sexta-feira, 8 de junho de 2007

E as Ideias para Lisboa?

A cerca de um mês das eleições intercalares para Lisboa, já lemos e vimos muita coisa. No entanto, à semelhança de outros actos eleitorais, destaca-se o show off e as poucas ideias para a cidade. Infelizmente, são sintomas do estádio de desenvolvimento do nosso sistema político democrático.

Há precisamente uma semana, Pedro Magalhães publicou no seu “Margens de Erro” uma importante síntese das sondagens até então feitas para a campanha de Lisboa. Como podemos verificar abaixo, embora todas confirmem o favoritismo de António Costa, as incertezas quanto aos lugares de Carmona, Negrão e Roseta no ranking ainda são muitas

À semelhança de outros actos eleitorais, as sondagens reflectem a progressiva personalização do voto. Os eleitores votam em quem mais lhes apraz, por variadíssimas razões, relegando para segundo plano as ideias concretas que defendidas pelos candidatos.

Como é natural, a selecção dos candidatos reflecte esta mesma prática. Vejamos o processo de candidaturas a Lisboa. A principal preocupação das forças políticas foi a escolha dos candidatos. As ideias para a cidade aparecerão sempre em segundo plano. É uma questão de prioridades. Primeiro escolhe-se a cara. As ideias hão-de ir aparecendo…

A referida situação reflecte também o progressivo decréscimo de importância assumida pelos programas eleitorais. Quem os lê de facto? Possivelmente poucos mais do que os seus próprios autores. Normalmente são documentos extensos, repletos de palavreado e pouco objectivos em termos de políticas a adoptar e projectos a desenvolver.

A campanha de Lisboa reflecte isso mesmo também. Pela curta pesquisa que pude efectuar nos portais dos candidatos, encontrei de tudo: noticias, comissões de honra, galerias de fotos, modelos de angariação de fundos, etc. Quanto a programas eleitorais, a maioria dos candidatos ou não o possui, ou escusa-se a revelá-los no seu portal. É lamentável que assim seja...

1 comentário:

Anónimo disse...

O espectáculo predomina sobre as ideias. É pena que assim o seja. O comentário normal seria: "É o país que temos". No entanto, este não é um fenómeno português. Reflecte-se curiosamente mesmo nas grandes democracias.