Excelente artigo de Jorge Silva e Fernando Ramalho no Le Monde Diplomatique deste mês. Conhecedores, por experiência própria, da realidade dos call centers, exploram o mundo à parte vivido nas ilhas deste pseudo-domínio profissional.
Os modelos neo-fordistas de funcionamento, o vazio dos objectivos impostos, a competitividade entre colegas em permanente rotatividade, a falta de perspectivas e o silêncio com que cada um dos operadores regressa a casa após mais um dia de trabalho, são apenas alguns dos temas abordados.
“…as conversas com amigos e familiares não versam essa realidade sem interesse e desprestigiante (o call center), pelo menos sob o rigoroso e empreendedor olhar do circuito que nos rodeia. Sendo assim, a primeira lição é dada socialmente: as oito horas diárias que consomem um terço do quotidiano não são tema de conversa nem de interesse. Aprende-se portanto a esquecer.”
Dado que é um dos sectores que mais beneficia com o tão badalado desemprego dos jovens licenciados, valeria a pena que alguns ilustres nossos conhecessem um pouco melhor esta realidade dos call centers. Se calhar assim pensariam, pelo menos, duas vezes antes de afirmarem à boca cheia que o problema do país é a pouca flexibilidade da lei laboral.
Os modelos neo-fordistas de funcionamento, o vazio dos objectivos impostos, a competitividade entre colegas em permanente rotatividade, a falta de perspectivas e o silêncio com que cada um dos operadores regressa a casa após mais um dia de trabalho, são apenas alguns dos temas abordados.
“…as conversas com amigos e familiares não versam essa realidade sem interesse e desprestigiante (o call center), pelo menos sob o rigoroso e empreendedor olhar do circuito que nos rodeia. Sendo assim, a primeira lição é dada socialmente: as oito horas diárias que consomem um terço do quotidiano não são tema de conversa nem de interesse. Aprende-se portanto a esquecer.”
Dado que é um dos sectores que mais beneficia com o tão badalado desemprego dos jovens licenciados, valeria a pena que alguns ilustres nossos conhecessem um pouco melhor esta realidade dos call centers. Se calhar assim pensariam, pelo menos, duas vezes antes de afirmarem à boca cheia que o problema do país é a pouca flexibilidade da lei laboral.
1 comentário:
Os Call Centers são, sem dúvida, um flagelo profissional para quem vê 20 anos de estudo atirados pela janela do desemprego fora.
No entanto vieram, por exemplo, potenciar o trabalho em part time entre jovens estudantes, coisa que os amigos americanos já detém desde os anos 50, nem todos trabalham 8 horas. Fi-lo durante uns meses enquanto estudava, muito jeito me deu e nunca me apercebi de competetividade exarcebada nem mau clima entre colegas, bem pelo contrário, combinavam-se jantares e saídas, como em qualquer outro lugar, haviam imensas miudas giras...e conversava-se muito nos 10 minutos(!) de intervalo.
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