. Suponho que lhe terão batido palmas e agradecido muito a lição e incómodo. E lá se foi Tony Blair , sorridente, para o seu próximo compromisso global.»
«Blair é hoje um dos homens mais bem pagos da Europa, cobrando entre 125 000 e 250 000 euros por cada uma destas conferências, além do salário de luxo que recebe como consultor de um desses bancos americanos que agora estão no olho do fruracão da crise financeira mundial.” (...) “Como herança interna, Blair deixou um défice monumental, arruinou o mítico Serviço Nacional de Saúde (ao ponto de ser o líder dos Tories, David Cameron, quem faz hoje o papel de defensor do SNS), deixou umas centenas de mortos no Iraque e o país ligado ao desfecho da aventura de Bush (para o qual Blair foi o primeiro dos apoiantes), e, para rematar em beleza, deixou toda a economia inglesa refém da estratégia de Wall Street.»
«Seria de esperar da sua parte talvez alguma humildade, algum embaraço, quem sabe mesmo, alguma vergonha: afinal de contas, foi ele um dos principais responsáveis pelo pelo estado do mundo e ainda anda a facturar fortunas a falar dos “problemas” que ajudou decisivamente a criar! Mas se alguém esperava tal coisa, esperou em vão.»
«Descontraído e sorridente, Tony Blair puxou de umas notas avulsas e deu conta das suas recentes andanças pelo mundo: esteve em Pequim, nos Jogos Olímpicos, esteve no deserto, numa tenda com Kadhafi, esteve aqui e ali, derramando a sua vasta experiência sobre os “problemas”, para poder concluir em Lisboa que “os problemas são globais e precisam de soluções globais”. Mais uns quantos lugares-comuns de profundidade semelhante e a repetição de que o trabalho tem de ser flexível e a Segurança Social tem de ser reestruturada. E pronto. Suponho que lhe terão batido palmas e agradecido muito a lição e incómodo. E lá se foi Tony Blair , sorridente, para o seu próximo compromisso global.»
1 comentário:
O que eu "gosto" das crónicas desse senhor ( o tal do MST) é que ele acha que, todas as semanas, descobre a pólvora: sempre uma pólvora nova, a cada semana que passa.
Depois de sair da presidência dos EUA, Bill Clinton fez o quê?
Esse tal de MST faz uma excelente parelha com a MMG. Não foi à toa que entraram em violento confronto em pleno noticiário da TeleVisão da Igreja. Lembram-se? Eu lembro-me.
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