terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O lado positivo da questão

Acompanhei ontem apenas metade do Prós-e-Contras sobre o casamento homossexual. Mais do que entrar em pormenores, destaco positivamente o facto do “não” estar definitivamente entrincheirado em argumentos pouco ou nada racionais.
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Tal facto foi aliás demonstrado pelo tipo de personalidades que ontem deram a cara por esta posição: um grupo de desconhecidos. Tirando o padre Vaz Pinto, ninguém do mainstream pareceu disposto a fazê-lo. Tal demonstra que o debate na sociedade portuguesa já assumiu uma maturidade significativa, sendo quase inexistentes as elites verdadeiramente interessadas em dar a cara pelo “não” nesta questão.
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Como ontem sublinhou Miguel Vale de Almeida, há cinco ou dez anos atrás se calhar ainda se discutiria o reconhecimento legal da realidade homossexual. Hoje encontramo-nos em patamares totalmente diferentes. Ainda bem que assim é. Como é evidente, a constatação de tal facto não é de todo um baixar de braços relativamente a esta causa. Antes pelo contrário. A meu ver, é a constatação que daqui a dez ou vinte anos vamo-nos rir e envergonhar com o quão atrasada e primitiva era a discussão que hoje estamos a ter.

6 comentários:

Anónimo disse...

será mesmo assim?
Eu

Anónimo disse...

...
Ouvi o "debate" e registei do lado do "Sim" um histerismo militante de meter medo. Nem falo da Constitucionalista que lá estava com um fervor próximo dos talibãs ! Registo o tempo de antena excessivo que foi dado à Fernanda Câncio para as habituais piruetas demagógicas. Uma lástima não se perceber que há um lastro cultural e civilizacional que precede sempre qualquer discussão. A contrario, se é para usarmos de argumentos de guerrilha, porque não admitirmos também em Portugal o casamento polígamo ou o reconhecimento notarial do swing...and so on.
Do lado do "Sim" registei a ponderação, o bom senso e a urbanidade do Rui Tavares...um Senhor entre jacobinos intolerantes cujo interesse é apenas mostrarem estar contra o projecto social global que fomos sedimentando ao longo de séculos. Quando este projecto incluir o casamento entre pessoas do mesmo século os descendentes das Câncios ( a existirem ) serão do contra só para serem fracturantes.
...
JNAS

Anónimo disse...

rectius : "casamento entre pessoas do mesmo sexo" !
JNAS

Anónimo disse...

"daqui a dez ou vinte anos vamo-nos rir e envergonhar com o quão atrasada e primitiva era a discussão". Mas isto é o que é habitual fazer-se a respeito de ideias que não vencerem. As que vencem passam sempre a respeitáveis. O problema é que só daqui a uns anos vamos saber se se ri e se se tem vergonha ou antes pelo contrário. O poblema é que necessitamos de saber o que defender AGORA e não podemos esperar 20 anos para saber quem vence.
Lembra-se de quantos líderes de guerrilhas anti-colonialistas eram,há umas décadas, chamados terroristas pelos francese e ingleses (nem vale a pena citar o caso de Portugal devido ao regime fascista)? E que depois de vencerem passaram a respeitáveis estadistas? Se o anti-colonialisnmo tivesse sido derrotado, hoje eram conhecidos como terroristas e assassinos e etc. Se pudesse advinhar o futuro...saberia sempre o que era ser progressista...

João Ricardo Vasconcelos disse...

JNAS, lamento só agora responder. Da mesmo maneira que você acha que a comparação com a igualdade das mulheres é um argumento de guerrilha, eu acho o mesmo da comparação com os casamentos polígamos.

Porque não aceita debater esta questão comigo. Você com posts no :Ilhas e eu aqui no Activismo de Sofá? Se lhe parecer bem, abra as hostilidades no :Ilhas e eu logo responderei. Fica o desafio.

Anónimo disse...

Eu sou a favor do casamento poligâmico. Além de outras razões vai ao encontro da "natureza" masculina: (quase) todo o homem ambiciona o maior número possível de mulheres (e tem boa companhia entre os mamíferos e não só). Claro, nenhuma mulher podeira ser coagida a entrar em casamento onde já estivesse outra.