terça-feira, 24 de junho de 2008

Obras Públicas, Apoios Sociais e Gincanismo Político

Ferreira Leite defendeu que o país devia prescindir de alguns investimentos em obras públicas em benefício de apoios sociais. Mário Lino respondeu que os investimentos em obras públicas criam riqueza. O que soa estranho no meio desta troca de galhardetes?

Temos uma ministra de referência do cavaquismo a criticar a política do betão e a agitar bandeiras sociais. Em resposta, temos um ministro socialista a justificar a importância do betão para a criação de riqueza. Mas o gincanismo não fica por aqui.

Mário Lino desafiou o PSD a identificar quais as obras que prescindiria. Morais Sarmento prontificou-se na referida tarefa, apontando baterias para o TGV. Hoje, o Diário de Noticias divulga que o Governo de Durão Barroso (cuja Ministra das Finanças era Ferreira Leite e onde Morais Sarmento era também um ministro de referência) aprovou o mais ambicioso investimento público para o TGV. Mário Lino já se encarregou de lembrar tal facto.

No meio de todas estas trocas acusações, o eleitorado assiste desinteressado ao duelo do PS e PSD: “Vocês estão a ser contraditórios!” “Não, não, vocês é que estão a ser contraditórios!” Deixo aos leitores deste post a árdua tarefa de identificar qual o partido que maiores contradições apresenta neste domínio…

7 comentários:

Jordão disse...

Peço desculpa pela linguagem, mas utilizando as sábias palavras do nosso povo: a porcaria é a mesma o cheiro é que é diferente!

Jordão disse...

Tanto o investimento no betão como no Social, leia-se rendimento de inserção social, têm dado muitos resultados! E para quando inverstir, mas a sério na educação. Não vamos ter resultados imediatos mas é garantido que pelo menos politicos tinhamos!

Anónimo disse...

As políticas de educação têm um efeito de longo prazo, pelo qual os governos em exercício não seriam reconhecidos. Por outro lado as grandes obras e os grandes apoios sociais são marcas incontestáveis de uma governação. É por esta ambição de protagonismo e de pegada política por parte dos políticos que não há política em Portugal...

Anónimo disse...

Caro JRV:
Apesar de não gostar de M,F Leite nem com molho de tomate, as críticas dela, embora oportunistas e interesseiras tem razão de ser.

Não existe qualquer justificação económica ou política, excepto a de manter a corrupção em funcionamento, que justifique TGV´s e autoestradas.

Numa altura em que já se percebeu que o uso do transporte particular e a forma de transporte de mercadorias terão que ser mudados, por causa do preço dos combustíveis, temos um governo supostamente de esquerda a investir em meios de transporte que não serão rentáveis nem sustentáveis , a investir num modelo de desenvolvimento que irá falhar.

Mais: a investir numa lógica que levará à concessão de portagens a privados, o oposto de qualquer lógica economicamente viável e decente.

Penso que temos que perceber que ambos os partidos não servem, que o "regime" está esgotado e mudar-mos de vida enquanto país, porque senão arriscamo-nos a ver acontecerem sérios problemas no futuro.

E isto não significa que se apoiem CDS´S e BE´s e pcp´s.

Significa apenas que um regime que produz "isto" é um regime de mortos.

Anónimo disse...

...como será que vamos usar o TGV, se não temos dinheiro para os bilhetes...?!

Anónimo disse...

Parabéns. Este post está tão bom que lhe fiz referência no meu blog: http://desfocado.net/blog/archives/121

Anónimo disse...

Segundo o jornal o Público diz o seguinte:
-Na alta velocidade ferroviária,o Estado deverá pagar 2,5 mil milhões de euros dos 7,1 mil milhões previstos para o financiamento total do projecto.
A Europa CEE está muito interessada na ligação rodoviária e ferroviária entre os seus membros.Sinto-me triste quando vejo as pessoas para viverem melhor, a hipotecar o futuro dos nossos filhos e netos em termos colectivos.