domingo, 8 de junho de 2008

33 anos depois, o 6 de Junho incomoda quem?

33 anos (e dois dias) depois, a principal movimentação independentista açoriana continua a ser um tabu. A história é escrita pelos vencedores e nenhum dos vencedores está muito interessado em recordar seriamente o que se passou.

As manifestações independentistas açorianas ocorridas sobretudo entre 1974/1976 continuam a estar cobertas de mistérios. A verdade histórica tem sido muito pouco explorada, sobrevivendo quase em exclusivo as estorias contadas por alguns dos seus protagonistas.

Apesar do fenómeno independentista ter contribuído para a obtenção da autonomia política açoriana, este é incómodo a todos os níveis. É incómodo para a direita política regional devido ao seu forte envolvimento nos movimentos independentistas. É incómodo para a esquerda regional que, contrariando o seu posicionamento dominante de então, há muito assume a autonomia e a açorianidade como verdades incontornáveis.

As partes incómodas da história só conseguem ser recordadas com um distanciamento significativo. 33 anos depois, recordar o independentismo açoriano continua a ser incómodo por uma razão biológica relativamente simples: as gerações que o viveram, que o defenderam, que o combateram, ainda se encontram no poder. Daqui a uns anos, a realidade será certamente outra.

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